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GASTROENTEROLOGIA ASCITE Julya Pavão ASCITE · Do grego: “Askytes” ou “Ascitis” = tumefação abdominal. · Ascite é um acúmulo anormal de fluido dentro da cavidade abdominal. · Classificação da ascite: · Quanto à distribuição: livre ou localizada (septada). · Quanto ao volume: grande volume (>1500 ml), médio volume (entre 500 ml e 1500 ml), pequeno volume (<500 ml). · Quanto ao grau: grau I (ascite leve), grau II (ascite moderada), grau III (ascite volumosa). · Hipertensão portal (HP): · Base etiopatogênica da ascite; · A hipertensão portal é uma síndrome clínica caracterizada pelo aumento na pressão venosa do sistema portal (>=10mmHg) com formação de vasos colaterais, os quais desviam parte do fluxo sanguíneo porta para a circulação sistêmica. · Fisiopatologia: · Ação local: pressão hidrostática + pressão osmótica · Ação sistêmica: mecanismos vasoativos + endotelial. · Diagnóstico: · Anamnese bem feita (fatores de risco); · Exame físico apropriado: ascite volumosa (fácil reconhecimento) / ascite de volume menor pode passar despercebida. · Existência de ascite duvidosa ao exame físico: requisição de paracentese abdominal e técnicas de imagem. · Semiotécnica: · Objetivos: verificar se existem compressões dos órgãos torácicos e verificar se há presença de edema dos MMII. · Métodos do Exame Físico: · Inspeção: · Forma do abdome – depende de: posição do doente, quantidade de líquido e pressão intra-abdominal e tonicidade da musculatura abdominal. · Tipos: globoso, avental, pendular e em batráquio. · Pele: distendida dependendo do grau de hipertensão intra-abdominal. · Cicatriz umbilical: plana ou protrusa (dedo-de-luva), mais próxima da sínfise pubiana, mais distante do apêndice xifóide, observar presença de hérnia umbilical. · Circulação colateral venosa: presente ou não; tipo porta ou tipo cava inferior ou cava superior. · Palpação: · Parede com tensão aumentada; · Elasticidade diminuída em todo o abdome anterolateral; · Pesquisa de 2 sinais: sinal do Piparote ou sinal da Onda; sinal do rechaço. · Sinal do Piparote positivo: ascite volumosa (acima de 5 L); · Sinal do Piparote negativo: tensão aumentada da parede (não transmite a onda percussora) / quantidade de líquido diminuída. · Sinal do Rechaço identifica a presença de órgão ou tumor sólido flutuando em meio líquido. · Percussão: · Método mais seguro para reconhecimento da ascite. · Quando houver ascite há som maciço ou submaciço. Há contraste com o som timpânico das alças intestinais. · Percussão em diferentes posições: · Decúbito dorsal: líquido nos flancos e fossas ilíacas. Percute-se no sentido epigástrio – flancos – hipogástrio. Gradação do som: timpânico – submaciço – maciço (semicírculos de Skoda). · Percussão ereta: líquido na parte baixa do abdome. · Decúbito lateral: líquido depositado no local sobre o qual o paciente estiver deitado. O som nessa região será maciço. Mudando o decúbito a área de macicez muda (macicez móvel). A macicez móvel é um dos melhores indicadores de ascite. · Ausculta: · Método precário para diagnosticar a ascite; · Sinal do “duplo tom”: semelhante ao sinal do piparote; mão substituída pelo estetoscópio; 1° tom depende do choque da onda líquida na parede; 2° tom depende do afastamento da mesma. · Paracentese abdominal: · Objetivos: · Pesquisar a presença de líquido na cavidade peritoneal, em caso de ascite de pequeno volume. · Obtenção de líquido ascítico para análise laboratorial: citometria, albumina, glicose. · Promover alívio ao paciente devido os sintomas compressivos: paracentese de alívio. · DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA ASCITE · É a complicação mais comum de cirrose; · 60% dos cirróticos desenvolvem ascite em 10 anos e 50% mortalidade em 3 anos; · A Hipertensão Portal é a causa primária; · Associa-se a um prognóstico ruim; · Interfere na qualidade de vida do paciente; · Geralmente precisarão de transplante. · Diagnóstico: história clínica + exame físico + exames complementares (USG, paracentese - diagnóstica ou terapêutica). · Indicações para paracentese: · Ascite de causa mal definida; · Suspeita de PBE: proteína menor que 1g/dL, glicose maior que 50g/dL, polimorfonucleares maiores que 250 células/mm³. · Desconforto respiratório ou abdominal; · Ascites refratárias ou recidivantes. · Contra-indicações para paracentese: · Pacientes com CIVD; · Gestantes; · Visceromegalias e bexigoma; · Obstrução intestinal e aderência cirúrgica; · Infecções cutâneas, hematomas e escaras; · Paciente não cooperativo. · Preparo inicial da paracentese: · Realizado à beira do leito ou local apropriado; · Explicar o procedimento ao paciente; · Mantê-lo em decúbito dorsal com bexiga esvaziada; · Assepsia e anti-sepsia da região definida; · Colocação de campo fenestrado; · Conectar equipo com coletor; · Montar seringa de anestésico (5mL); · Proceder anestesia com lidocaína; · Puncionar a região com seringa de 20 mL (agulha a 45°); · Conectar cateter ao equipo. · Complicações da paracentese: · Disfunção circulatória: hiponatremia, hipotensão, aumento dos níveis plasmáticos de catecolaminas e renina; · Hematoma; · Infecção; · Hemorragias. · Tratamento da ascite não complicada: · Controle do peso e diurese; · Sódio urinário 24h, sódio, potássio, uréia, creatinina, hemograma, INR, proteínas totais/frações; · Evitar drogas nefrotóxicas, inibidores de enzima conversora da angiotensina, antagonista da angiotensina II e contrastes endovenosos. · Tratamento no grau I: · Dieta hipossódica para 80 a 120 mmol de NaCl/dia. · Tratamento no grau II: · Dieta hipossódica (80 a 120 mmol de NaCl/dia); espironolactona 100 mg/dia (aumenta a absorção de sódio estimulando a natriurese); · Reavaliar a resposta a cada 4 a 7 dias; · Analisar o peso e a excreção urinária de sódio 24h; · Pode haver resposta insatisfatória ou efeito colateral. O que fazer? · Acrescentar furosemida 40-160 mg/dia; · Reavaliar resposta a cada 4 a 7 dias; · Analisar o peso e a excreção urinária de sódio 24h. · Tratamento no grau III: · Paracentese; · Infusão intravenosa de albumina (8g/L de líquido retirado se maior que 5L ou insuficiência renal); · Protocolo inicial de dieta e diurético. · Peritonite bacteriana: · Principal complicação infecciosa (aproximadamente 25%); · Alta mortalidade (aproximadamente 20%); · Rotina na investigação da ascite; · Caracterizada por infecção do líquido ascítico; · Transmissão por via hematogênica; · Patogênese: translocação bacteriana. · Diagnóstico clínico da peritonite bacteriana: · Irritação peritoneal: dor à descompressão brusca do abdome; febre e alterações da motilidade; náuseas, vômitos e diarreia. · Sinais de insuficiência hepática como encefalopatia hepática e insuficiência renal. · Atenção para hemorragia digestiva. · Diagnóstico laboratorial da peritonite bacteriana: · Contagem de polimorfonucleares: se maior que 250 mm³ + cultura positiva = peritonite bacteriana; se maior que 250 mm³ + cultura negativa = ascite neutrofílica, não alterando a conduta terapêutica, deve-se realizar hemocultura concomitante; se menor que 250 mm³ + cultura positiva = bacterascite, tratamento somente nos sintomáticos. GASTROENTEROLOGIA ASCITE Julya Pavão ASCITE · Do grego: “ Askytes ” ou “ Ascitis ” = tumefação abdominal. · Ascite é um acúmulo anormal de fluido dentro da cavidade abdominal. · C lassificação da ascite: · Q uanto à distribuição: livre ou localizada (septada). · Quanto ao volume: grande volume (>1500 ml), médio volume (entre 500 ml e 1500 ml), pequeno volume (<500 ml). · Quanto ao grau: grau I (ascite leve), grau II (ascite moderada), grau III (ascite volumosa). · H ipertensão portal (HP ): · Base etiopatogênica da ascite; · A hipertensão portal é uma síndrome clínica caracterizada pelo aumento na pressão venosa do sistema portal (>=10mmHg) com formação de vasos colaterais, os quais desviam parte do fluxo sanguíneo porta para a circulação sistêmica. · Fisiopatologia: · Ação l ocal: pressão hidrostática + p ressão osmótica · Ação sistêmica : mecanismos vasoativos+ endotelial . · Diagnóstico: · Anamnese bem feita (fatores de risco); · Exame físico apropriado: ascite volumosa (fácil reconhecimento) / ascite de volume menor pode passar despercebida. · Existência de ascite duvidosa ao exame físico: requisição de paracentese abdominal e técnicas de imagem. · S emiotécnica: · Objetivos: verificar se existem compressões dos órgãos torácicos e verificar se há presença de edema dos MMII. · M étodos do Exame Físico: · I nspeção : · Forma do abdome – depende de: posição do doente, quantidade de líquido e pressão intra - a bdominal e tonicidade da musculatura abdominal. · Tipos: globoso, avental, pendular e em batráquio. · Pele: distendida dependendo do grau de hipertensão intra - abdominal. · C icatriz umbilical: plana ou protrusa (dedo - de - luva), mais próxima da sínfise pubiana, mais dista nte do apêndice xifóide , observar presença de hérnia umbilical. · Circulação colateral venosa: presente ou não; tipo porta ou tipo cava inferior ou cava superior. · Palpação : · P arede com tensão aumentada; · Elasticidade diminuída em todo o abdome anterolateral ; · P esquisa de 2 sinais: sinal do Piparote ou sinal da Onda; sinal do rechaço. · Sinal do Piparote positivo: ascite volumosa (acima de 5 L); · Sinal do Piparote negativo: tensão aumentada da parede (não transmite a onda percussora ) / quant idade de líquido diminuída. · Sinal do Rechaço identifica a presença de órgão ou tumor sólido flutuando em meio líquido. · Percussão : · M étodo mais seguro para reconhecimento da ascite. · Quando houver ascite há som maciço ou submaciço. Há contraste com o som timpânico das alças intestinais. · Percussão em diferentes posições:
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