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Dentro das espécies do gênero Clostridium. Bactéria anaeróbica gram-positiva, formadora de esporos e causa mais comum de paralisia flácida reversível. Outras bactérias dentro do gênero podem produzir a toxina botulínica. É uma doença fatal e rara, podendo mascarar outras doenças – dificulta o diagnóstico. A toxina é detectável na linha de células SMG-C6 de ratos. ETIOLOGIA Clostridium botulinum produz toxina botulínica e causa botulismo. Suas manifestações variam de intoxicação alimentar, infecções de feridas e botulismo infantil. C. botulinum é um bacilo anaeróbico gram- positivo com esporo subterminal Amplamente distribuído como saprófito no solo, estrume animais, vegetais e lama marinha PATOGÊNESE A toxina botulínica é precursora de 150.000 Da, constituída de uma cadeira leve pesada. São identificados os tipos A, B, C1, C2, D, E, F e G, havendo diferenças imunológicas nas toxinas produzidas por elas. *A única não neurotóxica é a C2, que produz uma enterotoxina. As B produzem toxinas intracelulares, que não são secretadas. A toxina pode ser produzida por C.butyricum, C. baratti e C. argentinense – esporos não produzem toxinas e estes só germinam em atmosferas anaeróbicas. Diferente da toxina tetânica: possui proteínas que a protegem durante a passagem pelo trato digestivo desnecessário para a tetânica. Ligação a receptores de ácido siálico e glicoproteínas nos neurorreceptores na superfície de neurônios motores, permanecendo na junção neuromuscular - > porção carboxi-terminal se liga a receptores de ácido siálico e glicoproteínas nas superfícies neuronais. Provocam a inativação de proteínas que regulam a liberação de acetilcolina – bloqueio das sinapses colinérgicas periféricas Os efeitos da toxina passam em 2 a 4 meses, com o aparecimento de novos terminais axônicos. Resultado: paralisia flácida. A recuperação se dá com a regeneração das terminações nervosas. EPIDEMIOLOGIA No Brasil: São 4 as formas de botulismo: • Botulismo clássico/alimentar • Botulismo infantil • Botulismo de ferimento • Botulismo por inalação DOENÇAS CLÍNICAS Pacientes com botulismo ficam enfraquecidos e com tontura 1 a 3 dias após consumo do alimento contaminado. Sinais: visão turva, pupilas fixas e dilatadas, boca seca (efeitos anticolinérgicos da toxina), constipação e dor abdominal. • Não há febre • Desenvolve-se fraqueza descendente bilateral dos músculos periféricos. • Diplopia, disfasia, disartria • Constipação • Doença progressiva: paralisia flácida • Paralisia respiratória • Estado mental fica claro durante a doença – sem alterações ou déficits cognitivos A neurotoxina é ligada irreversivelmente, inibindo a liberação de neurotransmissores excitatórios. A recuperação requer meses e até anos. BOTULISMO INFANTIL Forma mais comum de botulismo Causada por uma neurotoxina in vivo por C. botulinum ao colonizar o trato gastrointestinal de crianças. Em adultos, C. botulinum não consegue sobreviver nos intestinos. Ausência de competição com a microbiota intestinal facilita o quadro. Costuma afetar crianças com menos de 1 ano e os sintomas são inespecíficos (constipação, choro, atraso no crescimento, etc). Doença progressiva, com paralisia flácida e interrupção da respiração pode se manifestar, entretanto a mortalidade é baixa. BOTULISMO DE FERIDA Produção de toxinas em feridas contaminadas. Os sintomas são idênticos ao botulismo alimentar Período de incubação é maior (4 dias ou mais) – sintomas do trato gastrointestinal são mais fracos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Botulismo alimentar é necessário observar atividade da toxina no alimento ou em soro, fezes ou líquido gástrico do paciente – nenhum teste tem sensibilidade superior a 60% Botulismo infantil: detecção da toxina nas fezes ou no soro da criança. Detecção da bactéria nas fezes também é possível – sensibilidade acima de 90% Botulismo de ferida: confirmado pela detecção da toxina no soro ou ferida do paciente ou ainda pelo crescimento em cultura inoculada com amostra da ferida. O isolamento de C.botulinum podem ser otimizado pelo aquecimento da amostra por 10 min a 80 ºC – mata-se todas as células não clostridiais. Cultura da amostra tratada por calor em meio enriquecido permite a germinação dos esporos termorresistentes. Inoculação em camundongos: A demonstração de produção da toxina deve ser feita por bioensaio em camundongos. São comparados animais que recebem o soro do paciente com animais controle. Se os camundongos morrerem, temos um diagnóstico positivo. Preparação de duas alíquotas do isolado, misturando uma alíquota com antitoxina, seguida de inoculação intraperitoneal das misturas em camundongo, a atividade da toxina é confirmada. Amostras de alimentos suspeitos também devem ser testadas. TRATAMENTO, PREVENÇÃO E CONTROLE Pacientes com botulismo precisam de 1. Suporte ventilatório adequado 2. Eliminação do organismo do trato gastrointestinal (utilização de lavagem gástrica e terapia – lavagem gástrica e terapia com metronidazol ou penicilina 3. Administração de antitoxina botulínica trivalente contra toxinas A, B e E p/neutralizar a toxina na corrente sanguínea. 4. Suporte ventilatório – reduz mortalidade. 5. Produção de anticorpos (em níveis protetores) não é observada após a doença – susceptibilidade a infecções múltiplas. Prevenção: destruição dos esporos em alimentos (virtualmente impossível), prevenção da germinação dos esporos ou destruição das toxinas pré-formadas. Botulismo infantil tem sido associado com consumo de mel contaminado -> crianças menores de 1 ano não devem ingerir mel. USOS TERAPÊUTICOS DA TOXINA BOTULÍNICA Pode ser utilizada para tratar condições espasmódicas como estrabismo, blefarospasmo e mioclonia. Discussão de caso: Ptose bipalpebral, miastenia, xerostomia, disartria - indicativo de lesão neurológica. Pupilas midriáticas: ação do simpático Toxina botulínica: bloqueio de sinais colinérgicos periféricos. Hemo e leucograma: não demosntram alterações significativas Líquor - atentar para a análise proteínas, que podem estar presentes no líquor e serem compostas de anticorpo Prova terapêutica com neostigmine: • A neostigmina é um antimiastênico – antídoto dos bloqueadores neuromusculares • É um estimulante muscular colinérgico • Impede a destruição da acetilcolina, facilitando a transmissão do impulso ➔ Não funciona, pois a toxina botulínica bloqueia dos receptores de acetilcolina. Mesmo que a acetilcolina fique mais disponível, não há como captá-la. Ventilação mecânica: necessária para evitar a depressão respiratória. Pneumonia nosocomial – infecção hospitalar. Comum após internações, em até 48h. A utilização de ventilação mecânica predispôs o contágio. São bastonetes gram negativos. Administração de antibiótico: sempre necessária para evitar que as bactérias continuem produzindo toxina (não haverá alterações no leucograma por ser uma ação indireta) Tétano: são neurotoxinas, metaloproteases que tem uma afinidade muito grande por células neuronais – tétanoplasmina e tétanolisina. Alta capacidade hemolítica e provoca danos à membrana de células em geral. • Liberação do GABA e Glicina é bloqueada no tétano No botulismo há 4 toxinas relevantes. Inibem a liberação de acetilcolina nas junções musculares. Fontes: Microbiologia Médica, 7ª ed. Murray
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