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Felipe Lima – MED 6ºSEM FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA SP1- UM NÚMERO PARA NÃO ESQUECER Nessa situação problema, temos como objetivo de estudo os seguintes pontos: • Definir síndromes consumptivas/ caquexia, sinais de perda ponderal no exame físico, suas principais etiologias, exames complementares inicias para diagnostico e medidas terapêuticas; • Conhecer como é realizado o protocolo dos nove D’s; • Discutir a síndrome do idoso frágil (definição, diagnóstico e tratamento); CAQUEXIA Caquexia (do grego kako = ruim e xi = condição, algo parecido como condição ruim em português) é uma causa de perda de peso importante e grande fator de piora de mortalidade e afecções em mais de 5 milhões de pessoas nos estados unidos (2006). A caquexia é caracterizada por síndrome de perda acelerada de musculatura esquelética geralmente associada a processos inflamatórios como câncer, infecções crônicas, como aids, aumento de citocinas circulantes, deterioração do sistema imune e disfunção de órgãos, contribuindo para má evolução, inclusive morte. A diferenciação com outras síndromes de perda de peso é o pivô para compreensão própria do diagnóstico e manejo adequado da condição, por exemplo: perda de peso decorrente da fome ocorre como resultado direto da privação calórica, sendo assim, pessoas em situação de fome geralmente perdem mais gordura que tecido muscular, assim como a sarcopenia é outra síndrome de perda de peso que resulta em atrofia muscular devido a vários mecanismos, e por fim a desidratação, que é negligenciada no dia a dia como causa de perda de peso, mas interfere na percepção uma vez que a perda de fluidos altera a medida. Apesar de várias doenças terem seu curso com a caquexia, seus mecanismos fisiopatológicos subjacentes continuam incertos. Mais abaixo, há um breve resumo sobre as teorias das fisiopatologias. O Donald W. Reynolds Institute on Aging, da University of Arkansas for Medical Sciences, define o componente chave da caquexia como uma perda de ao menos 5% de peso, sem edemaciação numa janela de tempo de 12 meses ou menos. O tempo pode ser específico a depender da doença, podendo possivelmente ser menor no câncer (3-6 meses) e maior em DPOC, insuficiência renal crônica ou doenças cardíacas (12 meses). Em casos onde o histórico de perda de peso não possa ser documentado, um IMC menor que 20. ANAMNESE São três pontos gerais que norteiam a história sob o ponto de vista global do emagrecimento: 1. Perda de peso: constatação, grau e velocidade. 2. Apetite: diminuição ou aumento. 3. Inflamação: presente ou ausente. Felipe Lima – MED 6ºSEM PESO É um meio barato, fácil, simples e objetivo, porém mede massa magra e massa de gordura. Pode ser confirmado indiretamente com dados de “roupas largas” e confirmação de familiares ou fotos datadas. É importante lembrar que pacientes emagrecidos por doenças orgânicas tendem a subestimar a perda de peso enquanto os obesos tendem a exagerá-la. Pacientes que mantinham peso estável e passam a perder peso são mais preocupantes que pacientes que vêm apresentando flutuação de peso ao longo do tempo, que podem ser dependentes de ingestão alimentar voluntária e atividade física. APETITE Avalia-se se o paciente emagreceu porque diminuiu a ingestão de alimentos (perda de apetite) ou se, apesar de não ter parado ou até ter aumentado a entrada de nutrientes (aumento do apetite e polifagia), houve gastos e/ou perdas de energia na urina ou fezes superiores ao aporte energético. As doenças com perda ponderal e anorexia correspondem às doenças orgânicas como câncer, infecções e inflamações sistêmicas, como doenças autoimunes, metabólicas, como uremia, cirrose e síndrome de Addison, doenças crônicas, como ICC e DPOC, além de psicopatias e uso de drogas. Poucas são as causas de emagrecimento com aumento de apetite, sendo, portanto, mais fáceis de serem diagnosticadas, como diabetes mellitus, hipertireoidismo, síndromes de má absorção, feocromocitoma e excesso de atividade física. Tanto as doenças orgânicas como as psicopatias provocam emagrecimento associado à anorexia. Neste tópico, a idade representa fator fundamental no diagnóstico diferencial. A presença de emagrecimento e hiporexia em pessoa jovem do sexo feminino, sem sinais de inflamação na anamnese, sugere fortemente a presença de anorexia nervosa. Por outro lado, história semelhante em paciente com idade acima de 40 anos sugere depressão, hipotireoidismo ou hipertireoidismo apatético. A mesma anamnese em paciente acima de 65 anos sugere alteração da mecânica de deglutição ou menor acesso aos alimentos (distúrbios psíquicos como demência e depressão, ausência ou mau estado de dentes ou dentadura inadequada, lesões orais como candidíase, alteração neurológica/muscular da mastigação pós-AVC ou outras doenças degenerativas, institucionalização ou abandono). INFLAMAÇÃO Após constatar a perda ponderal e a alteração de apetite, checa-se se há ou não inflamação. Seu marcador clínico mais específico é a febre, porém a sua ausência não exclui inflamação. Dentre as causas não-inflamatórias estão as mecânicas (alterações de mastigação e deglutição), psíquicas (demência, depressão, anorexia nervosa, bulimia), drogas doenças degenerativas crônicas (dor crônica, ICC, DPOC, diabetes mellitus, tabagismo, etilismo), endócrinas (hipertireoidismo, feocromocitomas, síndrome de Addison, pan-hipopituitarismo, hiperparatireoidismo), metabólicas (diabetes mellitus, uremia, intoxicações exógenas) e excesso de atividade física. Dentre as causas inflamatórias, podem ser citadas câncer, infecções, doenças autoimunes, doenças intestinais inflamatórias, traumas e seus sintomas e sinais concomitantes de alerta (febre, astenia de evolução rápida e massas palpáveis Felipe Lima – MED 6ºSEM sugerindo acometimento sistêmico inflamatório da doença, como tumores ou infecções). • Problemas sociais e econômicos que sugerem alteração de acesso, disponibilidade e mecânica/fisiologia da alimentação e digestão. • Rever medicações, uso de drogas ilícitas, álcool e tabaco (que são causas de emagrecimento e fatores de risco para tumores e doenças crônicas), dieta, comorbidades (DM, ICC, DPOC, cirurgias, enteropatias, verminoses, amebíase, pancreatites, hepatites, internações). Suspeita-se de dependência de drogas em indivíduos com postura de isolamento, mau rendimento escolar, agressividade, tremores, conjuntivite, rinite, instabilidade do humor e, por vezes, alucinação, palpitação e dores precordiais de causa desconhecida. Os contactantes e familiares também devem ser questionados a esse respeito, além de se checar as atividades do paciente. • História social como finanças, transporte, suporte social, comportamento sexual, viagens que sugerem riscos para doenças infectocontagiosas. • Antecedentes de cânceres (mama, trato gastrintestinal, pulmão, cólon, próstata), doenças benignas do trato gastrintestinal (gastrite, cólon irritável, diverticulite, pólipos, enteropatias inflamatórias como doença de Chron, e retocolite), depressão e outras doenças psiquiátricas, hipertireoidismo, integridade cognitiva como demência, distúrbio neurológico, status funcional, doenças degenerativas (cardiovasculares, diabetes mellitus, ICC, DPOC, uremia, cirrose). ACHADOS DO EXAME FÍSICO Objetivamente, enfoca dados antropométricos, dados vitais, gânglios/massas, tireoide, sistemas e órgãos sintomáticos, exame da vi são, boca, dentição e exames neurológicos, além do exame mental, por meio do mini mental e da escala de depressão geriátrica. O exame físico geral inicia-se com a observação clínica simples do paciente ao se aproximar da sala de atendimento: capacidade de deambular e expressar-se, psiquismo/humor/lucidez, posições antálgicas, fácies típicas, atrofias musculares. Se houver alteração de sensório, fazer MMSE ou GDS. Os dados clínicos mais importantes o exame físico em paciente emagrecido são o pesoe a perda de massa magra com atrofia muscular como a musculatura temporal, diâmetro dos membros, em especial as panturrilhas (dando a impressão de que os joelhos aumentaram), costelas e omoplatas “saltadas” no tronco (destaque das “asas” posteriores) e abdome cavo. A carência proteica também pode induzir descamação cutânea, queilite, unhas fracas e quebradiças, cabelo fino (lanugo) e cílios longos (sinal de Pitaluga). Os dados antropométricos (peso, altura, IMC) sempre devem ser feitos a cada consulta, em balança tarada, com o paciente despido ou com a mínima quantidade de roupas. Dentre os dados vitais, a pressão arterial e pulsos periféricos devem ser medidos com o paciente na posição deitada e sentada com as pernas abaixadas (para constatar hipotensão ortostática secundária a desidratação, Felipe Lima – MED 6ºSEM doença cardiovascular ou neuropatia periférica); a frequência respiratória avalia dispneia e a temperatura pode acusar a presença de febre (diagnóstico de patologia inflamatória). A constatação de icterícia sugere infiltração hepática do processo ou anemia hemolítica; cianose central com ruídos pulmonares aponta para insuficiência respiratória ou cardiovascular secundária a inflamações pulmonares, como tuberculose, pneumonites e DPOC ou ICC. A anemia pode ser secundária a patologia consumptiva e/ou carencial; as mucosas da cavidade oral e faríngea podem demonstrar xerostomia (boca seca), infecções secundárias e abscessos dentários; língua careca, aftas juntamente a anemia e parestesias apontam para doença carencial vitamínica e, se associadas à diarréia, sugerem má absorção. Segue-se à palpação dos gânglios, tireoide. O encontro de massas palpáveis sugere tumores e infecções; sinais de estase jugular, pulsos finos, sopros carotídeos, B3, ruídos pulmonares, edemas periféricos e congestão hepática sugerem patologias crônicas graves (ICC, DPOC, DM) e facilitam o diagnóstico de causa do emagrecimento ou doença corresponsável para a perda de peso. A presença de tremores, sudorese quente, taquicardia com ou sem exoftalmo e bócio sugerem hipertireoidismo No paciente acima de 65 anos, vários autores aconselham exame cuidadoso para dentição, motricidade dos músculos da mastigação e deglutição, exame neurológico e psíquico completo, motricidade e exames oftalmológico e auditivo. ETIOLOGIA A etiologia da caquexia é ampla e pode advir tanto de células já presentes no nosso organismo: citocinas, testosterona, fator de crescimento análogo a insulina 1, miostatina e hormônios adrenais. A caquexia também pode ser resultado de doenças prévias conhecidas: problemas cardíacos, insuficiência renal crônica, DPOC, câncer, artrite reumatóide e SIDA, além da fisiologia do envelhecimento. Abaixo, falarei ligeiramente sobre a explicação dessas correlações. CITOCINAS: UM PAPEL CHAVE NA PATOGENIA DA CAQUEXIA Citocinas são proteínas celulares produzidas por células inflamatórias com função mediadora intercelular. Inflamação sistêmica mediada por injúria celular ou ativação do sistema imune inicia uma resposta inflamatória aguda que causa excesso na produção de citocinas. As citocinas como bem sabemos tem um papel muito importante na imunomodulação e é implicada na etiologia da anorexia, perda de peso, disfunção cognitiva, anemia e fragilidade. A produção excessiva de citocinas pró-inflamatórias como IL-1, IL-2, interferon gama e fator de necrose tumoral alfa é provavelmente a causa mais comum de caquexia observada em pacientes com doenças agudas. As citocinas ativam o fator de transcrição nuclear kB, que resulta na diminuição da síntese proteica no músculo. A ativação das citocinas também é responsável pela redução da proteína de diferenciação miogênica 1, que é um fator de transcrição que modula os sinais as vias envolvidas no desenvolvimento muscular. Essa proteína se liga a cadeia pesada da miosina Felipe Lima – MED 6ºSEM e é necessária para a contração rápida muscular. O fator de necrose tumoral alfa e o interferon gama por fim atem sinergicamente para inibir a ativação do RNA mensageiro para a síntese das cadeias pesadas de miosina, sendo altamente específicas para estimular a proteólise dessas cadeias. Por fim, aumenta a propagação de cortisol pelo corpo, que leva ao aumento da taxa metabólica basal. OUTRAS SUBSTÂNCIAS ENVOLVIDAS Testosterona: estimula mioblastos e aumenta as células satélite, aumentando a síntese proteica e o reparo eficiente do músculo danificado. Fator de crescimento semelhante a insulina: majoritariamente relacionado a alimentação. Aumenta a síntese proteica. Comummente baixo em pacientes c/ sarcopenia e caquexia. Miostatina: hormônio produzido no músculo que inibe o crescimento muscular (proliferação de mioblastos). Hormônios adrenais: glicocorticoides inibem que o músculo capte aminoácidos. Também regula o RNAm citado anteriormente. DOENÇAS CARDÍACAS No estudo de Framingham, pacientes sem histórico de infarto do miocárdio ou ICC – insuficiência cardíaca congestiva - tem um aumento de risco de ICC a cada porcentagem de aumento na concentração de citocinas. A reversão da perda de peso prediz a melhora em pacientes com caquexia cardíaca durante seu tratamento. INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA Teorias sobre a patogenia da desnutrição na insuficiência renal crônica implica em hipercatabolismo e anorexia. A anorexia nesses casos é desencadeada por vários fatores: excesso de citocinas, gastroparesias (atraso no esvaziamento gástrico), absorção de glicose pelo líquido da diálise, aumento na concentração de leptina e deficiência de Zinco. O hipercatabolismo é desencadeado pelo excesso de citocina, diálise inadequada, acidose, infecções e resistência à insulina. DPOC A perda de peso em pacientes com DPOC é associada com fraqueza muscular, disfunção diafragmática, falência respiratória e podre qualidade de vida e morte. Fatores que contribuem com a caquexia na DPOC incluem hipercatabolismo, medicamentos, anorexia e o aumento do efeito térmico da alimentação no gasto energético total. Os pacientes clinicamente estáveis com DPOC e perda de peso tem significativamente altos níveis de fator de necrose tumoral - algo realmente recorrente na perda de peso – se comparado com pacientes sem perda de peso com DPOC em graus similares da doença. CÂNCER Perda de peso é uma queixa de 15-40% dos pacientes com câncer e indica um prognóstico ruim. A indução das citocinas no câncer já foi provada há um tempo e contribui para nossa principal hipótese. A produção das citocinas em condições malignas da doença aumenta o fator de liberação da corticotropina, um potente agente anoréxico, que, junto com as prostaglandinas, suprimem a produção do agente orexigênico (que estimula o apetite) neuropeptídeo Y. Felipe Lima – MED 6ºSEM A proteólise é estimulada no músculo pelo sistema de proteassoma e fator de necrose tumoral. Essas mesmas citocinas ainda atrasam o esvaziamento gástrico, diminui a concentração de albumina sérica e aumenta a lipólise. Outras substâncias como o fator mobilizante de lipídeos libera ácidos gordurosos e glicerol na circulação. O excesso de lactato produzido pelas células tumorais aumenta o gasto energético pela indução do ciclo de Cori no fígado e tecidos extra-hepáticos. ARTRITE REUMATÓIDE 60% dos pacientes com artrite reumatóide nos Estados Unidos são caquéticos. Estudos indicam que, mesmo o peso e IMC serem normal na maioria dos pacientes, a massa corporal celular (a massa de todos os elementos celulares do corpo, ou seja, toda a massa metabolicamente ativa do tecido) são reduzidas. Essa diminuição independe da duração da doença, terapia ou ingestão calórica. O gasto metabólico basal também é maior nesses casos do que em pacientes hígidos, sendo maior o gasto energético tanto em repouso quando em exercício de acordo com a severidade da doença. SIDA Caquexia associada a SIDA é altamente preditivo de morte. Causas comuns da perdade peso na SIDA incluem anorexia, depressão, medicações, infecções coexistentes e uma variedade de doenças gastrointestinais. Hipogonadismo ocorre frequentemente em homens com essa doença, e elevada miostatina (já citada anteriormente). Contudo, de modo geral as citocinas são a principal causa dessa perda de peso. ENVELHECIMENTO Perda de peso em adultos mais velhos é altamente preditivo de aumento de morbidade e mortalidade. Vários Fatores contribuem para esse problema em idosos. As informações atuais indicam que o excesso de citocinas pode ser um fator crítico na indução de perda involuntária, uma vez que o envelhecimento é associado com concentrações aumentadas de interleucinas e TNF. Lembrando que citocinas pro inflamatórias também tem seu papel na patogenia de outras doenças relacionadas a idade, tais como Parkinson, arteriosclerose, Alzheimer, sarcopenia e osteoporose. Ainda não é claro se esse aumento de citocinas é fisiológico ou por uma doença subentendida. Além disso, há a hiposecreção de esteroides sexuais. A perda de peso com o envelhecimento pode ser também atribuída a redução fisiológica na ingestão calórica, dismotilidade gástrica relacionada a idade, falha na acomodação gástrica. Isso resulta na falha do relaxamento gástrico e saciedade precoce devido à rápida passagem da comida no átrio. Outros fatores incluem um aumento no efeito de saciedade gerado pelas catecolaminas e um aumento de amilina (hormônio que envia sinais de saciedade ao cérebro). A anorexia pode ser consequência da hiperleptinemia em homens com hipogonadismo e mulheres pós menopausa. Fatores adicionais, como disgeusia, disnomia, doenças oro gengivais, dor crônica, isolamento social e depressão podem exacerbar o riso de perda de peso. Felipe Lima – MED 6ºSEM EXAMES COMPLEMENTARES Para o diagnóstico da caquexia, é necessário, muitas das vezes um diagnóstico laboratorial. O critério atual, é: perda de peso de no mínimo 5% em 12 meses ou menos na presença de uma doença, e três das seguintes situações: • Perda de força muscular; • Fadiga; • Anorexia; • Baixo índice de massa livre de gordura (abaixo de 5,45 em mulheres e 7,25 em homens) • Anormalidades bioquímicas: A) Aumento de marcadores inflamatórios: PCR > 5mg/l; IL-6 > 4pg/ml B) Anemia (< 12g/dl) C) Baixa albumina sérica (<3,2g/dl) MEDIDAS TERAPÊUTICAS As opções de tratamento para caquexia são limitadas. Infelizmente, alimentação correta em um paciente com caquexia não corrige a doença subjacente que está em curso. Mesmo em nutrição parenteral, a estabilização de peso não previne a contínua perda de massa muscular ou corrige a anormalidade metabólica. Estratégias em potencial são na presença de nutrição adequada, e possíveis fármacos, tais como hormônios androgênicos (citados anteriormente), moduladores de receptores androgênicos, drogas antimiostatinas (já citadas anteriormente), hormônio do crescimento e hormônio do crescimento semelhante a insulina, além de potenciais agentes orexigênico. Apesar do grande papel das citocinas em todo esse processo, atualmente há pouca evidência de real melhora com uso de anti-inflamatório em pacientes caquéticos. PROTOCOLO DOS 9 D’S As causas mais comuns de perda de peso involuntária são: depressão, câncer e distúrbios gastrointestinais. DPOC, ICC, demência, alcoolismo e medicamentos também são atribuídos a esse problema. Embora desordens tanto agudas como crônicas possem ser motivo de perda de peso na maioria dos pacientes idosos, outros fatores podem ser incluídos. Cerca de ¼ dos pacientes não encontram causa para essa moléstia. Várias ferramentas foram desenvolvidas para melhor identificar as causas de peso, sendo uma dessas ferramentas o protocolo dos 9D’s: • Demência • Dentição • Depressão • Diarréia • Doença • Drogas • Disfunção • Disgeusia • Disfagia. Outro mneumônico bastante utilizado para esse fim é o “ MEALS ON WHEELS” Felipe Lima – MED 6ºSEM • M: medicações. • E: emocional (problemas emocionais). • A: anorexia tardive/alcoolismo. • L: late-life paranoia (paranóia de incidência tardia). • S: swalowing disorders (distúrbio da deglutição). • O: oral factors (fatores orais, como dentição em mau estado). • N: no money (sem dinheiro). • W: wondering and other dementia-related behaviors (esquecimento e outros comportamentos relacionados com demência). • H: hipertireoidismo, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, hipoadrenalismo. • E: enteric problems (problemas entéricos, má absorção). • E: eating problems (distúrbios alimentares, incapacidade de alimentar-se sozinho). • L: low salt, low cholesterol diets (dietas com restrição de sal e colesterol). • S: social problems, gallstones (problemas sociais: isolamento, incapacidade de obter alimentos favoritos; colecistopatia calculosa). SÍNDROME DO IDOSO FRÁGIL A Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria e a Organização Mundial da Saúde convocou uma conferência de consenso em 2012, com o objetivo de estabelecer uma definição operacional de fragilidade. Como resultado, definiu- se que “a fragilidade é um estado clínico em que há um aumento da vulnerabilidade do indivíduo à maior dependência e/ou mortalidade quando exposto a um estressor. Pode ocorrer como resultado da presença de multimorbidades diversas”. Foram estabelecidos três pontos de consenso sobre fragilidade física: • Fragilidade física é uma síndrome clínica com múltiplas causas e fatores associados que se caracteriza pela diminuição da força, resistência e função fisiológica, aumentando a vulnerabilidade de um indivíduo para o desenvolvimento de maior dependência e/ou morte • Fraqueza física pode potencialmente ser prevenida ou tratada com exercícios, suplementação proteico-calórica, vitamina D e redução da polifarmácia • Testes de rastreio simples e rápidos têm sido desenvolvidos e validados para permitir que os profissionais de saúde identifiquem objetivamente as pessoas frágeis. Para efeitos de otimização na identificação de idosos frágeis, recomendou-se que todas as pessoas a partir dos 70 anos e todos os indivíduos com perda de peso não intencional significativa (≥ 5%) devem ser rastreados para a fragilidade. Outros tópicos relacionados com a fragilidade que obtiveram 80% de concordância foram: • Ser uma síndrome clínica • Não ser deficiência ou incapacidade Felipe Lima – MED 6ºSEM • Aumento da vulnerabilidade em que o mínimo de estresse pode causar comprometimento funcional • Pode ser reversível ou atenuada por intervenções ativas • Necessidade de detecção precoce pelos profissionais de saúde • Especialmente útil na atenção básica visando à identificação precoce. A identificação da fragilidade secundária, decorrente de doenças latentes ou não tratadas, deve ser incluída na avaliação, uma vez que pode conduzir também a um estado catabólico com perda de peso ou diminuição da ingestão calórica. Boa parte das doenças consumptivas pode ser tratada, incluindo insuficiência cardíaca congestiva, doenças da tireoide, diabetes, tuberculose e outras infecções crônicas, câncer e condições inflamatórias e condições neuropsicológicas como depressão, demência, psicose e luto. Nessa avaliação, devem-se ainda rastrear os fatores que podem exacerbar a vulnerabilidade, como medicações inadequadas ou polifarmácia, hospitalizações, cirurgias ou outras intervenções com potenciais efeitos iatrogênicos. Uma avaliação geriátrica global centrada na pessoa idosa envolvendo a família e/ou cuidador e monitoramento regular por equipe de saúde capacitada auxiliará na identificação proativa de tais condições e no estabelecimento de intervenções precoces. Evidências sugerem que o monitoramento e o cuidado contínuo são capazes de alentecer o declínio funcional e reduzir a ocorrência dos desfechos adversos associados à síndrome. Se a fragilidade for uma condição primária, o objetivo do tratamento deve ser a instituição precocede intervenções de suporte para prevenir a perda de massa muscular e melhorar a força e a energia. Essas intervenções visam controlar os fatores que podem desencadear ou acelerar as manifestações de fragilidade, especialmente baixa atividade, inadequação nutricional e uso de medicações com efeitos catabólicos. Devem-se considerar, se indicadas, a prescrição de exercícios regulares e a adição de suplementação nutricional. Existem evidências indicando que exercícios resistidos contribuem para o aumento da força nos idosos frágeis, além de atuar na prevenção da síndrome. Os melhores resultados foram obtidos entre os que apresentavam diminuição de força, mas não tinham atrofia muscular. A suplementação alimentar, no entanto, só se mostrou efetiva quando associada à realização de exercícios, pois, quando isolada, não levou a aumento da massa muscular, força ou melhora funcional. A manutenção da força auxilia na manutenção da tolerância ao exercício, o que contribui com o engajamento espontâneo dos idosos em outras atividades. Isso pode ser explicado pela associação entre o declínio da força e a tolerância ao exercício, o que faz com que os idosos nessas condições consumam maiores proporções de VO2 máx. para o desempenho de suas atividades de vida diária. Idosos sedentários, por exemplo, requerem cerca de 90% de seu VO2 máx. para conseguirem desempenhar suas atividades diárias.
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