Buscar

219_marx-karl-o-capital-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Como se vê, a mercadoria ama o dinheiro, mas the course of true
love never does run smooth.162 Tão naturalmente aleatória como a quali-
tativa é a articulação quantitativa do organismo social de produção, que
representa seus membra disjecta163 no sistema da divisão do trabalho.
Nossos possuidores de mercadorias descobrem por isso que a mesma di-
visão de trabalho, que os torna produtores privados independentes, torna
independentes deles mesmos o processo social de produção e suas relações
dentro desse processo, e que a independência recíproca das pessoas se
complementa num sistema de dependência reificada universal.
A divisão do trabalho transforma o produto do trabalho em mer-
cadoria, tornando, com isso, necessária sua transformação em dinheiro.
Ao mesmo tempo, ela torna aleatório o sucesso dessa transubstanciação.
Mas temos de observar aqui o fenômeno em sua pureza, pressupondo
assim seu transcurso normal. Quando, de resto, transcorre de todo,
não sendo, portanto, a mercadoria invendável, realiza-se sempre sua
mudança de forma, ainda que nessa mudança de forma substância —
grandeza de valor — anormalmente possa haver prejuízo ou acréscimo.
A um dos possuidores de mercadoria o ouro substitui sua mer-
cadoria e ao outro a mercadoria substitui seu ouro. O fenômeno evidente
é a mudança de mãos ou de lugar de mercadoria e dinheiro, de 20
varas de linho e 2 libras esterlinas, isto é, seu intercâmbio. Mas por
que coisa se troca a mercadoria? Por sua própria figura geral de valor.
E por que coisa o ouro? Por uma figura particular de seu valor de uso.
Por que o ouro defronta-se com o linho como dinheiro? Porque o seu
preço, 2 libras esterlinas ou sua denominação monetária, já o refere
ao ouro como dinheiro. A alienação de sua forma original de mercadoria
se realiza pela alienação da mercadoria, isto é, no momento em que
seu valor de uso atrai realmente o ouro que em seu preço era apenas
imaginário. A realização do preço ou da forma valor meramente ideal
da mercadoria é, por isso, simultânea e inversamente, a realização do
valor de uso somente ideal do dinheiro; a transformação de mercadoria
em dinheiro é, ao mesmo tempo, transformação de dinheiro em mer-
cadoria. O processo uno é processo bilateral, do pólo do possuidor de
mercadorias, venda, do pólo contrário, do possuidor de dinheiro, compra.
Ou venda é compra, M — D ao mesmo tempo D — M.164 Não conhe-
cemos, até agora, nenhuma outra relação econômica dos homens, além
da de possuidores de mercadorias, uma relação em que eles somente
MARX
231
162 "O curso do verdadeiro amor nunca é suave." SHAKESPEARE. A Midsummer Night’s Dream.
Ato I. Cena I. (N. da Ed. Alemã.)
163 Membros dispersos. (N. dos T.)
164 "Toda venda é compra" (Dr. QUESNAY, “Dialogues sur le Commerce et les Travaux des
Artisans.” In: Physiocrates. Ed. Daire, I Partie, Paris, 1846, p. 170), ou como Quesnay, em
suas Maximes Générales, diz: “Vender é comprar”.*
* Esse citado de Quesnay encontra-se na obra de Dupont de Nemours, “Maximes du Docteur
Quesnay, ou résumé de ses principes d’économie sociale”. In: Physiocrates (...) par Eugène
Daire. Parte Primeira. Paris, 1846. p. 392. (N. da Ed. Alemã.)

Outros materiais