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Resenha: Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado Junior

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IFCS/UFRJ – 2017.2 
Sociologia III 
Professora: Helga Gahyva 
Aluno: Maxwel Soares Medeiros da Silva (113035968) 
 
Resenha: “Formação do Brasil Contemporâneo” de Caio Prado Junior 
 
 Caio Prado Junior escreve sua análise do desenvolvimento do Brasil a 
partir de uma perspectiva econômica, ou seja, sob a ótica do materialismo 
histórico. Está entre os primeiros autores a produzir um trabalho com tamanha 
projeção fazendo uso do marxismo. Nascido no seio da aristocracia cafeeira em 
plena República Velha, empreendeu viagens pelo território o que também 
motivou sua militância política. Militância e produção intelectual influenciaram-se 
mutuamente. 
“Quem percorre o Brasil de hoje fica muitas vezes surpreendido com 
aspectos que se imagina existirem nos nossos dias unicamente em livros 
de história; e se atentar um pouco para eles, verá que traduzem fatos 
profundos e não são apenas reminiscências anacrônicas”. (PRADO JR., 
2008, p. 11-12) 
Em “Formação do Brasil Contemporâneo” ele pretende analisar o regime 
colonial em seus trezentos anos como sendo o grande fundamento sobre o qual 
ergueu-se o Brasil. “Entra-se, então, na fase propriamente do Brasil 
contemporâneo erigido sobre aquela base”1. Em seu texto introdutório chamado 
"O sentido da colonização", ele define a principal função da colônia que seria, 
em resumo, fornecer bens agrícolas tropicais para serem comercializados no 
exterior. Um grande abastecedor da metrópole. Atentemos ao fato de que ele 
não delimita nenhuma especificidade dos portugueses. A motivação puramente 
mercantil em relação às colônias é uma característica de todos os colonizadores 
 
1 PRADO JUNIOR, C. Formação do Brasil Contemporâneo: colônia. São Paulo: Brasiliense, 2008. 
 
europeus. “A ideia de povoar não ocorre inicialmente a nenhum. É o comércio 
que os interessa”2. O “povoamento” das terras coloniais aconteceu, apenas, para 
estabelecer as feitorias comercias.3 No entanto, uma diferença de caráter 
circunstancial se deu na colonização das “zonas temperadas”, categoria que se 
refere ao território americano ao norte. Conflitos político-religiosos que se 
abateram, principalmente sobre a Inglaterra, e transformações econômicas que 
modificaram o equilíbrio interno do país, fez migrar para as terras coloniais uma 
população que carregava o intuito de construir um “novo mundo”4. São essas, 
contudo, circunstâncias especiais que não tem relação com a ambição 
puramente comercial da Europa em relação às colônias, mas que, ainda assim, 
acabaram por resultar em uma nova forma de colonização com um caráter de 
povoamento. Em rumo absolutamente distinto segue a colonização das zonas 
tropicais, que mantêm exclusivamente seu caráter mercantil exploratório e que 
se dá sobre o trabalho recrutado entre indígenas e negros africanos importados. 
A empresa do “colono branco”5, ainda que tenha adquirido, posteriormente, 
“características nacionais e qualidades de permanência”6, expressão que Paulo 
Prado Junior empresta de Gilberto Freyre, só se revela deste modo aos poucos, 
mas mantêm-se sob as bases do projeto exploratório. 
É este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma 
das resultantes; e ele explicará os elementos fundamentais, tanto no 
econômico como no social, da formação e evolução histórica dos trópicos 
americanos.” (PRADO JR., 2008, p. 25) 
Os capítulos subsequentes referem-se à “Sentido da Colonização” e o 
fundamentam numa apresentação dividida em três grandes eixos: Povoamento, 
vida material e vida social. Com muitos detalhes e sofisticação argumentativa, 
Paulo Prado Junior pinta um quadro caótico. Um desenvolvimento populacional 
na colônia marcado pelas conflituosas relações entre as três raças: brancos, 
indígenas e os negros africanos. Uma economia exploratória para suprir o 
mercado externo, com sua base em mão de obra escrava o que impedia o 
 
2 Ibid. p. 21. 
3 Ibid. p. 22 
4 Ibid. p. 25 
5 Ibid. p. 29 
6 Ibid. p. 29 
desenvolvimento de um mercado nacional fortalecido. O poder sempre 
concentrado nas mãos de oligarquias rurais que mantinham o modus operandi e 
a estrutura econômica para manter também seus privilégios, a despeito de toda 
a população rejeitada e explorada. 
Em função desse sentido que nossa sociedade e economia são 
moldadas, tal sentido se prolonga e se faz notar na nossa evolução até o 
momento em que o livro foi escrito, a contemporaneidade do autor (1942). Assim, 
como decorrência desse processo de exploração nos resta uma economia 
pautada na pobreza e na miséria: 
“Numa palavra, e para sintetizar o panorama da sociedade colonial: 
incoerência e instabilidade no povoamento; pobreza e miséria na 
economia; dissolução nos costumes; inércia e corrupção nos dirigentes 
leigos e eclesiásticos. Neste verdadeiro descalabro, ruína em que 
chafurdava a colônia e sua variegada população...” (PRADO JR., 2008, p. 
353-354) 
 
 
 
 
Referências: 
 
1 PRADO JUNIOR, C. Formação do Brasil Contemporâneo: colônia. São 
Paulo: Brasiliense, 2008.

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