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Aluno: Davi de Aguiar Portela (0001418) Medicina – 4º Período APG IV – S06 P02 Gastrite Fisiologia da Digestão Para que ocorra um processamento ótimo do alimento no tubo digestivo, o tempo que ele deverá permanecer no tubo é de suma importância. Fatores neurológicos e hormonais ajudam na mistura e propulsão. FASE CEFÁLICA Essa fase é acionada pelo pensamento a um alimento ou por condições que sugerem a proximidade da ingestão de comida. Quimiorreceptores e mecanorreceptores nas cavidades nasal e oral e na garganta são estimulados pela degustação, mastigação e deglutição. Mastigação Mecânica A maioria dos músculos da mastigação pe inervada pelo par de nervo craniano trigêmeo (V par), sendo o processo de mastigação controlado pelo tronco cerebral. Reflexo mastigatório: a presença de bolo alimentar na boca provoca inibição reflexa dos músculos da mastigação, fazendo com que a mandíbula caia, iniciando o reflexo de estiramento. Mastigação Enzimática É importante para a digestão de todos os alimentos, principalmente para a maioria das frutas e dos vegetais crus, pois as membranas de celulose não digeríveis em torno de suas porções nutritivas devem ser desintegradas para que o alimento posteriormente seja absorvido. Formação da saliva: o Amilase salivar/ ptialina: inicia o processo químico de digestão de carboidratos, mas é dessaturada pelo baixo pH do estomago; o Lipase lingual: hidrolisa os lipídeos e permanece ativa ao longo do trato GI. o IgA: anticorpo ativo contra bactérias e vírus; o Lisozima: capacidade de desestruturar a parede celular bacteriana; o Lactoferrina: proteína ligante ao ferro que pode inibir o crescimento bacteriano; o Proteínas ricas em prolinas: auxiliam na formação do esmalte dos dentes e possuem propriedades antimicrobianas. Deglutição Fase Oral/ Voluntária Ocorre na boca, em que o alimento é voluntariamente comprimido e empurrado pela língua e palato em direção a faringe. Fase Faríngea Os nervos cranianos trigêmeo (V par) e glossofaríngeo (IX par) iniciam uma serie de contrações musculares automáticas da faringe, sendo um ato reflexo e involuntário. Há o relaxamento do esfíncter esofágico superior e o musculo constritor superior contrai, forçando a entrada do alimento ao esôfago e causando o começo do peristaltismo primário. Fase Esofágica Peristaltismo primário: continuação da onda peristáltica iniciada na faringe, se propagando com a ajuda da gravidade; Peristaltismo secundário: caso o primário não seja suficiente, surge as ondas secundarias que involuntariamente fazem o bolo alimentar chegar no estomago. Em condições normais, a pressão do esfíncter esofágico inferior, inervado pelo nervo vago (X par) é maior que a do estômago e este é um fator importante para evitar refluxo do conteúdo gástrico. FASE GÁSTRICA O estômago funciona como reservatório para armazenamento do alimento, em que as contrações peristálticas podem ocorrer de 3 a 5 por minuto, tendo uma duração de 2 a 20 segundos por contração. No estomago, o bolo alimentar é transformado em quimo. O quimo é uma mistura semiliquificada de alimentos com secreções gástricas. No estômago, ocorre o esvaziamento lento, pois deve haver a mistura e a propulsão adequadas dos alimentos. As proteínas são digeridas, principalmente, no estomago, iniciando com a enzima pepsina, que as decompõem em proteases, peptases e grandes polipeptídios – seu pH ótimo é próximo de 2. A pepsina tem a capacidade de dirigir o colágenos, que é muito pouco afetado por outras enzimas Secreções gastrointestinais Por todo o sistema gastrointestinal, há a presença de glândulas que desempenham duas funções básicas: o Produzir muco para lubrificar e proteger a mucosa da parede do sistema digestório; o Secretar líquidos e enzimas que facilitam a digestão e a absorção de nutrientes. As células epiteliais secretoras de muco revestem tod a superfície interna e as depressões gástricas do estomago, funcionando como uma barreira protetora. Outros tipos de células presentes são: o Células parietais: secretam ácido clorídrico (HCl) e fator intrínseco; o Células principais: secretam pepsinogênio, que é convertido em pepsina quando fica exposto ao pH ácido; o Células G: localizadas no antro pilórico, elas secretam a gastrina. Secreção de HCl pelo estômago O dióxido de carbono (CO2) produzido pelo metabolismo aeróbio combina-se com água (H2O), em uma reação catalisada pela anidrase carbônica, e forma ácido carbônico (H2CO3), que se dissocia em H+ e bicarbonato (HCO3-). O íons H+ é secretado com o Cl- no lúmen gástrico, enquanto o HCO3- sai da célula e entra na corrente sanguínea a partir da membrana basolateral. Na membrana celular, o ions H+ é secretado no estomago por meio do transportador H+/K+ ATPase (bomba de prótons). O íons Cl- acompanha o H+ quando entra no estomago por difusão simples através dos canais de Cl- existentes na membrana luminal. Estimulação da secreção de HCl As principais substâncias que estimulam o aumento da secreção de H+ por meio do transportador H+/K+ ATPase (bomba de prótons) são: o Acetilcolina: é liberada pelo nervo vago que inerva o estomago e liga-se aos receptores de Acl (M3) das células parietais; o Gastrina: é secretada pelas células G do antro pilórico e alcança as células parietais por meio da circulação. Esse hormônio liga-se ao receptor de colecistocinina tipo 2 (CCK2) das células parietais; o Histamina: é liberada por células endócrinas especiais existentes na mucosa gástrica (eterocromarfins) e difunde-se as células parietais adjacentes, onde se liga aos receptores de histamina tipo 2 (H2). Gastrite Pode ser definida como a inflamação da mucosa gástrica, existindo diversas causas, em que a maior parte pode ser agrupada sob a designação de gastrite aguda ou crônica. GASTRITE AGUDA É um processo inflamatório agudo da mucosa, sendo de natureza transitória. Essa inflamação pode causar: o Vômitos e náuseas; o Pirose; o Dor abdominal; o Hemorragia; o Ulcerações. Nos casos graves, pode ocorrer a descamação superficial da mucosa, em que a forma erosiva constitui uma importante causa de hemorragia gastrointestinal aguda. A gastrite aguda esta associada, mais comumente, a compostos irritativos locais, tais como: o AINES, principalmente a aspirina; o Álcool; o Toxinas bacterianas (enterotoxinas estafilocócicas); o Uremia; o Tratamento com quimioterápicos para câncer; o Radioterapia do estomago. GASTRITE CRÔNICA Caracteriza-se pela inexistência de erosões visíveis macroscopicamente e pela presença de alterações inflamatórias crônicas que podem desenvolver atrofia do epitélio glandular do estomago. Os principais tipos de gastrite crônica são: o Gastrite por infecção da Helicobacter pylori; o Gastrite autoimune; o Gastrite atrófica multifocal; o Gastropatia química. Gastrite por infecção da H. pylori É a causa mais comum de gastrite crônica, podendo atingir o corpo gástrico ou o antro pilórico. Ela pode causar atrofia e úlcera péptica do estomago, estanho associada ao risco elevado de adenocarcinoma gástrico e proliferação de tecidos linfoides associados a mucosa, podendo se transformar em linfoma. A H. pylori é um bacilo gram-negativo que contém vários flagelos, possibilitando sua movimentação da camada mucosa para a submucosa, e secreta a enzima urease, capaz de catalisar a ureia em amônia e bicarbonato, dois compostos que aumentam o pH estomacal. A H. pylori também produz enzimas e toxinas que tem a capacidade de interferir na proteção local da mucosa gástrica contra o ácido clorídrico, causando inflamação intensa e desencadeando uma reação imune contra o próprio hospedeiro, por meio de interleucinas 6 e 8. Gastrite Autoimune Ela consite em uma forma difusa de inflamaçãogástrica limitada ao corpo e ao fundo gástricos, com pouco ou nenhum acometimento do antro pilórico. Esse tipo de gastrite é causado por autoanticorpos dirigidos contra os componentes das células parietais das glândulas gástricas e contra o fator intrínseco. Por fim, causa uma atrofia nas glândulas e na mucosa do estomago, resultando na supressão da produção de HCl. Nos casos mais graves, a perda do fator intrínseco leva a deficiência da vitamina B12 e a um quadro de anemia perniciosa/ megaloblástica Esta relacionada com o desenvolvimento de úlcera péptica e carcinoma gástrico (2-4%) Gastrite Atrófica Multifocal É um distúrbio de etiologia incerta que acomete o antro pilórico e áreas adjacentes do estomago. A sua semelhança com a gastrite autoimune está na redução da secreção de HCl, porém a acloridria e a anemia perniciosa são incomuns. Gastropatia Química Ela é uma lesão gástrica crônica ocasionada do refluxo alcalino do duodeno, de secreções pancreáticas e de bile no estomago. É mais observada em indivíduos submetidos, a pouco tempo, em cirurgias de gastroduodenostomia ou gastrojejunostomia. Gastrite Nervosa Do sistema nervoso central parte um nervo denominado "vago", que chega a vários órgãos, entre os quais ao estômago. Pode causar uma produção excessiva de gastrina e de ácido clorídrico, em condições de excitação maior por estresse. A vida competitiva, as perdas, as cobranças do mundo moderno, as tensões familiares e financeiras e a constante sensação de insegurança, encontram-se entre os principais fatores de estresse. Referências: 1. GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. 2. OHANA, Jorge Alberto Langbeck. Gastrites (dispepsias): sugestões de como abordar o tema com pacientes fazendo-os entender o problema e buscarem soluções. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 26, p. 344-344, 2013. 3. Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio deJaneiro: Guanabara-Koogan, 2015. 4. RUGGE, Massimo et al. Gastritis: An Update in 2020. Current Treatment Options in Gastroenterology, p. 1-16, 2020.
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