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QUESTÃO AGRÁRIA QUESTÃO LATIFUNDIÁRIA E MINERALÓGICA DO PARÁ RELEMBRANDO O Estado do Pará é o segundo maior Estado do Brasil e conta com mais de dois milhões e 400 mil quilômetros quadrados. Dentro do Estado do Pará fica o maior município do Brasil. Na época em que o Brasil foi colônia de Portugal, várias expedições se debruçaram sobre a tentativa de explorar a maior floresta tropical do mundo. Houve, inclusive, a questão das drogas do sertão, a exemplo do cacau, da castanha do Pará (atualmente também chamada de castanha do Brasil), do guaraná, do pau cravo e do urucum. O Pará é o maior produtor de cacau do Brasil. No Governo Imperial, comandado por Dom Pedro I, houve todo um cuidado com a região amazônica, pois foi observado o interesse de outros países. No século XIX, ocorreu o pri- meiro ciclo da borracha, fazendo com que muito dinheiro entrasse na região e houvesse um grande fluxo migratório de nordestinos, principalmente cearenses. No início do século XX, por volta de 1919, houve a instalação da Fordlândia, no Município de Aveiro. O Prefeito de Aveiro demonstrou total interesse em articular esforços com o Go- verno do Estado e Federal para transformar o distrito da Fordlândia em um grande museu, para atrair turistas. A Fordlândia durou de 1919 a 1943. Com o fim da 2a Guerra Mundial, havia uma produção de borracha espalhada pela Ásia, sobretudo na Malásia, e não havia dentro da floresta a capacidade de competir com a quantidade de borracha produzida na Ásia. Assim, o mundo foi se distanciando cada vez mais do Brasil e o segundo ciclo da borracha morre com a 2a Guerra Mundial. Ocorrem, portanto, dois momentos muito importantes, nos quais há grande entrada de dinheiro, principalmente em Belém e Manaus, e grandes obras são realizadas com arqui- tetura baseada na arquitetura europeia, sobretudo na francesa. Ao entrar no segundo governo de Vargas, foi criado um banco - que, hoje, é o BASA - para ajudar no desenvolvimento da Amazônia, no ano de 1952. Este libera crédito e ajuda os empreendedores que desejam criar negócios na Floresta Amazônica. Havia uma agência para estudar as potencialidades das regiões e desenvolver projetos. Vargas passou por grandes dificuldades financeiras e logísticas, como a falta de estradas, infraestrutura, telecomunicações e saneamento, o que atrapalhou que grandes projetos fossem levados adiante. No Governo de JK, há um grande investimento nas rodovias e ocorre a construção de Brasília. Uma dessas rodovias foi a Belém-Brasília. Essa conexão feita com a abertura de rodovias também é um divisor de águas, pois há um grande investimento em infraestrutura que traz o surgimento de novos municípios, novos investimentos e um tipo de desenvolvi- mento jamais vivenciado por algumas regiões. Os Governos Militares, como Castelo Branco, Costa e Silva, e o General João Batista Figueiredo, também desenvolveram grandes projetos, principalmente dentro da Floresta Amazônica. Havia muitos slogans, como “Brasil: ame-o ou deixe-o” e “Integrar para não entregar”. Eram necessárias políticas para povoar a Amazônia e o centro-oeste, este pelo projeto Polo Centro e aquela pelos projetos Polo Noroeste (Rondônia), Calha Norte (fron- teira), Carajás, entre outros. Os dois maiores produtores de minério de ferro são Minas Gerais e o Pará. A Serra dos Carajás está para o minério de ferro assim como a Serra Pelada esteve para o ouro. Há mapas que identificam a presença de minérios importantes. No Governo Militar houve projetos para todas as regiões do Brasil, mas principalmente para o Norte e para o Centro-Oeste, que até hoje são as regiões menos populosas do Brasil. Mesmo com a construção de Goiânia, Brasília, rodovias e hidrelétricas, a região Centro- Oeste é a menos populosa. A partir da época do Regime Militar, em 1960, foi identificado o aumento das atividades humanas sobre a Floresta Amazônica, causando transformações na geografia local e trazendo consequências para outras regiões brasileiras, pois os biomas brasileiros influenciam uns aos outros. Nessa época, também havia movimentos de esquerda, clandestinos; apesar do início dos anos de chumbo, em 1969, foi plantada, principalmente no ambiente rural, uma bandeira de protesto ruralista. Nota-se, por exemplo, a Guerrilha do Araguaia, que se instaurou no Bico do Papagaio, no Tocantins, próximo a Marabá, além de movimentos intelectuais que estudavam o roceiro, o grileiro, e o fazendeiro. No fim do regime militar houve a criação de sindicatos, principalmente. Entre a década de 70 e 80 também houve uma importante participação da igreja católica na tentativa de servir como um instrumento de mediação entre os conflitos realizados nas regiões ligadas às atividades camponesas. Portanto, houve muitos projetos voltados para o desenvolvimento da Amazônia, princi- palmente durante o regime militar, além do aumento substancial do desmatamento e das alterações da Floresta. A partir da década de 80, Chico Mendes foi um dos maiores porta- vozes da questão ambiental brasileira. Ele também era seringueiro e acabou sendo assas- sinado, envolvido em uma questão pecuária. Nos dias atuais, um dos principais motivos do desmatamento da região Amazônica é, justamente, as áreas compradas para abertura de áreas de pastagem para o gado. A pecuária é responsável por mais de 80% do desmatamento provocado na Floresta Amazônica. Esta é considerada o umidificador da Terra, pois grande parte do vapor d’água produzido pela Amazônia é responsável pela chuva do centro-sul brasileiro. Por isso, fala-se muito nos rios voadores. O vapor d’água da Amazônia é responsável pela chuva do Centro-Oeste, onde há grande produção de soja, a qual é levada pelas BR 153 e 163 até os portos do Pará, para que possa chegar, junto do milho, à China e à Europa. Há, portanto, grandes empreendimentos da agricultura, da pecuária e do extrativismo, inserindo o Brasil cada vez mais na dinâmica competitiva internacional. O Brasil é um grande exportador de soja e minério de ferro. Em Carajás produz-se muito minério de ferro, ouro, cobre, bauxita e manganês. Tudo isso segue pela ferrovia Carajás até chegar no porto de Itaqui, em São Luís, no Maranhão, de onde seguem para a Ásia e para a Europa. O Pará sempre está entre os primeiros Estados no ranking do desmatamento, principal- mente na parte leste do Estado, nas áreas mais próximas a Belém, ao Maranhão, ao To- cantins e ao Mato Grosso. Argumenta-se que o tamanho do Estado dificulta a fiscalização. Inclusive, foi argumentada a necessidade de tripartir o Estado para que sejam combatidas as desigualdades e ocorra um serviço de patrulhamento e vigilância mais presente. No Brasil, desde a década de 70, ocorrem muitos conflitos, principalmente os agrários. Há a figura do posseiro, o qual é aquele que invade uma terra, geralmente pública, e toma posse, mas não desenvolve uma atividade comercial, apenas cerca o lote, planta algo e troca o excedente. O posseiro, portanto, é aquele que trabalha a terra para a sua subsistência, diferente do grileiro, que está mancomunado com um dono de cartório, o qual emitirá um documento falso, e, geralmente, se diz dono da terra pública, com um documento falso, a fim de enganar outrem. O termo grileiro faz menção à técnica de colocar papéis dentro de uma caixa cheia de grilos com o objetivo de dar ao papel um aspecto envelhecido. Também existe a figura dos fazendeiros, tanto agricultores quanto pecuaristas, além da figura dos madeireiros, das comunidades indígenas, dos garimpeiros – geralmente, ilegais – e dos indígenas – comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Disputa por terra motivou chacina em assentamento de Conceição do Araguaia (PA) 19 de fevereiro de 2015 Seis pessoas foram assassinadas, entre crianças e adolescentes, da mesma família, na região da zona rural de Conceição do Araguaia, no sudeste doPará. Amigos das vítimas da chacina, que pode ter sido motivada pela disputa de terras, lamentaram o crime. Um casal, seus três filhos mais um sobrinho, com idades de 11, 12, e 14 anos, teriam sido mortos com golpes de facadas no assentamento da Fazenda Estiva. As vítimas desapare- ceram na madrugada e os corpos foram encontrados dentro de um rio que passa na área. A polícia fez buscas na região para encontrar os responsáveis pelo crime. O delegado Antônio Miranda Neto, que investiga o caso em Redenção, explica que esta mesma terra já foi alvo de negociação e está destinada à reforma agrária, o que pode ter provocado a resistência dos posseiros. Um decreto publicado no dia 22 de setembro de 2010 “declara de interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural denominado ‘Fazenda Estiva’, situado no município de Conceição do Araguaia, Estado do Pará”. Obs.: muitas pessoas acabam sendo assentadas. O governo descobre que há pessoas vi- vendo em terras públicas sem registro e autorização e, então, os desapropria. Faz-se um assentamento/loteamento e distribui entre famílias do MST, por exemplo. Muitas vezes, o posseiro não aceita, dificultando que decisões judiciais sejam materializadas. Polícia Civil apura se crime pode ter sido motivado por denúncias a gestões anteriores do STTR de Rio Maria ou conflitos com fazendeiros ocupantes da TI Apyterewa. Carlos Cabral é o terceiro presidente morto do mesmo sindicato. 14/10/2016 Cidade do Pará entra em colapso por falta de oxigênio; 6 morreram nas últimas 24h. Pelo menos seis pessoas morreram nas últimas 24 horas por asfixia no Município de Faro, no Pará, segundo a prefeitura da cidade. A realidade no local é de colapso na área da saúde com a falta de oxigênio, leitos e medicamentos para os pacientes em tratamento da covid-19. O município fica na divisa com o estado do Amazonas. A situação mais preocupante é na comunidade de Nova Maracanã, onde pelo menos 34 pacientes estão hospitalizados. A situação também atinge as cidades vizinhas de Terra Santa (PA) e Nhamundá (AM). A QUESTÃO AGRÁRIA No Brasil, a distribuição de terras é um grave problema. O Estado do Pará, por sua grandeza territorial e pelo grande quantitativo de terras devolutas, está no ápice dessa questão. Sabe-se que os órgãos públicos e os órgãos ambientais têm dificuldade em fiscalizar essas terras. Por conta disso, grande parte dessas terras devolutas, que pertencem à União ou ao Estado do Pará, estão nas mãos de posseiros e grileiros. O que se espera do governo é que faça a mediação desses conflitos e, também, que o Estado regularize a situação dessas pessoas que estão em desacordo com a lei no que tange às terras que pertencem ao poder público. De acordo com o Código Florestal Brasileiro, todas as propriedades que estejam localizadas no bioma da Amazônia só têm autorização para desmatar 20% de sua área para o desenvolvimento de qualquer tipo de atividade. Ou seja, 80% da área da propriedade deve ser mantida como reserva legal. No entanto, é grande o número de pessoas que estão em desacordo com essa determinação. Nos termos do § 1º do artigo 1º da Lei n. 4.504/1964, Estatuto da Terra, “considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade”. Obs.: o Brasil é um país caracterizado pela grande concentração de renda e de terras. Dentre as regiões brasileiras, aquela em que há uma maior concentração tanto de renda quanto de terras é a Nordeste. Essa também é a região em que se concentram os maiores conflitos agrários do país. País registrou 1.833 conflitos no campo em 2019, mostra relatório Os dados são da Comissão Pastoral da Terra. Levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado em 2020, revela que o Brasil registrou, em 2019, 1.833 conflitos no campo, o número mais elevado dos últimos cinco anos e 23% superior ao de 2018. O dado reúne ocorrências relacionadas a disputas por terra, disputas por água e conflitos trabalhistas. Segundo o relatório, em 2019, houve recorde em disputas por terra, desde que os casos passaram a ser reportados pela entidade, em 1985. Em 2019, foram contabilizadas 1.254 ocorrências. A média foi de cinco casos por dia. De acordo com a organização, as disputas por terra impactaram a vida de 859.023 pessoas. O relatório mostra que em 2019 o número de assassinatos chegou a 32, o que representa quatro casos a mais do que no ano anterior. Desse total, 28 estão associados a disputas por terra, três a conflitos trabalhistas e uma à disputa por água. Uma das vítimas foi o mototaxista Márcio Rodrigues dos Reis, de 33 anos. Principal testemunha de defesa de padre José Amaro Lopes de Sousa, ele próprio era também uma liderança, em Anapu, no Pará. O assassinato aconteceu em 4 de dezembro, quando, segundo a CPT, o mototaxista foi alvo de uma emboscada. O total de tentativas de assassinato passou de 28 para 30, de 2018 para 2019. A diferença é de 7%, menor do que a variação de ameaças de morte, que subiram 22%, com o aumento de 165 para 201 casos. O documento da CPT estabelece ligação de interesses empresariais com os conflitos por água, informando que o setor de mineração está envolvido em 189 casos (39%). Hidrelétricas, por sua vez, têm conexão com 54 (11%), enquanto empresários e governos participaram, respectivamente, de 117 (36%) e 33 (7%) conflitos. Foram registradas 40 denúncias por parte da população, dado que inclui agressões, contaminação por mercúrio, ameaças de morte, danos, humilhação, intimidação e omissão. No Brasil, grupos indígenas procuram assegurar seus direitos propondo modificações nas legislações indigenistas oficiais visando consolidar a posse de seus territórios e a manutenção da identidade cultural dos grupos. Obs.: no Pará, é comum observar casos de invasão a terras indígenas. Segundo os dados atualizados do INCRA, o Pará possui 1.067 projetos de assentamentos (PA’s), com 222.143 famílias assentadas, numa área (ha) 16.863.371,62, o que equivale a 12% da área do território paraense (BRASIL, 2016). Obs.: no Pará, os dados do número de imóveis desapropriados e de famílias assentadas mostram uma certa estabilidade. Nos últimos anos, o número de famílias assentadas no Pará se mantém constante na média de 13% em relação a evolução dos números de famílias assentadas no Brasil, o que não deixa de ser significativo comparado a outros Estados. O que temos hoje no meio rural brasileiro, é uma precária política de assentamentos rurais, pois grande parte dos assentamentos na realidade são regularização fundiária, com a concessão de títulos definitivos para posseiros que há tempos habitavam tais áreas. Nos.: na esfera estadual, o Iterpa é o principal órgão paraense que faz o trabalho de loteamento das áreas desapropriadas para as famílias. Notícia de 30/12/2019 O governo do Pará anunciou um projeto de assentamento agroextrativista para a comunidade Padre Sérgio Tonetto, localizada no município do Moju, para que as terras públicas sejam destinadas para este assentamento agrícola que já habitam a região há cerca de 50 anos. Os líderes comunitários já estavam em processo de regularização fundiária junto ao Instituto de Terras do Pará (Iterpa) há pelo menos 10 anos. “Era um anseio muito antigo. Com o decreto, vamos ter o título definitivo da terra. Já tem famílias que moram há 50 anos e isso vai trazer desenvolvimento para nós”, disse Elias Franco, líder da comunidade e que trabalha com o agroextrativismo. Considerando que as terras públicas já são usadas por mais de 40 famílias de comunidades tradicionais ribeirinhas da região do alto Moju, a regularização fundiária passa a distribuir os títulos de terra para os moradores. “O decreto desse projeto destina,oficialmente, as terras para uma comunidade tradicional. Essa população precisava ter o documento. A partir deste ato nós entregaremos os títulos e com isto, fechamos um ano de intensa busca por regularização fundiária”, finalizou Bruno Kono, presidente do Instituto de Terras do Pará. Notícia de 10/04/2017 O Instituto de Terras do Pará (Iterpa) criou cinco novos projetos estaduais de assentamento para beneficiar 664 famílias de pequenos produtores rurais em vários municípios do Estado: Deus é fiel, em Rondon do Pará; Mamuru, em Juruti e Aveiro; Assimpex, em Portel; Lourival Santana, em Eldorado dos Carajás, e Bacabal Grande, em Bom Jesus do Tocantins. A documentação já foi assinada pelo presidente Daniel Lopes e agora segue para homologação do governador. “A criação desses projetos assegura a regularização dessas áreas em favor de pequenos produtores que efetivamente exploram essa terra”, afirmou o dirigente do órgão fundiário. Muitas dessas famílias já aguardavam há anos a regularização de suas terras, mas uma força tarefa implementada pelo Iterpa viabilizou o andamento dos processos de criação dos assentamentos. Em Rondon do Pará, por exemplo, a Deus é fiel já foi alvo de conflito causado pela disputa da posse da área. Em 1990, José Dutra da Costa, conhecido por Dezinho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, foi assassinado por causa dessa disputa. “Destinar essa área aos pequenos produtores é um compromisso de governo”, reforçou Lopes. A área é de 3.947 hectares, beneficiando 73 famílias. A área do Mamuru, com 133.850 hectares, é destinada a um Projeto Estadual de Assentamento Agroflorestal, onde 300 famílias já desenvolvem atividades agrossustentáveis. Na área de 18.040 hectares da Associação dos Moradores do Rio Piarim para o Extrativismo (Assimpex) serão beneficiadas 51 famílias. A Lourival Santana vai beneficiar 167 famílias de pequenos produtores e a Bacabal Grande 73. Após a homologação do ato pelo governador Simão Jatene, o Iterpa vai buscar junto ao Instituto Nacional de Reforma e Colonização Agrária (Incra), o reconhecimento da área como assentamento agrário, para que as famílias possam ter acesso a créditos da reforma agrária, do governo federal. Desde março, o Interpa está buscando atualizar a sua base cartográfica, trabalho que vem sendo conduzido por um grupo de trabalho composto por servidores do órgão. Paralelamente a isso, o Iterpa vem instituindo parcerias com entidades como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater), para desburocratizar e otimizar procedimentos. “Um dos grandes problemas da questão agrária é a falta de continuidade de políticas públicas, já que o reconhecimento territorial é apenas o primeiro passo. Aliado a isso, é preciso que o Estado ofereça serviços e condições do produtor, se desenvolver. É por isso que, hoje, estamos trabalhando no sentido de construir uma agenda de integração com outras políticas públicas”. QUESTÃO MINERÁRIA QUESTÃO AGRÁRIA Percebe-se, no gráfico acima, que foi durante o primeiro mandato do governo Lula que o Brasil mais assentou famílias no campo. A política de assentamento também foi expressiva durante o governo FHC, contudo, no segundo mandato de Lula e durante o governo Dilma, houve uma queda expressiva no número de famílias assentadas no país. QUESTÃO MINERÁRIA O Pará é um Estado em que é forte a questão minerária. Projeto Trombetas Obs.: A bauxita é um minério que pode ser utilizado para produzir o alumínio. O Projeto Porto Trombetas foi criado em 1974 com a finalidade de acomodar os trabalhadores no distrito de Porto Trombetas, para extração de minérios em Serra do Saracá. Também chamado de Complexo Trombetas, é uma company town, situada no município de Oriximiná – Pará. Finalizado em 1976, deu origem a um aglomerado urbano, que aloja trabalhadores das Mina do Saracá V, Saracá W, Bela Cruz e Mineração Rio do Norte. Foi em 1999, elevada à categoria de distrito e, hoje, abriga milhares de trabalhadores, centro comercial, escola, hospitais, clubes e museus. Tem acesso somente por via fluvial ou aéreo. QUESTÃO MINERÁRIA II Obs.: Recomenda-se buscar notícias sobre a tragédia ocorrida na cidade de Barcarena, quando um vazamento na mineradora norueguesa Hydro Alunorte contaminou o Rio Murucupi com chumbo, arsênio, mercúrio e outros metais pesados. PROJETO CARAJÁS Projeto Grande Carajás • Serra de Cerejas (PA): entre os rios Tocantins e Xingu – concentração inestimável de reserva de minério de ferro, considerada uma 'província mineral'. • Segundo previsões, teremos 500 anos para explorar esses recursos. • Para isso, faz-se necessário a criação de vários outros projetos como base de infraestrutura, dando condições para a viabilização do Grande Projeto. Obs.: é importante lembrar que a mineradora Vale tem um grande porto na região de São Luís, chamado de Ponta da Madeira. Trata-se de um porto adaptado para receber grandes navios, que são utilizados na exportação de minério de ferro. Vale lembrar que o Pará é o estado brasileiro que abriga a maior reserva de minério de ferro do mundo, no entanto, o Estado de Minas Gerais é o principal produtor desse minério no país, visto que possui a maior jazida aberta. O programa Grande Carajás foi criado pela Companhia Vale do Rio Doce durante o governo do presidente João Batista Figueiredo. Estendeu-se por uma região de quase um milhão de quilômetros quadrados na região amazônica cortada pelos rios Xingu, Tocantins e Araguaia, englobando terras do Pará e do Maranhão. Esta região é considerada uma das mais ricas da Terra em quantidade de minério (ferro de alto teor, ouro, estanho, bauxita, manganês, níquel e cobre, além de outros minérios raros). A extensão do projeto exigiu a implantação de uma pesada infraestrutura, o que implicou a construção da hidrelétrica de Tucuruí, da estrada de ferro Carajás e do porto de Ponta da Madeira, em São Luís. O projeto não se limitou à atividade mineradora, e incorporou também iniciativas em agropecuária, supostamente como uma forma de incentivar o desenvolvimento da região e estimular a criação de empregos. QUESTÃO MINERÁRIA Palco dos principais projetos de expansão da Vale, o Pará despontou nos últimos dois anos como maior arrecadador de royalties da mineração Tomou a liderança de Minas Gerais Especialistas consideram que a arrecadação gera um paradoxo É importante para o Estado e para o País, mas pode criar problemas sociais e ambientais caso os recursos sejam mal aplicados. Com maior produção no Sistema Norte da Vale e o preço do minério de ferro em alta, o Pará fechou 2020 com geração de R$3,1 bilhões em royalties do setor Parauapebas (R$1,5 bilhão) e Canaã dos Carajás (R$1,2 bilhão) lideram o ranking de arrecadação da Agência Nacional de Mineração Nessas cidades são realizados novos investimentos pela mineradora. Professora da faculdade de Economia da Universidade Federal do Pará, Maria Amelia Enriquez diz que investimentos são fonte importante de divisas Mas alerta que a injeção expressiva de recursos em pouco tempo preocupa. “Ter pouco dinheiro é preocupante, mas demasiado também, se não houver gestão eficiente dos recursos A mineração provoca fluxos migratórios, mexe com a dinâmica populacional e traz impactos ao meio ambiente”. O avanço da Vale na selva amazônica é acompanhado pelo Judiciário e organizações não governamentais Recentemente, o processo de licenciamento da mina N3 em Parauapebas, foi questionado pelo Ministério Público Federal Em novembro, o mesmo órgão suspendeu outra ação contra a Vale, em troca do compromisso de pagamento de R$26 milhões aos povos Xikrin e Kayapó por impactos da Mineração Onça Puma, de níquel. Segundo Maria Amelia, quanto maior a atividade mineradora, maiora necessidade de o Estado desenvolver políticas públicas em contrapartida. Mas a Lei Kandir desonera de ICMS as exportações do setor Apesar da riqueza mineral, o Pará ocupa a 24 ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, entre 27 unidades federativas do Brasil. Para mitigar impactos, a prefeitura de Canaã dos Carajás criou em 2017 o Fundo Municipal de Desenvolvimento Sustentável, que destina 5% do royalty a investimentos de empreendedores em áreas como agricultura e comércio. Em novembro, o governo paraense aprovou lei para repassar ao menos 20% de recursos dos royalties do Estado para financiar iniciativas de diversificação econômica, desenvolvimento mineral sustentável, científico e tecnológico. Em 2020 a taxa resultaria em R$90 milhões, ou cinco vezes o orçamento da secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Nos últimos anos, o governo do Pará pressiona a Vale a investir no beneficiamento do minério. O diretor de Geologia e Mineração da secretaria estadual de Desenvolvimento, Ronaldo Lima, vê espaço para o crescimento da mineração de pequeno e médio portes Segundo ele, o governo quer modernizar a política minerária, com olhar específico para essas empresas. As informações são do jornal O Estado de S Paulo O setor da mineração tem sido um dos principais motores de crescimento da Região Norte, especialmente no Pará, onde se encontram as duas maiores jazidas da região: a de Oriximiná, que lavra bauxita, com maior parte da produção destinada à exportação; e a de Serra dos Carajás, que aparece como uma das maiores do planeta e produz o minério de ferro mais puro do mundo. Localizada, no sudeste do estado, Carajás concentra, ainda, uma diversidade de minerais, são eles: manganês, cobre, bauxita, ouro, níquel, estanho e outros. Em 2018, 88% das exportações do Pará correspondiam às Indústrias de Mineração e Transformação Mineral. O ferro continua sendo o principal produto exportado pela indústria de mineração do Pará, representando US$9,196 bilhões, seguido por cobre, com US$2,064 Bilhões, manganês, US 276 milhões, bauxita, níquel, caulim, ouro, silício. Até 2024 a indústria mineral pretende investir R$22,013 bilhões no Pará, outros R$18,863 bilhões serão investidos em infraestrutura, transformação mineral e outros negócios, como a produção de biodiesel. Em números, gera 266 mil empregos diretos e indiretos na cadeia produtiva local e responde por 20% do PIB paraense. A mina de manganês da Buritirama, no Pará, será a primeira no país a trabalhar com energia 100% renovável. Para isso, contará com uma unidade de energia fotovoltaica e baterias fornecidas pela gigante tecnológica Tesla Nessa quinta-feira (24), o empresário João Araújo, presidente da mineradora, firmou um acordo com a Micropower, empresa que desenvolve projetos de energia limpa no Brasil e é chefiada por Marco Krapels, ex vice-presidente da Tesla. “Essa mina será a primeira no Brasil e possivelmente no mundo a operar 100% com energia renovável, com geração no local”, disse o CEO da Micropower em entrevista ao jornal Valor Econômico. Em Manaus, filhos de Bolsonaro falam em cassino e integração da Amazônia O evento que marcou a retomada da atividade turística no Amazonas nesta sexta-feira, dia 18 contou com a presença do senador Flávio Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro. Em seus discursos, os filhos 01 e 03 do presidente da República, respectivamente, falaram do interesse de players mundiais em investir em resorts com cassinos no estado e também das ações do governo federal para integrar a nação. A Polícia Federal deflagrou nesta terça feira (23/6) a Operação Mn25, com o objetivo de desarticular grupo criminoso responsável pela usurpação clandestina de manganês com fim de exportação, no estado do Pará. O referido minério é essencial na produção de ligas como o aço e o alumínio, assim como presente na fabricação de pilhas. Policiais federais cumpriram quatro mandados judiciais expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal de Marabá/PA. Os mandados são de busca e apreensão, bloqueio e sequestro de contas e bens móveis e imóveis com restrição de circulação e alienação deles. Os mandados foram cumpridos no Porto de Vila do Conde em Barcarena/PA inclusive em navio e na região de Curionópolis/PA. Com a exaustão estimada da Mina do Azul, da Vale, em um horizonte de 10 anos, o Brasil será pela primeira vez um player menos significante no mercado internacional de manganês. À medida em que as minas de manganês forem entrando em processo de exaustão, a cotação desse bem mineral tenderá a uma valorização que, por sua vez, viabilizará jazimentos de menor porte e com maior custo de produção. Não podemos esperar que surjam no Brasil ativos de classe mundial, a exemplo da Serra do Navio (AP) Morro da Mina (MG) e Azul (PA). O reaproveitamento dos resíduos da Icomi no Amapá (AP), atualmente em disputa judicial, poderá recuperar o manganês remanescente (finos), além de viabilizar a exploração de alguma frente de lavra. A Vale também desenvolve um projeto de recuperação de finos da barragem na Mina do Azul, prolongando seu ciclo produtivo. Novas tecnologias de reaproveitamento de resíduos podem trazer novas frentes de produção de manganês, gerando divisas, emprego e renda local. Vale prevê fim da Mina do Azul, em Parauapebas, até 2025 Já a vida útil do minério de ferro do município ganhou mais 5 anos, com lavra até 2047 porque mineradora passou incluir no cálculo reservas ainda não tocadas, como N1, N2 e N3; entenda. A famosa mina de manganês Azul, na Serra Norte de Carajás, pode estar com seus dias contados em Parauapebas. É que a mineradora multinacional Vale informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dos Estados Unidos, onde mantém operações em bolsa, que a provável exaustão da reserva de manganês vai ocorrer em 2025 quatro décadas depois de sua abertura. Uma das maiores evidências disso é o fato de que Parauapebas, historicamente maior produtor de minério de manganês do país, desde 2017 perdeu o posto para Marabá. No ano passado, a mina do Azul rendeu R 403 42 milhões em produção, enquanto a mina da Buritirama em Marabá, faturou R 575 65 milhões. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu. De acordo com informações declaradas pela Vale no Formulário 20-F, entregue às autoridades financeiras em Washington no último dia 3 a Mina do Azul reduziu sua reserva de manganês de 14 7 milhões de toneladas em 2018 para 13 1 milhões de toneladas. A produção do ano passado, obtida após o beneficiamento e a recuperação, foi de 1 milhão de toneladas Outra que também está prestes a pendurar as chuteiras é a mina de cobre Sossego, em Canaã dos Carajás, que, nos cálculos da Vale, finda a lavra em 2028 Segundo informou a empresa, a reserva de cobre de Sossego é estimada em 109,3 milhões de toneladas com teor médio de 0,67%. É dez vezes menos cobre que a reserva de cobre de Salobo em Marabá, onde a Vale estima existir 1,148 bilhão de toneladas com teor médio de 0,6%. A Vale projeta a exaustão de Salobo para o ano de 2052. O principal produto da Vale no mundo, o minério de ferro, sai das operações industriais da empresa no complexo de Carajás, no Pará. Carajás é termo genérico para discriminar um conjunto de reservas que se distribuem por vários municípios, basicamente pelas serras Norte, dentro de Parauapebas; Sul, dentro de Canaã dos Carajás; e Leste, dentro de Curionópolis. Hoje, é a reserva dentro do município de Canaã que possui maior volume de minério de ferro, com 4 2 bilhões de toneladas, isso apenas nos blocos C e D do corpo S11 Em Parauapebas, a produção de minério de ferro no ano passado totalizou 113,5 milhões de toneladas. É o menor volume desde 2013 quando foram produzidos 104,89 milhões de toneladas, segundo apurou o Blog do Zé Dudu. Em nova rodada de estimativa de vida útil, a Vale dizque o minério existente no subsolo de Parauapebas vai até 2047. Em 2018 a projeção era de até 2042 De um ano para outro, a reserva de minério subiu de 2,02 bilhões de toneladas em 2018 para 2,82 bilhões em 2019 adição de 800 milhões de toneladas. A Vale diz que “as variações nas reservas de minério de ferro de 2018 a 2019 refletem o abatimento resultante da produção para todas as minas” e que essas reservas “foram afetadas positivamente por novas informações e estimativas geológicas”.
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