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* Diabetes Mellitus Diabetes Mellitus Prof. Adriana C. Soares de Souza Farmacologia Clínica I * * DIABETES MELLITUS DEFINIÇÃO Grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia, devido a um defeito na secreção de insulina, na sua ação, ou em ambos. A hiperglicemia crônica está associada a longo prazo com dano, disfunção e falência de diversos órgãos, especialmente os olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos. Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes ADA 1997 * * DIABETES MELLITUS SINTOMAS: poliúria, polidpsia, polifagia, emagrecimento, fraqueza, tonturas, vista turva, infecções recorrentes, impotência EPIDEMIOLOGIA: para cada diabético diagnosticado existem 2 cuja condição é desconhecida USA: 50% das amputações de membros 25% casos de insuficiência renal principais causas de cegueira * CONSEQÜÊNCIAS DA FALTA DE INSULINA * * CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DOS TIPOS DE DIABETES I. Diabetes mellitus tipo 1 Mediado por processo imune Idiopático II. Diabetes mellitus tipo 2 III. Outros tipos específicos Doenças do pâncreas exócrino Endocrinopatias Induzido por drogas / produtos químicos Infecções IV. Diabetes mellitus gestacional ADA 1997 WHO 1999 * * PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DM tipo 1 DM tipo 2 5% a 10% dos casos Predomínio em idade < 20 anos Deficiência absoluta de insulina (destruição auto-imune) Indivíduo magro Sintomas: polidipsia, poliúria, polifagia e emagrecimento, progressão rápida História familiar não é importante 90% a 95% dos casos Predomínio em idade > 40 anos Deficiência relativa + resistência à insulina Indivíduo geralmente obeso, sedentário e hipertenso Início insidioso, às vezes assintomático ou por complicações crônicas História familiar é importante * Liberação de insulina ocorre em resposta à elevação da glicemia (saudável) Ambas fases estão ausentes no Diabete Tipo 1, enquanto no Diabete Tipo 2 não ocorre 1ª fase Am J Med, 1981 * * DIABETES MELLITUS TIPO 1 A auto-imunidade, na maioria das vezes, pode ser detectada ao diagnóstico, pela presença de auto-anticorpos (anti-célula b, antiinsulina). Indivíduos sem anticorpos: forma “idiopática” 80% dos casos: antes dos 30 anos de idade; caracteriza-se pela tendência à cetoácidose Segunda doença crônica mais freqüente na infância Menos de 10% dos casos de diabetes * Diabete Melito Tipo 1 a falha das células β em secretar insulina inicia-se na infância Diabete Tipo 1 - Jovem O paciente torna-se dependente da aplicação de insulina ainda criança Falha Células β Comprometimento Células β * * INCIDÊNCIA DE DM TIPO 1 EM ALGUNS PAÍSES Incidência / 100.000 jovens < 15 anos Adaptado de DIAMOND Project Group Diabetes Care 23:1516-26, 2000 Finlândia Suécia Canadá Noruega Reino Unido Nova Zelândia Porto Rico Dinamarca Estados Unidos Portugal Austrália Holanda Espanha Bélgica Itália, Sardenha Itália Alemanha Grécia Áustria Hungria França Bulgária Uruguai Brasil Eslovênia Argentina Rússia Polônia Colômbia Cuba Japão Chile México Paraguai China Peru Venezuela * * DIABETES MELLITUS TIPO 2 Tipo mais comum de DM Distúrbios característicos: secreção deficiente de insulina e/ou resistência insulínica Fatores etiopatogênicos Genéticos Ambientais (obesidade) * Diabete Tipo 2 - Adulto Necessidade de aplicação da insulina depende da fase em que o diagnóstico for realizado * * DEFEITOS METABÓLICOS NO DM TIPO 2 Adaptado de De Fronzo. Diabetes 1988 Hiperglicemia RESISTÊNCIA À INSULINA Captação de glicose diminuída Pâncreas SECREÇÃO DEFICIENTE DE INSULINA Produção hepática de glicose aumentada Fígado Tecido adiposo e muscular * * PATOGÊNESE DO DM TIPO 2 Resistência à insulina Tolerância à Glicose Diminuída Diabetes Predisposição Genética Fatores Ambientais (obesidade) Reserva de célula Deficiência de insulina Compensação Descompensação + Normoglicemia * * PREVALÊNCIA DE DM SEGUNDO A RAZÃO CINTURA-QUADRIL Prevalência (%) Hartz et al, 1984 * * ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DO DM TIPO 2 Distribuição universal Prevalência variável nas populações e grupos étnicos Relacionado à industrialização e ao estilo de vida ocidental Incidência crescente especialmente em países em desenvolvimento * * ESTIMATIVAS E PROJEÇÕES DE DM PERÍODO 1994-2010 McCarty & Zimmet. 1994 Pacientes (milhões) 0 50 100 150 200 250 1994 2000 2010 Tipo 1 Tipo 2 * * COMPLICAÇÕES DO DIABETES MICROANGIOPATIA: AUMENTO DA CONC. DE GLICOSE PRODUTOS DE GLICOLISAÇÃO NA PAREDE DOS VASOS DIFICULTA A SAÍDA DE LDL, ADESÃO DE PLAQUETAS ATEROGÊNESE, DA CIRCULAÇÃO SANGUINEA INFARTO, DERRAME, GANGRENA NEFROPATIA: PRODUTOS DE GLICOLISAÇÃO E MICROANGIOPATIA DESTRUIÇÃO DOS CAPILARES E LESÃO DO GLOMÉRULO INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA RETINOPATIA: MICROANGIOPATIA E SORBITOL (PERIÓCITOS CAPILARES) CAPACIDADE VISUAL ATÉ CEGUEIRA * Ateroma vasos Sintomas são acompanhados de complicações vasculares crônicas Glicosilação de colágeno, laminina, etc Acúmulo colesterol na parede vaso Comprometimento do fluxo sanguíneo * COMPLICAÇÕES DO DIABETES * NEUROPATIA: MICROANGIOPATIA E SORBITOL (CÉLULAS DE SCHWANN) PERDA DE SENSIBILIDADE, IMPOTÊNCIA SEXUAL SUSCEPTIBILIDADE À IFECÇÕES E DIFICULDADE DE CICATRIZAÇÃO: FUNÇÃO LEUCOCITÁRIA E SUPRIMENTO SANGÜINEO ACIDOSE METABÓLICA: LIPÓLISE ÁCIDOS GRAXOS LIVRES + ACETIL CoA CORPOS CETÔNICOS CETONÚRIA E CETONEMIA COMA * Comprometimento do fluxo sanguíneo causado pela aterosclerose secundária ao Diabete Melito Coração Rins Retina Aterosclerose * * Intolerância à Glicose Insuficiência Vascular Periférica Hipertensão Arterial Acidente Vascular Cerebral Doença Coronariana Aneurismas HDL e Triglicérides Obesidade (abdominal) SÍNDROME METABÓLICA RESISTÊNCIA À INSULINA * * DIABETES E MORBIDADE Primeira causa de cegueira adquirida Primeira causa de ingresso a programas de diálise no Primeiro Mundo e entre as 3 causas mais freqüentes na América Latina Importante determinante de amputações de membros inferiores Entre os principais fatores de risco cardiovascular * * CAUSAS DE MORTE NO DM TIPO 2 Panzram G. Diabetologia 1987 * * FATORES DE RISCO PARA DM Investigar a cada 3 anos se: Idade > 45 anos Mais freqüente e precocemente se: Excesso de peso (IMC 27 kg/m2) Antecedente familiar de diabetes Pertencente a grupos étnicos de alto risco Hipertensão arterial ( 140 / 90 mmHg) HDL 35 mg/dl e triglicérides 250 mg/dl Diabetes gestacional pregresso TOTG anormal (valores “pré-diabéticos”) ADA 2001 * * CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ADA 1997 * * TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE Indicações Indivíduos com glicemia de jejum entre 110-125 mg/dl Indivíduos com glicemia normal mas com pelo menos 2 fatores de risco Diabetes gestacional prévio Dispensado se sintomas sugestivos Dieta sem restrições por 3 dias Jejum mínimo de 8-10h na véspera do teste Ingestão de 75g de glicose em ~250 ml de água Tempos: jejum e 2h * * CATEGORIAS DE TOLERÂNCIA À GLICOSE Glicemia (mg/dl) Categoria Jejum Ao acaso 2 h (TOTG) Normal < 110 ---- < 140 Glicemia Jejum 110 e < 126 ---- < 140 Alteradaa Tolerância Diminuídaa 110 e < 126 ---- 140 e < 200 Diabetes 126* 200 > 200* com sintomas TOTG, teste oral da tolerância à glicose a Em conjunto, denominadas Homeostase da Glicose Alterada * necessita confirmação Report of a WHO Consultation Geneve, 1999 * * OBJETIVOS DO TRATAMENTO DO DM Eliminar sinais e sintomas da doença Evitar complicações agudas Melhorar a qualidade de vida Prevenir ou retardar complicações micro-vasculares e neuropáticas - melhora do controle glicêmico e PA Reduzir eventos cardiovasculares - melhora do controle glicêmico, PA e perfil lipídico Reduzir mortalidade * * SUCESSO DO TRATAMENTO DO DIABETES Depende de: Motivação do médico Motivação do paciente Educação do paciente e familiares Acesso a automonitorização, insulina, antidiabéticos orais, etc. * * METAS NO TRATAMENTO DO DM TIPO 2 Sociedade Brasileira de Diabetes 1999 * * RECOMENDAÇÕES DE CONTROLE GLICÊMICO - ADA 2001 - Normal Meta Requer Parâmetros intervenção * Glicemia pré-prandial < 110 90-130 < 90 ou > 150 (mg/dl) * Glicemia ao deitar < 120 110-150 < 110 ou > 180 (mg/dl) HbA1c (4 - 6%) < 6 < 7 > 8 * Glicemia plasmática * * RECOMENDAÇÕES DE PRESSÃO ARTERIAL E LIPOPROTEÍNAS - ADA 2001 - Pressão Arterial (mmHg) Lipoproteínas (mg/dl) Sistólica < 130 Colesterol tot. < 200 Diastólica < 80 LDL-c 100 HDL-c > 45 Homens > 55 Mulheres Triglicérides < 200 Diabetes Care (suppl1) 2001 * * LIÇÕES DO UKPDS UK Prospective Diabetes Study Group. Lancet 1998 UK Prospective Diabetes Study Group. BMJ 1998 Controle intensivo da glicemia diminuiu em 35% as complicações microvasculares para cada redução de 1% na HbA1c Controle mais rígido da pressão arterial foi eficaz em reduzir a incidência de eventos cardiovasculares * Apresenta-se a definição de diabetes mellitus (DM) segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA), proposta em 1997, em vigor. * Estas são algumas das principais complicações crônicas do DM que comprometem gravemente a qualidade de vida. * A ADA, em 1997, propôs uma classificação baseada na etiologia das diferentes formas de DM. Em 1999, a Organização Mundial da Saúde (WHO) acatou a proposta da ADA. O DM tipo 1 – anteriormente denominado “insulino-dependente ou IDDM” – é subclassificado por estes Órgãos em Ia (mediado por processo auto-imune) e Ib (idiopático). O tipo 2 classicamente aparece no adulto e é a forma mais comum de DM. Outros tipos de DM englobam uma série de defeitos genéticos, doenças e síndromes. Finalmente, o DM gestacional é aquele que aparece na gravidez, requerendo reclassificação após o parto. * Os dois principais tipos de DM apresentam características contrastantes que orientam o diagnóstico clínico. Por exemplo: diferentes idades ao diagnóstico; deficiência absoluta de insulina no DM tipo 1 e relativa no tipo 2, associada à resistência à insulina; distintos níveis de IMC, intensidade dos sintomas, modo de descompensação e de herança. * * Focalizando-se no DM tipo 1, o subtipo 1a é de natureza auto-imune, sendo que os auto-anticorpos podem ser detectados ao diagnóstico, desde que esta dosagem esteja disponível. Indivíduos com características clínicas de DM tipo 1 com anticorpos negativos são classificados de subtipo 1b ou forma idiopática. Oitenta por cento dos casos aparecem antes dos 30 anos, mas pode haver DM tipo 1 também em adultos e idosos. A descompensação típica é a cetoacidose diabética. Constitui-se na 2a doença crônica mais freqüente na infância e representa menos de 10% dos casos de DM diagnosticados no mundo. * * Nesta figura observa-se a grande variabilidade na incidência de DM tipo 1 no mundo, em jovens até 15 anos de idade. Fatores genéticos e ambientais devem contribuir para explicar tal variabilidade, embora pouco conhecidos. * O DM tipo 2 é o mais comum nas populações, caracterizado por secreção de insulina diminuída geralmente acompanhada de resistência tecidual à ação deste hormônio. Na sua etiopatogênese participam fatores genéticos e ambientais. * * Esta figura ilustra os principais defeitos metabólicos do DM tipo 2. A hiperglicemia resulta por um lado da secreção deficiente de insulina pelas células beta pancreáticas e, por outro, da resistência à ação insulínica no fígado, tecido adiposo e muscular. No fígado, a resistência à insulina determina aumento na produção hepática de glicose (gliconeogênese); a menor captação de glicose no tecido adiposo e muscular também contribui para hiperglicemia. * Predisposição genética e fatores ambientais participam da patogênese do DM tipo 2, sendo que a primeira determina especialmente a menor capacidade de secretar insulina e fatores - tais como a obesidade – contribuem para deteriorar a sensibilidade tecidual à insulina. Se a resistência à insulina puder ser compensada por uma boa reserva funcional da célula-beta, aumentando compensatoriamente a secreção de insulina, é mantida a situação de normoglicemia. Ao contrário, se a reserva é insuficiente, ocorre descompensação, como manifestação da deficiência de insulina. A situação compensada se mantém por período variável de tempo, podendo evoluir com deficiência de insulina e graus variados de intolerância à glicose. * É importante ressaltar a importância da distribuição da adiposidade corporal para a ocorrência de DM. Observa-se que para diferentes níveis de obesidade, a prevalência de DM é sempre crescente à medida que aumenta a razão cintura-quadril, indicativa de deposição intra-abdominal de gordura. * O DM é de distribuição universal, embora mostre prevalência variável entre as populações e grupos étnicos. Está relacionado à industrialização e estilo de vida ocidental. A incidência está crescendo, particularmente em países em desenvolvimento. * Nestas estimativas e projeções de número de pacientes diabéticos para 2010 observa-se que um impacto muito maior ocorrerá em relação ao DM tipo 2 do que ao tipo 1. * * * A constatação de que o DM tipo 2 freqüentemente vem acompanhado de outras anormalidades interligadas pela resistência à insulina levou à descrição da síndrome metabólica. A dislipidemia, hipertensão arterial, intolerância à glicose e obesidade central elevam consideravelmente o risco cardiovascular destes pacientes. * Estas são algumas das principais complicações crônicas do DM que comprometem gravemente a qualidade de vida. * A principal causa de morte entre pacientes diabéticos é a doença cardiovascular aterosclerótica em diferentes territórios, especialmente cerebral e coronariano. * A ADA recomenda que o rastreamento de DM deve ser feito a cada 3 anos a partir dos 45 anos de idade. Havendo quaisquer dos fatores de risco para a doença aqui enumerados, o intervalo entre o rastreamento deve ser menor. * Os critérios diagnósticos, segundo a ADA, estão explicitados neste slide. Atente-se ao fato de ser um ou outro critério em número de 3. * Para diagnóstico laboratorial de DM recomenda-se o teste oral de tolerância à glicose (TOTG). A dieta dos 3 dias que antecedem o teste é livre; o jejum deve ser de 8-10 horas. O TOTG consta da coleta de sangue em jejum, ingestão de 75g de glicose dissolvida em água. As principais indicações são: - Se a glicemia de jejum estiver entre 110-125 mg/dl - Glicemia normal, mas com pelo menos 2 fatores de risco - Pelo menos 2 fatores de risco - Diabetes gestacional prévio. * São apresentadas categorias de tolerância à glicose segundo critérios da OMS de 1999. Entre o estado normal e o diabético estão as categorias de homeostase alterada (glicemia de jejum entre 126 e 140 mg/dl), que recebem denominações diferentes de acordo com o valor da glicemia de 2 horas pós-sobrecarga. Para o diagnóstico de glicemia de jejum alterada pode ser dispensada a glicemia de 2 horas, mas, se disponível, deve ser <140 mg/dl. Denomina-se tolerância à glicose diminuída quando a glicemia de 2 horas no TOTG estiver entre 140 e 199 mg/dl. * Enumeram-se os principais objetivos do tratamento do DM. * Relacionam-se os fatores necessários para o sucesso do tratamento do DM. * Estão apresentadas as metas do tratamento do DM segundo a SBD (1999), notando-se que não apenas os níveis glicêmicos e hemoglobina estão contemplados mas também parâmetros de adiposidade corporal, perfil lipídico e níveis pressóricos. * As recomendações da ADA para os valores glicêmicos são complementares aos da SBD, uma vez que mostram os valores normais e as metas de glicemias pré-prandiais e ao deitar, além da hemoglobina glicada com base no método lá empregado. * Estes achados do UKPDS - até certo ponto decepcionantes - alertam para a necessidade de uma visão mais global no tratamento do DM tipo 2. De fato, a ADA também faz recomendações quanto aos níveis de pressão arterial e lípides para pacientes diabéticos. * Duas das principais lições do UKPDS são apresentadas.
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