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Resumo Clínica Médica Dermatopatias Fúngicas Discente: Caio Nogueira As 3 enfermidades principais encontradas na rotina clínica: • Dermatofitose; • Malasseziose; • Esporotricose; 1. Dermatofitose • Enquadra-se como uma das mais importantes antropozoonoses (zoonose transmitida do animal para o homem); • É uma afecção dermatológica causada por fungos dermatófitos, tendo como sua principal característica o forte tropismo por tecidos queratinizados, pois os fungos utilizam a queratina como substrato essencial para sua multiplicação; • Tecido queratinizado: pele, pelo, unha e estrato córneo; 1.2 Espécies de fungos mais comumente encontradas: • Microsporum canis; - Maior ocorrência em gatos; - Contaminação em ambiente domiciliar, favorecendo o aparecimento de lesões dermatofíticas em indivíduos que possuem contato com estes animais (tutores); - Responsável pela maioria dos casos se tratando de Brasil; - Pode ser isolado em gatos sem sinais clínicos; • Microsporym gypseum; - Maior frequência em cães; - Relatos em humanos relativamente alto; - Gatos assintomáticos; - Contato com solo contaminado; - Transmissão direta, contato direto com o solo, não passando necessariamente pela transmissão animal – humano; • Trichophyton mentagrophtes; - Maior ocorrência em humanos e animais; - Contato com roedores (bem comum em coelhos) ou assintomáticos; - Conhecido nos humanos como frieiras, mais comum em humanos do que em animais; 1.3 Proliferação • Encontrado nas regiões de climas tropicais e temperados, particularmente em lugares com áreas de clima quente e úmido; • É comum encontrá-lo na pelagem de caninos e felinos assintomáticos que desempenham um papel de reservatório na cadeia transmissora; • Tem animal que não possui sinal clínico, contudo pode transmitir a doença, sendo assintomático e se caracterizando como reservatório da doença; 1.4 Generalidades • Fungo filamentosos, hialinos, septados, queratinofilicos e queratinolíticos, formados por células alongadas chamadas de hifas; • Micélio → Artroconídeos → Conídeos. 1.5 Fatores de risco • Raça - Gatos persas e cães Yorkshire, devido a pelagem longa ou dupla pelagem associada a atração dos fungos por queratina; animais de pelo longo tem frequência maior a pet shop, contato maior com os fômites que podem carrear o fungo; • Idade - Animais mais jovens não estão com sistema imunológicos bem desenvolvidos; • Imunossupressão - Animais em tratamentos hormonais ou doenças, que acabam debilitando o sistema imunológico; • Há a invasão do estrato córneo, indo até a raiz do folículo piloso, começando a degradas essas estruturas; • A resposta do hospedeiro frente a ação desse dermatofitos vai influenciar de forma direta nos sinais clínicos que ele vai apresentar, animal com sistema imunológico debilitado ou que foi exposto a uma carga muito alta de fungo, tende ter sinais mais graves, mas não é uma regra; • Evolução da doença depende da virulência e do grau de resposta imunológica do hospedeiro; • Liberação de toxinas no estrato córneo após a degradação desses fungos desencadeando uma reação imunológica/alérgica a essas toxinas, causando prurido e por consequência lesão por infecção bacteriana secundária; • Estresse gestacional: fêmeas em fases de gestação ou lactação tendem a apresentar dermatofitose devido aos níveis de cortisol debilitando o sistema imunológico facilitando a ação do fungo. 1.6 Transmissão • Direta: animal contaminado → animal sadio; • Indireta: através de fômites, objetos contaminados compartilhados; • Assintomáticos; 1.7 Sinais clínicos (se manifestam entre 7 e 10 dias) • Lesões alopecicas e circulares e avermelhadas (mais comum na cabeça e patas); • Crostas e prurido variável; • Alopecia focal ou dispersa; • Constipação, anorexia e vômitos em felinos; • Onicomicose (presença do fungo no tecido da unha, pouco frequente em casos agudos) • Lesões com pus em casos mais graves 1.8 Diagnóstico • Anamnese minuciosa e queixa do tutor; - Contactantes, onde ele dorme, roupas, ambiente, itens de limpeza, etc • Lâmpada de wood; - Diagnóstico de triagem - Pré aquecer antes do exame, a região que florescer é onde tem lesão - Pode ter falso positivo ou falso negativo (pode ser dermatofito ou resquício de álcool, éter, derivados de iodo e mercúrio, sabão, pomadas etc) - Ideal é que o animal venha para consulta 7 dias sem banho e sem nenhum tratamento tópico; • Cultura fúngica - Método mais confiável em meio Agar Sabouraud dextrose; - Os dermatófitos crescem em aproximadamente 4-7 dias, devendo a amostra ser observada por até 21 dias. • Dermatobac - É um laminocultivo destinado ao isolamento de fungos produtores de dermatofitoses - Fazer avulsão (coleta de pelo de áreas diferentes); - Esse exame favorece em seu meio de cultura a multiplicação de dermatófitos e inibe o crescimento de fungos saprofíticos, bactérias e algumas espécies de leveduras. 1.9 Tratamento • Identificar espécie do agente causador; • Local físico do animal onde ocorreu (fazer a higiene corretamente); • Extensão das lesões; • Sinais clínicos; • Eficácia, perfil de segurança e cinética dos medicamentos disponíveis. • Cetoconazol 2%, miconazol 2%, clorexidine 2% + miconazol 2% (melhor), cortar os pelos e banho 2x na semana (lavar só a área afetada com lesões) Informações importantes... • Alta somente após 3 culturas negativas (intervalo mensal, quinzenal ou semanal, dependendo da evolução clínica) • Tratar ectoparasitas; • Tratar todos os contactantes do ambiente • Animais de canil/gatil é necessário fazer a cultura de todos os contactantes, separar positivos de negativos; • Positivos sintomáticos: sistêmico e isolamento; • Positivos assintomáticos: banhos e limpeza do ambiente; • Negativos: banhos e limpeza do ambiente. 2. Malasseziose • Malassezia pachydermatis é uma levedura comensal; • Pele e mucosas de carnívoros selvagens e domésticos incluindo cães, gatos, ursos, ferrets e raposas; 2.1 Quando ocorre a manifestação patogênica • Mudanças no microclima, como temperatura; • Mudanças no ph da pele; • Umidade e microbiota (animais que vivem em beira de rio,praia, excesso de água pode ser um fator importante); • Distúrbios nas barreiras químicas, físicas e imunológicas do hospedeiro. 2.3 Generalidades • Células esféricas ou elipsoides (formas de garrafa), com brotamento único em base larga, não formadora de micélio, lipofílica, podendo ou não ser lipodependente; • Reprodução – 14 espécies. • Malassezia pachydermatis não é lipodependente, mas é lipofílica; • Fatores predisponentes x reserva do hospedeiro (quanto que esse hospedeiro já tinha do agente em condições normais, como ele estava antes é que vai determinar como vai ser a infecção) • Imunidade do hospedeiro x deficiência nutricional (deficiência de zinco, importante para proteção da pele) • São sensíveis ao pH ácido (pH normal da pele: 5,5 – 7,2/ da pele untuosa: 8,2 – 9,0); • Quanto mais alcalina ou untuosa a pele, maiores as condições de multiplicação da levedura na epiderme. 2.4 Sinais clínicos • Eritema (área bem avermelhada) • Prurido; • Descamação (decorrência do prurido excessivo, causando seborreia); • Untuosidade (pele gordurosa, comum nas dobras cutâneas); • Odor forte de queijo ou ranço; • Hiperqueratose; • Liquenificação; • Otite externa; 2.5 Diagnóstico • Exame físico + anamnese; • Citologia (método mais utilizado pois permite uma rápida avaliação da população leveduriforme) • Swab; • Imprint; • Cultura em ágar sabouraud; • Lesões localizadas a multifocais: somente tópico - Antifungico em creme, loção, spray - Cetoconazol 2%, miconazol 2%, clotrimazol 2% (BID); - Formulações com antifúngicos, corticoidee antimicrobiano associados: quadriderm, crema 6 A, novacort (SID); • Lesões generalizadas: sistêmico + tópico; - Itraconazol (10 mg/kg sid) oral 10 dias // pulso 10 mg/kg 2x na semana por 3 semanas; - Cetaconazol 10 mg/kg VO SID 30 dias • Em casos de otite: - Ceruminolítico: limpeza das orelhas (ex: physio anti-odor, cerumin e dermogen oto) • Usar medicamento tópico a base de: - Clotrimazol - Miconazol - Cetoconazol - São usados por 21 a 30 dias SID ou BID, depende do grau de infestação. 3. Esporotricose • Micose subaguda ou crônica causada pelos fungos do gênero Sparothrix 3.1 Formas de apresentação: -Cutânea (feridas que ulceram centralmente, drenando um exsudato castanho-escuro, a que mais acometem os gatos) - Localizada - Linfocutânea (cria lesões não ulcerativas) - Linfática ou disseminada (comum em humanos) - Extracutânea (comum em humanos) 3.2 Etiologia • É causada pelo fungo dimórfico e saprófico Sporothrix schenckii (mais comum em gatos), S. brasiliensis, S. globosa, S. mexicana e S. luriei dos quais o S. brasiliensis (mais comum em humanos) é o mais prevalente no Brasil; • O fungo existe na forma de micélio 25ºC – 30ºC, levedura > 37ºC (forma infectante); • Está altamente disseminado na natureza e é encontrado principalmente em mateiral orgânico em decomposição, em lugares quentes, como regiões com clima tropical e subtropical. • É considerada a micose subcutânea mais comum da américa latina 3.3 Patogenia • Gatos tem o hábito natural de arranhar arvores, comportamento territorial muito forte, participando de disputas especialmente entre os machos não castrados, o que facilita a remoção do fungo de seu habitat natural e sua localização no espaço subungueal dos animais • O Sporothrix sp não é capaz de penetrar a pele intacta • A inalação, aspiração ou ingestão do fungo podem também desencadear a doença; • Periodo de incubação pode oscilar entre 1 a 3 meses 3.4 Diagnóstico • Exame clínico + anamnese; • Citopatologico; • Aspirado do exsudato das lesões; • Isolamento do Sporothrix schenkilinos através das secreções • Exames complementares necessários para investigar manifestações sistêmicas da doença.
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