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Pesquisa - recurso extraordinário - ofensa reflexa

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Pesquisa: ofensa reflexa à Constituição Federal
Pesquisa feita por: Bárbara Maestro Costa
Data: 21/09/2020
O recurso extraordinário está previsto no art. 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
De acordo com Araken de Assis, “a admissibilidade do recurso extraordinário exige, nos tipos do art. 102, III, a e c, da CF/1988, ofensa direta à Constituição”.[footnoteRef:1] [1: ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos, 2ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 705.] 
No mesmo sentido, pontua Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha que “a contrariedade, nesse caso, deve ser direta e frontal, não cabendo recurso extraordinário, por ofensa indireta ou reflexa, de acordo com a construção jurisprudencial antiga do STF”.[footnoteRef:2] [2: CUNHA, Leonardo Carneiro da; DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, v. 3, 13ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2016, p. 355.] 
O que se depreende disso é que o Supremo Tribunal Federal limita-se a apreciar violação a norma constitucional. Ou seja, o recurso extraordinário apenas será admitido se o julgador não precisar analisar norma infraconstitucional. 
Conforme dispõe Luiz Henrique Cezare:
O atual cenário jurisprudencial do STF, quanto à aplicação da teoria da ofensa reflexa à Constituição, impõe que recursos extraordinários que reclamem violação da coisa julgada, da ampla defesa e do devido processo legal, do contraditório e da legalidade, não merecem ser admitidos por versarem sobre matérias infraconstitucionais.[footnoteRef:3] [3: CEZARE, Luiz Henrique. Ofensa reflexa à Constituição e o redirecionamento dos recursos especial e extraordinário previsto nos arts. 1.032 e 1.033 do NCPC. In: Revista de Processo, v. 255, 2016.] 
No mesmo sentido:
Em outras palavras, se, para demonstrar a contrariedade a dispositivo constitucional, é preciso, antes, demonstrar a ofensa à norma infraconstitucional, então foi essa que se contrariou, e não aquela. Não cabe, portanto, o recurso extraordinário, cabendo, isto sim, o recurso especial para o STJ.[footnoteRef:4] [4: CEZARE, Luiz Henrique. Ofensa reflexa à Constituição e o redirecionamento dos recursos especial e extraordinário previsto nos arts. 1.032 e 1.033 do NCPC. In: Revista de Processo, v. 255, 2016.] 
A teoria da ofensa reflexa, ademais, não tem fundamento em nenhum dispositivo constitucional. Ou seja, a sua definição advém da interpretação feita através da jurisprudência, em especial a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:
Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema relativo à suposta violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido processo legal. Julgamento da causa dependente de prévia análise da adequada aplicação das normas infraconstitucionais. Rejeição da repercussão geral.
(ARE 748371 RG, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 06/06/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-148 DIVULG 31-07-2013 PUBLIC 01-08-2013)
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PRESCRIÇÃO. AUSÊNCIA DE OFENSA AO ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO. AÇÃO RESCISÓRIA.VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. SÚMULA 636/STF. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal afasta o cabimento de recurso extraordinário para o questionamento de alegadas violações à legislação infraconstitucional sem que se discuta o seu sentido à luz da Constituição. Em se tratando especificamente de supostas ofensas ao princípio da legalidade, o que se pode discutir nesta sede, em linha de princípio, é o eventual descumprimento da própria reserva legal, ou seja, da exigência de que determinada matéria seja disciplinada por lei e não por ato secundário. Não é disso que se trata nos autos. A hipótese, portanto, atrai a incidência da súmula 636/STF. 2. O acórdão recorrido está devidamente fundamentado, embora em sentido contrário aos interesses da parte agravante. 3. A solução da controvérsia demanda a reapreciação dos fatos e do material probatório constante dos autos (Súmula 279/STF), o que é inviável nesta fase recursal. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(ARE 887644 AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 23/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-155 DIVULG 06-08-2015 PUBLIC 07-08-2015)
Nas palavras do Ministro Gilmar Mendes quando do julgamento do RE 748.371, a jurisprudência foi adotada nesse sentido para que não se banalize a interposição de recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal:
Se a lei deve ser aferida em face de toda a Constituição, as decisões hão de ter a sua legitimidade verificada em face da Constituição e de toda a ordem jurídica. Se se admitisse que toda decisão contrária ao direito ordinário é uma decisão inconstitucional, ter-se-ia de acolher, igualmente, todo e qualquer recurso constitucional interposto contra decisão judicial ilegal.
Ainda, ressalta Luiz Henrique Cezare:
Parece-nos, realmente, que a aplicação da doutrina da ofensa direta não pode ser automática e cega. Antes, o STF deve verificar o próprio texto constitucional. Nessa linha de raciocínio, o ponto fulcral, segundo pensamos, deveria residir na intensidade da ofensa reflexa, inadmitindo-se aqueles recursos em que se verificasse um baixo grau de intensidade. Em última análise, e sem perder de vista a jurisprudência da Corte, não nos parece exagerado afirmar que a teoria da ofensa direta tem servido convenientemente aos interesses do STF de impedir que o número insuportável de recursos aumente ainda mais. Com os conceitos de ofensa direta e reflexa não estão bem delineados na doutrina ou na jurisprudência, o tribunal serve-se dessa contingência para manejar sua pauta, visualizando ofensa direta e reflexa sem um padrão definido que assegure às partes a necessária previsibilidade.[footnoteRef:5] [5: CEZARE, Luiz Henrique. Ofensa reflexa à Constituição e o redirecionamento dos recursos especial e extraordinário previsto nos arts. 1.032 e 1.033 do NCPC. In: Revista de Processo, v. 255, 2016 apud DANTAS, Bruno. Repercussão geral: perspectivas histórica, dogmática e de direito comparado: questões processuais. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2012. p. 183.] 
Entretanto, dispõe o art. 1.033 do Código Civil:
Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.
Conforme nota-se, o Código de Processo Civil determina que seja remetido o recurso ao Superior Tribunal de Justiça para reexame da matéria suscitada, caso o Supremo Tribunal Federal entenda por existir ofensa reflexa à Constituição, havendo a conversão de recurso extraordinário para recurso especial, utilizando-se da regra do art. 1.032 do mesmo Código.
Nessa mesma lógica, Araken de Assis ensina que:
Ao STF só incumbe o controle das questões constitucionais. As questões federais integram os domínios do recurso especial. Segundo: os tipos do art. 102, III, a e c, se mostram rígidos e não comportam interpretação elástica para incluir a questão federal posta de permeio à aplicação da Constituição. Nesta contingência, o recorrente há que interpor recurso extraordinário e recurso especial. E, por isso mesmo, consistindo a norma federal questionada em mera repetição do texto constitucional, há ofensa direta, e não reflexa.[footnoteRef:6] [6: ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos, 2ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 705.] 
Porém, há de se ressaltar, não se abre a possibilidade de interposição de um novo recurso. O que ocorre é a conversão de um recurso que já foi interposto em outro: o recurso especial. 
Referências bibliográficasASSIS, Araken de. Manual dos Recursos, 2ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.
CEZARE, Luiz Henrique. Ofensa reflexa à Constituição e o redirecionamento dos recursos especial e extraordinário previsto nos arts. 1.032 e 1.033 do NCPC. In: Revista de Processo, v. 255, 2016.
CUNHA, Leonardo Carneiro da; DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, v. 3, 13ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2016.

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