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O Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, foi promulgado em 1990 para consolidar as
diretrizes da Carta Magna e as diretrizes dos tratados internacionais sobre direitos das
crianças e adolescentes (especialmente a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos
das Crianças - ratificada pelo Brasil em 1990).
O ECA é divido em uma Parte Geral, a qual prevê os Direitos Fundamentais, e em uma Parte
Especial, a qual contém disposições pertinentes ao atendimento institucional e o acesso à
Justiça. Nota-se uma significativa diferença entre o ECA e o Código de Menores de 1979, o
qual gerava a intervenção do Estado somente quando verificava-se a "situação irregular", ou
seja, quando as crianças e adolescentes não estavam inseridos dentro de uma família, ou
estavam sendo privados de condições essenciais à sua subsistência, saúde e educação, ou
estavam expostas a "perigo moral" ou possuíam "desvio de conduta".
A Constituição de 1967 também não previa quaisquer direitos, adotando apenas um
fundamento assistencialista e repressor, e não de juridicização de direitos fundamentais.
Portanto, nota-se que a legislação referente a crianças e adolescentes em vigor
anteriormente, não continha qualquer previsão a respeito do direito ao crescimento e
desenvolvimento digno e saudável das crianças e adolescentes. Tal doutrina da "situação
irregular" considerava as crianças e adolescentes como objetos de tutela e intervenção e não
como sujeitos de Direito. Porém, com o novo olhar jurídico da Constituição Federal de 1988
sobre as crianças e adolescentes, a doutrina da "situação irregular" foi substituída pela 
doutrina da proteção integral. 
Veja a diferença entre a doutrina da situação irregular e da proteção integral no quadro
abaixo:
ASPECTOS
Código de Menores
(Lei 6.697/79)
Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei 8.069/90)
Doutrinário Situação Irregular Proteção Integral
Caráter Filantrópico Política Pública
Fundamento Assistencialista Direito Subjetivo
Competência Executória União/Estados Município
ASPECTOS
Código de Menores
(Lei 6.697/79)
Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei 8.069/90)
Modelo Decisório Centralizador Participativo
Institucional Estatal Co-Gestão Sociedade Civil
Organização Piramidal Hierárquico Rede
Gestão Monocrática Democrática
Doutrina da Proteção Integral
A doutrina da proteção integral é adotada no artigo 1º do Estatuto da Criança e do
Adolescente:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
A ideia principal dessa doutrina é o fato de as crianças e adolescentes estarem em uma fase
de desenvolvimento, sendo sujeitos de Direito e não apenas objeto de tutela e intervenção
dos adultos. Assim, são titulares do direito à vida, à liberdade, à saúde, à segurança, à
educação, como todas as demais pessoas, com a diferença de que, por estarem nessa
condição de desenvolvimento, há certas especificidades em relação a esses direitos. Assim,
 para que esses direitos sejam observados, faz-se necessária a atribuição de deveres à 
família, à sociedade e ao Estado de forma solidária, ou seja, tanto na esfera pública quanto
na espera privada, todos devem observar os deveres a serem cumpridos a fim de garantir os
direitos das crianças e adolescentes. Vejamos o art. 227 da Constituição Federal:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.
No mesmo sentido, tem-se o art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente que traz a
previsão legal expressa do direito à prioridade absoluta, corolário da proteção integral: 
https://trilhante.com.br
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção à infância e à juventude.
Vale ressaltar que a doutrina da proteção integral garante juridicidade aos direitos das
crianças e adolescentes e assim, os deveres atribuídos à sociedade, ao Estado e à família
não são uma obrigação apenas moral, mas sim exigíveis ao Poder Judiciário caso não
estejam sendo cumpridos. Um exemplo disso é a impetração de mandado de segurança para
garantir o direito à vaga em escola pública para uma criança.
Além disso, para implementar as diretrizes propostas pela doutrina da proteção integral, o
Estatuto da criança e do adolescente reformula todo o sistema de políticas públicas e rede de
atendimento da criança e do adolescente, passando a prevê-los de forma municipalmente
organizada, contemplando diversas possibilidades de participação da sociedade civil.
É importante observar que o Estatuto da Criança e do Adolescente é um instrumento
multidisciplinar no sentido de que articula, em uma só lei, normas de Direito Penal, Civil e
Administrativo.
https://trilhante.com.brhttps://trilhante.com.br
Diferenças práticas entre crianças e adolescentes
Trataremos agora da aplicação do ECA de acordo com a idade da pessoa a ser tutelada e
quais são as diferenças práticas entre cada período de crescimento, além de ver algumas
exceções às regras.
Primeiramente, é preciso relembrar o critério de diferenciação entre criança e adolescente, a
idade. O tratamento jurídico sempre vai depender desse critério, tanto para a disposição de
direito material, quanto para o processamento de ações. Vejamos:
ECA - Lei 8.069/90
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este
Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Portanto, entende-se que a aplicação do ECA terá aplicação diferenciada e extrapolará a
faixa etária definida inicialmente nas hipóteses elencadas abaixo:
Aplicação de medida socioeducativa
Competência para adoção
Colocação em família substitutiva
Autorização para viagem
Vamos entender agora a motivação para a definição dos casos excepcionais.
Aplicação de medida socieducativa
Quando um sujeito menor de idade pratica uma conduta tipificada penalmente, não comete
crime, mas sim um ato infracional. Dessa forma, o tratamento jurídico dado vem em forma de
medida protetiva ou socioeducativa, com o objetivo de reeducar e reinserir corretamente a
criança ou o adolescente num meio social saudável. Um ponto importante a se pensar é que
todo o procedimento para a aplicação das medidas adequadas pode levar um tempo
considerável, de forma que, quando o sujeito for efetivamente "processado" já tenha atingido
a maioridade. Logo, a solução adotada pelo estatuto é de tutelar aquele que cometeu a
infração durante a menoridade, ainda que tenha mais de 18 anos na data de seu
processamento - entretanto, existe o limite de 21 anos para que o ECA seja utilizado.
Competência para Adoção
Outra situação em que o maior de 18 anos pode se valer do ECA é no caso de procedimento
de adoção por pessoa que já possuía sua guarda ou tutela.
Por exemplo: Joãozinho é filho de Glória e Jorge, mas, em decorrência do divórcio dos pais,
foi criado pela mãe e por Paulo - futuro marido de Glória e padrasto da criança. Já com 19
anos, a relação entre Joãozinho e Paulo haviase estreitado bastante e ambos demonstraram
grande interesse em ter um vínculo familiar de pai e filho. Dessa forma, Paulo propôs uma
ação de adoção combinada com a destituição do vínculo paterno, para que pudesse ser
efetivamente o pai de Joãozinho e para que este pudesse ter o seu nome. Considerando que
a tutela do jovem era de Glória e Paulo há muito tempo (desde a menoridade), as regras do
ECA se aplicam para esse procedimento de adoção.
Vale mencionar que a criança deve ser ouvida sobre o seu processo de adoção, mas o
adolescente deve consentir com o ato, efetivamente demonstrar a vontade de ter o vínculo
parental.
Colocação em Família Substitutiva
Na transferência do menor de idade para uma família substitutiva, existe a necessidade de
consulta ao transferido para entender melhor as circunstâncias e observar a sua
manifestação de vontade. Assim como acontece no procedimento de adoção, é necessário
que a criança seja ouvida e que o adolescente dê consentimento ao ato.
Autorização para Viagem
No caso de viagens feitas pelo menor, existe a necessidade de autorização feita por seus
responsáveis. Em território nacional, somente os menores de 16 anos precisam desse aval,
enquanto que para viagens internacionais a autorização se faz necessária para as crianças e
os adolescentes.
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Introdução
Os Direitos Fundamentais são os direitos humanos definidos na Constituição, que devem ser
garantidos e protegidos pelo Estado. Porém, são garantidos, também, com certas
especificidades, pela Lei 8.069, o Estatuto da Criança e do Adolescente, uma vez que se
encontram em fase de desenvolvimento.
O critério legal para se definir crianças e adolescentes, segundo o art. 2º do Estatuto da
Criança e do Adolescente é a idade:
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos dessa Lei, a pessoa até 12 (anos) de
idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 (doze) anos e 18 (dezoito) anos
de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este
Estatuto às pessoas entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos de idade.
Essa distinção entre criança e adolescente visa atender às diferentes necessidades de cada
um deles e repercute em diversos dispositivos legais do ECA, que prevêem diferentes
medidas jurídicas para um e outro. 
Em relação ao parágrafo único do art. 2º que determina a aplicação excepcional do ECA às
pessoas entre 18 e 21 anos de idade, é importante salientar que o texto foi escrito na vigência
do Código Civil de 1916, que previa como relativamente capazes para os atos da vida civil as
pessoas entre 18 e 21 anos. Com o Código Civil de 2002, a maioridade civil foi igualada à
penal (prevista no art. 228, da CF como um dos direitos fundamentais de crianças e
adolescentes), passando a ser também de 18 anos.
Desse modo, o parágrafo único do art. 2º passou a ser aplicável somente nos casos em que o
adolescente autor de ato infracional atinja a maioridade durante o cumprimento de medida
socioeducativa de internação. Portanto, o diploma legal aplicável será o ECA até que
ocorra sua liberação compulsória aos 21 anos.
O art. 3º reforça a importância de considerar a criança e o adolescente como um sujeito de
direitos, totalmente protegidos de qualquer tipo de discriminação:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes
à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
social, em condições de liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e
adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça,
etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e
aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que
vivem.
Direito à Vida e à Saúde (art. 7º a 14º)
O direito à vida e à saúde da criança e do adolescente são contemplados de forma indivisível
e interdependente, em consonância com os pactos de Direitos Humanos adotados
internacionalmente. O texto do artigo 7º deixa claro a articulação entre o direito à vida e o
direito à saúde, ao condicionar seu exercício à efetivação de políticas públicas.
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
É importante ressaltar que o legislador se preocupou em proteger a criança desde a fase
gestacional, existindo no texto original do ECA a atenção à gestante como forma de proteção
da infância, prevendo o direito da gestante ao atendimento pré-natal e perinatal.
Além disso, o Marco Legal da 1ª Infância ampliou os direitos relacionados à saúde da criança
e do adolescente, com previsões específicas para crianças e adolescentes com deficiência,
incluindo atendimento gratuito oferecido pelo Poder Público e previsões relativas à
assistência médica e odontológica promovida pelo Sistema Único de Saúde (art.14 §1º e 2º,
ECA).
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e
odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a
população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e
alunos.
§1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas
autoridades sanitárias.(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
§2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e
das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de
cuidado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
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Direito ao Respeito, à Liberdade e à Dignidade (art. 15 a 18-B)
O Capítulo II do Título II do ECA refere-se ao Direito ao respeito, à liberdade e à dignidade,
prevendo às crianças e aos adolescentes os direitos humanos de 1ª geração de forma
ampliada, mas na medida cabível à condição de desenvolvimento, como as liberdades de ir e
vir, de opinião e de expressão, de crença e culto religiosa e de participar da vida política.
Além desses direitos, acrescentam-se as liberdades de brincar, praticar esportes e divertir-se,
participar da vida familiar e comunitária sem discriminação, buscar refúgio, auxílio e
orientação, como disposto nos artigos 15 e 16.
Já o artigo 17 abrange outros direitos individuais fundamentais, como a inviolabilidade à
integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, incluindo a preservação da
imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos
pessoais.
O artigo 18-A e 18-B foram introduzidos pela Lei 13.010/2014, a qual tem como objetivo a
educação da criança isento de castigos corporais e de tratamento cruel e degradante. Assim,
é dever do Estado implementar políticas públicas que erradiquem os castigos físicos. Porém,
a Lei 13.010/2014 não inova o texto do Estatuto da Criança e do Adolescente, uma vez que o
art.98 trata da questão da criança e do adolescente em situação de risco por violação de seus
direitos e prevê a possibilidade de aplicação de medidas de proteção à vítima, como
orientação, apoio e acompanhamento temporário, ou requisição de tratamento médico,
psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial.
O art.129, por sua vez, prevê medidas contra os pais que exercessem maus-tratos ou abuso
contra seus filhos. Além disso, o Código Penal sempre previu os crimes de lesão corporal e
maus-tratos.
A Lei 13.010/2014, porém, inovou no sentido de ampliação da redação do art. 13 do ECA,
determinando que os serviços de saúde devem se comunicar obrigatoriamente com o
Conselho Tutelar no caso de suspeitade castigo físico ou tratamento cruel ou degradante,
bem como de maus-tratos.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel
ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem
prejuízo de outras providências legais. 
Direito à Convivência Familiar e Comunitária
O direito à convivência familiar e comunitária decorre da doutrina de proteção integral da
criança e do adolescente, cujos deveres são compartilhados entre sociedade, Estado e
família. Os deveres que são cabíveis à família estão no Capítulo III do título II do ECA.
A Constituição de 1988 trouxe inovações na entidade familiar, uma vez que filhos legítimos,
ilegítimos e adotados têm seus direitos equiparados, proibindo-se qualquer tipo de distinção
de origem; além disso, confere-se maior ênfase aos laços de consanguinidade e afetividade
do que apenas ao casamento, visto que equipara os efeitos do casamento à união estável.
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Assim, a Constituição considera família aquela derivada de casamento ou união estável e
aquela formada por um dos pais e seus descendentes.
Já o Estatuto da Criança e do Adolescente, conforme apresentado abaixo, considera
existentes três tipos de família: a família natural, a família extensa e a família substituta.
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes.
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se
estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por
parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém
vínculos de afinidade e afetividade. 
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou
adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos
termos desta Lei.
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
O art. 53 do ECA determina a igualdade de condições para acesso e permanência na escola,
além de ser respeitado pelos educadores, contestar critérios avaliativos, organizar e participar
de entidades estudantis. Além disso, toda criança e adolescente tem direito à escola pública
perto de sua residência, e os pais ou responsáveis têm direito à ciência do processo
pedagógico, envolvendo, assim, os pais no processo de educação. Dessa forma, o art. 54
estabelece o que o Estado deve fazer a fim de garantir os direitos do artigo anterior.
Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
O trabalho infantil é proibido; no entanto, o trabalho adolescente é permitido em algumas
ocasiões.
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na
condição de aprendiz.
Porém, a redação desse artigo não é muito clara. Assim, deve ser lido com base no art. 7º da
CF:
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Art.7º, XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos; 
Direito à Prevenção Especial
A prevenção especial trata de deveres atribuídos à família, à sociedade e ao Estado que
garantem os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes. O descumprimento
importa reponsabilidade da pessoa física ou jurídica. Assim, devem ser tomadas medidas
como a adequação da faixa etária para acesso à informação, prevenção do acesso a
produtos que poderiam causar situação de risco, como bebidas alcoólicas, armas, munições,
explosivos, fogos de artifício, publicações de conteúdo impróprio, hospedagem em hotel,
motel, pensão e estabelecimentos congêneres, salvo se autorizado ou acompanhado pelos
pais ou responsáveis.
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Introdução
O conceito analítico de crime é: um fato típico (conduta proibida a princípio pela lei penal),
ilícito (guardar relação de contrariedade com o ordenamento jurídico, visto que foi praticado
sem autorização legal excepcional) e praticado por pessoa culpável (aquela que é imputável,
consciente da ilicitude que pratica – ainda que de forma ainda potencial - e de quem se
poderia exigir conduta diferente da criminosa).
Já o termo “ato infracional” pode ser definido como a prática de uma conduta prevista como
ilícito penal para pessoa menor de 18 anos. Comparando com o conceito de crime, é um fato
típico e ilícito praticado por uma pessoa menor de 18 anos, isto é, por uma pessoa à qual não
pode ser atribuído o fator culpabilidade e por isso, sua conduta não é considerada crime.
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou
contravenção penal.
Porém, o legislador recorre à lei penal para averiguar o fator tipicidade e dá início à ação
socioeducativa descrevendo a conduta como “ato infracional equiparado ao crime de furto” ou
“ato infracional equiparado ao crime de tráfico de entorpecentes”. Isso significa que as
atitudes praticadas pelo adulto e pelo adolescente serão idênticas; porém, como o último se
encontra em condição peculiar de desenvolvimento, não possuindo condições individuais de
maturidade emocional e autonomia pessoal igual às de um adulto. Dessa forma a
imputabilidade penal é de 18 anos, como prevê a Constituição Federal.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
normas da legislação especial.
Já é consenso entre a maior parte das doutrinas de que a imputabilidade fixada aos 18 anos
é uma forma de garantir um direito fundamental, que reflete a isonomia do direito à igualdade,
a qual deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Sendo o
adolescente diferente do adulto, deve-se tratá-lo de forma diferente.
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do
adolescente à data do fato.
Dessa forma, as consequências dos crimes praticados por um adulto serão aquelas redigidas
no Código Penal, após devido processo legal conduzido pelo Código de Processo Penal,
enquanto as dos atos infracionais praticados por crianças ou adolescentes serão as previstas
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo aplicáveis de acordo com a faixa etária,
cujo fundamento está no dever de proteção integral. Assim, para a criança serão aplicadas as
medidas de proteção do art.101, enquanto para o adolescente serão aplicadas as medidas
socioeducativas, com o devido processo legal e demais garantias.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas
previstas no art. 101.
Os artigos 106 a 111 do ECA asseguram direitos individuais e garantias processuais aos
adolescentes submetidos a procedimento para apuração de ato infracional, visto que o ECA
constitui a criança e o adolescente como sujeitos de direito, e não meros objetos de
intervenção. Além disso, há previsões específicas para sua condição de desenvolvimento, e
sob responsabilidade de entidade familiar.
Dessa forma, é direito do adolescente ser privado de sua liberdade somente em caso de
flagrante de ato infracional ou por ordem judicial, assim como ocorre com os adultos. Além
disso, observa-se seu direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão e à
informação acerca de seus direitos; a determinação de comunicação imediata com a família
ou pessoa indicada pelo adolescente e ao juiz da infância e juventude, para que verifique a
possibilidade de liberação imediata (sob responsabilidade dos pais ou de um responsável); e
por fim, o adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória
pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo
dúvida fundada.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de
ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificaçãodos responsáveis pela sua
apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido
serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do
apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a
possibilidade de liberação imediata.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada.
A privação da liberdade do adolescente antes de encerrado o procedimento de apuração de
ato infracional por internação provisória terá o prazo máximo de 45 dias, exigindo-se indícios
suficientes de autoria e materialidade, e somente em caso de necessidade imperiosa de
medida.
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Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo
de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios
suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da
medida.
Quanto às garantias processuais, o ECA prevê expressamente o direito ao devido processo
legal, necessariamente judicializado, como única forma admissível para determinar a privação
de liberdade; direito à informação para que saiba qual o ato infracional atribuído mediante
citação ou meio equivalente; direito à igualdade na relação processual, para que tenha
igualdade de oportunidade de manifestação e produção de provas; direito a defesa técnica de
advogado: constituído nos autos ou indicado pelo juiz, se necessária assistência judicial
gratuita e integral; direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; direito de
solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo
legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou
meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e
testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do
procedimento.
Procedimento para Apuração de Ato Infracional
Conforme o art. 152 do ECA, aplica-se subsidiariamente ao procedimento para apuração de
ato infracional as normas gerais previstas na legislação processual pertinente e há prioridade
absoluta na tramitação dos processos: 
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Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as
normas gerais previstas na legislação processual pertinente.
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação
dos processos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução dos
atos e diligências judiciais a eles referentes. 
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus procedimentos são
contados em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento,
vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. 
Não há regulamentação de procedimento para apuração ato infracional praticado por criança,
apenas verifica-se qual medida de proteção se mostra mais adequada ou também, é cabível
a aplicação de medidas aos pais ou responsáveis. 
O adolescente pode entrar no sistema de justiça juvenil de três formas:
1. Flagrante: apreensão no momento da prática do ato (art. 173, ECA);
2. Ordem Judicial: juiz determina a apreensão do adolescente durante o curso do
procedimento;
3. Indícios de participação em crime adulto investigado em inquérito policial: remete-se o
relatório das investigações e documentos ao MP.
Depois de apreendido, o adolescente deve ser imediatamente liberado para os pais ou
responsáveis, que deverão assinar Termo de Compromisso para apresentar o adolescente ao
representante do Ministério Público no mesmo dia ou no próximo dia útil (art. 174, ECA). 
Só não haverá a liberação imediata se os pais ou responsáveis não comparecerem ou se o
adolescente tiver sido apreendido pela prática de ato infracional grave e de repercussão
social:
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo,
o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto
de apreensão ou boletim de ocorrência.
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o
adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante
do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-
se-á pela autoridade policial. À falta de repartição policial especializada, o
adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a
maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo
anterior.
Ao receber o adolescente, o representante do Ministério Público pode adotar uma das
seguintes providências previstas no art. 180 do ECA:
I - promover o arquivamento dos autos: diante da demonstração de inexistência do fato; ou se
não constituir ato infracional; ou se restar comprovado que o adolescente não concorreu para
a prática do fato (art. 189, ECA). 
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II - conceder a remissão: constitui causa de exclusão do processo, obsta o ajuizamento da
ação socioeducativa. Pode ser concedida qualquer que seja a natureza do ato infracional,
mediante a observação de fatores como circunstâncias e consequências do fato, contexto
social, personalidade do adolescente e a intensidade de sua participação no ato infracional.
Não implica reconhecimento ou comprovação de responsabilidade e nem impede a aplicação
de medidas socioeducativas, salvo a semiliberdade e a internação.
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá
ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa: a
representação se trata da peça judicial que dá início à ação socioeducativa. 
Na sentença, o juiz pode decidir de três formas:
I - Não aplicar qualquer medida (art. 189, ECA)
II - Aplicar remissão (art. 188, ECA)
III - Aplicar uma medida socioeducativa (art. 112, ECA)
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Introdução
Medidas de proteção são intervenções das autoridades competentes, isto é, o Conselho 
Tutelar e a Justiça da Infância e da Juventude que entram em ação quando houver
ameaça ou lesão efetiva a direitos de crianças e adolescentes. Estão previstas nos arts. 98 a
100 do ECA. São duas hipóteses de cabimento: a) para crianças em situação de risco
(ameaça ou lesão a direito); b) para crianças autoras de ato infracional.
O art. 98 traz o conceito legal de "situação de risco", ou seja, quando a criança ou o
adolescente se encontram em situação de maior vulnerabilidade, exigindo uma especial
atenção da sociedade e do Estado:
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre
que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
As medidas de proteção não são iguais a quaisquer tipos de sanções ou punições (inclusive
quando a criança comete ato infracional) e seu principal objetivo é cessar a violação do 
direito ou suprimir o risco a que a criança ou adolescente esteja exposto, sendo
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer hora (art.99),sempre levando em conta as necessidades pedagógicas e a necessidade de fortalecimento
dos vínculos familiares e comunitários (art.100). Importante ressaltar que a Lei 13.509/2017
alterou o texto do art.100, substituindo a expressão “família substituta” por “família adotiva”.
Desse modo, estabeleceu uma restrição às modalidades de colocação em família substituta
nessa hipótese legal.
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo.
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades
pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários.
Medidas Protetivas em Espécie
O artigo 101 trata de algumas espécies de medidas protetivas:
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
promoção da família, da criança e do adolescente; 
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento
a alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; 
IX - colocação em família substituta.
Vale lembrar que a Lei 13.509/2017 alterou o §10 do art.101 e reduziu o prazo do Ministério
Público para ajuizar a ação de destituição do poder familiar de 30 para 15 dias nos casos de
criança ou adolescente em situação de risco gerada pelos seus genitores.
Importante observar que o acolhimento familiar é uma medida de proteção por meio da qual
uma criança ou adolescente, afastados temporariamente de sua família natural até que esta
se reestruture, permanecem sob os cuidados da denominada família acolhedora.
A família acolhedora é formada por um indivíduo ou indivíduos, componentes de um núcleo
familiar, que, vocacionados para tal objetivo, participam do programa de acolhimento de
crianças ou adolescentes, provisoriamente apartados do seio de sua família natural, através
do respectivo cadastro e habilitação. 
Consoante Rolf Madaleno:
“O programa de acolhimento familiar é uma medida protetiva a ser aplicada
exclusivamente pelo juiz da Vara da Infância e Juventude (ECA, art. 101, VIII), pelo
qual a criança ou adolescente é retirado da guarda de sua família de origem e
entregue a uma pessoa singular ou uma família, denominada família acolhedora,
previamente cadastrada no programa de acolhimento familiar, habilitada para o
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resguardo, e encarregada de oferecer carinho e cuidados especiais ao assistido, em
caráter provisório, até que passe a situação de risco e este possa retornar ao
convívio de sua família natural.” (2013, p. 631).
É um serviço público direcionado às crianças e adolescentes afastados da família de origem,
que prefere ao acolhimento institucional (art. 34, § 1º, ECA), uma vez que garante ao menor
um referencial familiar e cuidados individuais.
Trata-se de serviço de proteção social especial de alta complexidade, assim considerado em
virtude da necessidade de afastamento temporário do menor do seio da família natural.
Dessa forma, as medidas de acolhimento, tanto institucional quanto familiar, são sempre 
provisórias e excepcionais, e devem corresponder a uma etapa de transição para
reintegração familiar ou colocação em família substituta. Devem durar o prazo máximo de
dois anos, devendo a situação ser revista semestralmente para que se verifique a
possibilidade de reintegração à família de origem ou, não sendo possível, para colocação em
família substituta. Não pode implicar privação de liberdade a criança ou do adolescente.
Além disso, as medidas de proteção devem vir acompanhadas da regularização do registro
civil, por força do artigo 102 do ECA:
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acompanhadas
da regularização do registro civil. 
Programa de Acolhimento Familiar e Colocação em Família Substituta
Apesar de ambas prezarem pelo convívio familiar, que sempre deve prevalecer em relação
ao acolhimento institucional (exceto se houver necessidade comprovada), não se deve
confundir as medidas de proteção de inclusão em programa de acolhimento familiar e de
colocação em família substituta.
A inclusão em programa de acolhimento familiar trata-se de uma medida de proteção
temporária, em que a criança ou adolescente é colocado temporariamente aos cuidados de
uma família acolhedora inscrita no programa. É sempre uma situação de transição com o
prazo máximo de 2 anos, para que o indivíduo seja reintegrado à família de origem ou
colocado em família substituta. Já a colocação em família substituta pode se dar por guarda,
tutela ou adoção, modalidades de família que substituem a família natural. No caso de guarda
ou tutela, existe a possibilidade de revogação. Porém, a adoção é irrevogável. 
 
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Introdução
As medidas socioeducativas são as "sanções" previstas no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) aplicadas a adolescentes entre 12 e 18 anos de idade, eventualmente
estendidas até os 21 anos nos casos expressos em lei (art. 2º, ECA), que cometem atos
infracionais. Embora sejam sanções, elas não têm natureza de pena, pois aos adolescentes
não é aplicável a imputabilidade, elemento da culpabilidade aplicado aos adultos. Além disso,
seu principal objetivo é pedagógico, isto é, evitar a reincidência e reinserir o menor infrator de
volta ao convívio social de modo que aja de acordo com as normas legais.
Portanto, a medida socioeducativa é a resposta do Estado ao ato infracional, é a
consequência jurídica decorrente da prática do ato infracional, praticado por menores de 18
anos. Possui caráter sancionatório, impositivo, tendo em vista que sua aplicação independe
da vontade do infrator, e retributivo, pois sua aplicação objetiva inibir a reincidência e possui
finalidade educativa. 
Rol de medidas socioeducativas
As sanções aplicáveis ao menor infrator estão expostas, de forma taxativa, no art. 112 do 
ECA:
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá
aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Observado o inciso VII, nota-se que as medidas de proteção previstas no art. 101 também
podem ser utilizadas como medidas socioeducativas. São elas: “encaminhamento aos pais ou
responsável, mediante termo de responsabilidade; orientação, apoio e acompanhamento
temporários; matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental; inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
promoção da família, da criança e do adolescente; requisição de tratamento médico,
psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; inclusão em programa
oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos”.
Aplicação e execução
Ao contrário do Código Penal, o ECA não estabelece correspondência entre ato infracional e
sanção. Isso dá margem de discricionariedade ao juiz da vara da Infância e Juventude, que,
interpretando caso a caso, pode aplicar a medida que considerar mais cabível, mas que
obedeça aos seguintes critérios dispostos no art. 112 do referido estatuto:
Art. 112 § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade
de cumpri-la, as circunstânciase a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de
trabalho forçado.
O ECA não dispõe acerca dos institutos da prescritibilidade e imprescritibilidade, mas, de
acordo com a Súmula 338 do Superior Tribunal de Justiça (STJ):
“A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.”
(Súmula 338, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/05/2007, DJ 16/05/2007 p. 201)
Outra súmula do STJ discorre acerca da necessidade de comprovação de autoria e
materialidade da infração, não bastando a mera confissão:
“No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de
outras provas em face da confissão do adolescente.”
(Súmula 342, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/06/2007, DJ 13/08/2007 p. 581)
Isso não se aplica, todavia, aos casos de remissão, quando é concedida uma espécie de
perdão ao menor de idade, sem que isso implique necessariamente o reconhecimento de sua
responsabilidade. O pedido de remissão pode ser pedido pelo Ministério Público e não exclui
a possibilidade de aplicação de medida socioeducativa, a qual não pode ser internação ou
colocação em regime de semiliberdade (arts. 126 a 128, ECA).
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE)
Foi instituído pela Lei 12.594/2012 e regulamenta o processo de execução das medidas
socioeducativas, elencando os direitos dos adolescentes durante o procedimento e
fornecendo os princípios norteadores do mesmo:
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Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes 
princípios: 
I - legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o 
conferido ao adulto; 
II - excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, 
favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; 
III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que 
possível, atendam às necessidades das vítimas; 
IV - proporcionalidade em relação à ofensa cometida; 
V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao 
que dispõe o art. 122 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e 
do Adolescente); 
VI - individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias 
pessoais do adolescente; 
VII - mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da 
medida; 
VIII - não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, 
nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação 
ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e 
IX - fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo 
socioeducativo. 
Além dos princípios, a lei reitera alguns direitos individuais dos adolescentes que devem ser
observados durante a execução da sanção, sem prejuízo das disposições do ECA:
Art. 49. São direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida 
socioeducativa, sem prejuízo de outros previstos em lei: 
I - ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu defensor, em qualquer 
fase do procedimento administrativo ou judicial; 
II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o 
cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato 
infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o 
adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de 
residência; 
III - ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liberdade de pensamento e 
religião e em todos os direitos não expressamente limitados na sentença; 
IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a qualquer autoridade ou 
órgão público, devendo, obrigatoriamente, ser respondido em até 15 (quinze) dias; 
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V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de organização e funcionamento 
do programa de atendimento e também das previsões de natureza disciplinar; 
VI - receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolução de seu plano 
individual, participando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, se for o caso, 
reavaliação; 
VII - receber assistência integral à sua saúde, conforme o disposto no art. 60 desta 
Lei; e 
VIII - ter atendimento garantido em creche e pré-escola aos filhos de 0 (zero) a 5 
(cinco) anos. 
Uma equipe técnica é responsável pela elaboração de um projeto chamado de Plano
Individual de Atendimento, que será seguido pelo adolescente e é obrigatório na execução
das medidas de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e
internação. O juiz da infância e juventude deve dar vistas do plano para que defensor e
Ministério Público possam aprová-lo, fazer recomendações extras ou impugná-lo, o que teria
como consequência a suspensão do plano e a convocação de nova audiência por parte do
magistrado. Tanto o juizado quanto o defensor e o MP também devem zelar pela supervisão
e fiscalização acerca da correta executabilidade das mesmas.
Substituição, Cumulação e Extinção de Medidas Socioeducativas
O SINASE determina que os adolescentes que estiverem cumprindo sanção de liberdade
assistida, de semiliberdade e de internação devem ter a medida reavaliada no máximo
semestralmente. Essa reavaliação pode resultar em liberação do adolescente ou substituição
por medida menos gravosa (art. 42, Lei do SINASE). Uma medida socioeducativa somente
pode ser substituída por outra mais gravosa em casos excepcionais, como no caso de
reiteração de infrações graves ou de descumprimento de medidas anteriormente impostas
(art. 122, ECA). A substituição de medidas pode ocorrer a qualquer tempo.
O ECA prevê a legitimidade da cumulação de sanções por meio do art. 113, o qual procura
reiterar que a cumulação das medidas de proteção, prevista no art. 99, também é possível
para as medidas socioeducativas. Pode haver casos em que se cumulam medidas de
proteção com medidas socioeducativas.
Quanto a extinção de medidas socioeducativas, o art. 46 da Lei do SINASE traz as seguintes
previsões:
Art. 46. A medida socioeducativa será declarada extinta: 
I - pela morte do adolescente; 
II - pela realização de sua finalidade; 
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III - pela aplicação de pena privativa de liberdade, a ser cumprida em regime fechado 
ou semiaberto, em execução provisória ou definitiva; 
IV - pela condição de doença grave, que torne o adolescente incapaz de submeter-
se ao cumprimento da medida; e 
V - nas demais hipóteses previstas em lei. 
§ 1o No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumprimento de medida 
socioeducativa, responder a processo-crime, caberá à autoridade judiciária decidir 
sobre eventual extinção da execução, cientificando da decisão o juízo criminal 
competente. 
§ 2o Em qualquer caso, o tempo de prisão cautelar não convertida em pena privativa 
de liberdade deve ser descontado do prazo de cumprimento da medida 
socioeducativa. 
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Medidas socioeducativas em espécie
ADVERTÊNCIA
Está prevista no art. 115 do ECA:
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a
termo e assinada.
Normalmente é aplicada nos casos de cometimento de infrações consideradas leves ou
quando o menor infrator não possui histórico de prática de atos infracionais. Cabe lembrar
novamente que, ao contrário do Código Penal, o ECA não determina correspondência entre
infração e sanção.
Tal repreensão judicial é de responsabilidade do Juiz da Infância e da Juventude ou de
servidor com delegação para tal, os quais devem esclarecer o adolescente acerca das
possíveis consequências de uma reincidência infracional. Os pais também devem estar
cientes de que correm o risco de perder o poder familiar ou a guarda do menor caso não
cumpram com suas obrigações de resguardar pelo adolescente.
OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
A obrigação é disposta pelo art. 116, ECA:
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade
poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restituaa coisa, promova o
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser
substituída por outra adequada.
Trata-se, portanto, de ressarcimento por parte do adolescente do dano ou prejuízo econômico
causado à vítima. Esse dever é do próprio adolescente, mas, segundo o Código Civil, pode
ocorrer a responsabilização dos pais caso o menor esteja sob autoridade e em companhia
deles.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
O art. 117 do ECA dispõe sobre a prestação de serviços gratuitos à comunidade por parte do
adolescente, limitando essa tarefa ao período de oito horas semanais durante seis meses,
sem prejuízo de outras atividades essenciais exercidas pelo jovem, como estudos e trabalho
assalariado.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas
gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a
entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres,
bem como em programas comunitários ou governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente,
devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos
sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a
frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
Ao contrário do trabalho forçado, proibido pela Constituição, o objetivo da prestação
comunitária de serviços é desenvolver no menor em conflito com a lei o senso cívico, a
cidadania, de modo a integrá-lo na sociedade.
LIBERDADE ASSISTIDA
É regulamentada pelos artigos 118 e 119 do ECA. Uma vez aplicada essa sanção pelo juiz, o
adolescente será acompanhado, durante no mínimo seis meses, por um orientador ou equipe
multidisciplinar que o auxiliarão em diversas áreas.
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual
poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
orientador, o Ministério Público e o defensor.
Algumas tarefas do orientador são: garantir a convivência do menor com a família,
supervisionar a frequência escolar, incentivar os estudos e a profissionalização para que ele
possa ser inserido no mercado de trabalho, facilitar o acesso à cultura, ao lazer e ao esporte,
etc., (art. 119, ECA).
A lei não prevê tempo máximo de cumprimento, porém a jurisprudência tem entendido, por
analogia, que cabe à medida de liberdade assistida o mesmo que está estabelecido em lei
para a internação, isto é, prazo máximo de três anos.
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SEMILIBERDADE
O art. 120 aborda a medida de semiliberdade, que é se configura em restrição da liberdade
do adolescente, o qual é vinculado a unidades especializadas, mas com possibilidade de
realização de atividades externas.
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como 
forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades 
externas, independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que 
possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as 
disposições relativas à internação.
Em geral, durante o dia, o adolescente trabalha e estuda, e a noite fica retido na unidade
especializada. As atividades externas não dependem de autorização judicial para serem
realizadas. No entanto, para permanecer com sua família aos finais de semana, o jovem
deverá ter autorização da Unidade. Não há prazo máximo nem mínimo para a semiliberdade.
INTERNAÇÃO
Princípios
Trata-se da medida socioeducativa mais rígida, que priva amplamente o menor de sua
liberdade.
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios
de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.
O princípio da brevidade comunica que a internação deve durar o menor tempo possível.
Assim que o adolescente demonstre melhora em sua personalidade e capacidade de convívio
social, a medida deve ser substituída por outra menos gravosa.
Já a excepcionalidade denota que a imposição da internação deve ser analisada
cuidadosamente e aplicada somente em casos estritamente necessários, quando não há
outra medida possível, e previstos em lei.
O princípio da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento guarda relação com o
postulado da proteção integral, um dos principais motes do ECA. De acordo com esse
princípio, o menor deve continuar sendo tutelado mesmo privado de sua liberdade, uma vez
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que o principal objetivo a ser alcançado deve ser a ressocialização. Dessa forma, garante- se
ao adolescente privado de liberdade uma série de direitos individuais no art. 124 do ECA.
Casos de aplicação da medida
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a
pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
 Por se tratar de medida de caráter excepcional, suas hipóteses de cabimento são taxativas.
Como diz a lei, a medida só pode ser aplicada mediante violência ou grave ameaça a outrem,
não bastando por si só um crime ser graves aos olhos do julgador. De acordo com a
jurisprudência do STJ, por mais que infrações como porte de armas e tráfico de drogas sejam
considerados crimes graves, o risco a outras pessoas deve ser o principal elemento a ser
considerado, não bastando a gravidade da infração.
“O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz
obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do
adolescente”
(Súmula 492, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe 13/08/2012)
Realização de atividades externas
Ao contrário da semiliberdade, na internação é necessária a autorização judicial para a
realização de atividades externas (art. 121, § 1º, ECA), a qual pode ser revista a qualquer
momento (art. 121, § 7º, ECA).
Cumprimento da medida
A internação, em hipótese alguma, pode assemelhar-se a prisão. Os internos devem ser
alocados em espaços próprios, adequados a cada pessoa, obedecendo alguns critérios:
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para
adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa
separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
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A incomunicabilidade é expressamente proibida pelo ECA, porém a suspensão das visitas de
familiares é prevista quando o juiz considerar que elas estão sendo prejudiciais à
recuperação do menor:
Art. 124. § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de
pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade
aos interesses do adolescente.
Prazos das Medidas Socioeducativas
Medida Prazo mínimo Prazo máximo
Advertência não se aplica não se aplica
Prestação de serviços à
comunidade
não há 6 meses
Reparação do Dano não se aplica não se aplica
Liberdade assistida 6 meses
não há; pode ser prorrogada, revogada ou substituída
a qualquer tempo
Semiliberdade não há não há
Internação não há
3 anos (3 meses em caso de descumprimento
reiterado e injustificável da medida anteriormente
imposta)
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Conceito
A adoção é um dos institutos sociais mais importantes, pois caracteriza-se pelo acolhimento,
por parte do adotando, de uma pessoa de forade sua família, o adotado, o qual é equiparado
a um filho consanguíneo. Nas palavras de Guilherme Freire de Melo Barros:
“A adoção é a mais nobre das formas de colocação em família substituta. Trata-se 
de instituto jurídico milenar, através do qual uma pessoa recebe outra como seu 
filho. É um ato de desprendimento, uma demonstração de carinho e solidariedade, 
com reflexos sociais monumentais. Aquele que abre seu lar para receber dentro de 
sua família pessoa com quem não tem laços familiares biológicos demonstra grande 
altruísmo e amor – ao menos, é assim que deve ser encarada a adoção (…)”
A adoção é abordada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente entre os artigos 39 e 52.
Trata-se da filiação judicial, na qual, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e o ECA,
se estabelecem direitos e deveres iguais aos do parentesco de origem biológica.
ECA - Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos 
direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais 
e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os 
vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os 
respectivos parentes.
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o 
adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a 
ordem de vocação hereditária.
Classificações
Sendo um ato jurídico em sentido estrito, toda adoção gera os mesmos efeitos previstos em
lei, como direito ao nome, à herança e ao vínculo irrevogável entre adotado e adotando.
Contudo, com base no perfil dos adotantes, é possível classificar a adoção:
Adoção conjunta: também conhecida por adoção bilateral, ocorre quando um casal se
oferece para adotar uma criança ou adolescente. Para isso, os futuros pais devem ser
casados, viver uma união estável e comprovar estabilidade familiar. Divorciados e
separados judicialmente também podem entrar no processo de adoção, porém devem
concordar acerca da guarda, do regime de visitação e comprovar boa capacidade de
convívio, além de terem adquirido convívio com o menor de idade antes do término da
relação conjugal. Além disso, deve-se comprovar a existência de relações de afinidade
e afetividade com aquele que não seja o detentor da guarda, justificando a
excepcionalidade da concessão. Nesse caso, será assegurada a guarda compartilhada
se for algo favorável ao adotando (art. 42, § 2º, § 4º, § 5º).
Adoção unilateral: quando um dos cônjuges adota o filho do outro. Prevista no art. 41,
1º: “Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos
de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
parentes”.
Adoção póstuma: o ECA postula que, mesmo que o adotante venha a falecer durante o
processo de adoção, esse processo pode continuar caso tenha havido clara
manifestação do desejo de adotar (art. 42, 6º).
Adoção intuito personae: ocorre quando há influência dos países biológicos na escolha
da família substituta.
Adoção internacional: nos casos em que o adotante é domiciliado fora do Brasil,
possuindo residência habitual em país-parte da Convenção de Haia e tiver interesse em
adotar criança em outro país-parte da Convenção (art. 51).
Características
Excepcionalidade
Os adotantes devem se comprometer a zelar pelo adotado e fornecer todo o necessário para
o crescimento saudável da criança ou adolescente. O legislador, preocupado com a
segurança social do adotado, tornou a adoção medida excepcional e irrevogável garantindo
que o processo atenda ao melhor interesse do adotado, propiciando vantagens para ele. O
laço adotivo é tão forte que ele não se rompe sequer com a morte dos pais adotivos, não
restabelecendo o poder familiar dos pais naturais.
Art. 39. § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer 
apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na 
família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. 
Vínculos
A adoção extingue o vínculo do adotado com sua família biológica para a formação de um
novo vínculo com uma nova família. Mesmo em caso de morte dos adotantes e vida dos
biológicos, não há possibilidade de desvinculação ou reestabecimento do anterior (art. 49).
Uma vez constituído o vínculo de adoção por sentença judicial, o registro civil do adotado
será alterado por mandado, em que constará o nome dos adotantes como pais, sem qualquer
menção sobre a origem do adotado nas certidões do registro. Entretanto, é assegurado ao
adotado o direito de conhecer sua origem biológica e o acesso ao processo de adoção após
completar 18 anos.
Idade
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Segundo o art. 42 do ECA, os postulantes a adotar devem ter, no mínimo, 18 anos,
independente do estado civil. Importante lembrar que a criança/adolescente deve ser 16 anos
mais nova do que o adotante.
 O ECA regula apenas a adoção de menores de 18 anos. A adoção de maiores é regulada pelo
Código Civil, salvo hipótese dessa pessoa já estar sob guarda ou tutela dos adotantes (art. 40,
ECA).
Vedações
Adoção por procuração: é proibida nos termos do art. 39, 2º. Dada a importância e a
complexidade da questão, as partes devem ser ouvidas em audiência e devem expor
seus motivos legítimos para adotar.
Adoção por ascendentes e irmãos: é proibida em razão das relações sociais e familiares
já consolidadas pela criança, a qual teria dificuldade de crescer e entender uma
mudança de tamanho grau (art. 42, § 1º).
Adoção decorrente de tutela ou curatela: foi vedada pelo art. 44 enquanto não for
prestada conta da administração do tutor/curador. Trata-se de um impedimento
temporário, com fins de proteção do patrimônio do tutelado, uma vez que um tutor de
má-fé poderia se utilizar da adoção para legitimar seus atos ilícitos.
Adoção por casal homoafetivo
Não há previsão expressa em lei, porém foi reconhecida a possibilidade de adoção durante a
discussão e votação da ADPF 132 mediante invocação do princípio da dignidade da pessoa
humana e o argumento de que a sexualidade não pode ser motivo para discriminação social.
A orientação jurisprudencial que se tem hoje é que o magistrado deve olhar para o melhor
interesse da criança, o que não depende de orientação sexual, mas sim de afetividade, do
vínculo de amor formado entre as pessoas e de boas condições de crescimento sadio.
Requisitos
Consentimento
Dada a seriedade do processo, é imprescindível que os pais biológicos ou representante legal
do adotando concordem com adoção, pois a relação entre eles será extinta. Esse
consentimento somente é dispensado no caso dos pais serem desconhecidos ou já terem
sido destituídos do poder familiar. Caso o adotando tenha 12 anos ou mais, seu
consentimento também deverá ser levado em conta (art. 45).
Estágio de convivência
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O ECA determina que, antes da adoção ser oficializada, adotante a adotado devem passar
por um período de convivência para verificação da afinidade e da vontade das partes e para o
fortalecimento dos laços afetivos entre si. Esse processo é acompanhado por profissionais da
Vara da Infância e Juventude.
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou 
adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da 
criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
§1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a 
tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível 
avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
§3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, 
o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 
(quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante 
decisão fundamentada da autoridade judiciária.
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, deverá ser apresentado 
laudofundamentado pela equipe mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará 
ou não o deferimento da adoção à autoridade judiciária. 
§4o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a 
serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos 
técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência 
familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do 
deferimento da medida.
 § 5o O estágio de convivência será cumprido no território nacional, 
preferencialmente na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a critério 
do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do 
juízo da comarca de residência da criança
Cadastros
Em âmbito local, estadual e nacional, as crianças e adolescentes em espera pela adoção são
listadas em um cadastro, assim como todos os postulantes que buscam adotá-los.
Primeiramente, deve ser organizado um registro na comarca ou foro regional. Em seguida, na
não possibilidade de adoção na comarca de origem, para aumentar as chances de adoção,
então, os nomes são incluídos em um sistema estadual e nacional.
Art. 50 A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um 
registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de 
pessoas interessadas na adoção
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§5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e 
adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à 
adoção. 
§8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a 
inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não 
tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que 
tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional 
referidos no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. 
Esgotadas as buscas por postulantes residentes no Brasil, checa-se o cadastro de
interessados residentes no exterior.
 Art. 50 § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do 
País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais 
habilitados nos cadastros mencionados no § 5o deste artigo.
§10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de pretendentes habilitados 
residentes no País com perfil compatível e interesse manifesto pela adoção de 
criança ou adolescente inscrito nos cadastros existentes, será realizado o 
encaminhamento da criança ou adolescente à adoção internacional. 
Para serem incluídas no cadastro de postulantes, as pessoas intencionadas em adotar uma
criança ou adolescente devem, primeiro, passar por um período de preparação psicológica e
jurídica, além de manter contato com os menores que estejam em programas de acolhimento
familiar e institucional. Depois desse período, eles são inclusos no cadastro nacional de
responsabilidade do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de
preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da
Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis
pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
Existem, todavia, hipóteses em que é possível a adoção mesmo estando fora do cadastro de
postulantes. Cabe ressaltar que tudo dependerá da análise do magistrado acerca do caso
concreto e da série de entrevistas e avaliações com o interessado.
§13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no 
Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: 
 I - se tratar de pedido de adoção unilateral; 
 II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha 
vínculos de afinidade e afetividade; 
 III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior 
de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência 
comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a 
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ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 
desta Lei.
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Adoção internacional
A Lei nº 12.010/2009 alterou as regras brasileiras que até então regulavam a questão da
adoção internacional, deixando nosso ordenamento compatível com a Convenção de Haia,
da qual o Brasil é signatário. Posteriormente, a Lei Nº 13.509/2017 veio para substituir e/ou
acrescentar alguns pontos da Lei Nº 12.010/2009 em relação a adoção internacional. Os
países signatários da Convenção de Haia comprometem-se a tutelar pelo interesse do
adotado de forma efetiva.
 A adoção é o único meio de integrar uma criança ou adolescente a uma família substituta
domiciliada no exterior.
Uma das mudanças foi a consideração da adoção internacional quando requerida por pessoa
domiciliada em outro país, sendo brasileiro ou não, ao contrário de antigamente, quando
considerava-se somente quando estrangeiro postulava a adoção de brasileiro. A mudança
ocorreu porque a dificuldade de acompanhamento por parte das autoridades brasileiras é a
mesma, sendo o adotando um brasileiro domiciliado no exterior ou um estrangeiro.
 Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o pretendente possui
residência habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993,
Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção
Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja
adotar criança em outro país-parte da Convenção. 
No Brasil, compete à Autoridade Central Federal representar os interesses do Estado
brasileiro na preservação das garantias e direitos das crianças e adolescentes adotados em
âmbito internacional nos termos da Convenção de Haia, além de atuar em toda matéria que
diga respeito ao tema da adoção internacional.
Requisitos
Existem alguns pressupostos essenciais para a análise do juiz no momento de decidir pela
adoção internacional ou não. O primeiro deles é a essencialidade da adoção, uma vez que é
sempre preferível manter o menor com sua família natural. Caso não seja possível, opta-se
pela adoção. Segundo, a adoção internacional passa a ser uma possibilidade para a justiça
somente após esgotadas todas as tentativas internas de realocação da criança ou
adolescente em uma família adotiva, devendo haver comprovação, certificada nos autos, da
inexistência de adotante habilidades residentes no Brasil com perfil compatível com a criança
ou adolescentes, nos termos do inciso II, § 1o, art 51 do ECA. Terceiro, no caso de ser
adolescente, ele deve ser ouvido em audiência e a adoção deve ser consentida.
Art. 51. § 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou
domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado:
 I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso concreto;
 II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou
adolescente em família adotiva brasileira, com a comprovação, certificada nos autos,
da inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com perfil compatível
com a criança ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta
Lei; 
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios
adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a
medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos
casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. 
§3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais
Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional. 
Habilitação
O procedimento para a adoção internacionalé regulado pelo art. 52 do ECA. O primeiro
passo é pedir a habilitação no país de origem, para onde será levada a criança. Deferido o
pedido, a autoridade do país emitirá um relatório para as autoridades federais e estaduais do
Brasil contendo uma análise, inclusive psicossocial, dos postulantes. A autoridade estadual
analisa a documentação, pode pedir ou não mais informações acerca dos adotantes e
expede laudo de habilitação à adoção internacional com validade de, no máximo, um ano, e
encaminha o postulante ao Juizado da Infância e Adolescência do local onde está o adotado.
A habilitação do postulante à adoção internacional pode ser renovada após o vencimento do
prazo de um ano.
 Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a
170 desta Lei, com as seguintes adaptações:
 I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente
brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade
Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido
aquele onde está situada sua residência habitual; 
 II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão
habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre
a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua
situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e
sua aptidão para assumir uma adoção internacional; 
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III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central
Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; 
IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo
psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da
legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; 
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a
compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento
por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários
ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país
de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá
validade por, no máximo, 1 (um) ano;
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar
pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se
encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade
Central Estadual. 
Organismos internacionais de intermediação (art. 52, ECA)
Os organismos internacionais de intermediação da adoção internacional prestam um
importante serviço à medida que diversos empecilhos, como o idioma e a burocracia
administrativa, podem atrapalhar o pedido de adoção realizado por uma pessoa sem amparo.
Esses organismos, no entanto, precisam ser credenciados e reconhecidos junto a legislação
do país da criança/adolescente, além de ser vedada a finalidade lucrativa. Estando
regularizados, eles auxiliam no encontro das partes e na superação das barreiras culturais e
administrativas. O credenciamento tem validade de dois anos e pode ser renovado.
Adoção realizada no exterior
Quanto ao brasileiro que realiza adoção internacional, existem os brasileiros residentes no
estrangeiro ou residentes no próprio Brasil. Na hipótese de ser um brasileiro residente no
exterior, o art 52-B do ECA dispõe o seguinte:
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da
Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em
conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto
na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente
recepcionada com o reingresso no Brasil. 
§1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de
Justiça.
§2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da
Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a
homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. 
Na hipótese de um brasileiro domiciliado no Brasil ter optado pela adoção de uma criança ou
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adolescente de outro país, temos:
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a
decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente
será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de
habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de
Naturalização Provisório
§1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de
reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é
manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da
criança ou do adolescente. 
§2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o
Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para
resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as
providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade
Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. 
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a
adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega
ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o
adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o
processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. 
Efeitos da adoção
A natureza da sentença que julga a adoção é constitutiva, isto é, promove modificação no
estado jurídico das pessoas envolvidas, desfazendo e criando novos vínculos. Um dos
direitos garantidos ao adotado é o direito ao sobrenome daquele que o adotou, podendo
haver modificação também do prenome em alguns casos, com anuência do adotado (art. 47,
§ 5º, § 6º). Além disso, o registro civil pode ser feito no município dos adotantes, porém as
certidões não podem mencionar a adoção, para evitar futuras discriminações do adotado
decorrentes de sua filiação. Já no caso da adoção internacional, o alvará de autorização de
viagem do menor e seu passaporte só podem ser expedidos após o trânsito em julgado da
sentença.
Um outro direito do adotado é, a partir dos 18 anos, o acesso ao conhecimento acerca de
suas origens, de sua família biológica, embora seus laços com ela estejam extintos.
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de
obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. 
Desse modo, o ECA determina o armazenamento dos dados do processo para futuro acesso
do adotado (art. 47, § 8º).
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O entendimento da regulação de viagens realizadas por crianças e adolescentes parte da
separação entre viagens nacionais e viagens ao exterior. Assim, será preciso analisar cada
um dos casos para entendermos seus diferentes efeitos.
Viagem Nacional
Para as viagens nacionais, a regra geral é que o menor de 16 anos não pode viajar 
desacompanhado de ambos os pais.
É importante pontuar que esse é um recente entendimento legislativo, vindo com a Lei nº
13.812/19. Anteriormente a essa norma, havia a separação de efeitos quanto a viagem
realizada pela criança (menor de 12 anos) e o adolescente (maior de 12 anos). Tal
entendimento caiu por terra, valendo agora a unificação dos efeitos ao menor de 16 anos.
Quanto à possibilidade da viagem do menor de 16 anos, há que se pontuar as exceções
quanto a regra

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