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GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE Elayne Arantes Elias Política nacional de saúde Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as políticas nacionais de saúde. Identificar as esferas de atuação das políticas. Discutir as ações de enfermagem relacionadas às principais políticas públicas. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer as políticas públicas de saúde, que são formuladas a partir das necessidades da população e classificadas de acordo com os ciclos vitais, as situações sociais, o gênero e as etnias. Essas políticas se baseiam nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e visam à promoção, à proteção, à recuperação e à assistência à saúde. As políticas públicas são voltadas para a saúde da população, entre elas, algumas categorias incluem: saúde da criança e do adolescente, alimentação e nutrição, saúde bucal, saúde mental, saúde do idoso e saúde da mulher e do homem. Como o marco para as políticas foi a criação do SUS, os profissionais da saúde, principalmente os da área de Enfermagem, tiveram sua atu- ação ampliada e inserida no campo individual, coletivo, comunitário e social. Um exemplo dessa prática ampliada é a atuação dos profissionais nas unidades de atenção básica e nas Estratégias de Saúde da Família (ESFs), que se mostram como um espaço aberto, sensível e flexível para a emancipação e a participação e transformação social (BACKES et al., 2012). O Sistema Único de Saúde como uma política pública O SUS veio se consolidando desde as discussões sobre a saúde no fi nal do século XIX. No Brasil, a garantia do direito à saúde e a confi guração de uma política de proteção social em saúde, respeitando a igualdade, fortaleceu-se com a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988, a qual instituiu o SUS pela Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Essa lei “[...] dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes” (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, [2010?], p. 35). A história do Brasil nos mostra a evolução das políticas de saúde iniciadas no período colonial com a chegada da Família Real. Nessa época, a população brasileira estava acometida por doenças tropicais, ainda desconhecidas pelos médicos europeus, como a febre amarela e a malária, e também por outras trazidas pelos colonizadores, como a peste bubônica, a cólera e a varíola. O conhecimento sobre essas doenças era insuficiente e, por essa razão, foram necessários anos de estudos e intervenções para controlar a saúde da população. O foco, na época, estava voltado para as ações de saúde pública e epidemiologia. As primeiras ações de saúde pública (políticas de saúde) que surgiram no mundo e no Brasil foram para (MOROSINI; REIS, 2007): proteção e saneamento das cidades, principalmente nos portos onde circulavam e eram comercializados produtos exportados; controle e observação das doenças, dos doentes e dos ambientes; estudo das doenças e construção de conhecimento para controlar a situação com ações eficazes. Em 1903, Oswaldo Cruz iniciou a reforma na saúde com ações sanitárias e com a vacinação obrigatória contra as moléstias que acometiam a população. Esse movimento, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Outros cientistas, como Carlos Chagas e Clementino Fraga, também atuaram junto a Oswaldo Cruz. Desde então, os esforços para a proteção à saúde não pararam, a promoção da saúde começou a ser estimulada e as ações previdenciárias se estabeleceram. Em 1986, a VIII Conferência Nacional de Saúde consagrou a saúde como um direito universal e um dever do Estado, o que está apresentado na CF (MATTA; PONTES, 2007). Com os princípios do SUS, as políticas foram sendo desenhadas e estabele- cidas de acordo com a atuação governamental e a participação da sociedade. As necessidades de saúde são discutidas e as estratégias e ações são implementadas a partir das conferências e dos conselhos de saúde. Política nacional de saúde2 A seguir estão listados os princípios do SUS (BRASIL, 2019, documento on-line). Universalização: a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurá-lo. [...] Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas terem direito aos serviços, elas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas, ou seja, é preciso investir mais onde a carência é maior. [...] Integralidade: esse princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. [...] Regionalização e hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, delimitando a área geográfica a partir de critérios epidemiológicos e conhecendo a população a ser atendida. A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando ao seu comando unificado. A hierarquização deve proceder com a divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, dentro dos limites dos recursos disponíveis na região. Descentralização: descentralizar é redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. [...] Participação popular: a sociedade deve participar no dia a dia do sistema. Para isso, devem ser criados os conselhos e as conferências de saúde, que visam a formular estratégias e controlar e avaliar a execução das políticas de saúde. As políticas de saúde no Brasil e a assistência de enfermagem O Ministério da Saúde (MS) categoriza as políticas em blocos, sendo que todas elas são derivadas da Portaria de Consolidação nº. 2, de 28 de setembro de 2017 (BRASIL, 2017). 3Política nacional de saúde Políticas gerais de promoção, proteção e recuperação da saúde Os cuidados integrais com a saúde implicam ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Esses três tipos de ação têm áreas de superposição, como você poderá ver a seguir. Política Nacional de Promoção da Saúde A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) evidencia a promoção da saúde como um conjunto de estratégias e formas de produzir saúde nos âmbitos individual e coletivo. Ela tem como prioridades: capacitação profi ssional, alimentação adequada e saudável, práticas corporais e atividades físicas, enfrentamento do uso do tabaco e do álcool, vigilância em saúde, educação no trânsito e desenvolvimento sustentável. As ações de enfermagem são voltadas para: assistência de enfermagem humanizada e qualificada; orientação e acompanhamento nutricional em atuação conjunta com o nutricionista em todos os ciclos vitais; acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento infantil; promoção de campanhas de incentivo à prática de atividade física em atuação conjunta com o educador físico e com o médico que avalia e atesta as condições de saúde do indivíduo; interação com as práticas integrativas e complementares voltadas para a qualidade de vida das pessoas; envolvimento da sociedade em atividades que visam à proteção do meio ambiente com práticas sustentáveis, como a redução da produção de lixo e a sua seleção e o racionamento do consumo de água; prevenção e intervenção no uso de álcool e cigarro dentro da unidade de saúde e na comunidade, incluindo o ambiente escolar; promoção e incentivo ao autocuidado na prevenção de doenças. Política de Saúde Mental A Política de Saúde Mental contribui e propõe a atualização da atenção à saúde mental, ao álcool e a outras drogas e articula os órgãos responsáveis pela saúde mental na infância e na juventude. Política nacional de saúde4 As ações de enfermagem são voltadas para: assistência de enfermagem humanizada e qualificada; estabelecimento de uma terapêutica individualizada e próxima ao paciente; valorização do autocuidado; inserção da família e da sociedade no cotidiano do paciente; promoção da qualidade de vida nas dimensões física e psicossocial; incentivo ao cuidado da saúde mental e das práticas de descanso e lazer; prevenção e intervenção no uso de álcool e cigarro dentro da unidade de saúde e na comunidade, incluindo o ambiente escolar; acompanhamento das terapêuticas medicamentosas e não medicamen- tosas para o fumo e o uso de álcool e drogas; criação de atividades que envolvem a clientela e os demais profissionais no acompanhamento de casos de abuso de álcool, tabaco e drogas. Políticas de controle de doenças e enfrentamento de agravos de saúde A enfermagem vem ocupando um espaço cada vez mais importante na área da saúde. O enfermeiro tem assumido papel decisivo no que se refere à iden- tifi cação das necessidades de cuidado dos indivíduos, bem como na promoção e proteção da saúde em suas diferentes dimensões. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como Problema de Saúde Pública As Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como Problema de Saúde Pública instituem acolhimento, diagnóstico, tratamento e cura, prevenção de incapacidades, organização do serviço, atenção integral e promoção da saúde com base na comunicação, na educação e na mobilização social no que se refere à hanseníase. As ações de enfermagem são voltadas para: assistência de enfermagem humanizada e qualificada; notificação de novos casos suspeitos ou confirmados; realização da consulta de enfermagem de forma holística, com a fina- lidade de diagnosticar e acompanhar os casos; 5Política nacional de saúde orientação quanto ao exame clínico (avaliação de sensibilidade e alte- rações na pele) e laboratorial (baciloscopia); acompanhamento da terapia medicamentosa paucibacilar e multibacilar, principalmente da dose supervisionada — quando o paciente se medica sob a supervisão do enfermeiro; adesão ao tratamento; ações de controle da doença e prevenção de pessoas próximas; valorização do autocuidado; apoio emocional e envolvimento familiar; orientação a respeito de quais pessoas enquadradas no esquema pau- cibacilar não são contagiosas, mas precisam de tratamento, e quais no esquema multibacilar transmitem a doença até o início do tratamento, bem como quando deixam de transmiti-la. A baciloscopia é um exame microscópico de fácil execução e pouco invasivo que apresenta baixo custo. Nele, observa-se o Mycobacterium leprae nos materiais intra- dérmicos raspados das lesões hansênicas ou de outras regiões selecionadas para a coleta, como os lóbulos auriculares e/ou cotovelos e, caso haja, outros tipos de lesão. O esquema paucibacilar ocorre quando o nível de bacilos é mais baixo, sendo assim, o tratamento é mais curto nesse caso (seis cartelas do medicamento), sendo utilizadas duas medicações — rifampicina e dapsona. No esquema multibacilar, o nível de bacilos está alto, portanto, o tratamento deve ser mais longo (12 cartelas do medicamento) e com três medicações — rifampicina, dapsona e clofazimina (BRASIL, 2002). Política Nacional de Atenção às Urgências A Política Nacional de Atenção às Urgências institui que essa atenção deve fl uir em todos os níveis do SUS, organizando a assistência desde as unidades básicas e ESFs até os cuidados pós-hospitalares. Além disso, ela especifi ca os serviços de atendimento pré-hospitalar (APH) fi xo e móvel. Política nacional de saúde6 As ações de enfermagem são voltadas para: assistência de enfermagem humanizada e qualificada; atendimento às emergências clínicas, traumáticas, psiquiátricas e obstétricas; triagem de atendimento e classificação de risco, priorizando quem deve ser atendido primeiro; prestação de cuidados em situações de urgência e emergência, como realização de acesso venoso, oxigenoterapia, imobilização, entre outros; provisão de recursos materiais; avaliação epidemiológica de acidentes e violências; promoção da saúde visando à qualidade de vida e prevenindo os agravos que levam às situações de emergência clínica ou traumática; competência e habilidades técnicas para o APH. O APH tem a finalidade de atender vítimas em situação de urgência e emergência antes da sua chegada ao hospital. O APH móvel é realizado por ambulâncias do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que atende pelo número 192, em nível municipal e pelos bombeiros, que atendem pelo número 193, em nível estadual. Ambos realizam o suporte avançado e básico de vida e têm condutas reguladas por médicos. O suporte básico de vida tem ações de urgência e emergência promovidas por profissionais de saúde, por meio de medidas conservadoras não invasivas, como imobilização do pescoço, compressão de sangramento, etc. O suporte avançado de vida, por outro lado, tem ações de urgência e emergência para o atendimento de pacientes que apresentam risco de morte. Essas ações são promovidas por profissionais médicos, por intermédio de medidas não invasivas ou invasivas (p. ex., drenagem de tórax, acesso às vias aéreas, acesso venoso, entre outros). Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Vio- lência objetiva a redução da morbimortalidade por acidentes e violências no país, mediante o desenvolvimento de um conjunto de ações articuladas e sistematizadas. 7Política nacional de saúde As ações de enfermagem são voltadas para: assistência de enfermagem humanizada e qualificada; ações de cuidado para o corpo ferido e apoio emocional; conhecimento básico do Código de Trânsito Brasileiro, com enfoque na educação e na segurança no trânsito; assistência em casos de acidentes de trabalho com as devidas orienta- ções, intervenções e encaminhamentos, bem como para o preenchimento da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), sendo esta realizada pelo médico; notificação dos casos de violência e acidente de trabalho; encaminhamentos para a alimentação dos sistemas de informação em saúde; encorajamento para a denúncia de casos de violência; ações juntamente aos órgãos responsáveis em casos de violência: De- legacias de Polícia, Conselho Tutelar, entre outros; manutenção de condições e estilos de vida saudáveis na população, evitando situações que levem à violência; promoção da saúde dentro da unidade de saúde e na comunidade, in- cluindo o ambiente escolar. Políticas voltadas à saúde de segmentos populacionais Os segmentos populacionais englobam as políticas nacionais de atenção a crianças, idosos, mulheres, homens e trabalhadores. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) promove e protege a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante a atenção e os cuidados integrais desde a gestação até os nove anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando, com isso, à redução da morbimortalidade. As ações de enfermagem são voltadas para: atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido; Política nacional de saúde8 acompanhamento do pré-natal de risco habitual — realizado pelo enfer- meiro — e encaminhamento dos casos de alto risco para o atendimento médico; incentivo ao aleitamento materno e à alimentação complementar sau- dável desde o período da gestação; acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral de acordo com as orientações da Caderneta de Saúde da Criança; atenção integral à criança com agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas; atenção integral à criança em situação de violência e quanto à prevenção de acidentes e óbitos evitáveis; prevenção de doenças de transmissão vertical (da mãe para o bebê); apoio à mãe trabalhadora e ao seu bebê; incentivo e manutenção de bancos de leite humano; disponibilização da Caderneta de Saúdeda Criança; notificação de casos e geração de dados para alimentar o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC); acompanhamento das condições de saúde; imunização; atuação em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente e ECA. O Método Canguru é uma estratégia de cuidado da PNAISC que envolve a mãe e a família no cuidado ao bebê prematuro hospitalizado. São atribuições da equipe de saúde: orientar a mãe e a família em todas as etapas do método; oferecer suporte emocional e estimular os pais em todos os momentos; encorajar o aleitamento materno; desenvolver ações educativas que abordem conceitos de higiene, controle de saúde e nutrição; desenvolver atividades recreativas para as mães durante o período de permanência hospitalar; participar de treinamento em serviço como condição básica para garantir a qua- lidade da atenção; orientar a família na hora da alta hospitalar. 9Política nacional de saúde Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa promove ações de recuperação e manutenção da autonomia e a independência dos indivíduos idosos, norteando medidas coletivas e individuais de saúde. As ações de enfermagem são voltadas para: estímulo de práticas de nutrição balanceada, sexo seguro, imunização e hábitos de vida saudáveis; ações motivadoras para o abandono do uso de álcool, tabagismo e sedentarismo em todos os níveis de atenção; avaliação, diagnóstico e tratamento da saúde mental da pessoa idosa; ações para reduzir hospitalizações e aumentar habilidades para o autocuidado; prevenção de acidentes e quedas; participação da família; assistência em condições crônicas de saúde; notificação de casos de violência e geração de dados para alimentar os sistemas de informação; atuação em consonância com o Estatuto do Idoso. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres (PNAISM) promove ações integrais de assistência à saúde das mulheres em período gravídico e não gravídico e em todas as suas dimensões. As ações de enfermagem são voltadas para: atenção humanizada e qualificada na gestação, no parto e no puerpério; acompanhamento do pré-natal de risco habitual — realizado pelo enfer- meiro — e encaminhamento dos casos de alto risco para o atendimento médico; disponibilização do Cartão da Gestante e o seu pleno preenchimento; incentivo ao aleitamento materno e à alimentação complementar sau- dável desde o período da gestação; prevenção de doenças de transmissão vertical (da mãe para o bebê); apoio à mãe trabalhadora e ao seu bebê; incentivo e manutenção de bancos de leite humano; prevenção, detecção e controle das infecções sexualmente transmissíveis; Política nacional de saúde10 prevenção, detecção e acompanhamento dos cânceres de mama e de colo do útero; realização e encaminhamento de exames específicos para detecção de cânceres de mama (exame clínico das mamas e mamografia) e de colo de útero (Papanicolau); promoção da saúde e empoderamento de mulheres em se tratando de violência, o que inclui o encorajamento para a denúncia, bem como o apoio social e emocional; assistência ao climatério e à menopausa; planejamento familiar e reprodutivo; promoção da saúde integral na unidade de saúde e na comunidade para a prevenção de doenças transmissíveis e não transmissíveis; notificação de casos de violência e geração de dados para alimentar os sistemas de informação. Climatério é o período que antecede a última menstruação. Nele, aparecem os sintomas que indicam que a menopausa está próxima, como rubores, fogacho (calor excessivo), alteração de humor, secura vaginal, entre outros. Menopausa é o advento da última menstruação, que acontece por volta dos 41 a 45 anos. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem estabelece a melhoria das condições de saúde da população masculina brasileira, o que contribui de modo efetivo para a redução da morbidade e da mortalidade dessa população. As ações de enfermagem são voltadas para: atenção humanizada e qualificada; promoção da saúde e prevenção de violência e acidentes; promoção da saúde e prevenção do uso de álcool, drogas e tabaco; 11Política nacional de saúde atenção à saúde sexual e reprodutiva dos homens, o que inclui as ações de planejamento familiar e reprodutivo; prevenção, detecção e controle das infecções sexualmente transmissíveis; prevenção, detecção e acompanhamento do câncer de próstata, com orientações e encaminhamentos para a realização de exame clínico e laboratorial; promoção da saúde integral na unidade de saúde e na comunidade para a prevenção de doenças transmissíveis e não transmissíveis; notificação de casos e geração de dados para alimentar os sistemas de informação. Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora defi ne os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de gestão do SUS para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando à promoção e à proteção da saúde dos trabalhadores e à redução da morbimortalidade. As ações de enfermagem são voltadas para: redução de riscos ocupacionais no ambiente de trabalho; prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais; estímulo ao uso de equipamentos de proteção e ajustes ergonômicos (relacionados à adaptação de equipamentos e à postura da estrutura física do trabalhador); fornecimento de informações sobre legislações específicas com os direitos e deveres do empregado e do empregador; realização da CAT; notificação de casos de violência e geração de dados para alimentar os sistemas de informação; participação na Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Traba- lhadora (CIPA) e no Serviço Especializado de Engenharia e Medicina do Trabalho (SESMT); acompanhamento e melhoria das condições de trabalho e vida dos trabalhadores; apoio ao aleitamento de mães trabalhadoras; respeito às leis trabalhistas vigentes. Política nacional de saúde12 Políticas de Organização do SUS O SUS foi criado com a intenção de abranger todo o tipo de atendimento e para garantir acesso integral, universal e gratuito para a população. O SUS deve proporcionar acesso total ao sistema público de saúde. Atualmente ele é considerado um dos maiores e mais completos sistemas de saúde pública do mundo. Política Nacional de Humanização A Política Nacional de Humanização (PNH) — HumanizaSUS defi ne uma estratégia de interferência no processo de produção de saúde, levando em conta que sujeitos sociais, quando mobilizados, são capazes de mudar realidades, transformando a si próprios nesse mesmo processo. É importante evidenciar o alcance da qualifi cação da atenção e da gestão em saúde no SUS (BRASIL, 2004). A seguir, estão listadas algumas políticas de humanização. Incentivo à qualificação da equipe de saúde e educação permanente. Estabelecimento de vínculo e interação entre os profissionais e os usuários de saúde. Realização do acolhimento e da classificação de risco (determina-se quem necessita de atendimento prioritário de saúde em relação aos demais). Construção da autonomia e do protagonismo de sujeitos e coletivo. Fornecimento de orientações e resolutividade das demandas dos usuários. Promoção da saúde nos diversos ambientes de cuidado e na comunidade. Outras políticas A Promoção da Equidade em Saúde objetiva reduzir as desigualdades entre as pessoas. A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) aponta, entre outras coisas, um conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilita-ção, redução de danos, cuidados paliativos, vigilância em saúde, entre outras. 13Política nacional de saúde Acesse o link a seguir para conhecer as políticas e as ações da atenção básica em saúde que constam no MS. https://qrgo.page.link/KTCF Cláudia é uma mulher de 40 anos que identificou, durante o autoexame das mamas, uma parte enrugada na pele ao lado do mamilo. Como havia escutado sobre isso em uma palestra do Outubro Rosa, que falava sobre o câncer de mama, ela buscou uma consulta com o enfermeiro da unidade básica de saúde próxima à sua casa. No momento da consulta, o enfermeiro identificou uma alteração, sendo assim, realizou o encaminhamento e a solicitação de exames específicos para o diagnóstico de Cláudia. Aproveitando a ida dela à unidade, o profissional questionou sobre sua saúde, além da queixa apresentada. Cláudia relatou que não realizava o exame para detecção do câncer de colo de útero há três anos. Imediatamente o enfermeiro informou a ela quanto à necessidade de realizar esse exame. A paciente então concordou em fazer a coleta do material naquele momento. Observou-se que, além de dar resolutividade à demanda inicial da paciente, o enfermeiro foi além e, com a integralidade, conseguiu cuidar mais daquela mulher. Com isso, foi possível observar a importância da integralização de políticas e princípios específicos do SUS para que seja oportunizado atendimento adequado e de qualidade às pessoas. Política nacional de saúde14 BACKES, D. S. et al. O papel profissional do enfermeiro no Sistema Único de Saúde: da saúde comunitária à estratégia de saúde da família. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 223-230, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n1/a24v17n1.pdf. Acesso em: 28 abr. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf. Acesso em: 28 abr. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2004. (Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf. Acesso em: 28 abr. 2019. BRASIL. Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. Brasília, DF, 2017. Dis- ponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10_2017. html. Acesso em: 28 abr. 2019. BRASIL. Princípios dos SUS. Brasília, DF, 2019. Disponível em: http://portalms.saude.gov. br/sistema-unico-de-saude/principios-do-sus. Acesso em: 28 abr. 2019. MATTA, G. C.; PONTES, A. L. de M. (org.). Políticas de saúde: organização e operacionali- zação do sistema único de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV / Fiocruz, 2007. MOROSINI, M. V. G. C.; REIS, J. R. F. (org.). Sociedade, estado e direito à saúde. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007. REIS, D. O.; ARAÚJO, E. C.; CECÍLIO, L. C. de. O. Políticas públicas de saúde no Brasil: SUS e pactos pela Saúde. Módulo Político Gestor. [2010?]. Disponível em: https://www. unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_4.pdf. Acesso em: 22 de março de 2019. Leitura recomendada ESHERICK, J. S.; CLARK, D. S.; SLATER, E. D. Current: diretrizes clínicas em atenção primária à saúde. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Lange). 15Política nacional de saúde
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