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BIOMECÂNICA DO TRAUMA

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BIOMECÂNICA DO TRAUMA
CINEMÁTICA DO TRAUMA
O que é Trauma?
Doença que envolve a troca de energia entre um objeto e o corpo, resultando em lesões que acometem os diferentes sistemas e órgãos.
Diante de um trauma, é essencial que haja uma abordagem correta da vítima traumatizada com a identificação das lesões ou mesmo das possíveis lesões que possam existir. OK, qual seria essa importância em se identificar essas possíveis lesões? Dependendo do tipo de lesão e da gravidade, essas lesões podem ser fatais caso não sejam tratadas logo no local do acidente. Por isso, é fundamental que o socorrista saiba onde procurar lesões de acordo com a mecânica do trauma. Então, diante disso, é necessário que o socorrista compreenda a biomecânica do trauma.
O impacto de um trauma não se refere somente a uma colisão de um veículo com uma moto, por exemplo, mas também a quedas, ferimento por arma de fogo ou mesmo por arma branca.
Todos esses casos tem uma transferência de energia entre o objeto e os tecidos da vítima traumatizada.
Diante de um trauma, é essencial coletar informações de como ocorreu esse evento traumático além de interpretar essas informações de uma maneira certa.
Nesse sentido, podemos analisar o trauma em 3 situações: fase pré-impacto, impacto e pós-impacto
1. Fase do pré-impacto: são todos os acontecimentos que antecedem o incidente (ingestão de álcool, drogas, sem cinto de segurança, alta velocidade).
2. Fase do impacto: é a própria colisão, ocorrendo troca de energia cinética entre os corpos envolvidos, o que gera as lesões.
3. Fase do pós-impacto: tá relacionada com as lesões provocadas pela projeção do corpo após o impacto, ou seja, são lesões induzidas pelo impacto dos órgãos contra as estruturas onde se encontram.
Exemplo: Um motorista imprudente (embriagado e sem cinto de segurança) está dirigindo um carro a 80 Km/h (PRÉ-IMPACTO). Em um trecho da estrada, resolve realizar uma ultrapassagem perigosa, mas acaba sofrendo um acidente, colidindo de frente com outro carro (IMPACTO). Como estava sem o cinto de segurança, o tórax do motorista do primeiro carro bate no volante. Esse impacto faz com que os órgãos intratorácicos sofram lesão, mas não pelo impacto no volante, mas sim devido ao impacto dos órgãos contra a face interna da parede do tórax (PÓS-IMPACTO).
Leis da energia e movimento
Para entendermos melhor o processo da biomecânica do trauma, é essencial termos em mentes alguns princípios físicos, que são os seguintes.
Um corpo em repouso permanecerá em repouso e um corpo em movimento permanecerá em movimento, a menos que uma força externa atue sobre ele = lei da cinética = 1ª Lei de Newton.
A energia não pode ser criada ou destruída, mas pode ser alterada = lei de conservação da energia.
Diante disso, podemos considerar que o movimento de um veículo é uma forma de energia (cinética). Quando o movimento começa e termina, a energia muda de uma forma para outra, podendo assumir a forma de energia mecânica, térmica...
Em uma condição normal, quando o carro está em desaceleração, a energia do movimento é transformada em calor - fricção pelas “pastilhas” e pelos pneus em contato com a estrada.
Já no caso de uma colisão de um carro contra uma parede, a energia mecânica do carro é dissipada pela deformação da lataria do carro. A energia restante é transferida aos ocupantes do carro.
Energia Cinética é uma relação entre massa e velocidade do objeto
Energia Cinética = ½ massa x v2
Essa fórmula mostra que quanto maior velocidade, maior será a energia cinética. 
Em uma situação de atropelamento, um automóvel atinge uma pessoa, de modo que ela é atingida pelo veículo e projetada para longe. A velocidade do automóvel é reduzida pelo impacto, mas esta redução de velocidade é transferida para a pessoa, resultando uma lesão (transferência de energia). A perda de movimento de um objeto em movimento traduz-se em danos teciduais na vítima.
Cavitação 
Outro conceito importante é o de cavitação
Diante de um trauma, os tecidos do corpo humano são deslocados da sua posição original, criando uma cavidade = cavitação.
A. Cavidade temporária: causada por estiramento e se forma no momento do impacto, mas dependendo da elasticidade do tecido, podendo retornar a sua posição inicial. Essa cavidade não é visível quando o socorrista examina a vítima.
B. Cavidade permanente: também se forma no momento do impacto, mas é causada por compressão ou laceração dos tecidos.
Exemplo: quando se golpeia com o punho o abdome de outra pessoa, quem aplicou o golpe irá sentir punho comprimindo o abdome da outra pessoa, mas ao retirar o punho, não teve formação de uma cavidade permanente, e sim de uma temporária (durante o impacto). Ou seja, a diferença principal é a elasticidade do tecido.
O TRAUMA É DIVIDIDO EM TRAUMA FECHADO (CONTUSO) OU TRAUMA ABERTO (PENETRANTE) 
TRAUMA FECHADO OU CONTUSO
Resultante do impacto do corpo contra uma superfície, ou oriundo de um processo de desaceleração intensa e rápida. 
Acidentes automobilísticos, quedas, agressões ou qualquer outra condição que tenha as seguintes características: 
• Força de constrição: produz lesão do órgão pelo impacto contra a superfície óssea. 
• Força tangencial: traciona o órgão além dos limites de mobilidade. 
• Força de compressão súbita: geralmente, atinge vísceras ocas causando uma explosão.
Mecanismos produtores de lesões orgânicas nos traumas contusos: 
Lesão por compressão 
Ocorrem quando a parte anterior do tronco (tórax e abdome) deixa de se deslocar para frente só que a parte posterior (costas) continua se movendo em direção anterior.
Lesão por desaceleração 
Ocorre quando há parada repentina do corpo, mas os órgãos continuam se deslocando (aplicação da 1ª lei de Newton: um corpo em movimento tende a permanecer em movimento), dessa forma, os órgãos rompem as estruturas de ligação ou a si mesmos.
As principais causas de ferimentos contusos incluem: 
A – Colisão automobilística
B – Atropelamento de pedestre 
C – Colisão motociclística 
D – Quedas
Colisão automobilística
Temos que entender que, nesse caso, não é apenas uma única colisão, mas sim três colisões. 
1ª colisão: ocorre entre o veículo e o objeto.
2ª colisão: se dá entre a vítima e o interior do veículo.
3ª colisão: ... ocorre entre os órgãos internos da vítima e estruturas do próprio corpo. 
1. Colisão frontal: 
Contra um objeto que se encontra à frente do veículo, reduzindo subitamente sua velocidade.  No impacto, a vítima pode escorregar para baixo, desse modo os MMII recebem o impacto inicial, podendo ocorrer: fratura/luxação do tornozelo, luxação do joelho, fratura de fêmur, luxação posterior do acetábulo.
Só que a vítima pode bater a cabeça no parabrisa, dessa forma, o crânio e a coluna cervical recebem o impacto inicial; tórax e abdome batem contra o volante.
2. Colisão lateral: 
As vítimas (motorista e passageiro) são impulsionadas para longe do impacto. A lateral do veículo é empurrada contra o ocupante.
Regiões do corpo podem sofrer lesão no impacto lateral: 
1. Cabeça: pode sofrer impacto contra a estrutura da porta. 
2. Pescoço: flexão lateral e rotação podem fraturar ou provocar a luxação das vértebras cervicais.
3. Tórax: compressão da parede torácica = costelas fraturadas no lado do impacto, contusão pulmonar, lesões por estiramento da aorta (25% das lesões da aorta por estiramento ocorrem em colisões de impacto lateral).
4. Abdome/Pelve: A intrusão da porta comprime e fratura a pelve, fratura de fêmur.
3. Impacto traseiro 
Geralmente, ocorre quando um veículo está totalmente parado e é atingido por trás por outro veículo. Dessa forma, o veículo atingido, incluindo seus ocupantes, é jogado para frente (aceleração para frente) quando absorve energia do veículo que o atingiu.
- Hiperextensão do pescoço: caso o encosto de cabeça não se encontre posicionado. Lesão por mecanismo de chicote: estiramento das estruturas de sustentação do pescoço.
4. Impacto angular 
Impacto na quina do carro (dianteiro ou traseiro).
Produz lesões que de acordo com o local de batida (frontais elaterais; ou de impacto traseiro e laterais).
5. Capotamento
O ocupante do veículo sem cinto de segurança pode se chocar contra qualquer parte do interior da cabine.
Qual o problema? Ocasiona lesões mais graves devido aos deslocamentos violentos e múltiplos que ocorrem durante o capotamento.
6. Ejeção 
Quando ocupante sem o cinto de segurança é jogado para fora do carro pelo impacto com o para-brisa. Ao avaliar esse tipo de vítima, devemos estar atento para a possibilidade de lesões ocultas.
Atropelamento 
Existem três etapas distintas nas colisões entre pessoas e automóveis. Cada etapa possui o seu padrão de lesão:
1. O impacto inicial é nas pernas/zona pélvica. 
2. O tronco rola sobre o capô do carro.
3. A vítima cai do carro do asfalto, geralmente de cabeça, com possível TCE ou trauma da coluna cervical.
Lesões devido aos meios de contenção
- Colisões frontais: ocupantes do veículo podem se beneficiar-se do air-bag.
- Capotamento, impacto lateral ou traseiro: o air-bag não oferece benefício
O cinto se segurança se for usado de um modo inadequado, por exemplo, acima das CIAS, o movimento de compressão da parede abdominal contra a coluna lombar pode lesar gravemente órgãos como pâncreas, fígado, baço, além de produzir pneumotórax simples ou hipertensivo.
Colisão / queda de motocicleta 
O motoqueiro e passageiro não são protegidos por dispositivos de segurança (cinto de segurança e o air-bag). Mas são protegidos pelo uso de capacete e roupas.
Os mecanismos de lesão são: 
- Impacto frontal/ejeção: quando a roda dianteira se choca contra um anteparo, a motocicleta para subitamente. Obedecendo a 1ª Lei de Newton, o motociclista continua seu movimento para frente, até bater contra um objeto ou contra o solo. Cabeça, tórax ou abdome podem se chocar contra o guidom. Se for ejetado da motocicleta, múltiplas lesões podem ocorrer com o impacto com o solo.
- Impacto lateral/ejeção: fraturas e esmagamentos de MMII. Se for ejetado da moto, pode sofrer múltiplas lesões com o impacto com o solo
- Derrapada lateral: motociclista pode sofrer abrasão ou avulsão dos tecidos.
Quedas 
Vítimas de queda estão sujeitas a múltiplos impactos e lesões. Nestes casos, devem ser avaliados: 
- Altura da queda: quanto maior a altura, maior a chance de lesões, já que a velocidade que a vítima atinge o solo é maior. 
- Compressibilidade da superfície do solo: quanto maior a compressibilidade, maior a capacidade de deformação (cair no solo X colchão de espuma) 
- Parte do corpo que sofreu o primeiro impacto: 
Pés: fratura bilateral dos calcâneos. Depois disso, as pernas absorvem o impacto, levando a fraturas de joelho e ossos longos.
Mãos: fraturas bilaterais de rádio e ulna.
Cabeça: lesões de crânio e coluna cervical.
TRAUMA ABERTO OU PENETRANTE
Definição: provocado por objetos com alta energia cinética, que penetram no corpo, lesionando estruturas ao longo do percurso. Necessariamente tem orifício de entrada, mas o orifício de saída nem sempre está presente já que depende do tipo de ferimento (arma branca ou arma de fogo).
1. Ferimentos por arma de fogo
Provocam lesões que podem ser de média ou de alta energia
Armas de média energia incluem revólveres e espingardas.
Armas de alta energia incluem rifles militares ou de caça. Devido ao impacto, forma-se um vácuo criado pela cavitação, aspirando fragmentos de roupa, bactérias, etc. para dentro da lesão.
 
Fatores que influenciam as lesões:
- Tipo de arma: média ou alta energia, tendo impacto direto no tipo de cavitação (temporária ou permanente)
- Distância do atirador para o ferido: quanto maior a distância, menor será a velocidade do projétil ao atingir o alvo, diminuindo as lesões (resistência do ar e perda de energia).
- Trajeto do projétil: raspão ou lesão direta.
- Quantidade de pólvora no cartucho: quanto maior, maior será a velocidade da bala e, consequentemente, a energia cinética.
- Perfil: deformidade que o projétil adquire ao atingir o alvo. Isso gera uma maior área frontal da bala, fazendo com que ela atinja mais tecido e produza maior transferência de energia.
- Rolamento: quando um projétil atinge o corpo, o trajeto pode assumir uma angulação diferente da que entrou, podendo haver uma rotação de até 360º ou rolamento. Devido a isso, aumenta a capacidade destrutiva já que colide com muito mais partículas, ocorrendo maior transferência de energia e, portanto, maior lesão tecidual.
- Fragmentação: ao colidir com o corpo, o projeto fragmenta-se em várias direções, danificando uma quantidade de tecido maior.
As variáveis de perfil, rolamento e fragmentação influenciam na extensão e direção da lesão.
 
Características do ferimento
A.      Orifício de entrada - lesões ovais ou arredondadas, cercadas por uma área enegrecida (1-2 mm de extensão, correspondendo à área de queimadura e/ou abrasão).
B.      Orifício de saída – aspecto estrelado, sem área de abrasão.
OBS: 3 perfurações não significam 3 tiros. Pode ser um único tiro, mas caso tenha atingido, por exemplo, um osso, o impacto fragmentou o osso, tornando-o “projéteis secundários”.
 
2. Ferimentos por arma branca
Provocados por objetos com baixa energia cinética (facas)
Lesões incisas (laceração não penetrante – extensão > profundidade)
Perfuroincisas (FAB – profundidade > extensão). 
Profundidade da lesão: mais importante, já que pode lesionar órgãos e vasos internos. 
Se uma FAB ocorrer no abdome, a força do agressor comprime o abdome = corte pode ser mais profundo do que o comprimento da arma.
Fatores que influenciam as lesões:
- Sexo do agressor: pode predizer o trajeto da lesão, pois homens têm tendência a esfaquear com um impulso de baixo para cima, enquanto que as mulheres tendem esfaquear de cima para baixo.
- Movimentação do objeto dentro do corpo da vítima: o agressor pode esfaquear a vítima e girar a faca dentro do corpo, aumentando a lesão causada pela lâmina.
- Lâmina serrilhada (além de perfurar, lacera, principalmente na retirada da arma) ou lâmina lisa (corta, mais fácil de retirar)
Lembrar de não retirar a lâmina da arma branca a não ser que seja em um centro cirúrgico, pois pode estar controlando hemorragias do local.
EXPLOSÕES
Devem ser consideradas em separado por terem a capacidade de causar tanto ferimentos contusos como penetrantes, além dos danos causados pelo deslocamento da onda de pressão.
São resultantes de transformação química extremamente rápida, que assume a forma de uma esfera, O interior dessa esfera tem uma pressão muito maior que a atmosférica, o que joga tudo para longe do local de explosão.
Causam três tipos de lesões:
· Lesões primárias: resultam diretamente da onda de pressão. Elas têm maior capacidade lesiva para os órgãos que contém gás, como pulmões e TGI.
Lesões: pneumotórax, embolia gasosa, hemorragia pulmonar ou perfuração dos órgãos do TGI, queimaduras na pele e ruptura do tímpano
· Lesões secundárias: ocorrem quando a vítima é atingida por fragmentos primários (partes do próprio dispositivo explosivo), fragmentos secundários (partes do veículo, pedaços de vidro) ou por ambos.
Lesões: ferimentos penetrantes, lacerações e fraturas.
· Lesões terciárias: a vítima se transforma em um “míssil” e é arremessada contra um anteparo ou o solo. A lesão ocorre no ponto de impacto e a força de explosão é transferida para os órgãos.

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