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Micose subcutânea – zoonose Causada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii Na natureza, nos solos e plantas - forma micelial (M, mould) – forma filamentosa - na qual é produzida a forma infectante, o conídio - esporos formados por mitose e responsáveis pela reprodução assexuada (25 a 30ºC) Tecidos infectados ou cultivos enriquecidos - forma de levedura (Y, yeast) – forma parasitária e invasiva (35 a 37ºC) Habitat natural do fungo – saprofítico: solo rico em matéria orgânica ou em superfície vegetal Exemplo: terra, jardins, plantas, madeira, feno, palha “Doença da roseira” ou “doença do jardineiro” - perfuração traumática durante o manuseio de plantas e materiais vegetais Distribuição mundial – mais comum em regiões tropicais e subtropicais Transmissão Inoculação traumática ou acidental do fungo na pele: Traumatismo - penetração na pele – camadas mais profundas - Arranhões por espinhos de plantas - Corpos estranhos penetrantes - Contaminação de feridas abertas ou pele lacerada Inalação, ingestão e aspiração de esporos – rara, geralmente em animais imunocomprometidos Vetores mecânicos – formigas e pulgas Hospedeiros Espécies afetadas: caninos, felinos, eqüinos, bovinos, camelos, golfinhos, caprinos, muares, aves, suínos, ratos, chipanzés e humanos. Mais frequentes: felinos. Mais frequente em gatos em idade reprodutiva com acesso à rua - disputas territoriais e por fêmeas Machos – mais casos registrados na literatura – não castrados podem ser agressivos Imunocomprometidos e desnutridos tem predisposição Padrão comportamental: cavar buracos, cobrir seus dejetos com terra ou areia e afiar as unhas em troncos de árvores - manutenção do fungo em localização subungueal – já foi isolado de unhas de gatos clinicamente sadios Transmissão do gato pro humano - arranhões, mordidas ou até mesmo contato com felinos infectados Gatos afetados podem ter microorganismos no interior das fezes indicando que a ingestão desses organismos pode ser viável quando há defecação. Período de incubação - 7 a 30 dias, podendo chegar até a 6 meses após a infecção. Portadores sintomáticos ou assintomáticos - arranhão ou contato com as lesões ulceradas da pele dos gatos acometidos - liberam grande quantidade do fungo. Fungo tem sido isolado de animais aparentemente saudáveis, do ar e da água, sendo esses considerados vetores da esporotricose (Gonzalez Cabo et al., 1989). Jardineiros, floristas, horticultores, agricultores, médicos veterinários, tratadores de animais e enfermeiros - risco ocupacional Espinosa-texis et al., (2001) – doença predominante em agricultores Outras formas do humano contrair: Infecção em humanos - mordidas de cães, cavalos e ratos Ferimentos causados por pássaros, - mesmo que não tenham sinais clínicos Manipulação de material laboratorial - exsudatos de animais infectados Transmissão de humano para humano - contato com ferimentos e curativos infectados Relato de um caso em que a transmissão ocorreu pelo contato direto da face da mãe com a face da criança (Dunstan et al. 1986a). Literatura - relatos esporádicos da transmissão de humano para humano Formas clínicas da doença: Permanece subcutâneo – porém pode estender-se aos gânglios linfáticos – se disseminar Esporotricose linfocutânea: forma clínica mais frequente – um ou mais nódulos dérmicos ou subcutâneos, pequenos e firmes no local de inoculação do fungo – lesão sem formato específico Infecção ascendente - envolvimento dos vasos linfáticos que drenam a área - nódulos em forma de cordão. Formam-se lesões ulceradas que liberam descarga hemorrágica a exsudato seropurulento - promove a formação de crostas espessas. Extensas áreas de necrose podem se desenvolver e expor músculos e ossos. Locais mais frequentes dos sinais cutâneos - parte distal dos membros, cabeça e base da cauda. Autoinoculação pelo ato de lamber-se pode resultar em lesões distantes do local inicial da infecção Pode resultar em letargia, depressão, anorexia e febre. Esporotricose cutânea ou localizada: confinada ao local de inoculação do fungo, podendo ter uma ou mais lesões - variam desde acneforme ou verrucosa. Esporotricose disseminada: rara - ocorre por via linfática ou hematógena - acontece quando a doença se espalha para outros locais do organismo, com comprometimento de vários órgãos e/ou sistemas (pulmão, ossos, fígado, olhos, TGI, SN Central). Diagnóstico - Histórico - Exame físico - Exame citopatológico direto – diagnóstico preliminar - exsudato das lesões corado pelos métodos de Gram ou Giemsa - observação microscópica do fungo. - Exame histopatológico - análise microscópica de tecidos que são removidos de pacientes quando é realizada uma biópsia - se observa dermatite com característica nodular ou difusa, supurativa, piogranulomatosa ou granulomatosa. Diagnóstico definitivo - isolamento e identificação do fungo a partir de pus ou secreção, seguido de estudo morfológico macroscópico e microscópico. - Ágar dextrose Sabouraud a 25ºC - colônias marrons, rugosas e duras. - Ágar infusão de cérebro e coração a 37ºC - colônias cor creme a castanho claro. Cultura fúngica - necessários 10 a 14 dias para identificação. Identificação do fungo - comprovação de seu dimorfismo a partir da mudança de temperatura de incubação das colônias. Deve haver a conversão a forma leveduriforme quando incubadas a 35ºC. Temperatura ambiente (25°C) desenvolve forma miceliana – fungo filamentoso, apresentando colônias enrugadas e de coloração acastanhada a enegrecida, caracterizada por hifas septadas hialinas ramificadas, contendo conidióforos com extremidades com conídios que se arranjam na forma de uma margarida ou lágrima. 35-37°C desenvolve forma parasitária de levedura com brotamento, com colônias que lembram bactérias: úmidas, cremosas e de coloração amarelada. Forma leveduriforme é pleomórfica, apresentando células fusiformes e ovais, lembrando um charuto. Tratamento Animais costumam responder bem à terapia com itraconazol ou cetoconazol na dose de 5 a 10mg/kg, por via oral a cada 12 ou 24 horas - itraconazol mais tolerado pelos gatos. Outra opção de tratamento - administração oral de uma solução supersaturada de iodeto de potássio a cada 12 ou 24 horas, mas devido à sensibilidade aumentada aos efeitos colaterais tóxicos dos iodetos em felinos seu uso deve ser cauteloso. Tratamento deve prolongar-se por 30 dias após a cura clínica que geralmente dura mais de 8 semanas - interrupção antes desse período pode resultar em recidivas. Prognóstico favorável se o animal não apresentar envolvimento sistêmico. Ressecção cirúrgica após falha do tratamento medicamentoso ou tratamento cirúrgico combinado à terapia antifúngica pode ser curativo desde que seja em local fisiologicamente e anatomicamente operável.
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