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Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 MECANISMOS DO PART APRESENTAÇÂO CEFÁLICA FLETIDA: → Em termos gerais, o mecanismo de parto é dividido – didaticamente – em 6 TEMPOS. 1. INSINUAÇÃO: → Definida como a passagem do maior diâmetro da parte apresentada, perpendicular à linha de orientação fetal, pelo estreito superior da bacia materna. → Diâmetro da insinuação: → Apresentação cefálica: Equivale ao diâmetro biparietal. → Apresentação pélvica: Equivale ao diâmetro bitrocantérico. → Normalmente, quando a parte fetal apresentada está insinuada, significa que o ponto de referência ósseo fetal está no nível das espinhas isquiáticas maternas (plano 0 de De Lee ou terceiro plano de Hodge) ou muito próximo dele. → Quando ocorre a insinuação, quer dizer que o estreito superior é adequado para a passagem do feto, mas não permite inferir as características dos estreitos médios e inferiores. OBS: A insinuação nas apresentações CEFÁLICAS FLETIDAS varia conforme o tipo de bacia. → FREQUÊNCIA DE INSINUAÇÕES: → Sutura sagital no diâmetro transverso da bacia → 60% das gestantes. → Sutura sagital no primeiro oblíquo (articulação sacroilíaca direita e eminência íleopectínea esquerda) → 18,5% das gestantes. → Sutura sagital no segundo oblíquo (articulação sacroilíaca esquerda e eminência íleopectínea direita) → 16% das gestantes. → Sutura sagital no diâmetro anteroposterior → 5,5 % das gestantes. OBS: As posições esquerdas são sempre mais presentes (2/3). → MECANISMO DE FLEXÃO CEFÁLICA: → No início, a cabeça fetal mostra-se em atitude indiferente ou semifletida, oferecendo o diâmetro occipitofrontal (12cm). → Quando acontecem as contrações e ocorre uma força que impele o bebê de encontro ao estreito superior. → Dessa maneira, ocorre a substituição por diâmetros menores suboccipitofrontal (10,5cm) e suboccipitobregmático (9,5cm). → Assim, entende-se que o mecanismo de flexão cefálica é resultante da pressão axial do feto. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 → TEORIA DE ZWEIFEL: → Assegura que a articulação da cabeça com a coluna vertebral representa uma alavanca de braços desiguais: de um lado, o occipício (braço menor); do outro, a fronte (braço maior). → Pressionado o fulcro dessa alavanca, pela contração uterina de cima para baixo, e havendo uma contrapressão representada pela resistência da parede pélvica ou do assoalho pélvico, ocorre a FLEXÃO. → TEMPO DA INSINUAÇÃO: → PRIMIGESTAS: Aproximadamente, 15 dias antes do parto. → MULTÍPARAS: Pode ocorrer desde antes do início do trabalho de parto até após a dilatação completa do colo uterino. → ASSINCLITISMO E SINCLITISMO: → A articulação entre a cabeça e a coluna vertebral do feto é bastante móvel. → Assim, o polo cefálico assume tanto movimentos de flexão anteroposterior, como de flexão lateral. → Durante o processo de insinuação, um dos ossos parietais atravessará o estreito superior da pelve ANTES do outro, aproximando a sutura sagital a um dos ossos do eixo anteroposterior da bacia materna (púbis ou sacro). → ASSINCLITISMO POSTERIOR (obliquidade de Litzmann): Quando a sutura sagital se aproxima da pube e o parietal posterior desce até ultrapassar o promontório materno. → ASSINCLITISMO ANTERIOR (obliquidade de Näegele): É quando a sutura sagital está mais próxima ao sacro, logo o parietal anterior está mais baixo. OBS: Durante o trabalho de parto, existe um momento em que o parietal insinuado ultrapassa o ponto de referência da bacia óssea e, com o aumento da área abaixo do estreito superior, é possível mover lateralmente o polo cefálico → 3ª MANOBRA DE LEOPOLD. → SINCLITISMO: É quando a cabeça do bebê se encontra à mesma distância do pubis e do promontório. OBS: Normalmente, a cabeça do bebê encontra-se em assinclitismo posterior ou anterior (primíparas → contrações uterinas que empurram o bebê para frente). → Com a progressão fetal, mudanças sucessivas de assinclitismo posterior a anterior vão facilitando a descida, permitindo à cabeça tomar vantagem nas áreas mais amplas da cavidade pélvica. OBS: Durante o trabalho de parto vaginal, graus moderados de assinclitismo são normais. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 → CAVALGAMENTO DOS OSSOS DO CRÂNIO FETAL: → Esse fenômeno reduz as dimensões do polo cefálico. → Tal evento é mais acentuado nas cabeças com menor grau de ossificação e maior grau de deflexão (com exceção das apresentações de face). → O maciço frontal e o occipital se locam por baixo dos parietais e a borda interna de um dos parietais se sobrepõe à outra. 2. DESCIDA (PROGRESSÃO): → É o momento definido pela passagem do polo cefálico (ou da apresentação fetal em geral) do estreito superior para o estreito inferior da pelve materna. → Ocorre de forma sincrônica com o primeiro tempo (insinuação), o terceiro tempo (rotação interna) ou ambos. → Na prática clínica, utiliza-se o esquema de De Lee, com os planos ditos em centímetros a partir das espinhas isquiática: → MÓVEL: > -3 cm. → AJUSTADA ou FIXADA: -3, -2 ou -1 cm. → INSINUADA: 0 cm. → FORTEMENTE INSINUADA: +1, +2 ou +3 cm. → BAIXA: +4 ou +5 cm (já aflorou na vulva). → CANAL DE PARTO: → É formado pelo útero, canal cervical e canal vaginal. → O canal de parto possui uma curvatura em sua porção mais inferior → Eixo possui forma de “J”. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 → Para atravessar o canal do parto, ocorrem movimentos de flexão (anteroposterior e lateral), rotação e mecanismos de cavalgamento ósseo. OBS: Em PRIMÍPARAS, a descida não pode acontecer até a cervicodilatação se completar, ainda que a insinuação possa ocorrer antes do desencadeamento do trabalho de parto. OBS: Em MULTÍPARAS, a descida começa, geralmente, com a insinuação. → FATORES CONTRIBUINTES PARA A DESCIDA (um ou mais): → Contração uterina, puxos, pressão do líquido amniótico e extensão do ovoide fetal, que se transforma em cilindro. 3. ROTAÇÃO INTERNA: → Seu objetivo é coincidir o diâmetro anteroposterior do polo cefálico com o maior diâmetro da bacia materna. → A depender do estreito em que se encontra a cabeça fetal, os diâmetros com maiores proporções irão variar. → MAIORES DIÂMETROS POR ESTREITOS: → ESTREITO SUPERIOR: Sentido transverso. → ESTREITO MÉDIO: Sentido anteroposterior é maior ou igual ao transverso. → ESTREITO INFERIOR: Sentido anteroposterior. → Durante a descida do feto, ocorre movimento de rotação para locar o polo cefálico sob o púbis → MOVIMENTO DE ASPIRA. OBS: Ao terminar a descida, a linha de orientação (sutura sagital) fica orientada na direção do maior diâmetro do estreito inferior (anteroposterior). → Normalmente, o ponto de referência fetal trazido para a frente, junto ao púbis, devido à rotação. Tal evento recebe o nome de ROTAÇÃO ANTERIOR (ou púbica). → Quando, excepcionalmente, o feto roda para trás, diz-se que ocorreu ROTAÇÃO POSTERIOR (ou sacra). → O tamanho do giro dado pelo bebê irá depender da variedade de posição. OBS: Nas apresentações cefálicas fletidas, o OCCIPÍCIO é o ponto de referência que irá percorrer a distância de um arco de circunferência, necessária para sua locação no subpúbis. → Dessa forma, será observada a rotação, em graus, conforme as seguintes variedades: → 45° nas anteriores (occipitoesquerda anterior e occipitodireita anterior). → 90° nas transversas (occipitoesquerda transversa e occipitodireita transversa). → 135° nas posteriores (occipitoesquerda posterior e occipitodireita posterior). → Durante a rotação, o dorso fetal mantém-se a 45° da linha de orientação cefálica. Por essa razão, observa-se rotação do diâmetro biacromial de 90° nas variedades posteriores e 45° nas transversas. Nas variedades de posição anteriores, não há necessidade de rotação, já que as espáduas se encontram a 45° da sutura sagital.→ A forma da bacia (sobretudo a do estreito inferior), o papel da chanfradura anterior da sínfise púbica (arco subpúbico), a constituição da musculatura do períneo e a contração dos músculos levantadores do ânus, explicam por que a rotação interna direciona o ponto de referência fetal para a frente. A Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 importância da integridade dos músculos perineais pode ser comprovada pela maior incidência de variedades e rotações posteriores em multíparas. → Em aproximadamente 2/3 das mulheres, a rotação interna completa-se no tempo que a cabeça chega ao assoalho pélvico e, em aproximadamente, 1/4 é completada depois (<5%). → FATORES DIFICULTATÓRIOS DA ROTAÇÃO INTERNA: Contrações de baixa intensidade, ausência de flexão cefálica e fetos grandes. 4. DESPRENDIMENTO CEFÁLICO: → Ocorre com a descida final da cabeça fetal em POSIÇÃO OCCIPITOPÚBICA, até que seja possível a locação do suboccipício no subpúbis materno. → Como o polo cefálico está em flexão, é necessário que ocorra movimento de deflexão ou extensão da cabeça para ocorrer exteriorização do maciço frontal. Dessa forma, o diâmetro suboccipitobregmático (9,5 cm) ocupa o diâmetro anteroposterior do estreito inferior e a fronte do feto rechaça o cóccix, aumentando esse diâmetro de 9 para 11 cm, o que se denomina RETROPULSÃO COCCÍGEA. → A região que se fixa ao subpúbis como ponto de apoio para o movimento de expulsão, também chamada hipomóclio, é o suboccipício, que se localiza 7 cm abaixo da fontanela lambdoide. → Por meio de duas forças antagônicas (contração uterina e resistência perineal), o feto é impulsionado para baixo e para fora do canal de parto. → Ao vencer tal resistência, a cabeça fetal desfere movimento abrupto de extensão, externando os diâmetros anteroposteriores do polo cefálico na sequência: → Suboccipitobregmático (9,5 cm), suboccipitofrontal (10,5 cm) e suboccipitomentoniano (9,5 cm). → Ocorre, portanto, a exteriorização do bregma, da fronte, do nariz e do mento do feto, sucessivamente. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 OBS: MECANISMOS NOS CASOS DE ROTAÇÕES POSTERIORES → Nas rotações posteriores, em que o occipício se alinha com o sacro materno, a extensão a ser vencida pelo occipício é a parede posterior da pelve, que mede 10 a 15 cm, muito maior quando comparada à parede anterior (púbis), que mede 4 a 5 cm. → Além disso, o diâmetro cefálico que solicita e comprime a fenda vulvar é o suboccipitofrontal, que mede 10,5 cm. Por esse motivo, o desprendimento cefálico em posição occipitossacra é lento, por vezes necessitando de auxílio instrumental com fórcipe. → Nesses casos, a flexão cefálica acentua-se para que haja desprendimento do occipício com posterior deflexão do polo cefálico na direção do dorso materno, o que resulta no desprendimento do maciço frontofacial. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 5. ROTAÇÃO EXTERNA (MOVIMENTO DE RESTITUIÇÃO): → Leva o occipício a voltar-se para o lado materno que ocupava no interior do canal de parto, ou seja, a posição em que o paciente insinuou é a mesma que ele irá voltar na rotação externa. → A sutura sagital apresenta-se em sentido transversal ao da fenda vulvar ao fim desse tempo. → Nesse momento, as espáduas, que se insinuaram no diâmetro oblíquo oposto ao da cabeça fetal, rodam, trazendo o diâmetro biacromial para o diâmetro anteroposterior do estreito inferior. → Esse movimento que ocorre com os ombros se deve, aparentemente, aos mesmos fatores que determina a rotação interna da cabeça. 6. DESPRENDIMENTO DO OVOIDE CÓRMICO: → Caracteriza-se pela exteriorização das cinturas escapular e pélvica do feto. → CINTURA ESCAPULAR: → Após a rotação das espáduas, o ombro anterior fixa-se no subpúbis, apresentando a inserção braquial do deltoide como ponto de apoio, e desprende-se por movimento de abaixamento. → Desprende-se então o ombro posterior por movimento de elevação e, em seguida, completa- se a expulsão da cintura escapular. → CINTURA PÉLVICA: → Posteriormente ao desprendimento dos ombros, o resto do ovoide é prontamente expelido, não apresentando maior resistência. → Pode-se auxiliá-lo, se necessário, com inflexão lateral (em sentido ventral) e abaixamento e elevação dos quadris anterior e posterior.
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