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GABRIELA SÁ A síndrome dos ovários policísticos (SOP) ainda não foi totalmente definida, mesmo tendo sido descoberta há mais de 80 anos ainda é considerada um enigma para muitos investigadores; A incidência varia de 4 a 16% da população feminina em idade reprodutiva; A etiologia da SOP ainda é indefinida, creem que seria uma desordem genética antiga durante a evolução humana, para outros é considerada apenas uma adaptação epigenética ao meio ambiente; Crianças com baixo peso (menos de 2.500g ou menor que o percentil 10% do peso esperado para a idade gestacional) ou macrossomia podem ter alterações endócrinas e metabólicas intrauterinas que perduram após o nascimento, podendo serem mais predispostos ao desenvolvimento de distúrbios do metabolismo de carboidratos, obesidade e doenças crônicas (HAS e DM na vida adulta); Dados epidemiológicos sugerem que filhas de mães com SOP têm riscos mais elevados de desenvolvê-la. Entretanto, o fator gênico isoladamente não seja suficiente para o desenvolvimento da SOP, sendo assim, o conjunto de fatores ambientais, comportamentais e psíquicos, associados a predisposição genética seriam determinantes para o surgimento da síndrome, sobretudo as mais exacerbadas. Portanto, sugere-se que a doença seja evolutiva durante a vida da mulher, havendo uma piora com o ganho de peso e o avançar da idade; Hipergonadismo é muito marcante em mulheres com SOP, sendo assim, interfere no sistema reprodutor tanto central (eixo córtico- hipotalâmico-hipofisário) como perifericamente (nos ovários), levando a perda de ciclicidade funcional ovariana por retroalimentação inadequada, havendo uma maior produção de androgênios que perpetuariam a anovulação e a inadequação endometrial (oligo ou amenorreia)l; No hipotálamo há uma maior produção de estrogênios (devido aos androgênios) pela ação da aromatase que interfere localmente, tanto nos neurônios produtores de kisspeptina como nos de GnRH do núcleo arqueado. Em partes, essa ação poderia explicar a anovulação crônica devido à mudança no padrão do ciclo normal do GnRH. Ademais, a diminuição da atividade opioide e o aumento da noradrenalina também contribuem para a inadequação da produção daquele hormônio, resultando no incremento da frequência e da amplitude de pulsos de GnRH, levando a maior produção e liberação de LH pela hipófise e consequentemente, mais androgênios (testosterona e androstenediona); A diminuição do FSH circulante em mulheres com SOP parece advir do aumento dos níveis de inibina B e pelos altos níveis de estrona e por conseguinte, a maior produção de androstenediona; A interrupção do crescimento folicular e o aparecimento de alterações histomorfológicas (micropolicistose e hipertrofia do estroma ovariana) decorrentes das alterações gonadotróficas constituem uma grande fonte de androgênios. Trazendo amplo impacto no eixo hipotalâmico-hipofisário nas mulheres com SOP levando a um círculo vicioso que também é responsável pelo hiperandrogenismo cutâneo; Atualmente, a SOP é considerada uma doença metabólica, já que além das manifestações ginecológicas, essa patologia pode cursar com alterações lipídicas, diabetes mellitus (DM), obesidade, hipertensão arterial sistêmica (HAS), aumento do risco cardiovascular etc.; Avaliam-se que mulheres com SOP poderiam ter estruturalmente maior população folicular do que apenas a disfunção hormonal, tal fato poderia propiciar maior produção de esteroides sexuais (androgênios), interferindo na retroalimentação do eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano. Vale ressaltar que há uma maior concentração também do hormônio mulleriano; A insulina também desempenha um importante papel na fisiopatologia da SOP, a resistência a ele está relacionada com o defeito pós-receptor de insulina pela deficiência do substrato 1 da tirosina, resultando em uma maior fosforilação nos resíduos de serina do receptor de insulina ou proteínas dessa via de sinalização, bem como a queda do número de proteínas GLUT-4 na superfície da membrana plasmática que leva a dificuldade no ingresso de glicose para o meio intracelular. Logo, há um hiperinsulinismo compensatório em resposta do pâncreas predispondo à intolerância à glicose ou até ao DM; A insulina tem ação sinérgica ao LH nas células da teca interna e do estroma ovariano também determinando um aumento da produção de androgênios. Mulheres com resistência a insulina (RI) por defeito do pós-receptor ocorre devido a fosforilação da serina, aumentando ainda mais a síntese androgênica; Hiperinsulinemia a nível hepático causa ainda mais redução dos níveis da globulina carreadora de esteroides sexuais, auxiliando em uma maior fração de androgênios circulantes em sua forma ativa GABRIELA SÁ produzindo efeitos arrenomiméticos. Além disso, há uma queda da síntese de outras proteínas carreadoras de fatores de crescimento favorecendo uma maior ação nos tecidos periféricos (como o endométrio), dificultando a implantação embrionária e aumentando o risco do surgimento de lesões precursoras do câncer endometrial, mas também de outros tipos de câncer (mamário, pâncreas, hepático etc.). Favorecendo a disfunção endotelial e maior risco cardiovascular, obesidade, apneia do sono e doença hepática gordurosa não alcoólica; O diagnóstico da SOP é feito por exclusão, especialmente pela grande heterogeneidade da síndrome (principalmente na adolescência); Hiperandrogenemia ou o hiperandrogenismo cutâneo podem ser vistos em muitas mulheres com SOP, mas há outras entidades que também podem ter quadro clínico semelhante, dessa forma, é necessário a exclusão de afecções como: disfunção da tireoide, hiperprolactinemia, tumor ovariano ou da suprarrenal, defeitos de síntese da suprarrenal, síndrome de Cushing e uso de substâncias androgênicas (anabolizantes) para o diagnóstico da SOP; A suspeita da SOP é feita quando houver queixas de pelos excessivos pelo corpo, associados à irregularidade menstrual, em geral, ciclos alongados ou períodos de amenorreia. Tal quadro clínico pode ser confundido com a adolescência devido a imaturidade do eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano podendo determinar a disfunção menstrual, contudo, há ciclos mais curtos do que na SOP, mas não é uma regra, por isso a importância de uma boa avaliação do quadro; A ultrassonografia em muitos casos não é de muita ajuda, pois os ovários geralmente são maiores e muitas vezes multifoliculares quando há imaturidade do eixo, podendo levar a diagnósticos errôneos na adolescência; O exame físico pode auxiliar no diagnóstico, portanto, é de grande importância procurar sinais clínicos de hiperandrogenismo (acne e hirsutismo). Vale ressaltar que a presença de hipertricose não significa aumento da ação dos androgênios, pois são pelos do tipo lanugem que aparecem em geral no ombro e na fronte; A hipertricose consiste em um crescimento excessivo de pelos por todo o corpo. Essa pode ser causada por diversos fatores, dentre eles o uso de fármacos como glicocorticoides, ciclosporinas, progestagênios ou valpronatos, Minoxidil; em por doenças como hipotireoidismo, anorexia nervosa, porfiria e dermatomiosite; Em decorrência da RI é avaliada a presença de acantose nigricans; Na avaliação da pelve feminina podem ser evidenciados ovários de tamanhos aumentados, em raros casos há o aumento do clitóris (mais comum em neoplasias produtoras de androgênio); Comumente a história clínica da SOP é mais arrastada, surgindo na adolescência e em muitos casos, piorando gradativamente com a obesidade e a RI; A USG pélvica das mulheres com SOP pode mostrar imagens de ovários com volume aumentado (acima de 10 mL) com mais de 12 microcistos de mais de 9mm de diâmetro na periferia do ovário. Contudo, a característica mais marcante é a hiperecogenicidade central que reflete a hiperplasia estromal, porém a reprodutibilidade desse achado é baixa e a variação inter e entraobservadores é elevada; característicanão percebida em adolescentes com imaturidade do eixo. Vale ressaltar que o USG não é isoladamente o fator de diagnóstico de SOP; É de extrema importância que sejam afastadas outras afecções que apresentam manifestações clínicas semelhantes pelas dosagens hormonais como: hormônio tireoestimulante (TSH) e T4 (disfunção da tireoide), testosterona total (tumor ovariano ou suprarrenal), 17-OH-progesterona (deficiência enzimática da suprarrenal da 21- hidroxilase) e cortisol (síndrome de Cushing); Os critérios diagnósticos se baseiam no Consenso de Rotterdam (2003): Para o diagnóstico na adolescência, deve-se ter os três critérios de diagnóstico – hiperandrogenismo clínico e laboratorial, disfunção ovulatória e imagens de ovários policísticos ao USG pélvico; Esse critério cria quatro fenótipos de mulheres com SOP, as mais comuns são o A e o B, quase 80% das mulheres com SOP; GABRIELA SÁ DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS Identificação de resistência insulínica, intolerância à glicose ou diabetes melito não faz parte do diagnóstico da SOP, mas, quando houver a associação com esses distúrbios do metabolismo dos carboidratos, deve-se também identificar e tratar adequadamente para evitar a síndrome metabólica e a doença cardiovascular; Recomenda-se a avaliação da insulina e glicemia de jejum com o cálculo do HOMA-IR, bem como a realização da sobrecarga glicêmica com 75g de glicose e dosar glicemia após 2 horas. Serão consideradas com resistência insulínica quando o HOMA-IR for maior do que 3 e com intolerância à glicose quando a glicemia de jejum for superior à 100 mg/mL ou, após 2 horas após a sobrecarga, os valores forem superiores a 140 mg/mL; Em conjunto com a alteração no metabolismo dos carboidratos, pode haver dislipidemia, disfunção endotelial e sobrepeso/obesidade, que devem ser sempre pesquisados nas adolescentes com SOP; O diagnóstico de síndrome metabólica se dá quando há pelo menos 3 dos 5 critérios do ATP-III: A. Aferição da cintura abdominal maior que 88 cm; B. Hdl menor do que 50 mg/dl; C. Triglicerídeos superiores a 150 mg/dl; D. Pressão arterial sistêmica maior do que 135/85 mmhg ou uso de anti-hipertensivos; glicose superior a 100 mg/dl; Há risco aumentado para doença hepática e cardiovascular, sendo assim, faz-se necessário avaliações das enzimas hepáticas e da USG de abdome superior, bem como cardiológicas; O primeiro passo no tratamento da SOP é a mudança de estilo de vida, isto é, diminuição do sedentarismo (exercícios físicos pelo menos três vezes) e melhora da dieta nutricional. Além disso, pode ser recomendado o acompanhamento psicológico para redução de estresse, ansiedade/depressão nas mulheres com baixa autoestima e autocontrole; De início a conduta na síndrome metabólica pode ser expectante, sobretudo no período de adolescência quando há dúvida quanto ao diagnóstico; Em geral, a queda de 5-10% do peso corporal pode melhorar o padrão menstrual, redução da RI e atenuar os efeitos do hiperandrogenismo cutâneo; A nível medicamentoso, pode ser prescrito conforme a clínica da mulher. Lembrando que é de grande importância o tratamento da RI quando o tto não medicamentoso não surte efeito; Quando a resposta pode ser inadequada (sem perda de peso ou piora da resistência insulínica ou intolerância à glicose), está indicado o emprego de fármacos. Recomenda-se, ainda, em mulheres com acantose nigricans ou obesas com antecedentes familiares de diabetes melito do tipo II; A droga de primeira escolha no tratamento da SOP é a Metformina, uma biguanida utilizada no tratamento de diabetes, mas que também melhora o padrão menstrual e diminui os níveis de androgênio. Além disso, parece ter um efeito positivo sob a indução da ovulação, contudo, seus efeitos benéficos são moderados. Vale ressaltar que a utilização deve ser feita em pacientes com funções renal e hepática normais e forma mais adequada de administração é às refeições e deve ser iniciado o tratamento com dose baixa (250-500 mg/dia) e ir aumentando gradativamente de acordo com a necessidade (1.500-2.000 mg/dia), nessas últimas dosagens parece ter ainda mais efeito sob a ovulação; Alguns trabalhos clínicos trazem a Liraglutida (principalmente nas doses de 3 mg/dia SC, mas deve ter início com 0,6 mg/dia com aumento progressivo em cada semana para minimizar os efeitos adversos) como efetiva em pacientes obesas e com ovários policísticos, auxiliando na perda de peso e melhora da RI. Contudo, ainda faltam estudos em adolescentes com esse medicamento; Quando há obesidade mórbida os ttos medicamentosos não parecem trazer efeitos positivos, então, indica-se a cirurgia bariátrica (deve ser a última opção por ainda ser considerada experimental na adolescência), em mulheres adultas em costumam causar bons efeitos em relação à parte metabólica, cardiovascular e reprodutiva. Há um aumento no risco de gestações no primeiro ano pós cirurgia, assim, recomenda-se um método contraceptivo GABRIELA SÁ pelo menos por dois anos após o procedimento para evitar recidiva da obesidade; Lembrar que as dislipidemias não dever ser negligenciadas, assim, mulheres com SOP devem corrigir tal quadro. Essa é feita por meio do uso de estatinas que podem piorar a RI, portanto as usuárias desses fármacos devem estar cientes desse efeito para que acompanhem mais atentamente com os profissionais de saúde; Disfunção menstrual Progestagênicos: A primeira opção das adolescentes que tenham disfunção menstrual sem hiperandrogenismo cutâneo é o emprego dos progestagênios; Podem ser utilizados em mulheres hipertensas; Deve ser administrada de forma intermitente: por 10 dias (15º ao 25º dia do ciclo) a 14 dias (15º ao 29º dia do ciclo), podendo também ser utilizada de forma contínua e visam a normalização do padrão menstrual e evitar lesões proliferativas do endométrio; É importante a prescrição de substâncias progestacionais com baixa ação androgênica ou até antiandrogênica, como o desogestrel (75 µg ao dia), combatendo o hiperandrogenismo leve. Com intuito de regularizar o ciclo ainda pode ser utilizado o acetato de diidrogesterona (10 mg por dia), o acetato de medroxiprogesterona (2,5 a 10 mg por dia) e a progesterona micronizada (100 a 200 mg por dia); Outra forma de proteção do endométrio seria o uso de sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU Mirena), alternativa para mulheres sexualmente ativas que são hipertensas, diabéticas e/ou com risco aumentado de tromboembolismo, porém tem um custo mais elevado. É uma alternativa interessante em adolescentes; Anticoncepcionais hormonais combinados (AOC): Mulheres sem regularização do padrão menstrual com conduta medicamentosa ou de progestagênios indica-se o emprego da AOC, esses tendem a melhorar a irregularidade menstrual, atuam no hiperandrogenismo cutâneo moderado e podem evitar uma gravidez não planejada nas adolescentes sexualmente ativas. Entretanto, essa terapia não promove melhora a RI, podendo eventualmente causar a sua piora a depender do tipo de progestagênio utilizado; Normalmente os contraceptivos orais combinados diminuem os níveis androgênicos circulantes por meio da inibição da secreção de gonadotrofinas e pelo aumento dos níveis de SHBG (globulina carreadora de esteroides sexuais), que auxilia na redução dos androgênios circulantes; O esquema terapêutico é o mesmo utilizado na contracepção, mas o emprego de uma dose maior de estrogênio pode ser benéfico contra o hiperandrogenismo cutâneo; Contraceptivos pela via não oral também podem amenizar o hiperandrogenismo, mas teriam efeito menor do que a via oral devido à primeira passagem hepática, ou seja, menor ação na função hepática e na produção de globulinas; Hiperandrogenismo cutâneo Casos mais intensos de hirsutismo pode não ser resolvidos com o uso de contraceptivos, portanto, utiliza-se a associação com substâncias antiandrogênica; Acetatode ciproterona – Ação central e periférica; Dose inicial recomendada é de 25-100 mg diários, VO do 5º ao 14º dia do ciclo – inverso de Hammerstein – por mais de seis meses podendo estender até 24 meses; Recomenda-se o uso associado de contraceptivo hormonal combinado com intuito de evitar sangramento uterino anormal ou gravidez não planejada; Pode ter efeito antiandrogênico importante em fetos do sexo masculino, levando a um distúrbio do desenvolvimento sexual. Espironolactona – Antagonista da aldosterona com forte efeito antiandrogênico (inibe a síntese de testosterona nas células produtoras de esteroides, tanto na gônada quanto na suprarrenal); GABRIELA SÁ Compete, ainda, com os androgênios por seus receptores. Inicialmente, pode ser empregada em doses maiores de 100 a 200 mg ao dia, por período mínimo de seis meses; A manutenção deve ser feita com doses menores de 25 a 50 mg ao dia; NÃO ESQUECER de associar um método contraceptivo. A pílula combinada pode auxiliar a ter efeitos cosméticos mais rápidos e evita a irregularidade menstrual. Flutamida e Finasterida – A primeira não é empregada frequentemente em pacientes com SOP, pois na dose acima de 500 mg ao dia pode produzir dano hepático severo e, às vezes, fulminante. Contudo, em doses mais baixas, pode ser usada para o hirsutismo mais exacerbado e associada ao contraceptivo oral combinado; A finasterida tem poucos efeitos colaterais, sendo bem tolerada pelas pacientes na dose de 2,5 a 5 mg ao dia. Pode ser uma boa opção. Em casos de hirsutismo acentuado, indica-se o emprego de tratamento tópico conjuntamente ao sistêmico podendo auxiliar em resultado cosmético mais rápido, como a Eflornitina 13,9% (inibidor da L-ornitina de decarboxilase, enzima que cataliza a conversão de ornitina a putrescina, uma poliamina crítica na regulação do crescimento celular e diferenciação do folículo piloso). Outros cremes que podem ser usados são aqueles com ciproterona ou espirolactona; Medidas cosméticas são sugeridas após 3 ou 4 meses do início do tratamento medicamentoso sistêmico pela diminuição do risco do surgimento de novos pelos. Estratégias de eliminação definitiva pode ser mais efetiva e pode ser feita por meio de eletrocoagulação galvânica ou fotoepilação à laser usando alexandrita ou diodo ou mesmo a luz intensa pulsada. É contraindicada em pacientes de pele negra pois a risco de queimaduras na pele. Infertil idade Na tentativa de restabelecimento da fertilidade, utilizam-se fármacos indutores da ovulação, como citrato de clomifeno, citrato de tamoxifeno e os inibidores da aromatase, como o letrozol; Clomifeno – Consiste em um modulador seletivo do receptor de estrogênio (SERM), induz a expressão de receptores de FSH e LH, maturação folicular, níveis elevados de estradiol, postura ovular e normalização da retroalimentação acíclica; A posologia inicial deve ser de 50 mg ao dia, durante cinco dias, a partir do terceiro, quarto ou quinto dia do ciclo. Devendo ser aumentada em 50 mg até chegar à dose limite de 200 mg quando não se obtém resposta ovulatória; Quando utilizada de forma precoce, pode resultar em desenvolvimento folicular múltiplo; Embora rara, pode haver síndrome de hiperestimulação ovariana, por isso a grande necessidade de controle cuidadoso com exames pélvico e ultrassonográficos seriados; Pode ser utilizado conjuntamente com a Metformina e o Mioinositol devido a possibilidade de redução dos níveis de insulina e facilitação da ovulação. Além disso, podem reduzir a resistência desse fármaco, bem como a síndrome de hiperestimulação ovariana; Tamoxifeno – Modulador seletivo do receptor de estrogênio; Dose de 20 a 40 mg/dia, via oral, com esquema semelhante ao do clomifeno, iniciando-se no início do ciclo (terceiro ao quinto dia); Letrozol – Inibidor de aromatase; Usado em 2,5 mg/dia no mesmo esquema do clomifeno; Está sendo muito investigado devido a possibilidade de uma resposta superior ao clomifeno quando se avaliam gestações a termo. Dessa forma, futuramente pode ser considerado um fármaco de primeira linha na indução da ovulação; Na presença de falha por outros medicamentos, as gonadotrofinas podem ser ministradas na dose inicial de 75 UI/dia, iniciando nos primeiros dias de sangramento menstrual (natural ou induzido), desde que a USG demonstre endométrio fino (menor que 6mm) e ausência de cistos ovarianos. O ajuste da dose inicial deve ser realizado após, pelo menos, cinco dias de medicação e baseia-se no desenvolvimento folicular ao ultrassom. Assim, a ovulação é desencadeada pela gonadotrofina coriônica (de 5.000 a 10.000 UI, em dose única), administrada no dia em que pelo menos um folículo atinja mais de 18/20 mm; necessário cancelar o ciclo quando houver mais de quatro folículos com mais de 14mm de diâmetro médio ou mais de três folículos acima de 16mm para evitar gravidez múltipla e a síndrome de hiperestímulo ovariano. Em ciclos subsequentes, a dose inicial é determinada pela resposta prévia da paciente, podendo ser reduzida ou aumentada. Constitui método racional na terapêutica da anovulia crônica por retroalimentação inadequada; GABRIELA SÁ Parece haver benefício com a utilização de análogo do GnRH previamente à indução da ovulação, com aumento das taxas de gravidez e redução das taxas de abortamento. Nesses casos, torna-se obrigatória a suplementação hormonal na fase lútea com progesterona ou hCG; A fertilização in vitro (FIV) pode ser utilizada nos casos em que a estimulação ovariana foi exagerada, com o objetivo de evitar o cancelamento do ciclo. Importante relembrar que pacientes com SOP parecem ter maior risco de abortamento após FIV; A terapêutica cirúrgica, ressecção cuneiforme, parcial, de ambas as gônadas pela operação de Thaler não é mais indicada. Pois pode ocasionar mais aderências pós-operatórias, levando de uma esterilização de causa endócrina para uma de etiologia mecânica (aderências obstrutivas da tuba); A opção terapêutica videolaparoscópica com furos no ovário (drilling) pode ser uma opção quando não houver resposta com as terapias anteriores, mas seu efeito é temporário.
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