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Ana Victória Ribeiro – M7 
 
Abortamento
DEFINIÇÃO 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define 
aborto como interrupção da gravidez antes das 
22 semanas de gestação ou um feto < 500g ou 
16,5 cm, é importante fixar este conceito para não 
confundir abortamento com situações em que se 
trata de trabalho de parto prematuro extremo, 
por exemplo. 
Vale ressaltar que, no Brasil, o aborto é 
considerado crime salvo em 3 situações 
específicas: quando a gravidez representa risco de 
vida para a gestante, quando a gravidez é 
resultado de um estupro ou quando o feto for 
anencéfalo. Logo, diante de uma situação de 
aborto, é importante que os profissionais de saúde 
tenham uma prática destituída de julgamentos 
arbitrários e rotulações. 
SE LIGA!! É importante ressaltar que, o risco de 
abortamento é maior em mulheres com idade ≥ 35 
anos e, tal risco se eleva se o homem tiver ≥ 40 
anos. 
CLASSIFICAÇÃO 
 Precoce ou tardio 
O abortamento é considerado precoce se ocorre 
até a 12ª semana e tardio se ocorre entre a 13ª e 
20ª semana. 
 Espontâneo ou provocado 
O espontâneo ocorre sem nenhum tipo de 
intervenção externa, podendo ser causado por 
doenças da mãe ou anormalidades do feto. O 
provocado decorre de uma interrupção externa e 
intencional que acarreta na interrupção da 
gestação. Esta representa custos altos para o 
Sistema Único de Saúde em consequência das suas 
complicações, principalmente, quando há 
evolução para aborto infectado, o qual 
explicaremos melhor a seguir. 
 Esporádico ou habitual 
A separação em aborto esporádico e habitual nos 
auxilia na melhor compreensão das etiologias do 
abortamento. Os abortamentos esporádicos têm 
como principal causa as anormalidades 
cromossômicas que chegam a abranger 50-80% 
dos abortamentos esporádicos, sendo as 
aneuploidias aquelas que representam maior 
frequência seguidas das triploidias e tetraploidias. 
Dentre as aneuploidias, a trissomia autossômica 
possui 52% de frequência e 19% de síndrome de 
Turner. Chama-se abortamento habitual aquele 
que ocorre 3 vezes ou mais na mesma gestante, 
neste caso, as principais causas são: 
incompetência istmo cervical e síndrome do 
anticorpo antifosfolípide (SAAF), as quais 
abordaremos a seguir. 
 Seguro ou inseguro 
A OMS costuma designar como seguros aqueles 
realizados por um médico bem treinado, com 
materiais e ambiente adequados representando 
risco menor para a saúde da mulher. E, inseguro é 
aquele aborto realizado sem os recursos médicos 
mínimos e/ou sem pessoa capacitada para realizá-
lo. 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
Ana Victória Ribeiro – M7 
 
Toda gestante com sangramento vaginal no 1º 
trimestre deve ser submetida a exame 
abdominal, exame especular e toque vaginal. 
Com isso, e associada à coleta de uma boa 
anamnese, é possível diagnosticar e classificar a 
mesma dentro de uma das 6 apresentações 
clínicas a seguir. 
Para melhor memorização das apresentações 
clínicas em cada tipo de abortamento, podemos 
separar em dois grupos, sendo o primeiro: ameaça 
de abortamento, completo e retido; o segundo 
grupo: incompleto, infectado e inevitável. A tabela 
a seguir visa resumir os tipos de abortamento e 
suas respectivas apresentações clínicas.
 
 
AMEAÇA DE ABORTAMENTO 
Neste caso, como o próprio nome sugere, trata-se 
de um abortamento em que há chance de 
reversão do quadro por haver ainda perspectivas 
de evolução da gravidez. O sangramento é pouco 
e a dor, quando presente, diz respeito às 
contrações uterinas incapazes de produzir 
modificações cervicais. Ao exame especular pode-
se notar sangramento ativo e na USG transvaginal 
Ana Victória Ribeiro – M7 
 
é possível notar hematoma retroplacentário. A 
conduta é expectante mesmo na presença de 
hematoma e, prescrição de sintomáticos se 
necessário. É importante orientar a paciente a 
evitar relações sexuais em caso de perda 
sanguínea e retornar ao serviço de saúde em caso 
de aumento do sangramento. 
 
ABORTAMENTO COMPLETO 
Consiste no abortamento em que há eliminação 
total do concepto. Os sintomas são redução ou 
parada do sangramento e das cólicas após a 
expulsão do ovo íntegro. No entanto, se o episódio 
aconteceu e o diagnóstico seria dado apenas com 
o relato colhido na anamnese, o ideal é que seja 
solicitado um exame de imagem que possibilite a 
confirmação do diagnóstico. A conduta é 
expectante, devendo haver apenas 
monitoramento da hemorragia. 
 
ABORTAMENTO RETIDO 
Trata-se de um aborto em que o concepto 
permaneceu retido na cavidade uterina sem 
vitalidade. Com isso, há regressão dos sinais 
gravídicos (redução da altura uterina e da 
circunferência abdominal, perda da turgescência 
mamária e dos sinais de presunção de gravidez) e 
perda dos batimentos cardioembrionários (BCE). 
Inicialmente, a conduta é expectante se o mesmo 
ocorre de forma precoce dentro do 1º trimestre, 
pois até 3 semanas após o abortamento o ovo 
costuma ser expulso. No entanto, é possível 
nesses casos proceder com esvaziamento uterino 
por meio da aspiração manual intrauterina 
(AMIU) ou farmacologicamente com uso do 
Misoprostol. Sendo a retenção maior do que 4 
semanas é necessário realizar o coagulograma 
antes de iniciar qualquer terapêutica. No 
abortamento retido tardio (no 2º trimestre ou > 
12 semanas), a melhor conduta é expulsão 
imediata do feto com uso de Misoprostol e, em 
seguida, complementação com curetagem 
uterina. 
ABORTAMENTO INCOMPLETO 
Esta forma clínica é a mais frequente, sendo 
decorrente da expulsão do feto, mas permanência 
da placenta ou restos placentários. O 
sangramento é o principal sintoma, ocorre 
redução uterina em comparação com a idade 
gestacional (IG) e as dores tipo cólica surgem na 
tentativa de expulsão do conteúdo intrauterino. A 
Federação Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), em seu 
Protocolo sobre Aborto de 2018, recomenda que 
a conduta em caso de < 12 semanas seja a 
realização de Misoprostol ou AMIU, se > 12 
semanas orienta a realização da curetagem. Vale 
ressaltar, que a paciente deve ser internada para 
estabilização e realização dos procedimentos 
citados. 
 
Ana Victória Ribeiro – M7 
 
 
ABORTAMENTO INFECTADO 
Esse abortamento resulta da tentativa de esvaziar 
o útero com uso de instrumentos inadequados e 
técnicas inseguras, o que leva a infecções 
polimicrobianas compreendendo microrganismos 
da flora genital e intestinal. Com isso, a anamnese 
tem uma importância ainda maior por ser capaz de 
identificar o episódio causador. O sangramento 
costuma ter odor fétido e os demais sintomas 
variam de acordo com o grau e local de 
acometimento: 
• Endométrio e miométrio: cólicas intermitentes, 
febre 38ºC, dor à mobilização do colo e à palpação 
abdominal. 
• Peritônio pélvico: febre 39ºC, dor mais intensa, 
comprometimento do estado geral, colo aberto 
com saída de conteúdo purulento, sinais de 
peritonite que dificultam inclusive a tentativa de 
mobilização do colo uterino. 
O leucograma apresenta perfil de infecção e, na 
USG em alguns casos nota-se abscesso em fundo 
de saco. O tratamento consiste no uso de 
antibióticos (ATB) e na remoção do foco 
infeccioso. O esquema de ATB que deve ser usado 
é: 
- Ampicilina 500 mg - 1 g, 6/6h ou Penicilina 20−40 
milhões UI/dia 
- Clindamicina 600−900 mg, 6/6h ou Metronidazol 
500 mg−1g 6/6h 
- Gentamicina 1,5 mg/kg/dia, 8/8h 
Em seguida, realiza-se curetagem para remoção 
do foco infeccioso. Porém, se as medidas acima 
não forem suficientes ou se houver suspeita de 
perfuração uterina/ abscesso pélvico/lesão de 
alça, deve-se proceder para laparotomia seguida 
de retirada do foco, inclusive histerectomia se for 
o caso. Recomenda-se profilaxia com antitetânica 
naqueles casos em que para indução do aborto 
foram utilizados instrumentos metálicos ou 
possivelmente suspeitos de levar à infecção com 
tétano. 
ABORTAMENTOINEVITÁVEL 
Clinicamente traduz-se pela dilatação do colo 
permitindo a detecção das membranas ovulares 
ou até mesmo do embrião, logo, apesar de não 
haver ainda expulsão do concepto, é inevitável 
que isto ocorra. Além disso, nota-se sangramento 
importante que chega a comprometer a 
hemodinâmica da paciente. Como o feto ainda 
não foi expulso da cavidade uterina, a conduta é 
com Misoprostol + curetagem. Além disso, é 
importante internar a paciente para estabilização 
e cuidados com a mesma.

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