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1 Antonnia Vidal Vitalino Apoptose Tipos de morte celular: - Programada (apoptose, autofagia, senescência) - Não programada (necrose, mitose catastrófica) • Na apoptose (como folhas caindo de uma árvore) uma célula integra começa a se desmontar e se organizar em bolhas, que a gente chama de corpos apoptóticos; todas essas bolhas formadas são eliminadas pelo sistema imune, através dos macrófagos. CAUSAS DO APOPTOSE • Fisiológica - Desenvolvimento (embriogênese, pois algumas porções de células não são mais úteis) - Involução de tecidos hormônio-dependentes Por exemplo, uma mulher que entra em menopausa, então a mama dela, em teoria, possui glândulas mamárias, tem o epitélio glandular. Se ela entra em menopausa, o nível de hormônios dela baixa e as glândulas não são mais estimuladas, o epitélio não é mais mantido e, para não haver o excesso dele, sem ter o estímulo hormonal, o organismo começa a eliminar essas células glandulares por apoptose. Então, no final da vida, uma senhora de 80 anos, por exemplo, a mama dela praticamente não tem glândula mamária, pois não há mais estímulo para isso, e as que existiam morreram por apoptose. - Controle e eliminação celular (linfócitos/autorreativos) Quando existe uma infecção, o sistema imunológico é estimulado e produz mais células do que ele precisa normalmente, e no final da infecção elas se mantêm. Assim, elas acabam sendo induzidas a apoptose, pois, se continuarem no sistema, podem acarretar em uma reação autoimune. - Fim do papel celular (Neutrófilos/Linfócitos sem função) Células que já fizeram seus trabalhos, muitas vezes linfócitos, neutrófilos, elas também são eliminadas pois tem um tempo de vida. • Patológica - Lesão de DNA 9independente da causa da lesão) - Proteína dobrada errada Foi produzida normal, mas ao ficar na terceira conformação ela não funciona direito, então ela vai ser eliminada. - Células infectadas por vírus/tumores (chama a atenção do sistema imunológico) - Atrofia patológica Por exemplo, se eu tenho um ducto pancreático obstruído, ele pode induzir a apoptose da região que estava em contato com o ducto, porque ela não está sendo mais funcional. Eliminação de células desnecessárias: - Durante o desenvolvimento embrionário, na formação dos dedos, é preciso eliminar essas células que ficam entre os dedos. - Em outras espécies, como nos anfíbios (ex: sapo), ele possui uma cauda quando está no estágio de girino, que vai involuindo, pois as células vão morrendo por apoptose. Na fase adulta já não possui mais a cauda. - Durante o desenvolvimento do sistema imunológico, vai ocorrer a eliminação de células autorreativas (anormais e perigosas), ou seja, aquelas que já começaram errado, reconhecendo substâncias e partículas do próprio organismo. Essas células podem ser Linfócitos T ou B. Isso também ocorre após uma resposta imunológica a alguma infecção, quando células de defesa são produzidas em excesso e, depois, são induzidas à apoptose para evitar reações autoimunes. Obs: Linfócito atípico: núcleo totalmente diferente; bem irregular, pois foi ativado e está hiper-reativo - No sistema nervoso, durante o desenvolvimento, também existe uma indução a apoptose, em parte das células. O número de células de um nervo tem que ser igual ao número de células-alvo que esse nervo vai conectar; 2 Antonnia Vidal Vitalino contudo, durante o desenvolvimento, pode ocorrer a produção de mais células que o necessário, sendo esse excesso de células eliminado por apoptose. - Como as células conseguem modificar de acordo com o ambiente e com o estímulo, ex: experimento com fígado de camundongo: Nesse caso, o animal foi tratado com gardenal, que estimulou a proliferação celular do fígado (hiperplasia). No momento que para a administração da droga nesse animal, 1 semana depois, o órgão volta para o tamanho que estava anteriormente (tamanho normal); isso acontece devido à ocorrência de apoptose. No tecido adulto, células com organelas defeituosas ou danos irreparáveis ao DNA podem ser eliminadas. Para manter a homeostasia, é preciso haver um equilíbrio entre morte celular e divisão celular. - Na medula óssea são produzidas mais células do que o nosso corpo precisa, porque é onde vão ser produzidas as principais células do sangue, dentre elas os leucócitos, células de defesa que precisa existir em estoque. (Analogia: é como se tivesse um exército guardado em um determinado lugar esperando um ataque, porém esse ataque pode não chegar e esses soldados – células – estão lá consumindo energia e ficando velhos). Então, essas células que estão sendo mantidas como estoque (suprimento adicional) podem ser eliminadas, se não tiverem mais serventia (velhas), e substituídas. A medula vai ter sempre um estoque a mais de células, para que ocorra um combate mais rápido, mas essas células são renovadas de tempo em tempo. Então, a medula óssea tem uma taxa de apoptose elevada mesmo em medulas adultas. Estímulo Fisiológico/Nocivo Primeiro a célula vai sofrer danos, esses danos podem ser reversíveis ou podem progredir para irreversibilidade. Então, toda célula vai ter um limiar, ou seja, um ponto em que, se ela cruzar aquele estágio, ela vai entrar em morte celular; se os danos e a agressão forem muito intensos e rápidos, a tendência é ela entrar em necrose. Se for um dano mais progressivo, muitas vezes crônico ou mais leve, elas podem se organizar e entrar em apoptose. • Pode existir uma atravessar a barreira da outra? Sim, pode começar uma apoptose bem organizada e de repente o estimulo é tão agressivo que ela gera uma necrose. No entanto, de maneira geral as duas apresentam características distintas. ➢ Características da apoptose Nessa imagem, nota-se do lado esquerdo uma apoptose e do lado direito, uma necrose. Na apoptose, percebe-se que a célula vai diminuindo, ficando mais condensada, o núcleo vai reduzindo, cromatina mais condensada, vai se reorganizando em vesículas, além disso, há o colapso do citoesqueleto, todas as estruturas do citoesqueleto começam a se desmontar, há a desintegração do envelope envoltório nuclear e a formação de bolhas, dos corpos apoptóticos. A célula entrando em necrose aumenta de tamanho, forma bolhas na membrana plasmática. * - Ativação de nucleases (vai degradar ácidos nucléicos) e proteases (vai degradar proteínas). Quem vai fazer esse papel de ativar as nucleases e as proteases são as caspases, que veremos a cascata mais a frente. É um evento importante na apoptose, mas quem ativa elas são as caspases. * importante A cromatina, ou seja, toda a parte de DNA é fragmentada/condensada e, a partir disso, começa a formação dos corpos apoptóticos, os quais são formados pela própria membrana plasmática. Essa membrana muda sua composição bioquímica – tem uma sinalização específica que modifica a membrana para que os corpos sejam reconhecidos por fagócitos. Na necrose, além da tumefação, existe o extravasamento de conteúdo citoplasmático, pois a membrana se rompe. Isso chama atenção do sistema imunológico, principalmente o de inflamação, diferentemente da apoptose. 3 Antonnia Vidal Vitalino - Na apoptose as membranas são intactas, e há a ação de fagócitos (marcado em amarelo), impedindo a resposta inflamatória prejudicial. Porém, caso haja lesão na membrana, a apoptose pode progredir para necrose. Microscopicamente, consegue-se observar a formação de vesículas e reorganização da célulana apoptose (núcleo e cromatina se condensando). Já na necrose, não existe essa delimitação, por conta do extravasamento, o que é prejudicial pela nova agressão gerada nesse tecido. Nessa imagem, se observa, também, núcleos da cromatina se condensando e indo para a periferia em comparação com uma célula viável (que não está sofrendo apoptose). ➢ Alterações bioquímicas Ocorre a ativação de nucleases, as quais clivam o DNA em regiões entre os nucleossomos (enovelamento do DNA a partir de 200 pares de bases com histonas, os fragmentos são de diferentes tamanhos, mas são múltiplos de 200 pb, mais ou menos). A partir disso, é gerado um padrão de corte do genoma que, ao ser colocado em gel de agarose, revela um padrão que é característico da apoptose. Esse padrão é mais claramente percebido a partir da quantidade de horas que se passam: 1h após, consegue-se visualizar pouco, mas 3h depois, a imagem fica mais nítida – padrão de escada. - Outra forma de identificar as células apoptóticas é marcando o DNA dessas células com a técnica de TUNEL. Alterações da membrana e reconhecimento pelos fagócitos: - Lembrem lá da membrana plasmática... dupla camada de fosfolipídios. A fosfatidilserina é um fosfolipídio que sempre vai estar voltado para o citosol e possui carga negativa. Quando a célula começa a induzir a apoptose, este fosfolipídio transloca - movimento de flip flop - e começa a mudar sua posição, para a camada externa da membrana plasmática, e sinalizar. Então, a carga negativa, que normalmente é intracelular, começa a ficar externa, e isso é um ponto para sinalização: Os macrófagos enxergam essa fosfatidilserina externa e vão lá fagocitar. 4 Antonnia Vidal Vitalino Como eu posso também verificar essas modificações bioquímicas? Pelo reconhecimento pela Anexina V, pois a fosfatidilserina que está externa se conjuga com essa proteína. A fosfatidilserina externa, além de sinalizar para os macrófagos, ela também tem a função de inibir a inflamação. Isso ocorre porque ela vai inibir a produção de citocinas pelos fagócitos. Obs.: Os macrófagos têm várias funções, além de fagocitar. Ele libera substâncias diversas, dentre elas, substâncias que vão atuar no reparo do tecido, na apresentação de antígenos e, também, libera mediadores inflamatórios. Então, se esse macrófago chega em uma célula com fosfatidilserina externa, em uma célula apoptóticas, ele fica impedido de liberar esses mediadores inflamatórios, então ele vai fagocitar a célula apoptótica e não vai haver inflamação. Então, a mudança da fosfatidilserina serve para duas coisas, para chamar a atenção dos macrófagos, que vão fagocitar essa célula que está morrendo e para bloquear a inflamação. - Outra questão bioquímica é a realocação do citocromo C (que está dentro da mitocôndria). Numa situação de apoptose, eu posso perder o potencial elétrico dessa membrana mitocondrial (numa célula preservada a membrana possui carga + externa, e carga - interna). Então se, em uma mitocôndria com potencial elétrico preservado, eu jogar um corante vermelho com carga +, eu vou ter a coloração da mitocôndria vermelhinha, no citoplasma - na célula preservada. Já em uma mitocôndria com perda do potencial elétrico, não há o processo de coloração, pela ausência de afinidade específica entre corante e carga da organela, pois não haverá a organização das cargas, elas ficam bagunçadas. Ao mesmo tempo, essa alteração do potencial promove a saída de substâncias do meio interno da mitocôndria para o citoplasma, como o citocromo C, que apresenta um papel fundamental na apoptose. Esse extravasamento de citocromo C pode ser analisado por meio da coloração dessa substância pelo uso de anticorpo, sendo observado na segunda imagem a presença de marcação do citocromo no citoplasma da célula, enquanto que, na primeira, há o acumulo da substância em regiões especificas, nesse caso, a mitocôndria. A anexina 5 relaciona-se com a fosfatidilserina e representa uma alteração bioquímica para a apoptose na membrana celular, enquanto que, a saída do citocromo C, demonstra outra, pela desestabilização do potencial da membrana mitocondrial. 5 Antonnia Vidal Vitalino ➢ Sinalização das caspases (ator principal para a ativação de nucleases e proteases). É uma família de proteases (proteínas que degradam outras proteínas), com a presença de cisteína no sítio ativo, que só cliva proteínas que apresentam ácido aspártico na composição, não se encontrando ativas constantemente, sendo a forma inativa denominada de pró-caspases. Quando eu falo “pró-caspase”, significa que ela não está ativada. Elas são produzidas em formato de heterodímero que, por sua vez, tem uma subunidade pequena e uma grande. A procaspase só vai ser ativada se ela for clivada/quebrada, fazendo dois cortes, eu vou ter uma caspase ativada. A caspase, ativada acima, é, na verdade, um tetrâmero. Ela, dessa forma, é capaz de ativar outras caspases, sendo chamada de cascata enzimática, ativando outros componentes da mesma família. Assim, existem dois grupos de caspases, aquelas que são denominadas de iniciadoras, que são as primeiras que são ativadas, e as caspases executoras, que são ativadas após a ativação das iniciadoras. As executoras, ativam proteases e nucleases dentro da célula, ativam também outras proteínas alvos, como inibidores de endonuclease, componentes do citoesqueleto, proteínas de adesão, entre outros. As proteínas-alvo, por exemplo, são as inibidoras de endonuclease, as componentes do citoesqueleto, as proteínas de adesão célula- célula. Essas são as envolvidas na apoptose, mas também existem outras envolvidas na inflamação. Precisa lembrar da 8 e da 10. ➢ Duas vias de ativação da apoptose: Extrínseca e Intrínseca (ou mitocondrial). - Na via extrínseca: O estímulo inicial vem pelo meio externo, comum em infecções por vírus ou células neoplásicas, se dá pela relação entre um ligante (que pode estar solto no meio extracelular, ou preso à uma outra célula) com um receptor na membrana da célula. O ligante precisa ser reconhecido por receptores na membrana da célula que eu quero eliminar. ....Existe na membrana um receptor de morte. É uma proteína adaptadora que tem um domínio de morte, ou seja, tem uma região que estimula a morte celular. Mas, o receptor está silenciado, somente na membrana, quando um linfócito matador ou um linfócito citotóxico se aproxima dessa célula e possuir, não o receptor, e sim o ligante, é que o domínio é ativado. É uma reação chave-fechadura. Uma vez que o ligante é reconhecido pelo receptor, esse domínio de morte é ativado, e recrutaram proteínas adaptadoras que, por fim, irão recrutar as pró- caspases. Resumindo: O linfócito matador tem um ligante que ativou um receptor externo de uma célula alvo, e a ativação desse receptor de morte vai recrutar pró-caspases dentro da célula, na verdade, o que recruta as pró-caspases é o 6 Antonnia Vidal Vitalino domínio de morte (a região preta, interna, do receptor de morte; o domínio de morte, após a ativação, chama o domínio efetor de morte (região vermelha) e recruta as pró-caspases); Obs: Essa região interna do receptor é formada por uma proteína adaptadora, chamada FAD, ela quem recruta as pró-caspases) . As pró-caspases já existem no citosol, entretanto estão desativadas. Uma vez que há uma atração química pelos receptores, há uma conexão para formar um complexo de sinalização e indução de morte chamado de DISC. O que é o DISC? • Receptor domínio interno de morte desse receptor. • Proteína adaptadora. • Pró-caspases. Então, é formado um complexo proteico associado com a morte já que possui apró- caspase, iniciadora do apoptose. Recapitulando: • O ligante pode ser uma célula ou solúvel, por exemplo. • Os receptores podem ser tipo Fas-Cd95 com o ligante Fas ou o TNFR com o ligante TNF-alfa ou TNF-beta. • Cada receptor vai ter o seu ligante. Nesse exemplo, o ligante é solúvel, ou seja, o reconhecimento pelo seu receptor da sua concentração é suficiente para desencadear a cascata de apoptose. - Bloqueio da apoptose na via extrínseca: Algumas células conseguem escapar desse mecanismo de apoptose. Às vezes, o receptor está lá, mas tem um defeito, por exemplo, não tem o domínio de morte, ou seja, o ligante será reconhecido, mas não vai gerar sinalização nenhuma dentro da célula. Outra forma de burlar a apoptose é criar outras proteínas para competirem com as pró-caspases, que sejam parecidas; nesse caso, ao recrutar as pró-caspases, a FLIP, por exemplo, também será recrutada, e aí haverá competição, e não haverá a formação do tetrâmero das caspases. - Na via intrínseca: A via intrínseca é um a via mitocondrial, portanto, precisa de mitocôndrias, e dentro das mitocôndrias temos citocromo C. Para ativar a via intrínseca, temos que ter um estímulo ou qualquer outro mecanismo que, geralmente, é um injuria ou stress oxidativo, um dano no DNA, uma baixa de concentração de oxigênio (Hipóxia), falta de nutriente e falta de sinais de sobrevivência. O importante é que, independente de qual estimulo a célula seja submetida, ela vai ter uma alteração na mitocôndria e seu potencial de membrana também será alterado. Então, se alteramos o potencial de membrana dessa mitocôndria, teremos saída de citocromo C, e é ele que vai começar a cascata de sinalização das caspases , lá no extrínseco é um receptor ligante e o domínio de morte, já aqui, é o citocromo C, com a saída do citocromo C para o citosol, ele vai ele vai se conjugar com a Apaf1 , a apaf1 já 7 Antonnia Vidal Vitalino estava no citoplasma, só que estava numa forma inativada, só esperando a saída do citocromo C, então o próprio mecanismo da saída do citocromo C gera uma ativação da Apaf1 e várias Apafs 1 (sete) ativadas vão formar um heptâmero, que é chamado de apoptossomo, esse apoptossomo consegue recrutar caspases. RESUMO: A liberação do citocromo C causa a ativação de 7 Apafs1 que, consequentemente, levará 7 citocromos C, formando um Heptâmero, que é chamado de Apoptossomo. O Apoptossomo (ou heptâmero), estrutura essa, formada por 7 Apafs, possui o objetivo de ativar a procaspase. Tudo será relacionado com essas caspases, e o objetivo da ativação da apoptose é exatamente recrutar essas proscapases. Geralmente, as primeiras são as caspases iniciadoras, porém, nesse caso da via intrínseca, será ativado a caspase 9, e ela ativada, irá ativar as EXECUTORAS, a partir daí a história irá se repetir (professora apenas falou que se repete, não explicou novamente). Então teremos: Saída de Citocromo C -> Ativação de APAF -> Formação de Apoptossomo -> recruta pró-caspases (começando pela 9). Quem irá controlar essa via intrínseca são as proteínas da família Bcl2, pois são elas que: • Controlam a liberação de Citocromo C, ou seja, sem elas, o citocromo C simplesmente sai. • Controlam a liberação de outras proteínas intramembranosas. Essa família (quando ela fala da família, ela quer dizer da Bcl, isso quer dizer que algumas vão impedir a saída, e outras permitir a saída do citocromo C) na verdade possui duas funções, ou seja, possuem componentes: 1. Proapoptóticos (BH123 e BH3): Permitem a saída de citocromo C. Essa saída ocorre porque, na membrana da mitocôndria, teremos proteínas proapopitóticas, como a bax e bak, ATIVAS, e quando elas estão ativas, elas formam um poro que irá permitir a saída do citocromo da membrana. Ocorre um estimulo apoptótico, BH3 é ativada, BH3 impede Bcl2 de funcionar e deixa livre BH123 para formar poros na membrana, liberando o citocromo C. 2. Antiapoptóticos (Bcl2 e Bcl-XL): Impedem a saída de citocromo C. Esse bloqueio ocorre porque na membrana da mitocôndria, teremos proteínas proapoptóticas, como a bax e bak, que estão INATIVAS, e as proteínas Antiapoptóticas Bcl2 e Bcl-XL ATIVAS, e essas últimas irão impedir a formação dos poros, bloqueando a função proapoptóticos (principalmente o Bh123), impedindo a saída do citocromo C. Obs: As duas vias podem se sobrepor, por exemplo, a caspase 8, que é iniciadora da via extrínseca, pode ativar BH3, então eu posso começar a via no formato extrínseco, através da caspase 8, e essa caspase 8 pode conduzir ou aumentar o processo de apoptose, ativando BH3, e continuar a apoptose na via intrínseca. Então eu vou ter a ativação de BH3 que, consequentemente, bloqueia Bcl2 e deixa livre a BH123 para formar o poro. Quando a via extrínseca é ativada, ela ativa as caspases 8 e 9, que são iniciadoras, essa caspase 8 é comum durante a ativação da via extrínseca, quando precisa do ligante com o receptor, só que, quando ela é ativada, ela também pode ativar BID, que é um componente de BH3, e quando esse componente é ativado, a via mitocondrial é ativada, e Blc2 é bloqueada, 8 Antonnia Vidal Vitalino liberando a formação do poro, pela família BH123. ➢ Inibidores de Apoptose (IAPS) Tudo o que foi falado anteriormente serve para ativar a apoptose e ter um certo controle, no caso aqui, das membranas. Mas, existem também outras moléculas na célula que vão inibir a ativação da via intrínseca. Por exemplo, aqui eu vou ter os inibidores de apoptose (IAPS). Esses inibidores de apoptose não fazem nada na membrana da mitocôndria, mas toda vez que uma caspase for ativada e formar um tetrâmero ativado, esse IAP pode se ligar e impedir que ela ative outras caspases. Então, é um bloqueador da cascata de caspases. Esse IAP pode se ligar na caspase ativa e impedir que ela continue a cascata; essas IAPS podem se ligar e inibir caspases do tipo 3, 7 (executoras, comum a ambas as vias) e 9 (iniciadora da via intrínseca). Outra forma de fazer inibição dessa cascata é estimular a degradação dessa caspase ativada. Então, aqui aconteceu saída do citocromo, ativei pró-caspases, só que eu quero controlar isso. Então, eu jogo um monte de IAP, aumenta a produção de IAP, o IAP vai lá naquela caspase ativada e bloqueia a função dela e daí ela não consegue seguir. Uma forma é bloquear fisicamente. A outra forma é marcar ela para degradação. Eu posso marcar ela com ubiquitina, pode fazer poliubiquitinação das caspases. Observação: Ubiquitina é uma proteína encontrada nas células eucariotas constituídos por 76 aminoácidos que desempenha uma função importante na regulação de proteínas. Ela marca proteínas indesejadas (por exemplo proteínas mal dobradas) para que sejam degradadas por um complexo multiproteico denominado proteassoma. Uma das formas de você degradar proteína, independente se é caspase ou qualquer proteína na célula, é através da via de ubiquitina proteassoma ou proteassomo. Esse mecanismo é muito utilizado para qualquer degradação de proteína. Então, vamos pensar, eu tenho uma proteína mal dobrada dentro da célula, não vai servir para nada, eu vou pegar e vou degradar ela por via ubiquitina proteassoma. Eu tenho a minha proteína que eu quero destruir. Eu vou pegar e vou marcar ela, lá na célula vai ter um mecanismo de marcar ela e botar um monte de ubiquitina sinalizando ela, dizendo “olha, essa proteína aqui já era, precisa ser eliminada”, aí vai ter uma estrutura chamada proteassomo que parece um lixeirinho porque ele vai degradar. Esse “lixeirinho” (o proteossomo) vai fazer o reconhecimento: toda vez em que ele ver uma proteína com ubiquitina na superfície, ele vai “conduzi-la” cheia de ubiquitina e, nofinal, sairão aminoácidos. Ou seja, o proteossomo desmonta essa proteína. Esse é o mecanismo geral, dentro da célula grande parte da degradação e do reaproveitamento de proteínas é através de ubiquitina-proteossoma. Repetindo: o mecanismo de degradação de proteína dentro da célula é um mecanismo geral, não tem necessariamente a ver com a apoptose. Proteínas só vão desmontar proteínas, e essa proteína precisa estar marcada com ubiquitina. Para isso, outra enzima vai colocar essa ubiquitina na superfície da proteína. Depois, o proteossomo identifica essas proteínas e puxa essa ubiquitina para dentro dele, e então vai começar a quebrar a proteína em aminoácidos. Ou seja, ele desmonta a proteína que não serve mais e faz com que ela seja reaproveitada por meio de seus aminoácidos. 9 Antonnia Vidal Vitalino Já quando falamos das IAPs, elas podem se ligar na caspase ativada (impedir que ela ative outras caspases) ou podem fazer essa ubiquitinação, e então a caspase ativada fica marcada para a degradação. São duas formas: impedir a ativação de outras caspases (porque ela vai estar conjugada) e ubiquitinizar a própria caspase. As IAPs agem na via intrínseca (inibindo a caspase 9) e também na via intrínseca e extrínseca (porque as executoras são comuns às duas vias). A caspase 9 é exclusiva da via intrínseca; as 3 e 7 podem ser da via intrínseca e da via extrínseca. Pergunta: O que são prodomínios? Resposta: Existem os domínios da proteína; ela é composta por aminoácidos e em cada região dela haverá domínios. Os prodomínios são essas pequenas regiões que não têm uma função específica. Por exemplo, se você “estirar” a sequência de aminoácidos de uma proteína, existirá uma região catalítica, um sítio de ativação, um domínio C-terminal, um domínio N- terminal... tudo isso faz parte da organização da proteína e é funcional. Os prodomínios, na verdade, são eliminados durante a ativação das caspases. A procaspase, então, ainda tem esse prodomínio, que serve como um protetor de ativação; tem uma função de proteção, é eliminado durante a ativação dessa caspase. ➢ Anti- IAPS Além disso, há também as Anti-IAPs, que controlam as IAPs. Ou seja: as IAPs controlam a ativação das caspases e ajudam a degradar as caspases; as anti-IAPs fazem o papel inverso, controlam as IAPs. Assim, elas controlam a ativação da via intrínseca. Exemplos delas são a Smac (ou “Diablo”) e a Omi, que são liberadas no citosol logo depois que a via intrínseca é ativada. Isso porque, se houver a via, o ideal é que ela funcione, então as anti-IAPs impedem que as IAPs funcionem. As IAPs estão lá impedindo que a apoptose aconteça, enquanto as anti-IAPs bloqueiam essa ação. As anti-IAPs são liberadas no citoplasma no momento em que se ativa a via intrínseca. No momento que eu ativei a via intrínseca com apoptossomo, ativei as caspases e as IAPS querem controlar essa grande quantidade de caspases, só que ao mesmo tempo saem as ANTIAPS. As ANTIAPS chegam e querem que aconteça a apoptose, por isso que elas são proapoptóticas (impedem o bloqueio e as IAPS ficam impedidas de funcionar). Então se eu inativo as ANTIAPS a apoptose não modifica, ela vai funcionar normalmente. - PARA RESUMIR TUDO QUE FOI VISTO Existem duas vias de ativação: Intrínseca e Extrínseca: VIA EXTRÍNSECA 1. Eu preciso de uma interação ligante receptor. O receptor está na célula alvo, na célula que vai morrer, a que vai entrar em apoptose. Então tem a interação, por exemplo, do FAS com o receptor FAS e assim por diante. 2. Depois que ativa o receptor ativa o domínio de morte interno intracelular 3. Ativado o domínio de morte, recruta procaspases que vão ativar as caspases iniciadoras e, que por sua vez, vão ativar as executoras 4. As caspases executoras vão ativar as exonucleases e proteases. E quando eu falo em colapso do citoesqueleto eu falo em ativação de proteases. O que vai acontecer é a fragmentação do DNA, aquele esquema de escada, 200 pares de bases. O citoesqueleto se modifica, a célula fica menor, contraída e formam os corpos apoptóticos. 5. E no final a célula fagocita VIA INTRÍNSECA 10 Antonnia Vidal Vitalino Eu preciso da mitocôndria porque é necessário liberar citocromo C Podem ter vários estímulos: lesão no DNA, radicais livres, toxinas, enfim retirada de hormônios. Lembrem que existe o estimulo patológico e o fisiológico. Então dependendo do tipo de estimulo ocorre a liberação de citocromo C, que pode ocorrer devido a um defeito no BCL2. Se eu não tenho BCL2, ativei a BH3 e ela impediu o funcionamento do BCL2, e de qualquer forma vai sair o citocromo C. 1.Saiu o citocromo C, ele vai ativar caspases iniciadoras (a 9) 2.Ativou as iniciadoras, elas vão ativar as efetoras 3.As efetoras vão fazer o mesmo papel até a fagocitose Por que eu coloquei o P53 aqui? Porque muitas vezes o estimulo inicial é um dano no DNA. Pessoas que estão em tratamento quimioterápico, radioterápico vão ser irradiadas e vai ocorrer dano no DNA. Quem é o protetor, guardião do genoma é o P53.Esse P53 identifica esse dano no DNA. Ele pode ativar um sistema de reparo do DNA, o ciclo celular para, dessa forma ele tentar consertar esse DNA que está lesionado. Ou o P53 pode induzir a apoptose, o dano é tão grave que é melhor que entre em apoptose porque se progredir vai gerar células filhas com problema. 4.A P53, então vai estimular moléculas, ou seja, membros da família proapoptótica o BH3, BH123. Ou ele pode diretamente ir lá e ativar caspases efetoras. Então ele vai ativar a apoptose pela via intrínseca.
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