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Avaliação do Conhecimento sobre Doença Celíaca em Odontologia

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BEATRIZ PAVONI RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade de 
Odontologia de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo, como 
parte dos requisitos necessários para a obtenção do 
Grau de Bacharel em Odontologia. 
 
 
 
Orientada: Beatriz Pavoni Rodrigues 
Orientadora: Profa. Dra. Alexandra Mussolino De Queiroz 
Co-orientadora: Thais Tedeschi dos Santos 
 
 
RIBEIRÃO PRETO – SP 
2018 
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE 
ODONTOLOGIA E CIRURGIÕES-DENTISTAS, 
RESIDENTES EM RIBEIRÃO PRETO-SP, SOBRE A 
DOENÇA CELÍACA 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto 
Departamento de Clínica Infantil 
 
Resumo 
A doença celíaca (DC), também conhecida como enteropatia glúten-induzida, é uma doença 
autoimune, crônica, que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos à intolerância 
digestiva ao glúten. Trata-se de uma das intolerâncias alimentares existentes mais comuns e 
pode se manifestar em qualquer fase da vida. O diagnóstico da DC pode ser feito por meio de 
testes sorológicos. Porém, apesar dos avanços recentes na realização desses testes, o diagnóstico 
definitivo é baseado na biópsia da mucosa intestinal. O tratamento desta condição consiste 
numa dieta livre de glúten, a qual resulta em remissão dos sinais e sintomas e na normalização 
da anatomia e fisiologia da mucosa intestinal. Além disso, a doença celíaca pode resultar em 
diversas manifestações bucais como: atraso na erupção dental, estomatite aftosa recorrente, 
queilite angular e defeitos do esmalte, tanto na dentição permanente, quanto na dentição. 
Estudos sugerem ainda, uma menor incidência de cárie em celíacos, o que pode ser explicado 
pela dieta mais controlada por parte destes indivíduos. Tendo em vista a alta prevalência de 
pacientes portadores de DC, a grande quantidade de manifestações bucais encontradas nestes 
pacientes e, principalmente, o fato de que estas manifestações podem auxiliar no diagnóstico 
precoce de pacientes que não possuam os sinais e sintomas gastrintestinais clássicos da doença, 
o objetivo do presente consiste em avaliar, por meio da aplicação de um questionário contendo 
28 questões, o grau de conhecimento sobre a doença celíaca em dois diferentes grupos 
populacionais residentes na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil: cirurgiões-dentistas e 
estudantes de odontologia. A amostra populacional será composta por 160 indivíduos divididos 
em dois grupos distintos: Grupo 01 – constituído por 80 estudantes do quarto e quinto ano de 
graduação em odontologia; e grupo 02 – constituído por 80 cirurgiões-dentistas. O questionário 
será padronizado e aplicado por um pesquisador, de forma não explicativa. Os dados serão 
analisados quanto a sua distribuição e homogeneidade. A verificação da diferença das médias 
será realizada por meio de Análise de Variância (ANOVA) e teste t (Student), comparando o 
afastamento entre elas e a variação existente dentro de cada amostra. O programa estatístico 
utilizado será Bioestat 5.3 e o nível de significância adotado será de 5%. 
 
Palavras Chave: 
Conhecimento; Cirurgiã-Dentista; Estudantes de Odontologia; Doença Celíaca 
 
 
 
1. Introdução 
A doença celíaca (DC), também conhecida como enteropatia glúten-induzida, é uma doença 
autoimune, crônica, que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos à intolerância 
digestiva ao glúten, proteína encontrada em cereais como o trigo, cevada, aveia e centeio, e 
ocasiona lesões microscópicas tanto no epitélio, quanto na lâmina própria do intestino delgado 
afetando as pequenas vilosidades que revestem a parede do intestino e que são responsáveis pela 
absorção de nutrientes (BAPTISTA, 2006; SDEPANIAN et al., 2009; BARBOSA et al., 2010). 
Grande parte dos indivíduos diagnosticados com a DC expressam antígenos leucocitários 
humanos (HLA) -DQ2 ou HLA-DQ8, responsáveis pela predisposição da resposta imune contra 
as proteínas do glúten (ERRIU et al., 2011; SCANLON e MURRAY, 2011). Além dos fatores 
genéticos, fatores ambientais, como um período diminuído de aleitamento materno e/ou uma 
alta ingestão de alimentos industrializados com alto conteúdo de glúten, também estão 
relacionados ao desenvolvimento desta patologia (GREEN e JABRI, 2006; SCANLON e 
MURRAY, 2011). 
Embora existam muitos portadores assintomáticos que, apesar dos avanços no diagnóstico da 
doença, permanecem não diagnosticados, a DC consiste em uma das intolerâncias alimentares 
existentes mais comuns. Sua incidência média mundial é de 1%, e no Brasil estima-se que cerca 
de dois milhões de brasileiros sejam intolerantes ao glúten (GLOBO REPÓRTER, 2010). 
Esta condição pode se manifestar em qualquer fase da vida e, clinicamente, pode se 
apresentar de quatro formas distintas: clássica, atípica, silenciosa e latente (MELO et al., 2006). 
A forma clássica geralmente é diagnosticada precocemente, por volta dos seis aos 24 meses de 
idade, e caracteriza-se pelos sinais e sintomas gastrointestinais intensos, como diarreia crônica 
(síndrome da má absorção) e náuseas e vômitos frequentes, além de anemia, perda de peso, 
distensão abdominal e hipotrofia glútea, (SDEPANIAN et al., 1999), déficit de crescimento e 
irritabilidade (BAI et al., 2005; MURAHOVSCHI, et al., 2009). 
Esta sintomatologia constitui a parte “visível” de toda problemática que envolve a DC. 
Porém, as formas de apresentação que atingem a maioria dos indivíduos portadores da doença 
são as formas silenciosa e atípica, onde os sintomas não são aparentes e específicos e, por este 
motivo, o diagnóstico acaba sendo prejudicado. 
Na forma de apresentação atípica da doença a sintomatologia clássica pode ou não estar 
presente, sendo que, nestes casos, a doença pode estar associada a outros sintomas inespecíficos, 
como: depressão, irritabilidade, déficit de atenção, infertilidade, diabetes, obesidade, 
osteoporose, doenças tireoidianas, epilepsia, baixa estatura, anemia ferroprivativa resistente à 
reposição por ferro, defeitos na formação do esmalte dentário, estomatite aftosa recorrente, 
alterações dermatológicas, como dermatite herpetiforme e psoríase, linfomas e outras 
neoplasias. A presença desses sintomas inespecíficos faz com que o diagnóstico seja feito mais 
tardiamente, por volta dos cinco a sete anos de idade (BAPTISTA, 2005). 
Indivíduos portadores da forma silenciosa da doença são geralmente assintomáticos ou 
podem apresentar poucos sintomas, mas possuem sorologia positiva e alterações na mucosa 
intestinal. Por sua vez, na forma latente os pacientes são assintomáticos, com sorologia positiva, 
porém, dependendo do consumo de alimentos que contém glúten, a biópsia pode ou não 
apresentar alterações (MELO et al., 2006). 
Além disso, a DC pode estar associada a algumas síndromes. A prevalência da doença em 
portadores de síndrome de Down, por exemplo, chega a 12% (ZACHOR et al., 2000), em 
indivíduos com síndrome de Turner a 4,1 a 8,1% (BONAMICO et al., 2002) e com síndrome de 
Williams, esse valor pode chegar a 8,2% (GIANOTTI et al., 2001). Além disso, esta condição 
também pode estar associada a outros problemas autoimunes, como, por exemplo, Diabetes do 
Tipo I que possui mais de 8% dos indivíduos afetados, portadores da DC (BARERA et al., 
2002). 
O diagnóstico da DC pode ser feito por meio de testes sorológicos. Porém, apesar dos 
avanços recentes na realização dos testes sorológicos, o diagnóstico definitivo é baseado na 
biópsia da mucosa intestinal. As biópsias intestinais associadas à sorologia positiva representam 
o padrão ouro para o diagnóstico da doença (BAI et al., 2005). 
Os anticorpos antigliadina (AAG) foram os primeiros marcadores sorológicos descritos na 
DC. Eles podem ser detectados por meio da técnica imunoenzimática (ELISA), que possui fácil 
execução e baixo custo, porém apresentam sensibilidade (50-60%) e especificidade (60-70%) 
reduzidas para o diagnóstico. O anticorpoanti-endomísio (AAE) vem sendo considerado o 
marcador de eleição para a triagem da DC, pois apresenta sensibilidade de 90% e especificidade 
de praticamente 100%. É detectado por imunofluorescência indireta, por meio de um método 
observador-dependente e requer profissional experiente para a realização. Além disso, 
recentemente, foi introduzido o anticorpo antitransglutaminase (AATGt), o qual tem mostrado 
ser adequado para a detecção da DC. Este anticorpo possui aproximadamente 93% de 
sensibilidade e 95% de especificidade e pode ser avaliado por ELISA. Por se tratar de um ensaio 
quantitativo que independe do observador e ser de fácil execução, pode ser utilizado para 
triagem populacional (BAPTISTA, 2005; MELO et al., 2006). 
Alguns trabalhos relatam maior especificidade do AAE para detecção da DC, em relação ao 
AATGt, uma vez que este pode estar presente em outras doenças como o diabetes mellitus tipo 
1, doença crônica do fígado, artrite reumatoide e insuficiência cardíaca. Atualmente, os 
marcadores genéticos têm sido um critério importante em casos de diagnóstico difícil, e o seu 
uso tem auxiliado no reconhecimento da DC potencial ou latente, que apresenta sorologia 
positiva, porém com resultado de biópsia intestinal normal (BAPTISTA, 2006). 
O tratamento desta condição consiste numa dieta livre de glúten, a qual resulta em remissão 
dos sinais e sintomas e na normalização da anatomia e fisiologia da mucosa intestinal 
(WIERINK et al., 2007). 
 
Porém, apesar de todos avanços científicos e tecnológicos, devido a maioria dos indivíduos 
portadores serem assintomáticos ou oligossintomáticos, muitas pessoas permanecem 
subdiagnosticadas (BAPTISTA, 2006) e, consequentemente, não são tratadas adequadamente 
(HOLMES et al., 1989). Nestes casos o risco de malignização das lesões no intestino delgado 
torna-se aumentado (HOLMES et al., 1989). O risco de malignização também aumenta para os 
pacientes que não aderem ao tratamento de dieta livre de glúten e, por este motivo, apresentam 
maior chance de desenvolvimento de osteoporose, mesmo na infância (KALAYCI et al., 2001), 
neoplasias, infertilidade não explicada (12%), atraso no crescimento e outras doenças 
autoimunes (BAI et al., 2005). 
Além disso, a doença celíaca pode resultar em diversas manifestações bucais como: atraso na 
erupção dental (CAMPISI et al., 2007), estomatite aftosa recorrente (SEDGHIZADEH et al., 
2002; BUCCI et al., 2006), queilite angular (LAHTEENOJA et al., 1998) e defeitos do esmalte, 
tanto na dentição permanente (BUCCI et al., 2006; WIERINK et al., 2007), quanto na dentição 
decídua (BUCCI et al., 2006; ORTEGA-PÁEZ et al., 2008). Além disso, alguns estudos 
(FULSTOW, 1979; AGUIRRE et al., 1997) sugerem uma menor incidência de cárie em 
celíacos, o que pode ser explicado pela dieta mais controlada por parte destes pacientes. 
Dentre todas as manifestações bucais, os defeitos na formação do esmalte são os mais 
associados à DC. Essa associação foi demonstrada pela primeira vez em 1970, por Smith. E em 
1986, Aine estabeleceu que os defeitos de esmalte, associados a DC, constituem-se defeitos 
específicos, simétricos e cronologicamente detectáveis em todos os quadrantes da dentição 
permanente, sendo que devem ser consideradas inespecíficas as manifestações não simétricas ou 
não detectáveis nos quadrantes. 
A etiologia dos defeitos de esmalte em portadores da DC ainda é desconhecida. Segundo a 
literatura, especula-se que esta má-formação do esmalte poderia ser uma consequência da 
hipocalcemia resultante da doença (NIKIFORUK E FRASIER, 1981), predisposição genética 
(MARIANI et al., 1994) ou resultado de uma reação autoimune no órgão do esmalte durante a 
odontogênese (MÄKI et al., 1991). 
A prevalência de defeitos específicos de esmalte variam de 38% a 96% em crianças 
portadoras da DC e de 0,6% a 17% em indivíduos não doentes (PRIOVOLOU et al., 2004). Por 
este motivo, a Sociedade Norte-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição 
Infantil inclui os defeitos de esmalte como fatores de risco para a doença celíaca (HILL et al., 
2005), sendo a detecção destes problemas importantes para o diagnóstico precoce desta 
condição. 
Dessa forma, tendo em vista a alta prevalência de pacientes portadores de DC, a grande 
quantidade de manifestações bucais encontradas nestes pacientes e, principalmente, o fato de 
que estas manifestações podem auxiliar no diagnóstico precoce de pacientes que não possuam 
os sinais e sintomas gastrintestinais clássicos da doença, torna-se evidente a importância do 
conhecimento desta patologia e das suas complicações e manifestações por parte dos cirurgiões-
dentistas na identificação, no encaminhamento destes pacientes para avaliação médica 
específica e no estabelecimento do diagnóstico precoce da doença (HILL et al., 2005), visando o 
tratamento adequado e, consequentemente, melhora na qualidade de vida destes pacientes. 
Por este motivo, a verificação do conhecimento da população, dos cirurgiões-dentistas e de 
estudantes de odontologia se faz necessária visando, de acordo com os resultados encontrados, 
identificar possíveis falhas no ensino e na conscientização da população, propondo medidas 
capazes de difundir, cada vez mais, o conhecimento a respeito desta doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Proposição 
O presente estudo tem como objetivo avaliar o grau de conhecimento sobre a doença celíaca 
em dois diferentes grupos populacionais residentes na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, 
Brasil: cirurgiões-dentistas e estudantes de odontologia, tendo em vista a alta prevalência de 
pacientes portadores de DC, a grande quantidade de manifestações bucais encontradas nestes 
pacientes e baseando-se na importância dos cirurgiões-dentistas no diagnóstico desta doença, 
principalmente em pacientes não-clássicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Materiais e Métodos 
O projeto consiste em estudo transversal que, por meio de questionário modificado de 
Sdepanian et al. (2001), contendo 28 questões objetivas, avaliando o grau de conhecimento 
sobre a doença celíaca em dois diferentes grupos populacionais residentes na cidade de Ribeirão 
Preto, São Paulo, Brasil: cirurgiões-dentistas e estudantes de odontologia. 
O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de 
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FORP-USP) e realizado após aprovação. 
 
3.1. Amostra Populacional 
A amostra populacional será composta por 160 indivíduos residentes à cidade de 
Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, que concordarem participar da pesquisa por meio da 
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo I). 
Os participantes serão recrutados por meio de convite, presencial, para responder ao 
questionário. Os alunos convidados serão alunos do quarto e quinto ano da Faculdade 
de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP/USP e os profissionais convidados serão 
profissionais da área odontológica, que atuam de forma ativa em consultórios, 
particulares e públicos, na cidade de Ribeirão Preto. 
Os indivíduos participantes serão divididos em dois grupos distintos: Grupo 01 – 
constituído por 80 estudantes do quarto e quinto ano de graduação em odontologia; e 
grupo 02 – constituído por 80 cirurgiões-dentistas. 
 
 
3.2. Coleta de dados 
O questionário padronizado (Anexo II), com identificação opcional, foi aplicado por um 
pesquisador, de forma não explicativa, a fim de que não haja interferências no resultado. 
As questões iniciais avaliaram dados gerais a respeito dos participantes da pesquisa, 
como idade, sexo, grau de escolaridade e área de atuação profissional e as demais 
perguntas tiveram enfoque nas características gerais e manifestações bucais da doença 
celíaca. 
 
3.3. Análise Estatística 
Os dados serão analisadosquanto a sua distribuição e homogeneidade. 
Inicialmente será computado o número médio de pessoas, dentro de cada grupo, que 
souberem responder as perguntas. A verificação da diferença das médias será realizada 
por meio de Análise de Variância (ANOVA) e teste t (Student), comparando o 
afastamento entre elas e a variação existente dentro de cada amostra. 
O programa estatístico utilizado foi Bioestat 5.3 e o nível de significância 
adotado será de 5%. 
 
4. Resultados 
As perguntas 1, 2 e 3 do questionário (Anexo II), correspondiam ao número do 
entrevistado, idade e sexo. Foram entrevistados 80 estudantes de odontologia do quarto e quinto 
ano de graduação (Grupo I) da faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP/USP 
(Tabela 1). A idade dos entrevistados variou de 21 a 28 anos, sendo que 37,5% possuíam 22 
anos e 68,75% pertenciam ao sexo feminino. 
 
 
 Estudantes 
Idade - Média 22,6 
Sexo (%) 
Feminino 68,75% 
Masculino 31,25% 
 Tabela 1. Idade (média) e proporção entre os gêneros masculino e feminino do público 
entrevistado. 
 
A pergunta 4 verificava o grau de escolaridade dos entrevistados. Todos os estudantes 
de odontologia, logicamente, possuíam o ensino superior ainda incompleto. 
A pergunta 5 referia-se apenas para o direcionamento do questionário entre os 
profissionais e estudantes de odontologia em relação à sua área de atuação profissional (Área da 
Saúde). 
Nas perguntas 6 e 7, destinadas apenas aos indivíduos do grupo I (estudantes), foi 
verificado que foram entrevistados alunos do oitavo e décimo período de graduação do curso de 
odontologia. 
As perguntas 8 a 10, destinadas apenas aos indivíduos do grupo II (cirurgiões-dentistas), 
referia-se apenas para o direcionamento dos profissionais em relação ao tempo de formação e 
área de especialização atuante. 
A pergunta 11 questionava o entrevistado se ele já tinha ouvido falar do termo “Doença 
Celíaca”. Entre os estudantes, 43,75% responderam que já tinham ouvido falar sobre a doença. 
A pergunta 12 verificava os meios de comunicação por qual o entrevistado tinha obtido 
informações a respeito da Doença Celíaca. Os meios citados foram televisão, internet, 
escola/faculdade e outros meios (amigos e familiares). Dentre eles, a “internet” (57,14%), 
seguida pela “faculdade” (40%), foram os mais citados. Nenhum entrevistado assinalou que 
tinha obtido informações a respeito da doença por meio de meios impressos e rádio. 
 A questão 13 procurava saber, caso o conhecimento do entrevistado sobre doença 
celíaca tivesse sido obtido por meio de disciplinas do curso da graduação, qual disciplina tinha 
transmitido essa informação. Entre os estudantes, 40% responderam que tinham ouvido falar 
sobre a doença nas disciplinas da graduação. Dentre elas, foram citadas as disciplinas de 
diagnóstico e semiologia, genética, farmacologia, fisiologia e odontopediatria. 
 A questão 14 tinha como objetivo investigar se os entrevistados sabiam qual nutriente 
alimentar está relacionado à doença celíaca. A maioria dos entrevistados não soube responder 
que o glúten é o nutriente alimentar causador da doença celíaca. O porcentual registrado de 
indivíduos que tinham este conhecimento foi de 43,75% entre os estudantes. 
A questão 15 procurava identificar se os entrevistados tinham conhecimento sobre qual 
grupo de macromoléculas o nutriente alimentar relacionado à doença celíaca fazia parte. A 
maior proporção de estudantes (65%) não soube responder esta pergunta e apenas 12 (15%) 
responderam que se tratava de uma proteína. 
A pergunta 16 foi realizada a fim de avaliar o conhecimento dos entrevistados em 
relação à necessidade de restrição dos hábitos alimentares, por parte dos indivíduos portadores 
da Doença Celíaca, por toda vida, esporadicamente, raramente ou até que os exames se 
normalizem. A grande maioria dos estudantes (63,75%) não soube responder esta questão. 
Apenas 35% responderam que a restrição deve ser para a vida toda. 
A pergunta 17 procurava saber o grau de conhecimento dos entrevistados sobre o fato 
da intolerância alimentar ao glúten ser uma condição permanente ou transitória. A maioria dos 
estudantes (60%) não souberam responder esta questão. 
Na questão 18, foi averiguado se o entrevistado sabia qual o principal problema 
ocasionado pela doença celíaca. Metade (50%) dos estudantes responderam a alternativa correta 
(absorção deficiente dos nutrientes). 
A questão 19 tinha como objetivo investigar se os entrevistados sabiam qual (is) órgão 
(s) do corpo humano a Doença Celíaca afetava. Os órgãos mais citados foram o intestino 
delgado, intestino grosso e estômago. Sendo que, a maioria dos estudantes (45%) sabia que as 
manifestações da doença ocorriam no intestino delgado (resposta correta). 
A pergunta 20 procurava saber quais os principais sinais e sintomas da doença celíaca. 
Cerca de 85% dos estudantes souberam responder que diarreias, náuseas/vômitos, distensão 
abdominal, irritabilidade e dermatites eram sintomas desta patologia. 
A pergunta 21 procurava saber se o entrevistado acreditava na existência de 
predisposição genética para o desenvolvimento da doença celíaca. A maior porcentagem dos 
estudantes (56,25%) não soube responder esta questão. Apenas 41,25% sabia que havia 
predisposição para o desenvolvimento desta doença. 
 
 
A pergunta 22 procurava saber quais exames poderiam ser realizados para o diagnóstico 
correto da Doença Celíaca (Tabela 2). A maioria dos entrevistados (56,25%) não soube 
responder esta pergunta e apenas 17,5% sabiam a resposta correta. 
 
 
 Estudantes (%) 
Exame de sangue 26,25 
Exame sorológico 12,5 
Biópsias 5 
Não souberam responder 56,25 
 
Tabela 2. Porcentagem (%) das respostas a cerca de quais exames poderiam ser realizados para o 
diagnóstico correto da Doença Celíaca. Em negrito a resposta correta. 
 
 A pergunta 23 investigava se os entrevistados acreditavam ou não que a doença celíaca 
poderia ocasionar manifestações orais e, em caso positivo, a pergunta 24 questionava qual (is) 
manifestação (ões) bucais a doença poderia manifestar (Tabela 3). A maior porcentagem das 
respostas entre os estudantes (75%) assinalou que a Doença Celíaca poderia sim, ocasionar 
manifestações orais. Porém, dentre estes indivíduos, 50% não souberam quais eram estas 
manifestações. 
 
 Estudantes (%) 
Atraso na erupção dental 8,33 
Aftas recorrentes 33,33 
Queilite angular 6,66 
Alterações no esmalte dentário 16,6 
Herpes recorrentes 5 
Lesões de cárie 1,66 
Doença periodontal 5 
Não souberam responder 50 
 
Tabela 3. Porcentagem (%) das respostas sobre qual (is) manifestação (ões) bucal (is) a Doença Celíaca 
pode ocasionar. Em negrito a resposta correta. 
 
 A pergunta 25 procurava saber se os entrevistados sabiam se a doença celíaca tem ou 
não tratamento e, em caso de resposta positiva, a pergunta 26 procurou investigar se estes 
indivíduos sabiam qual (is) é (são) a (s) opção (ões) de tratamento para esta doença (Tabela 4). 
A maioria dos estudantes (77,7%) assinalou a alternativa correta, marcada em negrito na tabela, 
enquanto que apenas 33,3% não sabiam quais eram as modalidades de tratamento para esta 
patologia. 
 Estudantes (%) 
Uso contínuo de medicamento 22,22 
Mudança dos hábitos alimentares 77,77 
Cirurgia 0 
Não souberam responder 33,33 
 
Tabela 4. Porcentagem (%) das respostas sobre qual (is) modalidade (s) de tratamento (os) a Doença 
Celíaca possui. Em negrito a resposta correta. 
 
 
A pergunta 27 procurava investigar, em casos de não tratamento/controle da doença, 
qual (is) era (m) a (s) possível (is) complicação (ões) que Doença Celíaca poderia provocar 
(Tabela 5). Entre estudantes, 56,25% não souberam responder e apenas 24,1% dos estudantes 
assinalaram as alternativas corretas, marcadas em negrito na tabela. 
 
 Estudantes (%) 
Câncer de intestino 2,5 
Osteoporose 3,75 
Deficiência no crescimento 16,25 
Diabetes 1,25Infertilidade 3,75 
Gastrite crônica 13,75 
Anemia 12,5 
Desnutrição 23,75 
Dermatite 11,25 
Problemas renais 5 
Convulsão 1,25 
Não souberam responder 56,25 
 
Tabela 5. Porcentagem (%) das respostas sobre qual (is) possível (is) complicação (ões) a doença celíaca 
pode ocasionar. Em negrito a resposta correta. 
 
A última pergunta (28) questionava se o entrevistado achava importante uma maior 
divulgação das características, manifestações e complicações da Doença Celíaca. Todos os 
estudantes entrevistados acharam que a difusão do conhecimento sobre esta doença se faz 
necessária. 
Observação: Os resultados apresentados referem-se no momento apenas aqueles obtidos juntos 
aos alunos de graduação, e estão em percentuais, uma vez que o questionário será aplicado ainda a 
profissionais dentistas, que aceitem participar, durante a Jornada Odontológica da FORP/USP, a qual 
ocorrerá apenas após a data de envio do TCC. Durante a apresentação do TCC, já teremos os dados dos 
2 grupos e a análise estatística. Peço desculpas e agradeço antecipadamente a compreensão. 
 
 
5. Discussões 
A Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia crônica do intestino delgado, de caráter 
autoimune, que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos devido a exposição ao glúten, 
proteína alimentar presente no trigo, aveia, centeio, cevada e malte. A medida terapêutica para 
esta patologia consiste na remoção do glúten da dieta, para toda vida, que permite restauração 
da mucosa intestinal e remissão dos sinais e sintomas da doença. 
Estudos recentes têm demonstrado que esta doença é mais frequente do que se imaginava. A 
Associação de Celíaco do Brasil (ACELBRA) estima, hoje, no Brasil, a existência de mais de 
um milhão de portadores da DC e, apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos na área 
de diagnóstico, sua frequência ainda é subestimada (BAPTISTA, 2006). A falta de 
conhecimento da doença, por parte de profissionais da área da saúde, e a dificuldade de acesso 
aos meios de diagnósticos, por parte da população em geral, reduzem as possibilidades de 
tratamento adequado e, consequentemente, melhora clínica do paciente (BAPTISTA, 2006; 
HOLMES et al., 1989). 
Tendo em vista a alta prevalência de pacientes portadores de DC, a grande quantidade de 
manifestações bucais encontradas nestes pacientes e, principalmente, o fato de que estas 
manifestações podem auxiliar no diagnóstico precoce dos indivíduos que não possuam os sinais 
e sintomas gastrintestinais clássicos da doença, torna-se evidente a importância do 
conhecimento desta patologia e das suas manifestações e complicações, por parte dos 
profissionais da área da saúde, em especial, os cirurgiões-dentistas, objetivando a identificação e 
o encaminhamento destes pacientes para avaliação médica específica para o estabelecimento do 
diagnóstico precoce da doença (HILL et al., 2005). 
Por este motivo, o presente estudo objetivou investigar o conhecimento dos estudantes de 
Odontologia e Cirurgiões Dentistas, sobre DC. Na entrevista, o público feminino foi o mais 
prevalente (24% maior que o masculino), fato semelhante ao que ocorreu nos trabalhos de 
Pellegrin (2005), cuja porcentagem de público feminino foi maior (79%). Este fato difere, 
porém, do registrado por Laporte & Zandonadi (2008), cuja prevalência de público masculino 
sobre o feminino foi maior que 56%, sugerindo, desta forma, que esta proporção parece variar 
de acordo com o universo amostral de cada estudo. 
Em relação ao conhecimento sobre o termo “Doença Celíaca”, quase metade dos alunos 
entrevistados (43,75%) disseram ter conhecimento acerca do tema. No trabalho de Silveira et al. 
(2011), somente 25% dos universitários de um curso de gastronomia conheciam a doença. 
Quando comparado ao trabalho realizado por Laporte (2008) com 30 chefes de cozinha, a 
proporção dos avaliados que disseram conhecer a doença foi de 30%. Demonstrando que, apesar 
de o conhecimento ainda ser bastante deficitário, houve uma difusão de informações a respeito 
do tema, ao longo da última década, embora haja, ainda, a necessidade de disseminação destas 
informações, principalmente em relação aos profissionais da área da saúde, em especial, os 
cirurgiões-dentistas. 
Segundo Pellegrin (2005), a presença de familiares com doença celíaca acrescenta maior 
conhecimento em relação à doença e maior aderência a dieta isenta de glúten. E no presente 
estudo, dos 80 entrevistados, assinalaram que possuíam familiares com a doença. 
Em relação aos meios de informação pelo qual os indivíduos entrevistados tinham obtido o 
conhecimento em relação à DC, embora todos tenham sido citados (televisão, jornais escritos e 
falados, internet e “outras pessoas”), a internet foi o que obteve destaque (57,14%), ficando à 
frente, inclusive, das instituições de ensino (40%), colocando em risco a veracidade das 
informações obtidas por estes indivíduos acerca da doença, uma vez que neste meio de 
comunicação são vinculadas, na mesma velocidade, informações verdadeiras e falsas, ficando a 
critério do usuário discernir sobre elas, fato este que se torna crítico, uma vez que estes 
indivíduos não apresentavam conhecimento prévio sobre o tema. 
Além disso, de acordo com os resultados, foi possível observar que algumas disciplinas do 
curso de graduação abordaram o tema “Doença Celíaca”, sendo citadas cinco disciplinas, 
entretanto 80% delas foram na área básica e ministradas nos primeiros anos do curso de 
graduação, e além disso parece em vista dos resultados obtidos que as informações se perdem ao 
longo do tempo ou não foram assimiladas pelos alunos de forma efetiva. 
Em relação ao nutriente alimentar relacionado à DC, a maioria dos entrevistados (56,25%) 
não souberam responder que o glúten é o nutriente alimentar relacionado à está patologia. 
Registrou-se, também, um grande desconhecimento, por parte dos entrevistados, sobre qual 
grupo de macromoléculas e características alimentares, o glúten pertencia. A maior proporção 
dos estudantes (65%) não soube responder esta pergunta e apenas 12, dos 80 indivíduos (15%), 
responderam, acertadamente, que o glúten é uma proteína. Este grau de desconhecimento é 
extremamente preocupante e demonstra a necessidade de ações em setores da base educacional, 
uma vez que este nutriente está presente na grande maioria dos alimentos (trigo, cevada, malte, 
aveia e centeio) e faz parte da dieta da grande maioria dos indivíduos. 
Entre os 63 profissionais pediatras entrevistados por Barbosa et al. (2010), o glúten foi 
apontado pela maioria (98%) como o alimento que deveria ser excluído da dieta, e 84% dos 
participantes responderam que a dieta deveria ser seguida por toda a vida. No presente estudo, 
porém, quando os participantes foram questionados sobre a necessidade de restrição dos hábitos 
alimentares, por parte dos indivíduos portadores da DC, durante toda vida, esporadicamente, 
raramente ou até que os exames se normalizassem, a maioria (63,75%) não soube responder esta 
questão sendo que, apenas 35%, disseram que a restrição deveria ser por toda vida. Da mesma 
maneira, ao serem questionados se a intolerância alimentar ao glúten era uma condição 
permanente ou transitória, 60% dos estudantes declararam não saber responder esta questão e 
apenas 40% responderam corretamente que está se tratava de uma condição permanente. 
Em relação ao conhecimento do principal problema que a doença celíaca causava, 50% dos 
estudantes, sabiam que o principal problema era a absorção de nutrientes. E entre os que sabiam 
responder sobre quais (is) órgão (s) do corpo humano a doença afetava, 45% responderam 
corretamente que as manifestações da doença ocorriam no intestino delgado, embora outros 
órgãos tenham sido citados, como intestino grosso e estômago. 
Cassol et al. (2007) efetuaram um estudo descritivo transversal, com amostra não-
probabilística, selecionada entre os membros da Associação dos Celíacosdo Brasil – Regional 
de Santa Catarina, com o objetivo de investigar os principais sintomas relatados pelos 
portadores da doença. Neste estudo, foram apontados como os principais sinais e sintomas da 
DC a distensão (71,8%) e dor abdominal (71%) e diarreia (65,5%). No sexo masculino, 
predominaram diarreia e déficit ponderal, enquanto que no sexo feminino estavam presentes as 
aftas, constipação e anemia, como os sinais mais prevalentes. Entre os pediatras entrevistados 
por Barbosa et al. (2010), os sinais e sintomas mais apontados que os levariam a suspeitar de 
doença celíaca foram: diarreia crônica, baixo peso, distensão abdominal, baixa estatura e dor 
abdominal (39). Em nosso estudo, 85% dos estudantes souberam responder que diarreias, 
náuseas e vômitos, distensão abdominal, irritabilidade e dermatites eram os sintomas da doença. 
Apesar de os entrevistados terem demonstrado determinado grau conhecimento a respeito 
dos sinais e sintomas da doença, ao serem questionados quanto a etiologia, métodos de 
diagnóstico, manifestações orais, modalidades de tratamento e possíveis complicações, em 
casos de não tratamento, a maioria não soube responder estas questões. 
Ao serem questionados quanto a existência de predisposição genética para o 
desenvolvimento da doença celíaca, a maior porcentagem dos estudantes (56,25%) não soube 
responder esta pergunta. Em relação aos exames que podem ser realizados para o diagnóstico 
correto da DC, apenas 17,5% sabiam que o diagnóstico deve ser feito por meio de exames 
sorológicos e, em casos positivos, realização de biópsias. Tendo em vista que a doença celíaca 
possui diversas manifestações bucais, a pergunta 23 investigava se os entrevistados acreditavam 
ou não que a doença celíaca poderia ocasionar manifestações orais e, em caso positivo, a 
pergunta 24 questionava qual (is) manifestação (ões) bucais a doença poderia manifestar. 
Apesar de a maioria dos estudantes (75%) terem assinalado que a Doença Celíaca poderia sim, 
ocasionar manifestações orais, 50% destes indivíduos não souberam quais eram estas 
manifestações, demonstrando um conhecimento parcial e insatisfatório a respeito do tema. 
Barbosa et al. (2010) reconheceram em seus estudos que existe, efetivamente, uma falha dos 
profissionais de saúde em reconhecer as várias manifestações clínicas da doença celíaca e em 
saber quais os exames apropriados para a conduta diagnóstica. 
Quando questionados sobre a existência ou não de tratamento e, em caso de resposta 
positiva, qual (is) eram (são) a (s) opção (ões) de tratamento para esta doença, a maioria dos 
estudantes (77,7%) demonstraram conhecimento em relação ao fato de que o único tratamento 
para DC, consiste na mudança dos hábitos alimentares. Somente uma dieta livre de glúten (strict 
gluten-fee diet - GFD), por toda a vida, é o tratamento para esta patologia (CASE, 2005). 
Quanto ao grau de conhecimento das possíveis complicações da doença, mais uma vez os 
estudantes demonstraram um conhecimento parcial e/ou deficiente sobre o tema, 56,25% dos 
entrevistados não souberam responder esta questão. E apenas, 24,1% assinalaram as alternativas 
corretas (câncer do intestino, osteoporose, deficiência no crescimento, diabetes e infertilidade). 
Em relação à questão sobre a importância de uma maior divulgação das características da 
doença celíaca, esta resultou em uma pergunta óbvia, uma vez que todos os entrevistados 
responderam que sim. 
Todos esses resultados demonstram uma oscilação no aprendizado, em que, apesar de 
56,25% dos estudantes terem o conhecimento sobre o termo “Doença Celíaca”, a grande 
maioria demonstrou um conhecimento parcial acerca da doença ou até mesmo errôneo, 
indicando uma falha no sistema de aprendizagem e a necessidade de disseminação de 
informações e conhecimentos adequados, principalmente porque o dentista quando bem 
informado a respeito da doença e suas manifestações bucais pode ser importante elo no 
diagnóstico precoce de casos não clássicos da doença celíaca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. Conclusão 
Com base nos resultados e discussão, podemos concluir que apesar dos entrevistados terem 
conhecimento sobre Doença Celíaca, este conhecimento demonstrou-se parcial e incorreto em 
muitos pontos abordados pela entrevista, indicando uma falha no sistema de aprendizagem, uma 
vez que as informações obtidas não provem, em sua maioria, de instituições de ensino e sim da 
internet e outras fontes não confiáveis, indicando também uma maior necessidade de 
disseminação de informações e conhecimentos adequados. 
O desconhecimento e a falha em reconhecer a etiologia, os métodos de diagnóstico, 
manifestações orais, modalidades de tratamento e possíveis complicações, em casos de não 
tratamento da DC, indica que existe a necessidade de ampla divulgação do assunto entre esses 
profissionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Anexo I. 
 Termo de consentimento livre e esclarecido apresentado aos entrevistados. 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
(Resolução 466/12 – Conselho Nacional de Saúde) 
 
Nós, Profa. Dra. Alexandra Mussolino de Queiroz e mestranda Thais Tedeschi dos Santos, 
pesquisadoras responsáveis pelo projeto “Avaliação do conhecimento de estudantes de odontologia e 
cirurgiões-dentistas , residentes em Ribeirão Preto–SP, sobre Doença Celíaca” convidamos 
__________ 
__________________________________________________________, portador (a) 
do RG nº ________________ e CPF nº ________________a participar do referido projeto que 
será realizado na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FORP-USP). 
 
O propósito do estudo será: 
a. Avaliar o grau de conhecimento sobre a doença celíaca em dois diferentes grupos populacionais 
residentes na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil: cirurgiões-dentistas e estudantes de 
odontologia; 
b. Verificar as diferenças entre o grau de conhecimento dos dois grupos. 
 
Declaro, para os devidos fins, que fui devidamente esclarecido (a), de forma oral e escrita, que: 
 
- A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de 
Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FORP-USP), entidade disponível 
para eventuais dúvidas e questionamentos, se necessário, por meio do endereço de e-mail: 
cep@forp.usp.br; e telefone: (16) 3315-0493 – das 13h às 17h, de segunda a sexta-feira (exceto 
feriados e pontos facultativos). 
- A pesquisa tem caráter científica e poderá ser publicada em jornais, revistas e/ou congressos 
científicos no país e no exterior, mantendo-se o sigilo das identidades dos participantes; 
- A pesquisa irá avaliar, por meio de questionário padronizado, com identificação opcional, 
contendo 28 questões objetivas, o conhecimento sobre a doença celíaca e suas complicações e 
manifestações orais; 
- As questões iniciais do questionário irão servir de instrumento para avaliar os dados gerais dos 
participantes, como idade, gênero, grau de escolaridade e área de atuação profissional e as demais 
perguntas terão enfoque nas características gerais e manifestações bucais da doença celíaca. 
- Tenho plena liberdade de recusar a participação da pesquisa, assim como tenho liberdade de 
retirar as minhas respostas a qualquer momento, sem nenhuma penalização ou prejuízo. 
- Não é previsto o ressarcimento de despesas ou indenizações aos participantes, uma vez que os 
procedimentos a serem realizados não são agressivos à saúde física ou moral. 
 
Estou ciente de que esta pesquisa tem como pesquisador responsável Profa. Dra. Alexandra Mussolino 
de Queiroz e a mestranda Thais Tedeschi dos Santos. 
 
Dessa forma, assino este documento de livre e espontânea vontade, estando ciente do seu conteúdo. 
 
 
__________________________________ 
Assinatura do Participante 
 
RG: ______________________ 
 
CPF:_________________________ 
 
 
__________________________________ 
Profa. Dra. Alexandra Mussolino de Queiroz 
 
RG: ____________________________ 
 
CPF: ___________________________ 
__________________________________ 
Thais Tedeschi dos Santos 
 
RG: ____________________________ 
 
CPF: ___________________________ 
 
Anexo II - Questionário de avaliação de conhecimentos gerais e específicos sobre a 
doença celíaca 
 
Atenção: - Este questionário consta de 25 perguntas sobre a doença celíaca. 
- Não é necessária a identificação. 
- Responda a todas as questões. 
 
1. Entrevistado - número: ___________________ 
2. Idade: _________________________________ 
3. Gênero:  Masculino  Feminino 
4. Grau de escolaridade:  Ensino Fundamental Incompleto 
 Ensino Fundamental Completo 
 Ensino Médio Incompleto 
 Ensino Médio Completo 
 Ensino Superior Incompleto 
 Ensino Superior Completo 
 Pós-Graduação 
 
5. Área de atuação profissional: ___________________________________ 
Obs. Caso você não curse e nem tenha cursado graduação ou curso técnico de 
formação relacionada à área da saúde, favor passar para a questão 11. 
 
6. Faz graduação em Odontologia?  Sim 
 Não 
 
7. Caso tenha respondido sim à pergunta anterior, qual período do curso você se 
encontra? _______________________________. 
 
8. É formado em Odontologia?  Sim 
 Não 
 
9. Caso tenha respondido sim à pergunta anterior, quanto tempo de formação? 
_______________________________. 
 
10. Qual a área de especialização, em ODONTOLOGIA? (Caso não seja especialista, 
responda clínico-geral)? _______________________________. 
 
11. Já ouviu falar sobre o termo “Doença Celíaca”?  Sim 
 Não 
 
12. Caso tenha respondido sim à pergunta anterior, por qual meio de comunicação você 
obteve informações a respeito da doença? 
 Televisão 
 Internet 
 Meios impressos 
 Rádio 
 Escola, Faculdade, Cursos – Qual? ______________________ 
 Outros meios – Qual? ______________________ 
13. Se o seu conhecimentoprovém do curso de Odontologia, em qual disciplina foi 
transmitida informações sobre a doença celíaca? ____________________________ 
 
14. Qual o nutriente alimentar está relacionado à doença celíaca? 
 Lactose 
 Glúten 
 Fenilalanina 
 Açúcar 
 Sal 
 Não sei responder 
 
15. O nutriente alimentar relacionado à doença celíaca, em relação às suas 
características alimentares, é considerado um: 
 
 Carboidrato 
 Proteína 
 Lipídeo (gordura) 
 Vitamina 
 Mineral 
 Não sei responder 
 
16. O indivíduo com doença celíaca deve restringir seus hábitos alimentares: 
 Esporadicamente 
 A vida toda 
 Raramente 
 Até normalização dos exames 
 Não sei responder 
 
17. A doença celíaca consiste em uma condição: 
 Transitória 
 Permanente 
 Não sei responder 
 
18. Qual o principal problema ocasionado pela doença celíaca causa? 
 Má digestão dos alimentos 
 Absorção deficiente dos nutrientes 
 Transporte deficiente de substâncias pelas células 
 
19. Para você, a doença celíaca afeta qual (is) órgão (s) do corpo humano? 
 Mucosa oral 
 Esôfago 
 Estômago 
 Intestino grosso 
 Intestino delgado 
 Fígado 
 Pâncreas 
 Rim 
 
20. Qual (is) o (s) principal (is) sinal (is) e sintoma (s) da doença celíaca? 
 Diarreia 
 Náusea/Vômitos 
 Desmaios frequentes 
 Distensão abdominal (barriga 
inchada) 
 Perda de peso 
 Anemia 
 Aftas recorrentes 
 Alterações dentárias 
 Osteoporose 
 Pneumonia 
 Dermatite 
 Irritabilidade 
 
21. Você acha que a ocorrência da doença celíaca está relacionada à predisposição 
genética do indivíduo? 
 
 Sim 
 Não 
 Não sei responder 
22. Para o diagnóstico da doença celíaca, pode ser realizado qual (is) exame (s)? 
 Exame de sangue 
 Exame sorológico 
 Biópsia 
 Não sei responder 
 
 
23. A doença celíaca pode causar manifestação (ões) bucal (is)? 
 Sim 
 Não 
 
 
24. Caso tenha respondido sim à pergunta anterior, qual (is) manifestação (ões) bucal 
(is) ela pode desencadear? 
 
 Atraso na erupção dental 
 Aftas recorrentes 
 Herpes recorrente 
 Queilite angular 
 Cárie 
 Doença Periodontal 
 Alterações no esmalte dentário 
 Não sei responder 
 
 
25. A doença celíaca tem tratamento? 
 Sim 
 Não 
 
 
26. Caso tenha respondido sim à pergunta anterior, qual (is) opção (ões) de tratamento? 
 Uso contínuo de medicamento 
 Mudança dos hábitos alimentares 
 Cirurgia 
 Não sei responder 
 
 
27. Se não tratada, qual (is) a (s) possível (is) complicação (ões) da doença celíaca? 
 
 Câncer 
 Osteoporose 
 Diabete 
 Gastrite crônica 
 Anemias 
 Desnutrição 
 Dermatite 
 Infertilidade 
 Problemas renais 
 Convulsão 
 Deficiência de crescimento 
 Não sei responder 
 
 
28. Você acha importante que haja maior divulgação a respeito características e 
manifestações e complicações sobre a doença celíaca? 
 
 Sim 
 Não 
 
 
 
Agradecemos a sua participação.

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