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SUMÁRIO 1. Introdução ............................................................................................................3 2. Qualidade de obtenção de uma radiografia ...........................................3 3. Radiografia convencional ..............................................................................6 4. Como analisar a radiografia de tórax ..................................................... 10 5. Padrões de achados radiológicos ............................................................ 17 6. Tomografia computadorizada de tórax ................................................. 28 7. Padrões radiológicos em tomografia computadorizada ................. 30 8. Ressonância magnética do tórax ............................................................ 34 9. Cintilografia de perfusão do tórax ........................................................... 35 10. Usg do tórax.................................................................................................. 36 Referências Bibliográficas ............................................................................... 38 3IMAGEM DO TÓRAX 1. INTRODUÇÃO O estudo radiológico de tórax é am- plamente utilizado e recomendado em função de sua importância no diagnóstico de doenças pulmonares, pleurais, mediastinais e do arcabou- ço ósseo. Na maioria dos casos, a radiografia de tórax é o primeiro es- tudo radiológico solicitado para ava- liação de doenças do tórax. Seu baixo custo, aliado à facilidade de realiza- ção e grande disponibilidade, fazem com que este método seja muito fre- quente. Tanto nas doenças agudas, quanto nas crônicas, a radiografia de tórax permite a detecção de doença e a monitorização da resposta à tera- pia. Em muitos processos de doença, como pneumonia e insuficiência car- díaca congestiva é possível estabele- cer diagnóstico e acompanhar a do- ença até a resolução sem que outros exames de imagem sejam realizados. Entretanto, há limitações à radiogra- fia torácica e a possibilidade de que as doenças não se encontrem sufi- cientemente avançadas a ponto de serem detectadas além da existên- cia de doenças que não ocasionam anormalidades detectáveis. Assim, outros métodos de imagem são ne- cessários para complementar a radio- grafia torácica convencional. São eles a tomografia computadorizada (TC), tomografia por emissão de pósitron/ tomografia computadorizada (PET/ TC), outros exames que utilizam ra- dionuclídeos, ressonância magnética (RM) e ultrassonografia (USG). Ape- sar de ser um exame comum, não é raro nos depararmos com radiogra- fias de tórax realizadas com técnica inadequada ou com incidências in- suficientes. Abordaremos os tipos de incidência e a técnica adequada logo a seguir. 2. QUALIDADE DE OBTENÇÃO DE UMA RADIOGRAFIA Uma radiografia de boa qualidade é aquela que obedece a 5 princípios. São eles: • Identificação da radiografia: Por convenção, o marcador de identifi- cação (data e códigos) localiza-se à direita do paciente (esquerda do observador). O posicionamen- to cardíaco também serve como forma de orientação, porém, de- ve-se lembrar que existem casos de situs inversus totalis, nos quais ocorre inversão total da topografia dos órgãos. 4IMAGEM DO TÓRAX Figura 1: Radiografia de tórax em PA revelando um caso de Situs inversus totalis Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dextrocardia • Rotação: A partir de um posicio- namento inadequado do paciente, pode-se ocorrer uma leve rotação da imagem na radiografia, poden- do levar a falhas na interpretação. Nessas situações, a rotação pode simular, por exemplo, um aumento da área cardíaca. Assim, para ava- liar a rotação, observa-se a distân- cia das clavículas aos processos espinhosos vertebrais para verificar se apresentam-se equidistantes. Figura 2: Radiografia de tórax em PA mostrando equi- distância entre as clavículas e o processo espinhoso vertebral. Disponível em: https://bit.ly/2SmagoD • Penetração: Em uma penetração de raios adequada, não se visua- liza a coluna torácica retrocardía- ca no PA. Em perfil, observa-se o gradiente de densidade da coluna vertebral, indo de hipotransparen- te superiormente (pela presença de estruturas mediastinais) a hi- pertransparente inferiormente. Figura 3: (A) Radiografia de tórax em PA inadequa- do, em A pouco penetrado e em B muito penetrado. Disponíveis em: https://liga-academica-de-fisiotera- pia-em-pediatria-e-neonatologia-cusc.webnode.com/l/ como-analisar-raio-x/ 5IMAGEM DO TÓRAX • Fase respiratória: A radiografia deve ser realizada em apneia ins- piratória máxima, com o paciente em apneia. Assim, as hemicúpu- las frênicas vão se localizar entre o 10º e 11º arcos costais posteriores. Caso seja realizado em fase expi- ratória, o coração pode aparecer aumentado em decorrência da su- bida do diafragma e o pulmão se encontraria mais denso. Figura 4: Radiografia em PA com penetração adequada Disponível em: Brant e Helms, 2009 Figura 5: Penetração adequada em radiografia de tórax em perfil, mostrando a densidade da co- luna vertebral indo de hipotransparente superior- mente (pela presença de estruturas mediastinais) à hipertransparente inferiormente. Disponível em: https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%- 2F%2Fwisemed.blogspot.com%2F2014%- 2F10%2Fradiografia-de-torax-parte-ii-conteudo. html&psig=AOvVaw1m7J4MPHCVFNjH8VWd97M- T&ust=1581651974297000&source=images&cd=v- fe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLjes_fOzecCFQAAAAAdA- AAAABAD 6IMAGEM DO TÓRAX • Centralização: Devem ser inclu- ídas na radiografia as regiões de cervical inferior, a porção proximal dos úmeros e o abdome superior, sendo possível a visualização dos seios costofrênicos. Figura 6: Radiografia de tórax em PA, com técnica de centralização adequada, mostrando as regiões de cervical inferior, a porção proximal dos úmeros e o ab- dome superior, sendo possível a visualização dos seios costofrênicos (destacados em vermelho) Disponível em: https://bit.ly/38oMWMs 3. RADIOGRAFIA CONVENCIONAL O estudo convencional mais simples do tórax (rotina mínima) é compos- to pelas radiografias torácicas pós- tero-anterior (PA) e em perfil. Sendo assim, o estudo do tórax em apenas uma das incidências é um estudo in- completo. Os raios-X percorrem o pa- ciente e se expõem a um receptor no qual a imagem é registrada. Na radio- grafia digital são utilizados receptores digitais, embora aquele que utiliza uma tela intensificadora e filme radio- gráfico continue em uso. As imagens digitais podem ser impressas em fil- me por impressoras a laser ou serem visualizadas no monitor. As duas incidências são obtidas a 90° entre si e com o paciente em apneia inspiratória máxima. As incidências estão descritas a seguir: • Incidência em PA: é realizada com o paciente em ortostase de fren- te para o receptor e com a fonte de raios-X posicionada por trás, a cerca de 1,8 m a 2 m de distân- cia. Dessa forma, os raios viajam no sentido posterior para anterior. Deve-se deixar o tórax do pacien- te o mais próximo possível do filme para evitar distorções da imagem. • Incidência em perfil: essa incidên- cia é obtida com o paciente a 90° da posição anterior e o lado esquer- do contra o receptor, com os braços elevados acima da cabeça. É útil para que possam ser avaliadas as zonas chamadas de zonas mudas do PA, ou seja, zonas torácicas não visíveis no PA, são elas: região re- troesternal, região retrocardíaca, seios costofrênicos posteriores, re- giões localizadas atrás das coste- las. Esse tipo de incidência fornece uma noção de profundidade que não é possível na incidência PA, podendo identificar, por exemplo, 7IMAGEM DO TÓRAX se um nódulo à direita do coração está situado no lobo posterior ou inferior. O hemidiafragma direito é melhor visualizado nesse tipo de incidência devido ao contraste com a hipertransparência pulmonar; já o esquerdo não pode ser visualizado devido a superposição do coração, também com densidade de partes moles. VOCÊ SABIA?Porque o estudo convencional é com- posto por incidências em PA e em perfil esquerdo e não AP e em perfil direito? Porque, como os raios X são divergen- tes, é sempre necessário colocar o ob- jeto a ser estudado o mais próximo pos- sível do sistema receptor. Na região de tórax, para evitar uma magnificação do coração, esse deve ficar mais próximo possível ao sistema receptor. Assim, uti- liza-se as incidências em PA e em perfil esquerda. Figura 7. Radiografias de tórax em PA e perfil. Disponível em: https://bit.ly/38oMWMs. Algumas situações clínicas podem possuir indicações específicas para outros tipos de incidência, ou mesmo pacientes que não conseguem reali- zar as incidências convencionais, por não conseguir ficar em pé ou senta- dos em posição ereta, podem realizar outros tipos incidências. Assim, po- dem ser realizadas a anteroposterior (AP), decúbito lateral com raios hori- zontais, ápico-lordótica, radiografias em inspiração e expiração, radiogra- fias penetradas e incidências oblíquas e com esôfago contrastado. • Incidência anteroposterior (AP): é obtida com a região dorsal do paciente voltada para o receptor e com o sentido anterior para poste- 8IMAGEM DO TÓRAX angulando-se o feixe de raios-X cefalicamente cerca de 15° a 30°. Utilizada quando necessidade de avaliar lobos superiores, médio e língula, evitando superposição de estruturas ósseas do tórax superior, como a clavícula e as primeiras cos- telas. • Radiografias em inspiração e ex- piração: Auxiliam o estudo de apri- sionamento aéreo, mobilidade de diafragmas e expansibilidade pul- monar. Pode-se com esse estudo fazer o diagnóstico de paralisia de diafragma (normal deslocamento de 5 a 10 cm na altura do diafrag- ma entre inspiração e expiração), redução da elasticidade pulmonar (enfisema, fibrose pulmonar), ava- liar presença de pequenos pneu- motóraces. rior do feixe de raios-X que atra- vessa o paciente. Deve-se ficar atento para distorções de imagem, como aumento da área cardíaca e horizontalização das costelas. • Decúbito lateral com raios hori- zontais: também chamada de in- cidência de Laurell. É feita com o paciente em decúbito lateral, ou seja, o seu flanco estará em con- tato com a mesa. O feixe de raios- -x penetra paralelamente à mesa, estando o filme em perpendicular a ela. Importante para identificar pequenos derrames pleurais não localizados em PA e perfil. Outra indicação é a visualização da mo- bilidade de um conteúdo de uma cavidade. • Ápico-lordótica: Adquirida no sen- tido anteroposterior (AP) inclinando o paciente para trás (lordose), ou Figura 8. Radiografia de tórax em PA em fase de apneia inspiratória e apneia expiratória, respectivamente. Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Figura-6-Imagens-em-inspiracao-esquerda-e-expiracao-direi- ta-de-um-paciente-com-corpo_fig3_336681440 9IMAGEM DO TÓRAX • Radiografias penetradas: Obti- das com uso de voltagem maior que o habitual, tornando-a “mais queimada”. É útil na identificação de estruturas mediastinais e na tentativa de visualização de es- truturas por meio de opacidades, como estudo de arcos costais em caso de derrame pleural ou de massa adjacente à parede. • Oblíquas: Realiza-se angulando- -se o paciente em relação ao PA ou ao perfil. Sua principal indicação é dissociar imagens encontradas em PA e perfil de planos vizinhos. Não há uma obliquidade pré-estabele- cida para este estudo, devendo ser determinada dependendo de cada caso. Importante também para avaliação da integridade das cos- telas em casos de traumatismos torácicos. • Esôfago contrastado: Normal- mente o esôfago não é visualizado devido a sua densidade de partes moles. Essa incidência é realiza- da por meio da administração oral de contraste baritado ou iodado. Além de diagnóstico de afecções relacionadas com o próprio esô- fago, como tumores, megaesôfa- go, varizes, esse tipo de incidência também será importante para a avaliação do coração devido a ínti- ma relação do esôfago com o átrio esquerdo. Já em decúbito lateral, o feixe de raios- -X percorre o paciente tanto em PA quanto em AP ao longo de um plano horizontal. Essa última pode ser rea- lizada tanto em decúbito lateral es- querdo quanto direito. SAIBA MAIS A radiografia torácica portátil é uma for- ma prática de se obter uma radiogra- fia do paciente no leito, sendo quase sempre em AP. É uma radiografia com menor qualidade e mais dispendiosa. Além disso, a incidência em AP não for- nece tantas informações quanto em PA e perfil. São utilizados, geralmente, em pacientes muito graves, portanto, esses podem não ser capazes de cooperar no momento da apneia em inspiração total, o que também prejudica o resultado do exame. 10IMAGEM DO TÓRAX 4. COMO ANALISAR A RADIOGRAFIA DE TÓRAX Antes de tudo, o conhecimento da anatomia é imprescindível para aná- lise da radiografia de tórax, conforme figuras: Figura 9. Anatomia radiográfica normal do tórax em PA. Legenda - a:aorta, acaf:ângulo cardiofrênico, acof: ângulo costofrênico, ae: átrio esquerdo, api: artéria pul- monar interlobar (ou descendente), b: baço, ca: carina, cl: clavícula, d: diafragma, e: escápula, f:fígado, fe: flexu- ra esplênica do cólon, g:bolha de ar gástrico, jap: janela aortopulmonar, lja: linha juncional anterior, ljp: linha juncional posterior, ltd: linha traqueal direita (ou para- traqueal), p: tronco pulmonar, t: traqueia, ve: ventrículo esquerdo. Disponível em: Radiologia Langes-2ª edição 11IMAGEM DO TÓRAX Figura 10. Anatomia radiográfica normal do tórax, em incidência lateral. Legenda - a:aorta, acof: ângulo costofrênico, apd: artéria pulmonar direita, ape: artéria pulmonar esquerda, bi: brônquio intermediário, blsd: brônquio lobar superior direito, blse: brônquio lobar superior esquerdo, cv: corpo vertebral, d: diafragma, e: esôfago, est: esterno, fh:fissura ho- rizontal, fo: fissura oblíqua, m: manúbrio, t: traqueia, vci:veia cava inferior, vcs: veia cava superior, vd: ventrículo direito, ve: ventrículo esquerdo. Disponível em: Radiologia Langes-2ª edição A análise da radiografia de tórax deve ser feita de fora para dentro, compa- rando-se um hemitórax com o outro. Numa radiografia devemos analisar todos componentes, são eles: partes moles, esqueleto torácico, abdome su- perior, cúpulas diafragmáticas e seios costofrênicos, mediastino, hilos pulmo- nares, pleura e pulmões. Para isso foi criado um mnemônico para facilitar sua aplicação que engloba a avaliação de todos esses componentes, o ABCDE. A: Airways -Vias aéreas: Avaliação de traqueia, brônquios, pulmões e pleu- ra. Atentar ainda para presença de calcificações patológicas (linfonodos calcificados, cisticercose), gás (ab- cessos, enfisema subcutâneo) e au- mento do tamanho da tireoide. Os hi- los pulmonares são compostos pelas artérias pulmonares, pelos brônquios e pelos linfáticos. Na imagem radio- lógica de um hilo normal só é possí- vel visualizar os ramos principais das 12IMAGEM DO TÓRAX artérias pulmonares. O hilo direito é um pouco mais baixo que o esquerdo. Uma hipertensão pulmonar promove dilatação dessas artérias. Os folhetos pleurais são mais bem identificados quando o espaço entre eles é ocu- pado por algum material. Já a análise dos pulmões tem como objetivo bus- car diferenças de transparência: áre- as hipotransparentes (condensação ou opacidade) e áreas hipertranspa- rentes. A imagem normal do pulmão é hipertransparente, com algumas estrias densas, os vasos que, na po- sição ereta, apresentam maior calibre em região de base, refletindo a dis- tribuição do fluxo sanguíneo. Além disso, o diâmetro AP do tórax é maior em base que em ápice, também por essa sobreposição de vasos na base. Figura 11. Radiografia de tórax em PA ressaltando a anatomia. AD: Átrio direito; AE: Átrio esquerdo; VE: Ventrículo esquerdo. Disponível em: http://docplayer. com.br/80630264-Interpretando-a-radiografia-de-to- rax-na-emergencia.html 13IMAGEM DO TÓRAX HORADA REVISÃO: ANATOMIA DO PULMÃO E A RADIOGRAFIA DE TÓRAX Existem duas cissuras principais à direita, a oblíqua e a horizontal, que dividem o pulmão em 3 lobos, o superior, médio e inferior). À esquerda existe apenas uma fissura, a oblíqua, que divide o pulmão em 2 lobos, o superior e o inferior. Figura 12. Cissuras oblíqua e horizontal em pulmão direito e cissura oblíqua em pulmão esquerdo. Disponível em: Bretano, V.B. et. al, Interpretando a radiografia de tórax na emergência. 2018 Figura 13. Radiografia de tórax em perfil. RUL= Lobo superior direito; RML= Lobo médio direito; RLL= Lobo inferior direito 14IMAGEM DO TÓRAX Figura 14. Radiografia de tórax em PA. RUL= Lobo superior direito; RML= Lobo médio direito; RLL= Lobo inferior direito Figura 15. Radiografia de tórax em perfil. LUL= Lobo superior esquerdo; LLL= Lobo inferior esquerdo Figura 16. Radiografia de tórax em PA. LUL= Lobo superior esquerdo; LLL= Lobo inferior esquerdo Figuras disponíveis em: BRANT, W.; HELMS, C. A. Fundamentos de Radiologia: diagnóstico por imagens. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 15IMAGEM DO TÓRAX B: Bones- Ossos: Avaliação de coste- las, clavículas, esterno, coluna e por- ção proximal dos úmeros. Deve-se es- tar atento, principalmente, para a sua densidade e presença de fraturas. As partes posteriores dos arcos costais têm aspecto mais denso, as partes an- teriores desaparecem na porção mé- dia ao juntarem-se as cartilagens cos- tocondrais. A contagem das costelas deve ser feitas pelos arcos posteriores, por serem mais densas no raio-x, to- talizando de 10-12, sendo as costelas posteriores no formato convexas e as anteriores no formato de côncavas. C: Circulation- Circulação: Coração, va- sos e mediastino. O mediastino é a re- gião compreendida entre os 2 pulmões, compreendendo o coração, os vasos de base, traqueia, nervos, linfonodos, esô- fago. Desses, apenas a traqueia possui ar em seu interior, os outros vão apre- sentar a mesma densidade na radio- grafia, sendo visualizados apenas os limites externos dessa região, contras- tando com o parênquima pulmonar. Os seios cardiofrênicos são os recessos pleurais justapostos ao coração. SE LIGA! O mediastino pode ser dividido em mediastino superior e inferior, e este último ainda em anterior, médio e poste- rior. O superior separa-se do inferior por uma linha imaginária na altura do manú- brio do esterno (entre T4 e T5). Inferior- mente, a face anterior do coração separa o mediastino anterior do médio e a face posterior, separa o médio do posterior. D: Diafragma: A hemicúpula diafrag- mática direita é mais alta que a es- querda, devido a presença do fígado do lado direito, empurrando-a para cima e o peso do lado do coração do lado esquerdo, deslocando-a inferior- mente. As cúpulas são convexas e se inserem na parede torácica, forman- do o que chamamos de seios costo- frênicos anterior, posterior e laterais. Os derrames pleurais, pela força da gravidade, tendem a se acumular nos seios costofrênicos, especialmente no posterior, sendo melhor visualizados numa incidência em perfil. Uma cúpu- la pode ser deslocada superiormente por redução do volume do pulmão ou por paralisia do nervo frênico homola- teral. A retificação do diafragma pode ocorrer em condições de hiperinsufla- ção, como em um enfisema pulmonar. Próximo ao diafragma visualizamos o abdome superior, sendo importante a avaliação das lojas hepática e esplêni- ca, que possuem densidade de partes moles. Gás na região subdiafragmáti- ca pode traduzir pneumoperitônio (ar na cavidade peritoneal, com sinal do “crescente infradiafragmático”). E: Exterior: tubos, cateteres e sondas. 16IMAGEM DO TÓRAX HORA DA PRÁTICA Identificação: Marcador do lado direito Vias aéreas: traqueia, brônquios, pulmões, pleura, hilos pulmonares Penetração: não visualização da coluna torácica retrocardíaca Circulação: Coração, vasos de base, traqueia, nervos, linfonodos, esôfago. Rotação: Equidistância das clavículas ao processo espinhoso Ossos: Costelas, clavículas, esterno, coluna e porção proximal dos úmeros. Fase respiratória: Diafragma entre 10° e 11° arcos costais posteriores Diafragma: Hemicúpulas, seios costofrênicos, abdome superior Centralização: Entre região cervical inferior a abdome superior, com visualização dos seios costofrênicos e regiões proximais dos úmeros. Exterior: Tubos, cateteres e sondas 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 RADIOGRAFIA DE QUALIDADE ABCDE DA RADIOGRAFIA 17IMAGEM DO TÓRAX 5. PADRÕES DE ACHADOS RADIOLÓGICOS Padrão alveolar Caracterizado por opacidade homo- gênea, que varia de acordo com a ex- tensão, de pequena, subsegmentar até o acometimento de todo o pulmão. Ocorre pela ocupação do espaço aé- reo por outras substâncias que não sejam ar, como por exemplo, exsuda- to em casos de pneumonia, transuda- to em edemas pulmonares e sangue em hemorragias. Por meio dos poros de Kohn e os canais de Lambert a disseminação alcança os alvéolos ad- jacentes. Assim, conforme a doença progride os espaços aéreos acome- tidos se superpõem, levando a uma densidade uniforme do lobo ou pul- mão afetado (consolidação). Quando os brônquios são visíveis, podem ser observados “broncogramas aéreos”, que são áreas de hipertransparência no meio de uma consolidação. Esse é o tipo de padrão que ocorre nas pneumonias lobares. SAIBA MAIS: PNEUMONIA LOBAR O achado clássico de pneumonia adquirida na comunidade (PAC) coincide com a apresen- tação clássica de pneumonia lobar: consolidação do espaço aéreo de um segmento ou lobo, limitada pela superfície pleural. O Streptococcus pneumoniae é o microorganismo mais fre- quente causador de PAC. Uma pneumonia pode apresentar uma série de complicações, entre elas derrame pleural, pneumatocele e abscesso. O derrame pleural frequentemente apresenta uma borda superior côncava (menisco) que parece mais alta lateralmente do que medialmente. A pneumatocele é um espaço circular contendo ar. O abscesso pulmonar se apresenta como uma cavitação no parênquima pulmonar, geralmente bem delimitada por um contorno radiopa- co. Pode conter nível líquido em seu interior. Importante diagnóstico diferencial com neoplasia escavada. Já o Mycoplasma pneumoniae, outro importante agente causador de PAC, pode se apresentar com sintomas de longa duração e um padrão de infiltração reticulo-nodular difusa. Figura 17. Pneumonia adqui- rida na comunidade (Strepto- coccus pneumoniea) (a) e (b): imagem em perfil demons- tram uma consolidação no segmento lateral do lobo mé- dio do pulmão direito. Dispo- nível em: Bretano, V.B. et. al, Interpretando a radiografia de tórax na emergência. 2018 18IMAGEM DO TÓRAX Padrão intersticial Interstício é todo o tecido conectivo de sustentação que mantem a arqui- tetura alveolar. Inclui vasos, brônquios e os linfáticos. O tecido intersticial que envolve os vasos é chamado de pe- ribroncovascular; o aderente a pleura visceral, subpleural; e a zona paren- quimatosa, tecido intersticial paren- quimatoso. Quando ocorre infiltração no peribroncovascular, é possível vi- sualizar na radiologia: (1) borramento dos contornos brônquicos, vasculares e hilos pulmonares, por espessamen- to das bainhas destas estruturas; (2) Aparecimento das linhas B de Kerley logo acima dos seios costofrênicos. Geralmente, podem ocorrer combina- ções nesses padrões em edema pul- monar e em determinadas pneumo- nias, como a causada por Mycoplasma. Figura 18. Paciente do sexo feminino, com história de insuficiência cardíaca. RX de tórax em PA demonstra in- filtração intersticial reticular bilateral e difusa associada a cardiomegalia. Na porção lateral do pulmão direito iden- tificam-se opacidades lineares perpendiculares à pleura (seta), características de linhas septolinfáticas ou linhas B de Kerley. Disponível em: Bretano, V.B. et. al, Interpretan- do a radiografia de tórax na emergência. 2018 SAIBA MAIS Linhas B de Kerley: são linhas horizontais densas, que medem de 1,5 a 2 cm decomprimen- to, sendo mais bem visualizadas na região inferior do pulmão, junto aos seios costofrênicos, correspondendo a septos interlobulares espessados. Figura 19. Radiografia de tórax em PA de um paciente com edema pulmonar demonstra espessamento septal conhecido com linhas de Kerley (seta). Disponível em: Radiologia Langes, 2ª edição. 19IMAGEM DO TÓRAX Sinal da silhueta Como sabemos, todas os contornos e linhas vistos na radiografia são de- correntes do contato de 2 estruturas com densidades diferentes. O contor- no do coração se dá pela diferença de densidade do coração (partes moles) e do tecido pulmonar (ar). Qualquer situação que promova a perda desse contraste, como um processo patoló- gico em que o tecido pulmonar adqui- re densidade de partes moles, ocorre a perda desse contorno do coração. Essa perda dá origem ao que chama- mos de sinal da silhueta. Assim, por exemplo, uma pneumonia de lobo médio pode borrar o contorno direito do coração. Figura 20. Acometimento do lobo médio do pulmão di- reito com borramento da área cardíaca (sinal da silhue- ta). Disponível em Lauand et. al, 2008. Atelectasias Estado de expansão incompleta de um pulmão ou parte dele com perda do volume pulmonar, colabamento e redução ou ausência de ar nos alvé- olos. Trata-se de uma lesão secundá- ria, sendo uma consequência e não uma doença em si. Assim, esta pode ser classificada de acordo com sua etiologia em: 1. Obstrutiva: por obstrução do lú- men brônquico, ocasionando a absorção de ar distalmente a essa obstrução. 2. Por compressão: por processos compressivos que impedem a ex- pansão pulmonar, como pneumo- tórax, derrame pleural herniação abdominal para o tórax 3. Por déficit de movimento do esqueleto torácico: restrição de movimento decorrente de dor to- rácica, como trauma, fratura de costela, dor pleurítica. 4. Por deficiência do surfactante: essa doença causa colapso alve- olar. Os achados radiográficos são diminuição do volume do segmen- to, lobo ou pulmão afetado, com deslocamento de 1 ou mais cissu- ras interlobares em direção à parte atelectasiada. Os brônquios tam- bém podem estar deslocados e o broncograma aéreo é incomum. Podem ocorrer também elevação do diafragma, desvio do mediastino para o lado envolvido, deslocamento hilar e estreitamento dos espaços intercos- tais e hiperinsuflação compensatória. 20IMAGEM DO TÓRAX Podem ocorrer grandes variações na opacidade em decorrência da ate- lectasia, dependendo da quantidade relativa de pulmão aerado, colabado e cheio de líquido. Caso a atelectasia envolva todo o pulmão, a opacidade pode ser completa e homogênea. Figura 21. Disponível em: https://bit.ly/2SsEhDd Linfonodomegalias Pode estar presente em processos infecciosos, neoplásicos ou outras causas menos comuns, como silicose. Em casos de infecção, os linfonodos podem evoluir com calcificação. Na tuberculose e histoplasmose ocorre broncolitíase, ou seja, quando o linfo- nodo erode a parede brônquica, pro- movendo uma fístula. Figura 21. Radiografia de tórax em PA revelando lin- fonodomegalias por Silicose. Imagem cedida por David W. Cugell, MD. Nódulos Lesão arredondada ou ovulada, de limites parcialmente precisos, com menos de 3 cm de diâmetro, podendo ser subclassificados em pequenos, tamanho até 1 cm, ou grandes quan- do de 1 a 3 cm. Nódulo pulmonar solitário Cerca de 40% desses nódulos são malignos, sendo o restante, geralmen- te, granulomas ou tumores benignos. Um nódulo deve ser avaliado quanto à tamanho, forma, contorno, densida- de e existência de calcificações. Os principais critérios (mais efetivos) de malignidade são as características da calcificação e o crescimento. 21IMAGEM DO TÓRAX CONCEITO! CRITÉRIOS DE BENIGNIDADE: Pelo menos 2 anos sem crescimento, presença de gordura e presença de cal- cificação. Essas calcificações podem ser: puntiforme, no centro; em alvo, cama- das concêntricas; em casca, na periferia do nódulo; difusa; em forma de pipoca. Apenas o contorno regular e o tamanho menor que 2,5 cm não são suficientes para classificá-lo como benigno. Nos pulmões, os tumores benignos são muito mais raros que os malig- nos, sendo o hamartoma o tumor pul- monar benigno mais comum, poden- do conter cartilagem, músculo, tecido adiposo e elementos epiteliais. Ele se apresenta como nódulo pulmonar solitário, geralmente arredondado ou ovalado, bem circunscrito, podendo ser lobulado e apresentar calcificação em forma de pipoca. Hamartoma Figura 22. Presença de nódulo calcificado hamartoma em radiografia de tórax em perfil. Disponível em: Staton, G.W., Bhalla S. Imagens da doença pulmonar. 2012 Pequenos nódulos múltiplos Pode ser em decorrência de tuber- culose miliar, histoplasmose, pneu- monias virais, silicose, sarcoidose e metástases hematogênicas. Deve ser analisado tamanho, contorno, densi- dade e presença de calcificação. Grandes nódulos múltiplos As metástases hematogênicas são a principal causa. São mais frequen- temente encontrados em região de base e na periferia dos pulmões e po- dem se apresentar como nódulo único (raramente) ou nódulos múltiplos, de diferentes tamanhos e densidades. Figura 23. Nódulos pulmonares múltiplos bilaterais. Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/ Radiogra-fi-a-de-torax-Fevereiro-2008-multiplos-no- dulos-pulmonares-bilaterais_fig1_262737972 22IMAGEM DO TÓRAX Tabela 1. Diagnóstico diferencial de lesão cavitária (lista parcial) Lesão cavitária solitária Lesões cavitárias múltiplas Abscessos pulmonares, inclusive tuberculose Granulomatose de Wegner Carcinoma broncogênico Metástases Êmbolos sépticos Êmbolos sépticos Pneumatocele (trauma, pneumonia por Pneumocystis) Artrite reumatoide Fonte:Radiologia – Langes – 2ª Edição Massas Lesões com as mesmas caracterís- ticas atribuídas aos nódulos, porém com mais de 3 cm de diâmetro. Mas- sa parenquimatosa com mais de 4 cm de diâmetro sugere malignidade. Em raros casos hamartoma e granuloma atingem esse tamanho. Escavações ou Cavitações Cavidades ocorrem quando uma área de necrose comunica-se com uma via respiratória pérvia, proporcionan- do drenagem. Localização, limites, espessura da parede, conteúdo e existência de nível líquido e de lesões satélites devem ser analisados. Ge- ralmente encontrados em tuberculo- se, histoplasmose, câncer e infecções estafilocócicas. 23IMAGEM DO TÓRAX Calcificações Geralmente indicam benignidade, sendo, na maioria das vezes, decor- rentes de doenças granulomatosas, como tuberculose e histoplasmose. Carcinoma broncogênico e algumas metástases são exemplos de calcifi- cações malignas. O hamartoma pode apresentar calcificações típicas, em forma de pipoca. SAIBA MAIS O nódulo calcificado decorrente de tu- berculose é denominado de nódulo de Ghon, que se situa mais comumente nos lobos superiores. A combinação da opa- cidade primária do parênquima com a calcificação de linfonodos é denominada de “complexo de Ranke”. O foco primário do parênquima pulmonar geralmente é único, mas pode ser múltiplo. SAIBA MAIS: TUBERCULOSE Pode ter diversas apresentações, desde o achado típico da doença cavitária e apical até infil- trado retículo-nodular difuso. A apresentação clássica (tuberculose pós-primária), predomina nos lobos superiores, com consolidações e áreas de escavação, além de disseminação endo- brônquica do processo inflamatório. Pacientes imunodeprimidos e crianças têm mais chance de apresentar tuberculose primária, sendo o padrão miliar pulmonar uma forma comumente vista em emergências. Pneumonia tuberculosa, derrame pleural volumoso por tuberculose pleural e linofonodomegalias hílares também podem ser vistas nesses pacientes. Figura 24. Radiografia de tórax em AP, mostrando três casos de tuberculose pulmonar. Em A observa-se um infiltrado micronodular em caso de tuberculose miliar, em B é visto infiltrado alveolar em ambos os ápices pulmonares, com áreas de cavitação e estriasfibróticas, e em C presença de infiltrado em ápice direito com grandes áreas cavitadas e redução de volume com desvio de estruturas para aquela região. Disponível em: Bretano, V.B. et. al, Interpretando a radiografia de tórax na emergência. 2018 24IMAGEM DO TÓRAX Enfisema pulmonar Caracteriza-se por destruição dos espaços aéreos envolvidos na troca gasosa, comprometendo bronquío- los respiratórios, ductos alveolares e alvéolos. O tabagismo é o principal fator de risco para essa doença. Os achados radiográficos são bem ca- racterísticos: 1. aumento do volume pulmonar; 2. redução da expansibilidade pul- monar; 3. retificação e rebaixamento do dia- fragma, com obliteração dos seios costofrênicos em PA; 4. achatamento ou concavidade do contorno do diafragma em perfil do tórax, com ângulo esternodia- fragmático de 90° ou mais; 5. hiperinsuflação pulmonar com- pensatória; 6. hipertransparência generalizada; 7. Atenuação da trama vascular; 8. Sinais de hipertensão arterial pul- monar; 9. formações bolhosas junto à pleura visceral, mais frequente em lobos superiores Figura 25. Enfisema pulmonar, marcado pela hipe- rinsuflação pulmonar, aumento do volume pulmonar, retificação do diafragma e hipertransparência pulmo- nar. Disponível em: https://radiopaedia.org/cases/al- pha-1-antitrypsin-deficiency-15?lang=us Pneumotórax Presença de gás de qualquer origem no espaço pleural podendo ser es- pontâneo ou traumático, hipertensi- vo ou não. O espontâneo decorre de ruptura de bolha intrapleural ou por acometimento do parênquima pul- monar subjacente. O hipertensivo é uma emergência médica, decorrente de vazamento de ar por ruptura da pleura, com mecanismo valvar unidi- recional. O ar que entra não sai, dessa forma, pode levar a um colabamento pulmonar completo, desvio de me- diastino para o lado oposto e depres- são diafragmática, podendo causar compressão vascular e choque por baixo débito. Tuberculose também pode causar, devido à fistula bronco- 25IMAGEM DO TÓRAX pleural, levando a empiema e pneu- motórax. Os achados radiológicos são: 1. Presença de espaço aéreo radio- transparente separando as pleuras; 2. Aumento de área torácica com au- mento de contraste entre pulmão e pneumotórax em radiografia de expiração; 3. Pode aparecer hidropneumotórax (com nível líquido); 4. Desvio de mediastino para lado oposto (pneumotórax hipertensivo. Figura 26. Pneumotórax à direita, devido à fratura de costelas. Disponível em: https://radiopaedia.org/cases/ right-sided-pneumothorax-due-to-rib-fracture?lang=us Derrame pleural Acumulo de líquido nos espaços in- terpleurais. Pode ser causado por al- guns mecanismos como: 1. Aumento da pressão hidrostática capilar; 2. Diminuição da pressão coloidos- mótica capilar; 3. Aumento da permeabilidade vas- cular; 4. Dificuldade de drenagem linfática pleural; 5. Passagem transdiafragmática de liquido peritoneal. Esse líquido pode ser tanto transu- dato, como exsudato. No transudato ocorre por aumento de pressão, como na ICC, cirrose hepática, síndrome nefrótica. No exsudato, por aumen- to da permeabilidade ou redução da drenagem linfática em consequência de uma inflamação ou condição ma- ligna. Os achados radiográficos, em geral, são: 1. Acúmulo de líquido, inicialmente, em seio costofrênico posterior, a partir de 50 ml, visualizado em ra- diografia em perfil ou em decúbito lateral com raios horizontais (Lau- rell); 2. Acúmulo de líquido em seio costo- frênico lateral na radiografia em PA a partir de, pelo menos, 200 ml de líquido; 3. Grandes derrames pleurais em ra- diografia em AP em decúbito dor- sal podem passar despercebidos pois o líquido se espalha pelas re- giões posteriores. 26IMAGEM DO TÓRAX Figura 27. Derrame pleural visto em RX de tórax em PA. Disponível em: https://radiopaedia.org/cases/pleu- ral-metastases-from-melanoma?lang=us Figura 28. Derrame pleural visto em RX de tórax em perfil. Disponível em: https://radiopaedia.org/cases/pleu- ral-metastases-from-melanoma?lang=us Hemotórax Ocorre comumente como consequ- ência de traumatismo, outras causas podem ser por coagulopatias, doen- ças vasculares e iatrogenia. A radio- grafia torácica mostra, geralmente, um derrame pleural, sem caracterís- ticas típicas. A drenagem pleural é necessária para evitar espessamen- to pleural, podendo ser acompanha- da de calcificação (paquipleuris cal- cificado). 27IMAGEM DO TÓRAX PADRÕES RADIOGRÁFICOS DO TÓRAX AbscessosObstrutivaConsolidação Infecção Pequenos (até 1cm) Mais de 3 cm de diâmetro Linhas B de Kerley Borramento do contorno cardíaco Êmbolos sépticos Por déficit de movimento do esqueleto torácico Silicose Artrite reumatoide PneumatocelePor compressão Broncograma aéreo Neoplasia Grandes (de 1 a 3 cm) Neoplasia Por deficiência do surfactante Infecções (tuberculose, histoplasmose) Padrão alveolar Linfonodomegalias Nódulos Massas Padrão intersticial Sinal da silhueta Atelectasias Escavações Hemotórax Calcificações Enfisema pulmonar Calcificações Derrame pleural 28IMAGEM DO TÓRAX 6. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE TÓRAX Esse exame tem como vantagem, em relação à radiografia, a ausência de sobreposição de imagens, melhor re- solução espacial e maior discriminação de densidade, as quais podem ser me- didas em valores numéricos (unidades Hounsfield). É indicada para avaliação de estruturas vasculares do tórax e do coração, lesões parenquimatosas pul- monares, pequenas fraturas costais, massas mediastinais, anormalidades determinadas em raio-x, detecção de metástases pulmonares e determina- ção do estágio de um câncer. Além disso, é capaz de distinguir entre em- piema e abcesso pulmonar e detec- ção de embolias pulmonares centrais. Geralmente, para a realização desses exames, um contraste intravenoso é com frequência administrado para a opacificação de artérias e veias no mediastino e hilos, para facilitar o re- conhecimento de massas anormais ou linfonodos. As imagens são adquiridas no plano transversal com o paciente em posição supina, em apneia inspira- tória máxima, reduzindo artefatos de movimento e promovendo melhor vi- sualização de parênquima. Eventual- mente, torna-se necessária a aquisição de cortes com o paciente em decúbi- to ventral, para melhora avaliação das porções posteriores do parênquima. Em casos de suspeitas de aprisiona- mento aéreo, o exame deve ser reali- zado em apneia expiratória máxima. A tomografia de tórax de alta resolução (TCAR) é fundamental, principalmen- te, no estudo de doenças intersticiais. Quadro1. Principais indicações de TC do tórax Melhor avaliação dos achados na radiografia nor- mal do tórax Estadiamento do câncer de pulmão e esôfago Detecção de metástases de neoplasias extratorácicas Avaliação de nódulo pulmonar solitário Suspeita de massa hilar ou mediastinal Suspeita de tumor pleural ou empiema Determinação da causa da hemoptise (exemplo: bronquiectasias) Guia para punção por aspiração percutânea de massas pulmonares ou mediastinais Guia para toraconcentese (drenagem pleural) Quadro 2. Principais indicações para TC de alta resolução do tórax Avaliação de doença pulmonar aguda e crônica Avaliação de doença parenquimatosa oculta Quadro 3. Quadro 2. Principais indi- cações para Angio-TC do tórax Suspeita de tromboembolismo pulmonar Suspeita de dissecção da aorta Síndrome da veia cava superior 29IMAGEM DO TÓRAX observado a anatomia e as alterações de parênquima pulmonar. Já na janela de mediastino, há destaque para as estruturas com densidade de partes moles, sendo possível diferenciar te- cido adiposo, líquidos, calcificações e estruturas vasculares. Pode-se ainda utilizar o recurso de “janelamento”, que possibilita alterar o contraste do exame de acordo com o que se quer visualizar. Na região de tórax é possível utilizar as janelas ós- sea, pulmonar e mediastinal (partes moles). Na janela de pulmão, é melhor EsternoCostela esquerda Escápula esquerda Vértebra Arco da aorta Veia cava superior Esôfago Linfonodos Paratraqueais Traqueia Figura 29. Janela óssea com cortical hiperdensa e medular hipodensa. Disponível em: http:// anatpat.unicamp.br/ Figura 30. Janela me- diastinal. Disponível em: BRANT, W.; HELMS, C. A. Fundamentos de Radiologia: diagnóstico por imagens. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 30IMAGEM DO TÓRAX Figura 31. Janela pulmonar. Em 1. Traqueia; 2. Lobo superior direito; 3.Lobo médio; 4. Lobo inferior direito; 5. Lobo superior esquerdo; 6. Lobo inferior esquerdo; setas brancas- Fissura horizon- tal; Setas vermelhas- Fissura oblíqua. Disponível em: http://w-radiologia/atlas-scanner-thoraxfullsize/scanner- -thorax-coronal. 7. PADRÕES RADIOLÓGICOS EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Padrão septal Num pulmão sadio, poucos septos são visualizados na TC. O padrão septal corresponde ao espessamen- to dos septos interlobulares, os quais aparecem como opacidades lineares, medindo cerca de 2 cm. Na periferia, estas opacidades têm distribuição perpendicular e contínua à superfí- cie pleural. Esse espessamento sep- tal pode ser linear (semelhante ao do edema pulmonar), nodular (como na sarcoidose) ou irregular (traduzindo, geralmente, fibrose). Esse padrão é visto, portanto, em edema pulmonar e linfagite carcinomatosa. Padrão cístico Presença de cistos referem-se a es- paços aéreos arredondados conten- do ar, com paredes bem definidas, sem enfisema pulmonar associado. Pneumonia intersticial linfocítica é um exemplo de doença que cursa com esse padrão. Padrão nodular Múltiplas opacidades arredondadas, com densidade de partes moles, me- nores que 1 cm. A diferenciação en- tre nódulo de interstício e de espaço aéreo é difícil até mesmo com tomo- grafia de alta resolução. Esse padrão pode ser subclassificado, quanto à sua distribuição, em perilinfático, cen- trolobular ou randômico. A distribui- ção perilinfática caracterizam-se por pequenos nódulos que predominam em relação ao interstício peribronco- vascular, aos septos interlobulares e às regiões subpleurais. Esse padrão é o mais encontrado em sarcoidose, linfagite carcinomatosa e silicose. A distribuição centrolobular pode refle- tir anormalidades tanto do interstício quanto do espaço aéreo. Podem ter atenuação em vidro fosco ou densi- dade de partes moles, limites bem ou mal definidos e se isolados ou agru- pados, Pneumonite por hipersensi- bilidade, broncopneumonia e bron- quiolites infecciosas são exemplos de doenças que cursam com essa distribuição. O padrão randômico, 31IMAGEM DO TÓRAX por fim, caracteriza-se por pequenos nódulos distribuídos aleatoriamen- te em relação ao lóbulo secundário. Distribuem-se uniformemente pelos pulmões sem respeitar as estruturas anatômicas. O envolvimento pulmo- nar tende a ser bilateral e simétrico. Doenças que se disseminam para o pulmão via hematogênica adquirem esse padrão randômico de distribui- ção. Assim, ocorre em metástases e doenças granulomatosas miliares. Figura 32. Numerosos pequenos nódulos randômicos bilaterais. Disponível em: http://www.rb.org.br/deta- lhe_artigo.asp?id=2467&idioma=Portugues SAIBA MAIS Lóbulo pulmonar secundário: Menor unidade anatômica pulmonar delimitada por septo de tecido conjuntivo. O centro do lóbulo é formado pelo conjunto bron- quíolo-artéria pulmonar, vasos linfáticos e interstício adjacente. Em sua periferia, o tecido conjuntivo forma septos finos denominados de septos interlobulares, onde se encontram pequenas veias pul- monares e vasos linfáticos. Os septos interlobulares são facilmente reconhecí- veis na TCAR sempre que o interstício septal estiver comprometido. Opacidade em vidro fosco Discreto aumento ou atenuação do parênquima pulmonar, com preser- vação dos contornos vasculares e das paredes brônquicas. Se tiver obscure- cimento dos vasos, utiliza-se o termo consolidação. Esse padrão pode ser causado por preenchimento alveolar, espessamento de septos alveolares ou colapso dos alvéolos. Em causas fi- siológicas esse padrão também pode ocorrer, como em aumento do volume sanguíneo capilar e expiração normal. Seu padrão de distribuição pode ser periférico ou difuso. Figura 33. Opacidade em vidro fosco predominando na periferia dos pulmões com aspecto granular, discre- to espessamento de septos interlobulares e nódulos cissurais. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rb/ v36n6/18698.pdf 32IMAGEM DO TÓRAX Consolidação Aumento da atenuação do parênqui- ma pulmonar que obscurece o con- torno das estruturas vasculares e das paredes das vias respiratórias. Bron- cogramas aéreos podem estar presen- tes. É um padrão muito inespecífico e em muitas doenças a consolidação e a opacidade em vidro fosco estão asso- ciados. Caso a consolidação não esteja associada a outros padrões, podemos caracterizar o seu tipo de distribuição em lobar, difusa, subpleural ou focal. Figura 34. Nódulo com sinal do halo (setas). Disponível em: Jornal Brasileiro de Pneumologia, Illustrated Bra- zilian consensus of terms and fundamental patternsin chest CT scans. Volume 36, n° 1. 2010 SE LIGA! O sinal do halo é um acha- do tomográfico não específico, carac- terizado pela presença de um halo de opacidade em vidro fosco circundando um nódulo ou, menos frequentemente, uma massa ou uma área de consolida- ção arredondada. Na maior parte dos casos, o halo em vidro fosco é causado por hemorragia perinodular. Por exem- plo, na aspergilose angioinvasiva (AAI) o nódulo representa um infarto pul- monar secundário à angioinvasão pelo fungo, e o halo resulta de hemorragia alveolar perinodular Figura 35. Corte axial de TC de tórax em decúbito dorsal. Em a) opacidades presentes nas regiões pulmonares subpleurais posteriores que desaparecem com a mudança de decúbito (em b). Disponível em: Jornal Brasileiro de Pneumologia, Illustrated Brazilian consensus of terms and fundamental patternsin chest CT scans. Volume 36, n° 1. 2010 33IMAGEM DO TÓRAX CONCEITO! Padrão de árvore em brota- mento são opacidades ramificadas cen- trolobulares com pequenas nodulações nas extremidades, assemelhando-se ao aspecto de brotamento de algumas ar- vores. Representam, na maior parte dos casos, bronquíolos dilatados e preen- chidos por material patológico, embora possam também estar relacionado com infiltração do tecido conjuntivo peribron- covascular centrolobular ou, ocasional- mente, com dilatação ou o preenchimen- to (ex.: metástases intravasculares) das artérias centrolobulares. Pode também estar associado a processos infecciosos como tuberculose, broncopneumonia e bronquiolite infecciosa. Padrão reticular Traduzido pelo espessamento do in- terstício intralobular, representada pe- las opacidades lineares que se encon- tram entrelaçadas e separadas entre si por milímetros, configurando um as- pecto de rede. São observados, prin- cipalmente, em doenças crônicas que evoluem com fibrose, a qual leva a dis- torção da arquitetura do parênquima e à dilatação dos brônquios e bronquío- los. Condições agudas, como pneumo- nia viral, pneumocistose, hemorragia e edemas pulmonares, também podem cursar com esse padrão reticular. Figura 36. Achados radiológicos frequentes em imagens de TC: a) padrão normal, b) enfisema, c) vidro fosco, d) fibro- se, e) micronódulos. Disponível em: Depeursinge et al., 2011. 34IMAGEM DO TÓRAX Tomografia por emissão de pósitron/ tomografia computadorizada do tórax CONCEITO! PET/TC combina a resolu- ção espacial da TC com o poder de loca- lização do radionuclídeo. O equipamento de PET é pareci- do com o de TC e utiliza emissores de pósitron, sendo o mais utilizado, atualmente, o F-18-fluordesoxiglico- se (FDG). É utilizado como marcador metabólico. A taxa metabólica eleva- da pode ser empregada para diferen- ciar neoplasia e inflamação do tecido normal. Embora PET forneça imagens tomográficas, a resolução espacial é inferior à da TC, sendomelhor a uti- lização da fusão PET/TC. Assim, os pacientes recebem tanto PET com o FDG quanto a TC com ou sem con- traste, sendo que as imagens podem ser sobrepostas ou fundidas. 8. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DO TÓRAX É muito utilizada devido a maior re- solução de contraste entre tumores e gordura e pela capacidade de avaliar invasão tumoral. É capaz de carac- terizar tecidos com maior precisão, criar cortes sagitais e coronais direta- mente. É indicado para avaliar patolo- gias vasculares, invasão mediastinal, vascular e de parede torácica, clas- sificação de estágio de câncer para pacientes que não podem fazer uso de contraste iodado. Sendo assim, é o exame mais indicado para patolo- gias vasculares torácicas. Suas maio- res desvantagens estão relacionadas à incapacidade de detecção de cálcio, dificuldades de aquisição de imagem do parênquima pulmonar, além de ser mais demorada e dispendiosa que a TC. Possui limitado uso para transtor- nos torácicos não vasculares. Quadro 4. Principais indicações para RM do tórax Avaliação de massa mediastinal Suspeita de tumor de Pancoast (sulco superior) Síndrome da veia cava superior Estadiamento de câncer pulmonar, quando a TC aponta invasão do coração, grandes vasos, parede torácica e diafragma Suspeita de dissecção da aorta Avaliação de êmbolo pulmonar central em pa- cientes com alergia a meio de contraste iodado ou insuficiência renal Avaliação do mediastino e do hilo de pacientes com alergia a meio de contraste iodado ou insufi- ciência renal Doença cardíaca congênita e adquirida 35IMAGEM DO TÓRAX Figura 37. Ressonância Magnética do tórax. Disponível em: http://www.yale.edu/imaging/ references/normal_mri_ref/ Ressonância Magnética do tórax. AD: Atrio direito; AP: Artéria pulmonar; VD: Ventrículo direito; VE: Ventrículo es- querdo; Cl: Clavícula; VBCD: Veia braquiocefálica direita; VBCE: Veia braquicefálica esquerda; Ao: Arco da Aorta; ACE: Artéria clavicular esquerda; AA: Artéria aorta; T: traqueia. Disponível em: Silva e Muller, 2010 9. CINTILOGRAFIA DE PERFUSÃO DO TÓRAX É uma técnica de medicina nuclear usada na avaliação de doenças de tó- rax incluem a cintilografia de ventila- ção e perfusão (V/Q) e o exame com radiofármacos marcadores tumorais para estadiamento do tumor. Cintilografia V/Q Pode ser utilizada, por exemplo em pacientes com suspeita de trombo- 36IMAGEM DO TÓRAX 10. USG DO TÓRAX É realizada geralmente para avaliar coleções líquidas no espaço pleural, guiar pericardiocentese, toracocente- se e, com menos frequência, orientar biópsia percutânea de lesões pulmo- nares peripleurais ou mediastinais. É indicado para avaliação de pleura e locais extraparenquimatosos, identi- ficação e interpretação de infiltrados pulmonares, consolidação, derrame pleural e pneumotórax. Além disso, é útil para guiar punções aspirativas, como toracocentese e pericardiocen- tese. Apresenta limitação na presen- ça de gás, formando artefato de repe- tição, e arcos costais, gerando sombra acústica posterior. embolismo pulmonar e que possuem alergia ao contraste ou insuficiência renal. Para realizar o estudo da ven- tilação, é feita a inalação de 10 a 30 mCi de xenônio, ao mesmo tempo em que uma câmera de cintilação cap- tura as imagens, durando cerca de 15 minutos. Obtém-se imagens de projeções posterior e oblíquas poste- riores direita e esquerda. Já o estudo de perfusão é realizado por meio da injeção intravenosa de 2 a 4 mCi de macroagregação de albumina mar- cado com tecnécio, durando cerca de 30 minutos. A câmera de cintilação é configurada de forma a obter proje- ções anterior, posterior, ambas oblí- quas posteriores e ambas oblíquas anteriores. Quadro 5. Principais indicações para cintilografia do tórax Suspeita de tromboembolismo pulmonar (V/Q) Diferenciação do nódulo pulmonar maligno e benigno (PET) Estadiamento da malignidade torácica (por exem- plo pulmão, mama, esôfago) (PET) Detecção de tumor metastático ou recorrente (PET) 37IMAGEM DO TÓRAX Na imagem, uma ultrassonografia de região torácica, gerando uma sombra acústica posterior pela presença das costelas (círculos). A linha hiperecóica representa a pleura. HORA DA REVISÃO Com tantas possibilidades, quando escolher cada método de imagem? Bom, como regra ge- ral, as radiografias convencionais devem ser obtidas de todos os pacientes com sintomas sugestivos de doença de coração, pulmão, mediastino e parede torácica, como pneumonia e insuficiência cardíaca congestiva. Além disso, indica-se a radiografia torácica para pacientes com doenças sistêmicas que apresentam grande probabilidade de envolvimento secundário dessas estruturas, como neoplasia extratorácica primaria e doença do tecido conectivo. A radiografia torácica portátil é indicada em casos graves como uma ferramenta para moni- torar o estado cardiopulmonar, além de monitorar também os dispositivos de suporte, como cateteres de acesso venoso central, tubos nasogástricos e tubos endotraqueais. A TC fornece imagens sem sobreposição, diferente do que pode acontecer em radiografias torácicas (bidimensional). Assim, é utilizada para esclarecimento de sombras confusas iden- tificadas em radiografias convencionais. É útil também para detectar doença oculta devido a tamanho pequeno ou posição escondida, revelar anormalidades do mediastino e da parede torácica mais cedo que uma radiografia, anormalidades de estruturas hilares. São rotineira- mente solicitados para pacientes oncológicos, tanto para avaliação da extensão da doença quanto para monitorização da resposta à terapia ou evolução da doença. 38IMAGEM DO TÓRAX REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Marchiori, E., Santos, M.L. Introdução à Radiologia. 2ª Edição Chen, M.Y., Pope, T.L., Ott, D.J. Radiologia Básica. 2ª Edição Bagesteiro. L.D., Classificação de padrões radiológicos por blocos em imagens não segmentadas de tomografia computadorizada. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2015 Jornal Brasileiro de Pneumologia, Illustrated Brazilian consensus of terms and fundamental patternsin chest CT scans. Volume 36, n° 1. 2010 Bretano, V.B. et. al, Interpretando a radiografia de tórax na emergência. 2018 39IMAGEM DO TÓRAX
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