Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Tratamento da Diabetes Mellitus Tipo 1 A Diabetes Mellitus é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta déficit de insulina. Ela pode ser dividida em diabetes do tipo 1, do tipo 2, secundários e a diabetes gestacional. Os critérios diagnósticos compreendem HbA1C > 6,5; Glicemia em jejum >126mg/dL; TOTG 75 >200mg/dL ou glicemia ao acaso >200mg/dl. Se o paciente for sintomático, apenas um exame positivo confirma o diagnóstico, mas se assintomático, 2 exames positivos são necessários para confirmação. O objetivo do tratamento é o controle glicêmico, o tratamento de condições associadas e o rastreio de complicações da diabetes. A Diabetes Mellitus do tipo 1 corresponde a 5-10% dos casos de diabetes. Tipicamente se inicia na infância ou adolescência (pico bimodal, entre 4-6 anos e 10-14 anos), mas também pode se iniciar após os 30 anos de idade (30% - LADA – diabetes autoimune latente do adulto). Ela resulta da destruição de células beta pancreáticas através de processos autoimunes, culminando na deficiência parcial ou total de insulina. Os portadores geralmente apresentam familiares com doenças autoimunes, bem como eles também podem apresenta-las. Possui influência genética, principalmente relacionada aos genes HLA da classe II. Entretanto, a DM1 depende ainda de uma interação ambiental ou infecciosa para se manifestar. A destruição celular é mediada por TNF-a, IFN- gama e IL-1. Quando >80% das células beta são destruídas, há o desenvolvimento de hiperglicemia, sendo o diagnóstico estabelecido. Perguntas Norteadoras 1. Como é a biossíntese, secreção e a estrutura da insulina humana natural? A insulina é sintetizada por células beta das ilhotas pancreáticas. Inicialmente ela é sintetizada na forma de pré-pró-insulina (cadeia simples), que é processada em pró-insulina e, a seguir, em insulina e peptídeo C. Esses compostos são armazenados em vesículas, as quais são exocitadas na presença de glicose. A insulina endógena, apresenta um tempo de meia-vida de 5-6 minutos, enquanto o peptídeo C apresenta de 30 minutos. Este é útil na avaliação da secreção das células beta, bem como para diferenciar hiperinsulinemia endógena da exógena. A secreção da insulina é regulada por vários componentes: nutrientes, hormônios gastrointestinais, hormônios pancreáticos e neurotransmissores autônomos. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Promotores da secreção (secretagogos): glicose (principal), aminoácidos, ácidos graxos e corpos cetônicos. Estimulação de agonistas beta2 adrenérgicos e do nervo vago, intensificam a liberação de insulina. Inibidores da secreção: estimulação de receptores alfa-2 adrenérgicos (qualquer condição que ativa o sistema simpático – hipóxia, hipoglicemia, hipotermia, cirurgia), glucagon e somatostatina Incretinas: hormônios intestinais essenciais que contribuem para tolerância à glicose – secretados proporcionalmente à carga de nutrientes ingeridas e transmitem essa informação às ilhotas (antroalimentação), permitindo resposta da insulina apropriada ao tamanho da alimentação O início da secreção de insulina começa com o transporte de glicose para o interior das células beta-pancreáticas. Isso se dá através de receptores chamados GLUT (1 e 2). Uma vez dentro da célula, a glicose é fosforilada pela glicocinase (GK), resultando na glicose-6-fosfato. Esta, entra na via glicolítica e produz alterações do NADPH e da razão ADP/ATP. Níveis elevados de ATP inibem um canal de K+ sensível ao ATP (KATP), levando à despolarização da membrana celular. Essa despolarização permite a abertura de canais de Ca2+ dependentes de voltagem com aumento do cálcio intracelular, o que resulta na liberação de vesículas com insulina (exocitose). O canal KTAP é formado por duas subunidades: SUR1 e Kir6.2 - locais de ação de fármacos Sulfonilureias e as meglitinidas inibem o SUR1; ATP inibe o Kir6.2→ atuam promovendo a secreção de insulina Diazóxido e ADP-Mg2+ (baixo nível de ATP) ativam o SUR1, logo inibem a secreção de insulina O receptor de insulina é expresso em quase todos os tipos de tecido, mas os considerados críticos para regulação da glicemia, são: fígado, músculo esquelético, tecido adiposo, regiões específicas do encéfalo e ilhotas pancreáticas. A insulina é responsável pelo transporte de glicose para dentro das células. Isso ocorre quando ela se liga ao seu receptor (tirosinocinase), semelhante ao receptor de IGF-1, ativando uma cascata de sinalizações que promovem a translocação do transportador de glicose (GLUT-4 – que está em vesículas intracelulares de células sensíveis à insulina) para a membrana plasmática, facilitando o transporte da glicose a partir da circulação. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Além disso, a insulina também possui um papel anabólico (construtivo) ao armazenar o que “sobra” de glicose no fígado e no músculo, sob a forma de g licogênio (gliconeogênese); promover a lipogênese e a síntese proteica. Ela ainda age sobre a proliferação e diferenciação celular. www.youtube.com/watch?v=OYH1deu7-4E www.youtube.com/watch?v=blkP18iawjE Insuficiência insulínica: Tendência à acidose: como o organismo não consegue mais usar a glicose, os hormônios contrainsulínicos fazem com que haja produção de corpos cetônicos que no plasma se dissociam e liberam H+ Retinopatia, nefropatia, neuropatia: através da glicosilação irreversível de fatores teciduais e plasmáticos, em decorrência do estado hiperglicêmico Complicações macrovasculares: + tendência à aterosclerose a partir do estado hiperglicêmico, uma vez que há disfunção endotelial, com maiores níveis de fibrinogênio plasmático Produção aumentada de urina/desidratação: a reabsorção de glicose pelo túbulo proximal renal é incompleta em estados hiperglicêmicos, o que faz com que haja aumento da pressão osmótica urinária, cursando com perda de água do plasma para a urina – produção aumentada de urina. Consequentemente, há uma desidratação. 2. Monte uma tabela com as características farmacocinéticas das insulinas humanas e análogos de insulina: origem, ação, aparência, início da ação, pico de ação, duração do efeito terapêutico. A insulina é a base do tratamento da DM1 e para muitos casos de DM2. As insulinas podem ser classificadas em: Humanas (idênticas): regular e NPH Análogas: modificações feitas por DNA recombinante, fazendo com que a farmacocinética seja mais semelhante a insulina endógena do paciente – trazem menos hipoglicemia para o paciente, segurança cardiovascular e menor variabilidade glicêmica – o controle é melhor Insulina Origem Ação Aparência Início da ação (h) Pico da ação (h) Duração do efeito Análogos de Ação Ultrarrápida Asparte1, Glulisina2, Lispro3 DNA recombinante Imediatamente antes das refeições Frasco de 10ml/ caneta de 3ml <025 (10-15min) 0,5-1,5 4-51, 4-62, 3-43 Insulina Humana de Ação Rápida http://www.youtube.com/watch?v=OYH1deu7-4E http://www.youtube.com/watch?v=blkP18iawjE Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8FAB – UC22 Insulina Humana de Ação Regular Humana 30-45 minutos antes das refeições – melhor se adm no abdomen Frasco de 10ml/ refil de 3ml 0,5-1 2-3 5-8 Análogos de Ação Longa Detemir4 Glargina5 (100 UI/ml) DNA recombinante Iniciada 1-2x/dia4 Inicia com aplicação 2x/dia antes de dormir5 Frasco de 10ml/refil de 3ml 1-4 Pico de atividade mínimo 20-24 Análogos de Ação Ultra-longa Glargina (300 UI/ml), degludeca6 DNA recombinante Uma vez ao dia6 Caneta 3ml6 26 Não possui6 24-40h Insulina Humana de Ação Intermediária NPH (zinco e protamina) Humana Início com 1x/dia antes de dormir – melhor se adm na coxa Frasco de 10ml/ refil de 3ml 1-4 6-10 10-16 Análogos bifásicos – Ação intermediária + Ultrarrápida - Combinações - 75/25 – lispro protamina + lispro - 70/30 – asparte protamina + asparte7 - 50/50 – lispro protamina + lispro Junto a uma ou + refeição ao dia (15min antes) Refil de 3ml <0,25 (10-15min) 1,5 Até 10-16 Até 24hrs7 Insulina humana bifásica: ação intermediária + rápida 70/30 – NPH + regular Junto a uma ou + refeição ao dia (10- 45min antes) Frasco de 10ml e refil de 3ml 0,5-1 2 picos – 1° em 2-3h e outro várias horas depois 10-16h OBS: Insulina bifásica: impossibilita ajustes mais precisos, aumentando o risco de hipoglicemias. Mas pode ser útil para pacientes com restrições visuais ou motoras, que tenham dificuldade na realização correta e segura da mistura de dois tipos de insulinas com diferentes tempos de ação, para aqueles que rejeitem o esquema de insulinização Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 mais intensivo e para pacientes com DM2 com necessidade de insulinização plena. No mercado brasileiro, existem formulações de pré-mistura com insulinas humanas (NPH e regular, na formulação 70/30) e com análogos de insulina (lispro protamina + lispro, nas formulações 75/25 e 50/50, e asparte protamina + asparte, na formulação 70/30). 3. Quais são os fatores que alteram o início e a duração da ação da insulina? Alguns fatores determinam a taxa de absorção da insulina, como: local de injeção, tipo de insulina, fluxo sanguíneo subcutâneo (massagem, banho quente e exercício – aumentam o fluxo – maior absorção), tabagismo, atividade muscular regional no local da injeção, volume e concentração da insulina injetada e a profundidade da injeção. 4. Quais as vias de administração da insulina? Quais os possíveis esquemas posológicos com insulinas para o tratamento do DM1? Qual é a dose diária média de insulina para o DM tipo 1 recém diagnosticado? A insulina pode ser administrada IV, IM ou SC. Entretanto, a maioria das insulinas é injetada via SC. Há injetores do tipo caneta com as insulinas: regular, lispro, NPH, glargina, protramina-lispro ou protamina asparte-asparte. Além desse, há injetores a jato (sem agulha). A administração IV é reservada aos casos de cetoacidose ou quando as necessidades de insulina podem mudar rapidamente (perioperatório, trabalho de parto, cuidados intensivos). Há bombas de infusão de insulina subcutânea contínua (IISC) que permitem uma infusão basal constante de insulina, fornecendo diferentes taxas de infusão durante o dia e a noite, evitando o fenômeno do amanhecer ( glicemia que ocorre exatamente antes do despertar). As insulinas de ação curta são as únicas que são utilizadas nesse método. São boas para os pacientes resistentes ao tratamento também. Entretanto o custo do equipamento e a manutenção são caros. Os pacientes com DM1 geralmente iniciam o tratamento com doses de 0,3-0,5U/Kg/dia. Em um adulto a dose média é de 0,5-1U/Kg/dia. No início do tratamento, o paciente ainda pode ter uma reserva pancreática de insulina endógena, por isso se inicia em baixas doses ou não se inicia farmacoterapia (“período de lua de mel”) e avalia a resposta do paciente. Na prática, a reposição insulínica é feita com uma insulina basal (para evitar a lipólise e a liberação hepática de glicose no período interalimentar), uma insulina durante as refeições (bolus de refeição) e doses de insulina necessárias para corrigir hiperglicemias pré e pós-prandiais ou no período interalimentar (bolus de correção). Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Os 3 esquemas mais utilizados são: Esquema 1 – duas aplicações: Tipos: insulina nph (ação intermediária) e regular (ação rápida). Dose total: varia de 0,3-1U/Kg/dia - 2/3 da dose total deverá ser feito pela manhã (30-45min antes do café), 1/3 da dose total deverá ser feito pela noite (30-45min antes do jantar). Proporção: na dose da manhã, 70% de NPH e 30% de regular; na dose noturna, 50% de NPH e 50% de regular – mimetizar a Ajuste das doses: devem ser ajustadas a partir da glicemia capilar OBS: apesar de muito utilizado, não deve ser a primeira opção para pctes com DM1, uma vez que períodos podem ficar desprotegidos de insulina, além de existir risco de hipoglicemia se o paciente não se alimentar. Com frequência pode ocorrer os fenômenos do alvorecer e de somogyi Esquema 2 – múltiplas aplicações – esquema basal-bolus Tipos: método + fisiológico. Uma insulina de ação intermediária ou prolongada faz o papel da secreção basal do pâncreas; ao passo que uma rápida/ultrarrápida faz o papel do pico-pósprandial de insulina após as refeições Dose total: 0,3-1U/Kg/dia Ex: o esquema deve ser adaptado a partir de medições de glicemia capilar do pcte e do tempo de ação das insulinas a) Insulina lenta antes do café + insulina rápida/ultrarrápida antes do café, almoço e jantar b) Insulina lenta ou intermediária antes do café e antes do jantar + insulina rápida/ultrarrápida antes do café, almoço e jantar c) Insulina intermediária antes do café e da janta + insulina rápida/ultrarrápida antes do café, almoço e jantar Quanto aplicar de insulina lenta/intermediária ou rápida/ultrarrápida? A dose de insulina lenta deverá corresponder à metade da dose total. A outra metade deverá ser utilizada para a insulina rápida ou ultrarrápida para a aplicação antes das refeições Como saber a melhor dose de insulina rápida/ultrarrápida antes da alimentação? 1. Fazer o cálculo de insulina/carboidrato = (500/dose total de insulina diária) o Ex: a dose total diária de insulina é 20 – então 500/20 = 25 – significa que 1 unidade de insulina é suficiente para 25g de carboidrato Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 2. A partir do valor, calcular a dose necessária para cada uma o Continuação do Ex: 1 un ---- 25g de carbo; se o pcte vai ingerir 50g de carbo, prescrever 2 unidades (25x2) 3. Verificar a glicemia antes da alimentação. Para isso calcula-se o fator de sensibilidade = 1500/dose total de insulina diária. Aí se calcula a dose de correção = glicemia atual – alvo terapêutico. O valor obtido é quantas unidades a mais deverá ser feita o Continuação do ex: supondo que a meta glicêmica seja 100mg/dl, e esteja 175mg/dl, então – o fator de sensibilidade é 150/20 = 75; o fator corretivo é 175-100/75 = 1 unidade a mais 4. Aplicar a dose inicial + corretiva o Continuação do Ex: 2 + 1 = 3 unidades de insulina rápida/ultrarrápida Esquema 3 – infusão contínua/bomba de insulina: consiste em um dispositivo que infunde no SC uma dose basalde insulina lenta diariamente e, além disso, cada vez que o pcte vai comer, esse pode apertar um botão que libera insulina ultrarrápida suficiente para a alimentação. O ponto positivo é que evita múltiplas injeções diárias, o ponto negativo é que é caro e pode levar à infecção subcutânea, devendo o cateter SC ser trocado a cada 3 dias. 5. O que é o fenômeno do alvorecer e o Efeito Somogyi? Como manejar? Fenômeno do alvorecer: ocorre + no esquema 1. Constitui em uma hiperglicemia matinal, devido ao pico circadiano de GH (hormônio contrarregulador) que aumenta a produção de glicose pelo fígado e suprime a atividade da insulina Manejo: como ocorre pela diminuição do efeito do NPH usado antes do jantar, deve-se atrasar a dose de NPH noturna (antes de dormir) Fenômeno de Somogyi: ocorre principalmente no esquema 1. Constitui em uma hiperglicemia de rebote pela manhã, provocada por hormônios contrainsulínicos (glucagon, cortisol, adrenalina, GH) em resposta à hipoglicemia na madrugada, próximo às 3 da manhã. Manejo: uma vez que ocorre pelo efeito aumentado do NPH utilizado antes do jantar, para resolver deve-se diminuir a dose de NPH noturna ou comer alguma coisa antes de dormir ou atrasar a dose de NPH noturna 6. A automonitorização da glicemia capilar (AMGC) é útil na avaliação do controle glicêmico e pode ser realizada em diversos horários do dia pelo próprio paciente. Qual a orientação correta para o paciente em relação a automonitorização? Quais as metas para a glicemia capilar? Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 O controle glicêmico deve ser rigoroso, mantendo os valores mais próximos do normal. As medições com glucosímetro devem ser feitas no mínimo 4 vezes/dia – antes do café, antes do almoço, antes do jantar e antes de dormir. Em pacientes de difícil controle indica-se ainda medidas 1-2h após as refeições. As metas glicêmicas na DM1 são: Em idosos, o valor de HbA1C deve ser <8,5 – evitar hipoglicemia Glicemia capilar 70-130mg/dL Jejum (8 horas sem alimentação) Pré-prandial – antes da alimentação Pós-prandial – depois da alimentação Atualmente existem opções de monitorização contínua da glicemia (CGM) e de monitorização contínua em flash (FGM), que fornecem os valores de glicose intersticial de forma contínua. Elas possibilitam uma noção maior das variações de glicemia e podem facilitar o ajuste terapêutico. 7. Quais as orientações imprescindíveis que devem ser fornecidas aos pacientes para a correta utilização das insulinas em relação a aplicação, armazenamento e transporte? Devemos orientar ao paciente que se trata de um tratamento crônico, que deverá ser feito pela vida inteira, respeitando todos os horários de aplicação sem falta, pois na ausência do tratamento as complicações são desastrosas. Além disso, os valores glicêmicos devem ser monitorados e os esquemas propostos devem ser seguidos. Devemos orientar sobre os sintomas de hipoglicemia e conduta. Armazenamento: as insulinas lacradas devem ser guardadas na geladeira (2-8°C), após abertas podem ser armazenadas tanto em geladeiras como em temperatura ambiente. Se na geladeira, devem ser retiradas desse ambiente ao menos 30min antes da aplicação. Após abertas, duram 30-45 dias. As canetas descartáveis podem ser armazenadas em geladeira ou temperatura ambiente, já as canetas recarregáveis não devem ser guardadas em geladeira. Onde aplicar: Deve ser aplicada SC principalmente nos locais que têm maior tecido subcutâneo – parte posterior dos braços, partes laterais do abdômen, região superior das nádegas, região lateral externa das coxas. Entretanto, se a insulina for aplicada sempre na mesma região, podem surgir caroços/nódulos/depósitos de gordura no local (lipodistrofias). Daí a necessidade de rodízios. Além disso a velocidade de absorção pode mudar de acordo com a região, sendo mais rápida em abdômen>braços>pernas>nádegas. Por isso, usualmente orienta-se a aplicação de preparações rápidas/ultrarrápidas no abdômen e as intermediárias/lentas nos demais locais Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Como aplicar: 1° utiliza-se álcool 70% para a limpeza da tampa da insulina e do local de aplicação; 2° faz-se uma prega cutânea com o indicador e o polegar no local da aplicação; 3° insere-se a agulha no local de aplicação em um ângulo de 90° e empurra-se o êmbolo da seringa; 4° aguarda-se 5s se estiver usando seringa ou 10s em caso de caneta antes de retirar a agulha da pele Com agulha de 4mm precisa fazer prega Se a agulha for maior, não precisa fazer prega Pode misturar insulina? Muitos usuários utilizam a insulina NPH juntamente com rápidas/ultrarrápidas – não tem problema, mas existe uma ordem para a mistura. 1° tem que homogeneizar a NPH, depois aspira ar ambiente até a quantidade desejada de NPH e injeta no frasco; 2° aspira ar ambiente até a quantidade desejada de rápida/ultrarrápida; 3° vira o frasco da rápida/ultrarrápida e aspira lentamente; 4° com a mesma seringa, vira o frasco de NPH e aspira lentamente a quantidade desejada. Jamais se devolve a quantidade aspirada para o frasco, pois estão misturadas. As insulinas lentas não devem ser misturadas com nenhuma outra insulina na mesma seringa, uma vez que altera o pH e compromete sua ação Tem que colocar primeiro a regular e depois a NPH para não contaminar o frasco Transporte: deve ser feito em bolsa térmica ou caixa de isopor. Pode ser transportada em bolsa comum, desde que não seja exposta à luz sonar ou calor excessivo 8. Diversas implicações podem diminuir a adesão ao tratamento na utilização das insulinas. Quais são elas? Devemos levar em consideração, em relação à faixa pediátrica, se há capacidade de iniciar o autocuidado, supervisão e assistência na escola e dinâmica familiar funcional. A idade do paciente influi na adesão: adolescentes frequentemente fogem da rotina alimentar, estando mais predispostos à alternância entre hipo e hiperglicemia graves. Além disso, os efeitos adversos são relevantes, principalmente a hipoglicemia, e aspectos psicossociais. 9. Quais os principais efeitos adversos do uso das insulinas? Como manejar? Como orientar os pacientes em relação aos sintomas. O principal efeito adverso da insulinoterapia é a hipoglicemia (<70mg/dl). Pode ser dividida em níveis: 1. Nível 1: 54-70mg/dl – fome, palidez, fraqueza, tremores, ansiedade, taquicardia, suor intenso 2. Nível 2: <54mg/dl – clinicamente significativa com aparecimento de sintomas neuroglicopênicos – tonturas, visão turva, esquecimento, raciocínio lento, cefaleias, irritabilidade, choro, marcha desorientada, sonolência 3. Nível 3: hipoglicemia severa, associada a declínio cognitivo e/ou físico e necessidade de auxílio de terceiros – discurso confuso, agressividadem inconsciência, convulsões, coma Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 A hipoglicemia grave é mais frequente com o tratamento intensivo. Ela pode afetar a capacidade cognitiva de crianças. O uso de análogos de ação ultrarrápida é superior no controle metabólico e na diminuição dos episódios hipoglicêmicos. O tratamento da hipoglicemia também pode ser feitos commedidas simples, como a ingestão de 15g de carboidratos (1 colher de sopa de açúcar, 1 copo de 150ml de suco de laranja ou refrigerante normal, 1 colher de sopa de mel) – esperar 15min e reavaliar, se não melhorar levar para hospital. Hipoglicemias graves devem ser manejadas com adm SC/IM de glucagon (pode ser feita em casa, mas se o paciente estiver muito mal, levar ao hospital). No hospital pode ser administrada a glicose hipertônica (50%) endovenosa (4-8 ampolas a 50%). Chocolate não adianta, pois tem muita gordura e atrasa a absorção Além da hipoglicemia, outros efeitos adversos podem estar presentes: náuseas, vômitos, edema, lipoatrofia, Lipodistrofia, distúrbios visuais, sudorese nas extremidades e ganho de peso. OBS: uso de corticoides – eles aumentam a produção hepática de glicose. Microdoses ou bombinhas apesar de terem absorção sistêmica não fazem essa alteração. Mas o uso para alergias ou crises agudas de asma ou uso prolongado podem influir no tratamento da diabetes. Se o paciente precisar realmente usar o medicamento, deve- se alterar a dose de insulina. 10. Quais as insulinas/insumos estão disponíveis na Rename 2020? Tem rápida, NPH, análogas entraram – não precisa de prescrição da endócrino, o generalista pode fazer Referências 1. BRUNTON, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 13ª ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, 2019. 2. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. São Paulo: Editora Clannad, 2019 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: Rename 2020 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020.217 p. Tratamento da Diabetes Mellitus Tipo 2 Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Questões Norteadoras 1. Para o manejo correto do tratamento do DM é necessário conhecer as características farmacológicas dos hipoglicemiantes orais que fazem parte do arsenal farmacoterapêutico disponível para o manejo desta patologia. Preencha a tabela abaixo: Os antidiabéticos podem ser agrupados quanto: Aqueles que incrementam a secreção pancreática de insulina: sulfonilureias e glinidas Que reduzem a velocidade de absorção de glicídios: inibidores das alfaglicosidases Que diminuem a produção hepática de glicose: biguanidas Que aumentam a utilização periférica de glicose: glitazonas Aqueles que exercem efeito incretínico mediado pelos hormônios GLP-1: análogos do GLP1. Aqueles que inibem o contratransporte sódio/glicose 2 nos túbulos proximais dos rins: inibidores do SGLT-2 Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Ou ainda podem ser divididos em: Os que aumentam a secreção de insulina (hipoglicemiantes) – sulfonilureias (ação mais prolongada durante o dia) e glinidas (menor tempo de ação, cobrindo principalmente o período pós-prandial) Os que não aumentam a secreção de insulina (anti-hiperglicemiantes) – menor risco de hipoglicemia – inibidores da alfaglicosidase, metformina e pioglitazona Os que aumentam a secreção de insulina de maneira dependente da glicose, além de promover a supressão do glucagon – inibidores do DPP4, análogos fo GLP1 Os que promovem glicosúria (sem relação com a secreção de insulina) – inibidores do SGLT2 Classe Fármacos/ Rename M. de ação Redução esperada da glicemia em jejum mg/dl Redução esperada da HbA1c (%) Principais contraindicações/ efeitos adversos/ orientações ao paciente Biguanidas Metformina 1.000 a 2.550 - Duas a três tomadas/ dia Metformina XR 1.000 a 2.550 - Duas a três tomadas/ dia Inibe a gliconeogênese hepática e reduz o turnover de glicose no baço. Além de diminuir da resistência insulínica nos tecidos periféricos (músculo – aumento da sensibilidade). Ainda age no retardo da absorção intestinal de glicose 60-70 1,5-2% Melhor para reduzir glicada Prós: redução do peso, não aumenta risco de hipoglicemia, barata, diminuição de eventos cardiovasculares, prevenção da DM2, melhora no perfil lipídico, não faz hipoglicemia Contras: Aumento do risco de acidose lática (raro), pode levar a sintomas GI (desconforto abdominal, náuseas, diarreia – liberação prolongada apresenta menos efeitos colaterais), menor absorção da vitamina B12 Contraindicações: insuficiência hepática grave, insuficiência renal (<30), insuficiência cardíaca ou pulmonar e acidose grave. Entre TFG de 30-45 muitos médicos não iniciam com metformina. Início com doses pequenas e aumento de acordo com tolerabilidade do paciente, fórmula de liberação lenta Sulfonilureias Clorpropamida Glibenclamida Glipizida Gliclazida Glimepirida Estímulo à secreção basal de insulina no pâncreas 60-70 1,5-2% Prós: Antidiabético oral de maior eficácia (redução relativamente maior da HbA1c), redução do risco de complicações microvasculares Contras: Maior risco de hipoglicemia (critério de Beers – cuidado com o vozinho), aumento de peso (Clorpropamida). Glicazida – Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 geralmente reservada aos pctes >65 anos (maior segurança). Com o tempo ela vai perdendo efeito (exaustão de células beta) Contraindicações: gravidez, insuficiência renal e/ou hepática graves (TFG<30 ou 45) Inibidores do SGLT- 2 (glifozinas) Dapaglifozina Canaglifozina Empaglifozina TFG<45 não pode usar dapa, só empa Inibem a reabsorção de glicose nos rins através da inibição do canal SGLT-2 (canal de sódio e glicose), presente na região do túbulo proximal do néfron – aumentam glicosúria e natriurese. Diminuem a pressão intraglomerular 30 0,5-0,7% Prós: Perda de peso, melhora da PA, rara hipoglicemia, redução de eventos cardiovasculares e mortalidade em pctes com DCV (empagliflozina – EMPA-REG), benefício das 3 medicações na internação por IC Contras: Medicamentos + caros, SUS não libera para qualquer pessoa. Além disso, aumentam a incidência de vulvovaginites e ITUs (cuidado na mulher – intensificar medidas de higiene), associado à depleção de volume, hipotensão e confusão mental. Além de aumento do LDL-c, aumento transitório da creatinina e cetoacidose diabética Contraindicações: TFG<45 ou depuração de creatinina persistentemente menor ou igual a 60 mL/min – Cockcroft-Gault Análogos do GLP1 Liraglutida 0,6, 1,2 e 1,8 - Uma injeção ao dia sempre no mesmo horário, via SC, independentemente do horário da refeição Já existe liraglutida oral, mas ainda não é comercializada. Exanatida O GLP1 (peptídeo semelhante ao glucagon) é um hormônio secretado por células enteroendócrinas no íleo e cólon. A função dele é aumentar a secreção de insulina pelo pâncreas, diminuir a secreção de glucagon, aumento de células beta- pancreáticas, aumento de sensação de saciedade alimentar 30 0,8-1,2% Prós: Perda de peso, aumento da massa de células beta em modelos animais, redução da PAS, rara hipoglicemia, redução da variabilidade da glicose pós-prandial, redução de eventos cardiovascularese mortalidade em pctes com DCV (liraglutida – LEADER: dulaglutida – REWIND; semaglutida – SUSTAIN-6) Contras: Náuseas, vômitos e raramente pancreatite aguda, hipoglicemia qdo associada a secretagogos, aumento da FC Contraindicações: Insuficiência renal, hepatopatia grave, distúrbio GI grave, hipersensibilidade aos componentes Inibidores da DPP-4 (gliptinas) Linagliptina (pode dar para pcte dialítico, mesmo renal grave) Inibem a DPP-4, responsável por inativar o GLP-1 – logo, mais GLP-1 ficará disponível (ele aumenta a 20 0,5-0,8% Prós: aumento da massa de células beta em modelos animais, segurança e tolerabilidade, efeito neutro no peso corporal, rara hipoglicemia Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Vildapliptina Saxagliptina Alogliptina secreção de insulina pelo pâncreas, diminui a secreção de glucagon, aumenta as células beta- pancreáticas, aumenta a sensação de saciedade alimentar, etc. Têm quase a mesma função que o análogo da GLP-1, mas é menos potente Contras: Diarreia, tontura, cefaleia e nasofaringite, angioedema e urticária, possibilidade de pancreatite aguda. Aumento das internações por IC (saxagliptina e alogliptina) Contraindicações: Hepatopatas, hipersensibilidade aos componentes. Linagliptina – única que não precisa de ajuste qdo IRC Geralmente são usados junto com a metformina Glitazonas (Tiazolidineodionas) Pioglitazona 15 a 45 Uma tomada/dia Leva ao aumento da sensibilidade à insulina em tecidos periféricos 35-65 0,5-1,4% Prós: prevenção da DM2, redistribuição benéfica da gordura corporal, tendência em reduzir triglicerídeos e aumentar HDL, rara hipoglicemia, redução relativamente maior da HbA1c, redução do espessamento médio intimal carotídeo Contras: Aumento de peso, edema, demora para iniciar o efeito, retenção hídrica, anemia, IC e fraturas (diminuição da densidade mineral óssea) Contraindicações: Pctes com ICC grau III/IV, cautela com DCV, hepatopatas graves, gravidez Inibidores da alfaglicosidade Acarbose Inibição de enzimas intestinais que quebram polissacarídeos complexos em monossacarídeos, o que lentifica a absorção intestinal de glicose 20-30 0,5-0,8% Prós: Redução da glicemia pós-prandial, redução da relação LDL/HDL, prevenção da DM2, diminuição de eventos cardiovasculares Contras: meteorismo, flatulência e diarreia, redução discreta da HbA1c Contraindicações: Doença inflamatória intestinal, hepatopata, insuficiência renal, gravidez Não são mais usados, causam diarreia osmótica Metiglinidas Repaglinida Nateglinida Estímulo à secreção de insulina no pâncreas – efeito rápido (T1/2 mais rápido) 20-30 1-1,5% Prós: Controle da glicemia pós-prandial, redução do espessamento médio intimal carotídeo (repaglinida), flexibilidade da dose Contras: Aumento de peso discreto, hipoglicemia Contraindicações: gravidez Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Pranlintida É um análogo da amilida, que é uma substância secretada pelas células beta-pancreáticas concomitante à secreção de insulina. Agem suprimindo a secressão de glucagon após a alimentação, além de diminuir a ingesta alimentar e retardar o esvaziamento gástrico Prós: excelente para pctes que não conseguem controlar a glicemia, mesmo em uso de insulina Contras: Náusea e pode cursar com hipoglicemia – necessidade de reduzir a insulina rápida/ultrarrápida em 50% se fizer o uso 2. Como é o algoritmo do tratamento farmacológico para o paciente DM2? O que precisa ser considerado para a escolha dos medicamentos? A escolha do medicamento antidiabético deve levar em consideração: mecanismos de resistência à insulina (RI), falência progressiva da célula beta, múltiplos transtornos metabólicos (disglicemia, dislipidemia e inflamação vascular) e repercussões micro e macrovasculares que acompanham a história natural do DM2. Idealmente, no tratamento do DM2 é preciso tentar alcançar níveis glicêmicos tão próximos da normalidade quanto viável, minimizando sempre que possível o risco de hipoglicemia. SBD recomenda meta de HbA1c <7%, mas deve-se estabelecer metas individualizadas reduzindo o quanto possível a HbA1c. O objetivo também é manter as glicemias em níveis normais (em jejum < 100 mg/dL e pós-prandial < 140 mg/dL). As recomendações para os pacientes com diagnóstico recente são: Manifestações leves: glicemia <200mg/dl, sintomas leves ou ausentes – recomenda-se MEV + medicamentos que não aumentem a secreção da insulina. Geralmente inicia-se com metformina, se não tolerada, pode-se optar pela fórmula de liberação prolongada ou escolher outra classe. Manifestações moderadas: glicemia de jejum >200mg/dl, mas inferior a 200mg/dl na ausência de critérios para manifestações graves – recomenda-se MEV + metformina associada a outro agente hipoglicemiante. O segundo agente depende do predomínio de RI ou deficiência insulínica/falência beta. Opções de 2° ou 3° medicação: o inibidor da DPP-4, a acarbose, os análogos do GLP-1, a glitazona e os inibidores de SGLT2. No paciente com perda ponderal, poderia ser combinada uma sulfonilureia ou glinidas Manifestações graves: glicemia >300mg/dl e manifestações graves (perda significativa de peso, sintomas graves e/ou cetonuria) – iniciar insulinoterapia imediatamente OBS: quanto mais precoce e mais agressivo o tratamento, menor a presença de complicações micro e macrovasculares. Com o tempo de evolução do DM2, ocorre falência progressiva das células beta – a monoterapia pode falhar→ associação de 2 ou mais medicamentos (preferencialmente de MAs diferentes). Algumas vezes, é preciso acrescentar um terceiro medicamento oral ou insulina basal caso o paciente não esteja na meta de HbA1c. Em qualquer Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 momento, se o paciente apresentar sintomas de insulinopenia (poliúria, polidipsia, perda ponderal significativa), o tratamento com insulina já poderá ser recomendado, devendo ser iniciado com insulina basal de ação intermediária ou prolongada, aplicada por via subcutânea antes do jantar ou de dormir, em associação às demais medicações antidiabéticas orais. Outra opção, nessa fase, é a associação de insulina basal a análogo do GLP-1 em uma mesma caneta (liraglutida/degludeca ou lixisenatida/glargina). Observações: Pctes obesos: se controle inadequado em monoterapia ou combinação oral, associar - exenatida, liraglutida, lixisenatida, dulaglutida ou semaglutida (auxílio na perda de peso). Inibidores de SGLT2 também são uma opção. Pcte com DCV estabelecida: em associação à metformina, recomenda-se o uso de análogos do GLP1 e/ou de inibidores do SGLT2 (são + recomendados se prevalência de IC) DRC diabética: devem usar inibidores de SGLT2 e/ou agonistas do GLP-1 (reduzem a progressão da proteinúria) IC: metformina + iSGLT-2 (DRC) ou liraglutida (pcte obeso) O tratamento é feito em etapas 1. 1° etapa: conforme a glicemia em jejum, iniciar o tratamento Glicemia <200mg/dl: MEV + início com 500mg/dia de metformina, aumentando até 2000mg/dia Glicemia entre 200-300mg/dl: MEV + início com 500mg/dia de metformina, aumentando até 2000mg/dia + associação com outro antidiabético VO Glicemia >300mg/dl ou sintomas graves OU perda de peso significativa OU cetonuria:iniciar com esquema de insulinoterapia 2. 2° etapa: retorno em 1-3 meses com novo exame de HbA1c, e a partir disso, adicionar um segundo medicamento conforme os valores <7%: manter a mesma conduta 7-8%: adicionar um dos seguintes – sulfonilureia, glitazona, inibidor de DPP-4, exenatida (na presença de obesidade ou sobrepeso) ou acarbose ou glinidas (se a hiperglicemia for + pós-prandial) 8-10%: adicionar um dos seguintes - sulfonilureia, glitazona, inibidor de DPP-4, exenatida (na presença de obesidade ou sobrepeso) ou insulina intermediária antes de deitar ou lenta pela manhã Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 >10%: iniciar esquema de insulina basal (lenta ou intermediária) + insulina prandial (rápida ou ultrarrápida). Além da insulina, pode-se usar de forma associada metformina, sulfonilureia ou inibidor da DPP-4 3. 3° etapa: após 2-3 meses, solicita-se novos exames de HbA1c e glicemia em jejum. Caso o paciente ainda não se encontre dentro do alvo terapêutico, opta-se pela adição de um terceiro fármaco com mecanismo de ação distinto, e se mesmo assim não houver melhora, iniciar insulina. Se já estiver em uso de insulina, deve-se melhorar o esquema utilizado 3. Quais os possíveis esquemas de insulinoterapia para pacientes com DM2? Principais indicações do uso de insulina na DM2: Utilização de terapia combinada com medicamentos antidiabéticos sem sucesso Glicemia >300mg/dl Emagrecimento, cetonuria, cetonemia Situações agudas de estresse (cirurgias, infecções, IAM, AVE, etc) Durante o período gestacional (antidiabéticos são contraindicados nesse período) Instituição da insulinoterapia: uma vez que o pcte ainda apresenta uma elevada resistência periférica à insulina, os antidiabéticos geralmente são mantidos. Habitualmente adiciona-se uma insulina intermediária ou lenta, seguindo: 10UI de NPH SC pela noite OU Insulina glargina oi detemir 0,2 UI/Kg/dia pela manhã O paciente, então, deverá monitorar a glicemia capilar pela manhã antes do café da manhã, e caso os níveis estejam acima de 130mg/dl, aumentar a dose em 2U a cada 3 dias. Caso os níveis estejam abaixo de 70mg/dl, reduzir a dose em 10% ou 4U – o que for o maior. Se em 2-3 meses o alvo terapêutico for alcançado (HbA1c <7%), mantem o tratamento. Se vier acima, deve-se checar as glicemias pré-prandiais, adicionando insulina a mais, conforme necessário. Valores glicêmicos elevados antes do almoço: adicionar insulina rápida/ultrarrápida no café da manhã Antes do jantar: adicionar insulina intermediária ou lenta antes do café Ou insulina rápida/ultrarrápida no almoço Durante a hora de dormir: adicionar insulina rápida/ultrarrápida no jantar Nos casos avançados, o paciente não produz mais insulina, devendo usar insulina exógena. O esquema varia de 0,5-2U/Kg/dia para esses pacientes, sendo mantido o antidiabético oral. A dose de insulina lenta ou intermediária deverá corresponder à metade da dose total (Glargina 1x/dia, NPH ou Deltemir 2x/dia). A outra metade deverá ser utilizada para insulina rápida/ultrarrápida para aplicação antes das refeições. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 4. Meu paciente DM2 não usa insulina, preciso monitorar a glicemia capilar? A prática da automonitorização glicêmica no diabetes tipo 2 desempenha um papel de grande importância no conjunto de ações dirigidas ao bom controle do diabetes. A medição contínua permite identificar os níveis atuais de glicose, assim como as tendências futuras de aumento, estabilidade ou queda da glicose. 5. Como é o tratamento de DM2 para as grávidas? ~ Diabetes Prévia ou Pré-Gestacional Primeiro tenta-se MEV (percentual bem grande resolve). Se não resolver→ insulina (basal-bolus) – a cada 15 dias e no 3° trimestre a cada 7. Pode usar metformina, Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Mantém o esquema insulínico prévio com ajustes conforme necessário. Se fazia uso de hipoglicemiantes orais, suspender, exceto metformina, e iniciar esquema de insulina (no 1° trimestre e período pós-parto deve-se diminuir a dose de insulina; no 2° e 3° trimestre deve aumentar a dose). Dose de 0,3-0,5U/Kg/dia (pode ser 2/3 pela manhã e 1/3 pela noite) DMG e SM diagnosticada na Gestação Insulina: é o fármaco de escolha, pois não atravessa a placenta e provê controle glicêmico melhor e mais previsível; utiliza-se para os diabetes tipo 1 ou 2. A dose inicial de insulina é de 0,5 U/kg, com ajustes individualizados para cada caso. Em geral, associam-se insulinas humanas de ações intermediária e rápida. Os análogos de insulina asparte e lispro têm vantagens sobre a insulina regular, promovendo melhor controle dos níveis de glicemia pós-prandiais com menor ocorrência de hipoglicemias. Existem situações nas quais o uso de metformina poderia ser considerado: falta de adesão da paciente ao uso de insulina: não acessibilidade à insulina; dificuldade na autoadministração de insulina; estresse para a paciente em níveis exacerbados decorrentes uso de insulina e que determina restrição alimentar não corrigida mesmo após orientação adequada; necessidade de altas doses diárias de insulina (>100 UI) sem resposta adequada no controle glicêmico e ganho de peso excessivo em uso de insulina. Antidiabéticos orais: Seguros: metformina (B – evidência de ser seguro a partir do 2° trimestre) Contraindicados: glibenclamida (aumento do risco de hipoglicemia neonatal, maior ganho de peso materno e neonatal e macrossomia). Outros agentes não foram muito estudados e são contraindicados. Parto: no parto programado, a gestante deve permanecer em jejum, devendo-se suspender a insulina NPH e infundir uma solução de glicose a 5 ou 10% intravenosamente, com controle do horário da glicemia capilar; se necessário, deve-se administrar infusão contínua de insulina regular intravenosa com baixas doses (uma a duas unidades/hora) ou insulina regular, lispro ou asparte subcutânea, conforme as glicemias capilares Quando o parto for de início espontâneo e já se tiver administrado a insulina diária, recomenda-se manutenção de um acesso venoso com infusão contínua de solução de glicose, além do monitoramento da glicemia capilar a cada hora Durante o trabalho de parto, manter glicemia entre 70 e 120 mg/dL Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Pós-parto: 6. Quais são as medidas não-farmacológicas para o diabetes tipo 2? Dieta (como os pctes geralmente apresentam sobrepeso/obesidade, há necessidade de abordagem nutricional objetivando um IMC entre 20-15Kg/m2) Exercícios físicos (devem ser feitos de forma regular – exercícios aeróbicos p/ 30min diários, no mínimo 5x/semana; além disso alongamento e exercícios isométricos – melhora da massa magra) Evitar consumo de álcool 7. Quais as principais classes terapêuticas/ medicamentos com potencial hiperglicemiante? A diabetes é a causa mais frequente de hiperglicemia crónica.A hiperglicemia aguda pode observar-se em situações como pancreatite aguda, desabituação alcoólica ou alimentação parenteral, entre outras. Em ocasiões, a gravidez expõe a uma diabetes gestacional. A hiperglicemia moderada é assintomática. Quando é importante - superior a 2 g/l - manifesta-se com sede e urina abundante. Por vezes pode associar-se a sinais de carência de insulina, como cetonúria e emagrecimento. Os medicamentos podem ser causa de hiperglicemia. Alguns podem causar hiperglicemia transitória em não diabéticos, outros estão associados ao desenvolvimento de diabetes ou podem descompensar uma diabetes existente. Usualmente os medicamentos causam hiperglicemia leve, mas pode ser importante, incluindo cetoacidose diabética. Exemplos: corticosteroides, antipsicóticos (+ atípicos), estatinas (+ as de maior potência e em doses elevadas – rosuvastatina, sinvastatina, atorvatatina), antivirais (inibidores da protease/transcriptase-reversa), hormônios e análogos (contraceptivos orais com altas doses de estrogênio – megestrol, danazol; análogos da somatostatina), antineoplásicos e imunomoduladores (ciclosporina, inibidores da tirosina cinase, imatinibe, nilotinibe), levotroxina, agonistas beta-adrenérgicos, ácido nicotínico. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Outros: anti-histamínicos fenotiazínicos (acepromazina, alimemazina, mequitazina, prometazina), anti-inflamatórios não esteroides como a indometacina, antiepiléticos (fenitoína, em doses altas, ou gabapentina), opiáceos, febuxostate, raloxifeno, glucosamina, calcitonina, vareniciclina, duloxetina, tolvaptano, epoprostenol, aprepitant e atosibano Hipo/Hipertireoidismo e Obesidade Cenários Clínicos Cenário 1 Janete, 46 anos apresenta-se no consultório devido à fadiga. Ela sente-se vagarosa há meses e acha que pode estar anêmica. Começou a tomar comprimidos de ferro, mas não está se sentindo melhor. Tem dormido bem e não se sente deprimida. Percebeu certo afinamento dos cabelos e sente como se sua pele estivesse seca. Fumou um maço de cigarros por dia durante cerca de 20 anos, bebe álcool ocasionalmente e não faz exercícios. Sua mãe toma algum tipo de pílula para tireoide e tem diabetes. Ao exame, a pressão arterial e o pulso estão normais. Seu cabelo está fino, mas não há regiões focais de alopecia ou cicatrizes do couro cabeludo. Sua pele é difusamente seca. Sua glândula tireoide é difusamente aumentada à palpação, é indolor e não tem nódulos. O restante de seu exame é normal. Os exames laboratoriais apresentam hemograma completo, glicose e eletrólitos normais. O nível do hormônio estimulante da tireoide (TSH) é elevado, e o nível de T4 é reduzido. Você a diagnostica com hipotireoidismo e inicia um tratamento com levotiroxina sódica oral. Pergunta-se: 1. Levotiroxina sódica (LT4), cite: mecanismo de ação, farmacocinética e principais efeitos colaterais. A tiroxina (L-T4, levotiroxina sódica) constitui o hormônio de escolha para a terapia de reposição com hormônios tireoidianos, em virtude de sua potência uniforme e da duração de ação prolongada. É um isômero de T4. A levotiroxina sódica (L-T3) está disponível em comprimidos e na forma de pó liofilizado para injeção. Mecanismo de ação: A levotiroxina atua da mesma forma que a tiroxina endógena que é convertida no fígado e nos rins em T3, o seu metabólito ativo. Os hormônios aumentam sua solubilidade ao se complexar com a globulina de ligação à tiroxina (TBG) e à transtirretina. Essa terapia depende das desiodinases dos tipos 1 e 2 para converter a T4 em T3, a fim de manter um nível sérico constante de T3 livre. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Farmacocinética: A absorção da tiroxina ocorre no estômago e no intestino delgado e é incompleta (~80% da dose são absorvidos). A absorção aumenta ligeiramente quando o hormônio é tomado com o estômago vazio e está associada a menor variabilidade do TSH quando ingerido regularmente dessa maneira. A T4 sérica atinge o seu nível máximo 2-4 h após administração oral, com t1/2 plasmática de ~7 dias Efeitos colaterais: Os principais efeitos adversos correlacionam-se a um excesso de hormônio: o paciente apresenta sinais e sintomas de tireotoxicose, como taquicardia, palpitações, arritmias, elevação da pressão arterial e osteoporose. Objetivo do tratamento: normalizar os níveis séricos de TSH (no hipotireoidismo primário) ou de T4 livre (no hipotireoidismo secundário ou terciário) e, em aliviar os sintomas do hipotireoidismo. Obs: Em situações nas quais os pacientes não podem tomar a sua medicação oral, ou quando existe algum problema na absorção intestinal, a levotiroxina pode ser administrada por via intravenosa, 1 vez/dia, em uma dose de ~ 80% da necessidade oral diária do paciente. 2. Quais os fatores/medicamentos influenciam a terapia com LT4? A levotiroxina é mais bem absorvida à noite, momento em que seria necessária uma dose menor do hormônio. No entanto, a administração noturna de levotiroxina pode causar insônia grave, devido ao pico plasmático que ocorre logo após sua administração. Sendo assim, costuma-se prescrever o medicamento pela manhã e em jejum (para reduzir a ligação às proteínas alimentares). O ideal é que ela seja ingerida uma hora antes do café ou, quando isso não for possível, duas horas após a alimentação. Recomenda-se, ainda, caso o paciente faça uso concomitante de outros princípios ativos e/ou vitaminas, que estes sejam ingeridos respeitando-se o intervalo de pelo menos quatro horas após a ingestão da L-T4 Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Amiodarona: é um antiarrítmico (usada p/ pctes com FA) – 35-40% da amiodarona é iodo, então na maioria das vezes essa quantidade de iodo é 100x mais da quantidade da dose que o corpo precisa – nos pctes que usam esse TSH estará alterado. Há uma adaptação do corpo, até que o pcte fique eutireoideano, mas cerca de 25% desenvolve tireoidismo hiposubclínico e 5% clínico (Weissco...). muito raramente o pcte desenvolve um hipertireoidismo. 3. A marca do laboratório é importante no momento da prescrição da Levotiroxina? Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Sim, pois apesar da L-T4 possuir vários nomes comerciais, é fundamental o seguimento farmacoterapêutico sempre com a mesma apresentação. A lei atual permite desvios de até 20% do esperado. Sendo assim, em fármacos como a levotiroxina a troca de laboratório pode prejudicar um paciente previamente estável, uma vez que alterações mínimas na dosagem de T4 já são “notadas” pelo organismo. A recomendação é que não faça a troca de laboratório uma vez que o paciente está estável e mantendo os níveis adequados. Principalmente pacientes de risco como idosos e gestantes. 4. Pacientepoderia utilizar T3 ao invés de T4? Não poderia, pois devemos lembrar que T3 é a forma metabolicamente mais ativa do hormônio tireoidiano; A maior parte do hormônio tireoidiano no organismo encontra-se na forma de T4, embora a T4 tenha uma atividade mais baixa e seja finalmente metabolizada a T3. A disponibilidade de um grande reservatório de “pró-fármaco” tireoidiano (T4) no plasma pode ser importante, talvez como tampão efetivo para normalizar o metabolismo em uma ampla variedade de condições. Vale ressaltar ainda, que a meia-vida da T4 é de 7 dias, em comparação com a meia-vida de 1 dia da T3 (com maior chance de resultar em concentrações inadequadas do hormônio no sangue). A meia-vida prolongada da T4 permite ao paciente tomar apenas uma pílula de reposição de hormônio tireoidiano por dia. Por fim, a monoterapia com levotiroxina simula mais rigorosamente a fisiologia normal e é geralmente preferida. 5. Como faz o cálculo de dose da LT4 para o início do tratamento? Pacientes idosos/portadores de doença coronariana têm diferença em relação a dosagem do fármaco? Se Janete engravidar a dose do medicamento seria a mesma? Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 • A dose de reposição diária média de levotiroxina sódica para adultos é de 1,7 μg/kg de peso corporal. • Em idosos, esse valor vai de 1,0 a 1,5 μg/kg. Em indivíduos com > 60 anos de idade e naqueles com cardiopatia diagnosticada ou suspeita ou com áreas de função autônoma da tireoide, é apropriado instituir a terapia com uma dose diária mais baixa de levotiroxina sódica (12,5-50 μg por dia). A dose pode ser aumentada em uma taxa de 25 μg por dia, a cada 6-8 semanas, até obter a normalização do TSH. • Na gestação, Devido a concentração sérica elevada de TBG induzida pelo estrogênio, à expressão da desiodinase tipo 3 pela placenta e à pequena quantidade de transferência transplacentária de L-T4 da mãe para o feto, é frequentemente necessário administrar uma dose mais alta de L-T4 a pacientes grávidas. • O hipotireoidismo manifesto durante a gravidez está associado a sofrimento fetal, a um comprometimento do desenvolvimento psiconeural da criança e a um leve comprometimento do desenvolvimento psicomotor nas crianças e parto prematuro. ] As mulheres devem aumentar a dose de levotiroxina em aproximadamente 30% tão logo seja confirmada a gravidez. A maioria determina os níveis séricos de TSH no primeiro trimestre e, em seguida, ajusta a dose de tiroxina com base nesse resultado. Os ajustes subsequentes da dose, baseados nos níveis séricos de TSH, que são determinados em 4-6 semanas após cada ajuste, devem fazer com que o TSH fique situado na parte mais baixa da faixa de referência 6. Após o início do tratamento, quanto tempo depois a paciente terá que ser avaliada? O TSH deve ser dosado entre 4-6 semanas após início ou mudança na dose de levotiroxina, com ajuste da posologia caso necessário (manter TSH dentro da faixa normal: 0,5- 5,0 mU/L). Quando o paciente está tomando uma dose estável de levotiroxina, a monitoração dos níveis de TSH geralmente pode ser efetuada a cada 6 meses a um ano. No caso de gestantes, as diretrizes clínicas recomendam o acompanhamento mensal dos níveis de TSH, pois as doses de L-T4 podem necessitar de ajustes logo na primeira metade da gravidez Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 7. Se Janete tivesse diagnóstico de úlcera e osteoporose e tivesse que utilizar omeprazol e alendronato de sódio. Como seria a administração destes medicamentos junto com a levotiroxina? Como você faria a orientação? 1° levo, 30 min depois alendronato, 30 min depois omeprazol (diminui pH e pode reduzir a concentração plasmática dos outros 2 fármacos). Não tem interação entre alendronato e levo, então pode fazer os 2 juntos tb e depois de 30min o omprazol (outra opção) Omeprazol: inibidor da bomba de próton Alendronato de sódio: inibidor específico da reabsorção óssea, pertence a classe dos bifosfonatos. Cenário Clínico 2 Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Rose, 29 anos, casada, professora, residente em Curitiba. Procurou Unidade de Saúde referindo insônia há cerca de 3 meses associada a palpitações e dispneia a esforços antes habituais. Relata ainda perda de peso involuntária no último mês apesar do aumento de apetite, além de nervosismo e incapacidade de concentração. Nega uso de medicações diárias. Nega presença de comorbidades cardíacas, respiratórias e endócrinas. Relata história familiar de distúrbios tireoidianos. Ao exame físico: ✓ Bom estado geral, lúcida e orientada em tempo e espaço, acianótica, anictérica, hidratada, afebril (36,5°C), normotensa (120X60 mmHg). ✓ Pele e mucosas normocoradas. À palpação: pele quente e úmida. ✓ Sistema respiratório: tórax atípico. Ritmo respiratório eupneico (17 irpm), ausência de tiragens e retrações. Expansibilidade torácica completamente preservada e frêmito toracovocal presente em toda parede torácica. À percussão: som claro pulmonar. À ausculta: murmúrio vesicular fisiológico. ✓ Sistema cardiovascular: à ausculta: bulhas cardíacas normofonéticas em 3T, sem sopros com ritmo irregular e FC: 106 bpm. ✓ Tireoide: consistência fibroelástica, ausência de nódulos, forma e volume aumentados em 2x devido a presença de bócio difuso e simétrico. Ausculta com presença de sopros e frêmitos. Exame dos olhos: protrusão ocular (exoftalmia). Exames complementares: ✓ Guiado pela suspeita de hipertireoidismo, foram solicitados dosagens séricas de TSH, T4 livre, T3 e TRAb. ✓ TSH: inferior a 0,04mUI/L (normal: 0,5-5,0 mUI/L); T4 livre: 3,6 ng/dL (normal: 0,9 a 2,0 ng/dL) ✓ T3: 484ng/dL; (normal: 70-190ng/dl); TRAb: positivo. Perguntas 1. Quais as opções farmacoterapêuticas para o tratamento do hipertireoidismo? Cite: classes, mecanismos de ação, principais efeitos colaterais e utilização no período gestacional. Classe Fármaco Mecanismo de Ação Efeitos colaterais Período gestacional Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Antitireoidianos (Tioureilenos, pertemcem à família das Tionamidas) Propiltiouracila (PTU) 1 a 4 doses/dia 100 mg/8h 1° trimestre da gest. Metimazol (medicamento de esolha para tto de Graves) (tiamazol) 1 ou 2 doses/dia Fármaco de escolha na DG 15-40 mg/dia Carbimazol Inibem a formação dos hormônios da tireoide ao interferir na incorporação do iodo aos resíduos de tirosila da tireoglobulina. Ainda inibem o acoplamento desses resíduos de iodotirosila para formar as iodotironinas. Acredita-se que os fármacos inibem a enzima peroxidase. A inibição da síntese hormonal resulta em depleção das reservas de tireoglobulina iodada, à medida que a proteína é hidrolisada e os hormônios são liberados na circulação. Além de bloquear a síntese hormonal, a propiltiouracila inibe parcialmente a desiodação periférica da T4 em T3. O metimazol não exerce esse efeito; isso fornece uma justificativa para a preferência da propiltiouracila aos demais fármacos antitireoidianos no tratamento dos estados graves de hipertireoidismoou da tempestade tireoidiana. -Exantema papuloso urticariforme discreto (reação mais comum) -Agranulocitose (reação mais grave) Dor e rigidez articular; Parestesia; Cefaleia; Náusea; Pigmentação cutânea; Alopecia. Os fármacos antitireoidianos constituem o tratamento de escolha durante a gravidez. Tanto a propiltiouracila quanto o metimazol atravessam igualmente a placenta e ambos podem ser utilizados com segurança na paciente grávida, embora a preocupação com a insuficiência hepática associada à propiltiouracila durante a gravidez possa favorecer o uso do metimazol. Inibidores iônicos Ânions que se assemelham ao iodeto: - Tiocinado; -Perclorato 750 mg; - Fluoroborato. Interferem na concentração de iodeto pela glândula tireoide O tiocianato, difere qualitativamente dos demais; não é concentrado pela glândula tireoide e, em grandes quantidades, pode inibir a organificação do iodo. O perclorato é 10 vezes mais ativo do que o tiocianato. O perclorato bloqueia a entrada de iodeto na tireoide ao inibir competitivamente o NIS Perclorato 2-3 mg/dia pode caursar anemia aplásica fatal Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Iodeto O efeito máximo é alcançado em 10-15 dias de terapia contínua. A terapia com iodeto não costuma controlar por completo as manifestações do hipertireoidismo, e o efeito benéfico desaparece. No tratamento do hipertireoidismo, o iodeto é utilizado no período pré- operatório, na preparação para tireoidectomia, e, em associação com antitireoidianos e propranolol, no tratamento da crise tireotóxica. O iodeto limita seu próprio transporte e inibe de maneira aguda e transitoriamente a síntese de iodotirosinas e de iodotironinas (efeito Wolff-Chaikoff). -Inibe a liberação de hormônio tireoidiano - Angioedema, edema da laringe que pode resultar em asfixia, hemorragias cutâneas, febre, artralgia, púrpura trombocitopênica trombótica. - A gravidade dos sintomas de intoxicação crônica por iodeto (iodismo) está relacionada com a dose. Os sintomas aparecem com gosto metálico desagradável e sensação de queimação na boca e na garganta, bem como desconforto nos dentes e nas gengivas Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Iodo Radioativo I123 e o I131 Iodo radioativo é mais amplamente utilizado no tratamento do hipertireoidismo e no diagnóstico de distúrbios da função tireoidiana O I131 é utilizado para destruir tireoides hiperativas ou aumentadas. É captado rapidamente e com eficiência pela tireoide, incorporado aos iodoaminoácidos e depositado no coloide dos folículos, a partir do qual é lentamente liberado. Assim, as partículas β destrutivas originam- se no interior do folículo e atuam quase exclusivamente sobre as células parenquimatosas da tireoide, com pouca ou nenhuma lesão do tecido circundante. I123 é principalmente um emissor γ de vida curta, com t1/2 de 13 h, que é utilizado em exames complementares Algumas semanas após o tratamento, os sintomas de hipertireoidismo desaparecem gradualmente no decorrer de um período de 2-3 meses. Quando a terapia é inadequada, verifica-se a necessidade de tratamento adicional em 6-12 meses. Entretanto, não é incomum que o nível sérico de TSH permaneça baixo durante vários meses após a terapia com I131. Contraindicado na gravidez! Verifica-se um aumento pequeno, porém significativo, nos tipos específicos de câncer, incluindo câncer de estômago, rim e mama. I A gravidez constitui a principal contraindicação para o uso da terapia com I131. Depois do primeiro trimestre, a tireoide fetal concentra o isótopo e, portanto, sofre lesão. Mesmo durante o primeiro trimestre, é melhor evitar o iodo radioativo, visto que podem ocorrer efeitos adversos da radiação nos tecidos fetais.do radioativo está claramente contraindicado durante a gestação. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 BETABLOQUEADORES - Propanolol 40-120mg/dia em 2 a 3 tomadas - Atenolol 50-100 mg/dia, 1x/dia Agem reduzindo as manifestações adrenérgicas e, em doses elevadas, causam modesta redução nos níveis de T3 sérico por bloquear a conversão periférica de T4 em T3. Fadiga, bradicardia, dispneia ao exercício, depressão, disfunção erétil, crises de asma e distúrbios do sono Gestação → metoprolol Indicação: fase inicial → Tratamento sintomático (em associação com tionaminas)! 2. Após o início do tratamento, quanto tempo depois a paciente terá que ser avaliada? Avaliar mensalmente até que seja alcançado estado de eutireoidismo. Monitorar o paciente a cada 6 a 12 meses. 3. Qual medicamento/classe pode ser utilizado/a para controle dos sintomas no hipertireoidismo? Beta-bloqueador: medicamento que controla os sintomas decorrentes do aumento do tônus beta-adrenérgico (taquicardia, palpitação, tremores, ansiedade). Pode ser feito com atenolol (25mg ou 50mg VO 1x/dia) ou propranolol (20 a 80mg VO/dia). Bloqueadores de canal de cálcio podem ser usados se os BBs forem contraindicados. 4. Quais os medicamentos estão na Rename 2020 para os distúrbios da tireoide? Propiltiouracila, iodo + iodeto de potássio, amiodarona Cenário Clínico 3 Maria, 40 anos apresenta-se em seu consultório com preocupações relativas a seu peso. Seu IMC atual é de 33 kg/m2, apesar de anos de dieta e de realização de exercícios, em que ela perde peso e, em seguida, recupera-o. Sua glicada está em 6,6% e PA 150x 90mmHg com diagnóstico recente de HAS. A paciente está muito preocupada com as implicações de seu excesso de massa corporal para a saúde. Pergunta-se: 1. Qual o critério para iniciar a terapia medicamentosa para o tratamento da obesidade? A terapia medicamentosa é recomendada para pacientes com falha no tratamento não farmacológico (MEV) com IMC ≥30Kg/m2 ou acima de 27Kg/m2 na presença de comorbidades (HAS, DM, DCV, apneia do sono, dislipidemia, artropatias, etc) Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 2. Quais as opções farmacoterapêuticas para o tratamento da obesidade? Cite: classes, mecanismos de ação, principais efeitos colaterais, contraindicações e interações medicamentosas. No Brasil, são 4 opções aprovadas atualmente: a) Sibutramina (biomag®, sibus®): é uma anfetamina que bloqueia a recaptação de noradrenalina e serotonina (inibidor), levando à redução da ingesta alimentar. ➢ Leva a perda de aproximadamente 7% do peso, e deve ser mantida por pelo menos 1-2 anos, uma vez que sua suspensão precoce acarreta um ganho de peso rápido ✓ Se não houver perda de pelo menos 5% do peso em 12 semanas, retirar. ➢ Outros derivados da anfetamina também podem ser usados (mazindol, femproporex e anfepramona) ➢ MA: inibição da recaptação de 5HT3, DA e NE, reduzindo assim, a nível de SNC, a saciedade, além de aumentar a termogênese (em conjunto leva ao auxílio na perda de peso) ➢ RAM: estudo SCOUT – aumento do risco cardiovascular → nos EUA é proibida, no BR só pode ser usada para pctes sem riscos cardiovasculares – aumento da PAD e da FC. Cefaleia,constipação ➢ Contraindicações: IMC<30, hipersensibilidade, HAS não controlada, cardiopatia grave, transtornos alimentares (bulimia/anorexia), doença cerebrovascular, DM2 com pelo menos um outro fator de risco, uso de álcool, glaucoma, insuficiência hepática/renal grave ➢ Interações medicamentosas: carbonato de lítio, IMAO, cetoconazol, citalopram, naltrexona, sumatriptano, venlafaxina, ticlopidina ➢ Forma de uso: dose inicial de 10mg VO pela manhã. Após 4 semanas avalia-se a perda de peso – se não houver a perda de pelo menos 2 Kg, são 2 opções: ✓ Retirada da droga OU ✓ Aumentar para 15mg e reavaliar após 4 semanas – se não houver perda de pelo menos 2Kg, retirar b) Orlistate (xenical®): é um análogo da lipstatina (inibidor de lipases gastrointestinais) ➢ É um medicamento que auxilia na melhora na lipidemia e na glicemia de jejum. ➢ Reduz cerca de 10% do peso em 12 meses ➢ MA: age na luz do estômago e do intestino delgado inibindo as lipases, enzimas pancreáticas que catalisam a quebra de triglicerídeos em ácidos graxos absorvíveis, ou seja, cerca de 1/3 dos TGLs não é absorvido pelo TGI. O déficit calórico promove a redução do peso ➢ RAM: comum ter diarreia, esteatorreia e urgência fecal; flatulência, dor abdominal, cefaleia, irregularidades menstruais, ansiedade, fadiga ➢ Contraindicações: hipersensibilidade, síndrome da má absorção crônica, colestase, gestação, amamentação, doenças disabsortivas ➢ Interações: antirretrovirais, amiodarona, ciclosporina, lamotrigina, levotiroxina sódica ➢ OBS: par obter efeito do medicamento, ele deve ser ingerido junto com as refeições principais (óbvio) – durante ou até 1hr após cada refeição. Os pctes devem respeitar uma alimentação levemente hipocalórica, nutricionalmente balanceada, que contenha aprox. 30% de calorias provenientes de gordura. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 ➢ Forma de uso: 1 cápsula de 120Mg VO junto com cada uma das 3 refeições principais – manter por 1-2 anos c) Liraglutida (victoza®, saxenda®): é um antagonista semelhante ao glucagon (análogo do GLP-1) ➢ MA: o GLP-1 é um hormônio secretado por células enteroendócrinas no íleo e cólon, sua função é aumentar a secreção de insulina pelo pâncreas, diminuir a secreção de glucagon, bem como aumentar as células beta pancreáticas e aumentar a sensação de saciedade ✓ Ele estimula diretamente hormônios hipotalâmicos do balanço energético, como POMC/CART e inibem NPY e AgPR. É uma droga aprovada para o uso da diabetes, tendo doses maiores para o tto da obesidade ➢ RAM: náusea, vômito, diarreia, sudorese, cefaleia, taquicardia, aumento de refluxo GE, dificuldade de concentração, dispepsia, pancreatite (aumenta lipase e amilase) ➢ Contraindicações: hipersensibilidade, história pessoal/ familiar de carcinoma medular de tireoide ou de neoplasia endócrina múltipla do tipo 2, gestação ➢ Interações: AAS (pode aumentar os efeitos hipoglicemiantes), guanetidina, insulina, antidiabéticos, levofloxacino ➢ Forma de uso (Victoza®): Iniciar com 0,6mg/dia SC por uma semana. A dose pode ser aumentada semanalmente de 1,2-1,8-2,4 até chegar a dose de 3mg SC 1x/dia por pelo menos 1 ano d) Fentermina + topiramato (Qnexa): A combinação de doses baixas de fentermina com o topiramato fornece um sinergismo de ação anorexígena com redução dos efeitos colaterais dos dois fármacos – a fentermina é um estimulador simpaticomimético – estimula a liberação hipotalâmica de NE (reduz a sensação de fome rapidamente). Já o topiramato bloqueia canais de sódio e aumenta a atividade do GABA (inibição – redução do apetite) ➢ A perda de peso média sustentada, na dose máxima diária, é de cerca de 9% e 70% dos pacientes perdem mais que 5% do peso ➢ Contraindicação: hipersensibilidade, gestação, insuficiência renal e hepática, crianças ➢ RAM: erupção cutânea, urticária, sibilos no peito, aperto, perda de memória, dor nas costas. Pacientes que tomam fentermina e topiramato podem estar em maior risco de ter pensamentos ou ações suicidas. 3. Qual a diferença entre o Saxenda® e o Victoza®? Ambos têm como princípio ativo a liraglutida, a diferença entre eles está na dosagem. Enquanto a caneta do Victoza tem 3 ajustes de doses para aplicações (0,6; 1,2 e 1,8mg), a do saxenda tem ajuste para mais duas (2,4 e 3mg) 4. Quais as opções de tratamento off label para o tratamento da obesidade? a) Bupropiona + naltrexona: promove redução do peso e um perfil metabólico benéfico para o tto da obesidade. Apresenta menos efeitos adversos do que a associação de Fentermina+topiramato. ANVISA não aprovou ainda (FDA sim). ✓ A bupropiona é um inibidor da recaptação de dopamina e norepinefrina. A naltrexona é um antagonista de receptor opioide. o. A associação parece ainda atuar nos mecanismos cerebrais de prazer e recompensa, implicados no comportamento alimentar. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 b) Outros: Metformina, topiramato, lisdexanfetamina (venvanse – tto da compulsão alimentar) 5. O que é a tirzepatida? Uma nova droga que foi apresentada no congresso da American Diabetes Association (ADA), analisada a partir do estudo SUPERPASS-1 (ensaio clínico randomizado, duplo-cego, placebo controlado, de fase 3). Trata-se de um agonista dual de receptores GLP-1 e GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide) que atua no controle glicêmico (redução da HbA1c em 40 semanas de seguimento – 9 a cada 10pctes apresentarem HbA1c<7%). Como efeitos colaterais, a droga apresentou: náusea, vômitos (6- 18%), episódios de glicemia <70mg/dL (mas não hipoglicemia grave). Conclusões do Superpass-1: aproximadamente um terço dos pacientes tratados com 5 mg de tierzepatida apresentaram glicada menor que 5,7% e 52% dos pacientes tratados com 15 mg atingiram esses níveis, sem aumento de risco de hipoglicemias graves ou níveis menores que 54 mg/dL. O estudo SUPERPASS-2 buscou comparar a semaglutida com a tirzepatida, evidenciando que a TZP parece ser superior à semaglutida 1 mg em qualquer dose, com efeito dose dependente tanto em termos de controle do DM2 como em perda de peso. Resta entender um pouco mais sobre o perfil de segurança cardiovascular (estudo com resultados esperados apenas para 2025). Essa droga também possui potencial como tratamento da obesidade, sendo que já há um programa de estudos avaliando seu efeito (SOURMOUNT-1) – estudo com resultados esperados para 2024. 6. Quais as classes de medicamentos utilizadas a longo prazo podem agravar a obesidade? Dentre os medicamentos que podem agravar a obesidade a longo prazo, vale citar: corticoides, alguns psicotrópicos (tricíclicos, paroxetina, benzodiazepínico, lítio, olanzapina, Clorpromazina), anticonvulsivantes (valproato, gabapentina, carbamazepina), beta-bloqueadores, antidiabéticos (insulina, sulfonilureias), entre outros 7. Qual a prescrição ideal para Maria? Faça o receituário e a oriente. Rafaela Ceschin Fernandes – FPP – T8 FAB – UC22 Em relação ao caso de Maria, orientaria que ela mantivesse uma alimentação balanceada e atividade física moderada – possível encaminhamento para nutricionista e psicólogo. A paciente já apresenta indicação de tratamento medicamentoso (IMC>30Kg/m2), como a HbA1c dela está aumentada (<5,6%), seria benéfico usarmos a liraglutida,
Compartilhar