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Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 1 Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório Created Person Camilla Nunes Secreção biliar e vias biliares Alguns órgãos são de suma importância para o processo de digestão. Dentre eles, podemos citar as estruturas anexas: Vesícula biliar: função de armazenar a bile Pâncreas: glândula que faz parte, tanto do sistema endócrino, quanto do exócrino - produz secreções envolvidas no sistema digestório, facilitando a digestão e hormônios que regulam os níveis de açúcar no sangue. Vesícula biliar 🗯 É um órgão em forma de saco, que mede de 7- 12cm de comprimento. Localizada na face inferior do lobo direito do fígado, dividido anatomicamente em: fundo, corpo e colo. O fígado adulto, tem capacidade de produzir aprox. 900ml de bile por dia, entretanto, a capacidade da vesícula biliar de armazenamento é de aproximadamente 30-50ml. A bile é uma secreção aquosa, amarelo-esverdeada, composta por: eletrólitos ácidos biliares, colesterol, fosfolipídios e bilirrubina. As funções mais importantes da bile, são: @August 9, 2021 9:52 AM Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 2 emulsificação de lipídios para sua correta digestão absorção e eliminação de produtos residuais 🗯 Sua liberação é menor no jejum, sendo a maior parte desviada à vesícula biliar (para concentração). A bile é armazenada durante o jejum, sendo concentrada em até cinco vezes. Diariamente, uma grande quantidade de ácidos biliares são secretados no intestino (duodeno) com a finalidade de auxiliar as enzimas pancreáticas no processo de digestão; Porém, uma pequena quantidade é perdida, já que quase todo o ácido biliar liberado no duodeno, é reabsorvido para circulação venosa do íleo, direcionado ao fígado. Etapas da bile: 1. Quimo chega ao intestino delgado 2. Os lipídios, proteínas ácidas e parcialmente digeridas no estômago, estimulam a liberação dos hormônios entéricos colecistoquinina (CCK) 3. A CCK, em resposta a presença de gorduras, estimula as contrações da vesícula biliar e do ducto biliar comum 4. Estimula a secreção de bicarbonato e água no ducto biliar, além de secretina, por conta do ácido - aumentando o volume e fluxo da bile ao intestino 5. Como parte da resposta gustativa, a bile armazenada é liberada da vesícula biliar Sua secreção segue a seguinte trajetória: hepatócito → canalículos biliares → ductos hepáticos direito e esquerdo → ducto hepático comum → ducto cístico → vesícula biliar (armazenamento) → secretada por estímulos (eferentes vagais e CCK) → ducto cístico → ducto colédoco → ampola hepatopancreática → duodeno 🗯 Não confunda: o processo de emulsificação x o de digestão; >> Emulsificação: há aumento da superfície de contato da gordura para ação das lipases, enzimas digestivas cujo substrato são lipídios. Além disso, os ácidos biliares podem atuar como transportadores de lipídios e formar micelas - agregados lipídicos de ácidos graxos, colesterol e monoacilglicerois em suspensão – realizam, também, o transporte e absorção de vitaminas lipossolúveis como A, D, E, K. Pâncreas 🗯 Glândula mista, exócrina- endócrina retroperitoneal, localizado no abdômen superior, encaixada na Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 3 alça do duodeno e no hilo do baço. Em humanos, mede entre 10-15 cm de comprimento e pesa entre 60- 150g. Possui 3 subdivisões anatômicas: a cabeça, o corpo e a cauda. Função do pâncreas: função endócrina: compõe 2% da massa total do pâncreas e é responsável por secretar, através das ilhotas de Langerhans, hormônios que atuam no metabolismo da glicose (insulina e glucagon) diretamente na corrente sanguínea. Pâncreas exócrino: Dividida em lóbulos, chamados de ácinos, similares aqueles das glândulas salivares. As células acinares, secretam enzimas digestivas As células do ducto, secretam solução de bicarbonato de sódio, para neutralizar o quimo acidificado que chega ao duodeno função exócrina: secreção do suco pancreático, rico em enzimas digestivas, através de células secretoras organizadas como ácinos. Tanto a bile, quanto o suco pancreático, são essenciais para o processo de digestão. 1. Inicia-se na boca, com a digestão mecânica e uma quebra parcial do carboidrato, através de enzimas. 2. Continua no estômago, com o peristaltismo estomacal (quebra parcial de proteínas) 3. Digestão será finalizada somente no intestino delgado. Digestão e absorção de carboidratos, proteínas e lipídios. Intolerância à lactose Os nutrientes provenientes da alimentação, após a chegada ao duodeno, sofrem a ação de diferentes enzimas para finalizar a quebra em micronutriente e posterior absorção no intestino delgado. Os carboidratos serão quebrados em nível de glicose; as proteínas em aminoácidos; e os lipídeos em ácidos graxos. Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 4 O intestino delgado é a porção terminal da digestão dos alimentos e o local onde ocorre a absorção dos nutrientes. O comprimento e as microvilosidades no órgão são fatores importantes para aumentar o contato do alimento com as células absortivas e facilitar a absorção dos nutrientes. Carboidratos São moléculas orgânicas que incluem os: Monossacarídeos (glicose e frutose) Dissacarídeos (lactose e sacarose) Carboidratos complexos ou polissacarídeos: Amido: presente nos alimentos de origem vegetal (amilose e amilopectina) Glicogênio: encontrado nas células animais, tem estrutura semelhante à amilopectina, mas com o número de pontos de ramificação maior. Digestão de ambos: inicia com a α-amilase salivar e é continuada com a α-amilase pancreática, ambas endossacaridases. A α-amilase salivar é inativada em pH ácido do suco gástrico, porém se permanecer no interior do bolo alimentar, pode continuar digerindo "carboidratos complexos". Boa parte da digestão destes carboidratos, pode ocorrer antes que o quimo atinja o intestino delgado. Enzimas: A presença de bicarbonato no suco pancreático neutraliza o ácido estomacal e a α-amilase pancreática continua a decomposição de carboidratos complexos em maltose, isomaltose, trissacarídeos e dextrina-limite. Para promover a absorção epitelial é necessária uma digestão adicional, com a quebra dos compostos resultantes da hidrólise α-amilase pancreática, pelas dissacaridases encontradas nas bordas em escova dos enterócitos. Estas enzimas das bordas, são exoenzimas como a maltase, que hidrolisa apenas as ligações α-1,4 glicosídicas entre as moléculas de glicose na maltose ou que iniciam a clivagem nos resíduos da extremidade do amido. A isomaltase (dextrinase limite), hidrolisa as ligações α-1,6 glicosídicas nos pontos de ramificação em várias dextrinas-limites e ligações α-1,4 na maltose e maltotriose. Outra enzima das bordas em escova é o complexo da β-glicosidase, que inclui lactase e glucosil-ceramidase - a lactase divide as ligações β-1,4 entre glicose e galactose no açúcar do leite. A absorção intestinal de glicose e galactose usa transportadores idênticos àqueles encontrados nos túbulos renais proximais: o simporte apical. Glicose: SGLT e o transportador basolateral GLUT2. Esses transportadores movem tanto a galactose quanto a glicose. Absorção de frutose: não é dependente de sódio (Na+), ela se move através da membrana apical por difusão facilitada pelo transportador GLUT5 e através da membrana baso-lateral pelo GLUT2. A d-glicose e a d-galactose são absorvidas pelo cotransportador de glicose dependente de sódio (SGLT1). Na ausência de sódio Na+, a d-glicose se liga ao SGLT1, com afinidade menor mas, na presença do íon, ocorre uma alteração conformacional que permite que a molécula se associe com alta afinidade. Quando a concentração intracelular de Na+ é baixa, o Na+ se dissocia do seu local de ligação, fazendo com que a afinidade do transportadorpela d-glicose diminua e o açúcar seja liberado no citoplasma da célula. Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 5 Proteínas A quantidade total de proteínas ingeridas diariamente provém da dieta e de proteínas endógenas, como enzimas digestivas e células mortas. Para hidrolisar as proteínas em aminoácidos e pequenos peptídeos são necessárias diversas enzimas proteolíticas, com especificidade para ligações peptídicas. Endopeptidases: têm como substrato ligações mais internas e resultam em polipeptídeos maiores Exopeptidases: quebram ligações, liberando um aminoácido por vez do terminal carboxi ou amino da proteína. Onde inicia a decomposição das proteínas e peptídeos? Inicia no estômago, sob a ação da pepsina. O ácido clorídrico (HCl), presente no suco gástrico é secretado pelas células parietais e transforma o pepsinogênio em pepsina ativa no estômago. A pepsina começa a hidrolisar proteínas em vários pontos de clivagem, para polipeptídios menores. O suco gástrico, sendo ácido, acaba desnaturando proteínas, o que facilita que as proteases tenham acesso às suas ligações peptídicas. Quando o quimo atinge o intestino delgado, as proteases pancreáticas são excretadas juntamente com bicarbonato, neutralizando o ácido estomacal e elevando o pH, favorecendo a atividade das proteases pancreáticas. O tripsinogênio é transformado em tripsina pela enteropeptidase da borda em escova de células do jejuno. As proteases pancreáticas tripsina, clivam ligações peptídicas mais específicas nos aminoácidos lisina ou arginina. A quimotripsina é menos específica e quebra as ligações peptídicas adjacentes aos aminoácidos hidrofóbicos. Elastase e carboxipeptidases clivam os polipeptídeos em oligopeptídeos e aminoácidos. A elastase cliva as ligações de elastina e peptídeo adjacentes à alanina, glicina e serina. Os cotransportadores de di e tripeptídeo acoplados a íons hidrogênio (H+) aproveitam um gradiente eletroquímico de H + do lúmen para o citoplasma, por meio das membranas da borda em escova dos enterócitos. O gradiente eletroquímico de H+ é gerado e mantido pelos trocadores de Na + e H+, juntamente com a remoção de Na+ das células através das membranas basolaterais pelas Na + K + - ATPases. A família transportadora de oligopeptídeos inclui PEPT1 e PEPT2. O PEPT1 é o transportador predominante de oligopeptídeos intestinais e é encontrado, principalmente, no duodeno e no jejuno. Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 6 Alguns dos di e tripipeptídeos, transportados intactos para os enterócitos, são hidrolisados por peptidases intracelulares dentro das células para liberar aminoácidos. Aminoácidos livres deixam as células através das membranas basolaterais e entram na corrente sanguínea. Lipídios Digestão dos lipídios: Pode iniciar com lipase lingual e continuar no estômago com lipase lingual e lipase gástrica. A maioria das gorduras chega ao duodeno na forma não digerida, o que promove a secreção de lipases e esterases pancreáticas e a contração da vesícula biliar para liberação de bile. A emulsificação é importante, pois estabiliza as partículas lipídicas dispersas impedindo que se juntem novamente (ação dos sais biliares, fosfolipídios e colesterol) aumentando a ação das lipases. Durante a hidrólise, as gotículas de emulsão se dissociam em cristais líquidos multilamelares, que são convertidos em vesículas unilamelares por sais biliares e em micelas misturadas pela adição adicional de sais biliares. Assim como a lipase pancreática, a colipase pancreática, é necessária para facilitar a digestão de lipídios. A enzima se associa à lipase, permitindo que os triglicerídeos se encaixem no sítio ativo da enzima. Triglicerídeos são geralmente digeridos por estas duas enzimas pancreáticas na porção superior do jejuno. A lipase pancreática hidrolisa os ácidos graxos nas posições 1 e 3 da porção glicerol e produz ácidos graxos livres e um 2- monoacilglicerídeo. Da mesma forma, os ácidos graxos são removidos do colesterol da dieta pela esterase pancreática, sendo formados um ácido graxo livre e um lisofosfolipídeo pela ação da fosfolipase A2. Os produtos de decomposição lipossolúveis das gorduras alimentares solubilizadas por sais biliares em micelas compostas por estes sais, ácidos graxos, monogliacilglicerídeos e colesterol, são distribuídos pela fração aquosa em contato com as membranas das bordas em escovas dos enterócitos. Nas membranas dos enterócitos, os ácidos graxos das micelas tornam-se protonados e se difundem. Ácidos graxos de cadeia média fluem diretamente para o sangue portal, para serem transportados ao fígado, associados à albumina sérica. No entanto, para transportar ácidos graxos de cadeia longa, há diversos sistemas de transporte por translocases. Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 7 O FAT / CD36 é um exemplo; esta proteína é expressa e regulada pela presença de lipídios da dieta, obesidade genética e diabetes mellitus. Os enterócitos empacotam os triglicerídeos reconstituídos com proteínas e fosfolipídios em quilomícrons. Um componente estrutural chave dos quilomícrons é a apoproteína B48 (ApoB48). A síntese de quilomícrons depende da proteína microssômica de transporte de triglicerídeos (MTP), que catalisa a transferência do triglicerídeo insolúvel em água, para a gotícula lipídica crescente e combina com uma partícula rica em proteínas e alta densidade no retículo endoplasmático rugoso. Posteriormente, o ApoB48 e o complexo de partículas densas combinam-se com uma grande partícula leve e com apoproteína AIV, anexada do retículo endoplasmático liso de onde brota uma vesícula de transporte para ser finalizada no aparato de Golgi. O quilomícron usa uma grande segunda vesícula de transporte contendo vários quilomícrons para atravessar o aparato Golgi para a membrana basolateral para exocitose para entrarem nos vasos linfáticos e, posteriormente, na corrente sanguínea através do ducto torácico. Intolerância a lactose Pessoas com intolerância à lactose são incapazes de digerir completamente lactose, como consequência, desenvolvem: diarreia, flatulência e inchaço após ingerir leite e seus derivados. A deficiência na produção da lactase produzida no intestino delgado é geralmente a principal causa para intolerância à lactose. A lactase cliva a lactose – dissacarídeo – nos monossacarídeos glicose e galactose, açúcares simples, capazes de serem absorvidos para corrente sanguínea através do epitélio intestinal. Quando há deficiência de lactase, a lactose é movida ao cólon, sendo substrato para fermentação de bactérias da microbiota normal do intestino grosso. Como resultado, surgem os sinais e sintomas de intolerância. Há, basicamente 3 tipos de intolerância a lactose: Intolerância primária: O mais comum, pois, conforme as crianças vão substituindo o leite por outros alimentos, existe o decréscimo na produção da enzima; Determinada geneticamente, ocorrendo em maior proporção em indivíduos de ascendência africana, asiática ou hispânica. Intolerância secundária: Ocorre quando o intestino delgado diminui a produção de lactase após uma doença, lesão ou cirurgia envolvendo o intestino grosso; Entre as doenças associadas a essa tolerância, estão a doença celíaca e a de Crohn. Intolerância congênita: Condição mais rara, onde recém-nascidos nascem intolerantes por uma completa ausência de lactase. Essa condição é transmitida em padrão de herança autossômico recessivo. Com base em sintomas e em resposta à diminuição da quantidade de laticínios da dieta, é possível suspeitar se um indivíduo é intolerante à lactose. A confirmação do diagnóstico deve ser realizada por exames: teste de tolerância à lactose: Realizado com a ingestão de solução de lactose em jejum. Logo após, é analisada a glicemia através de exames de sangue. Se os níveis de glicemia não subirem, não está ocorrendo a digestãoe absorção adequada da lactose ingerida em jejum. teste de hidrogênio na respiração: Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 8 Ingestão em jejum de solução de lactose, para serem medidas as quantidades de hidrogênio na respiração em intervalos regulares. Se o organismo não digerir a lactose, a mesma será fermentada no cólon, liberando hidrogênio e outros gases, que são absorvidos pelo intestino e que podem ser expirados. 🗣 Ainda não há como aumentar a produção de lactase naturalmente. Mas, há algumas maneiras de evitar o desconforto que a intolerância a lactose pode trazer: - evitar grandes porções de leite e outros produtos lácteos - Ingerir produtos industrializados com baixos teores ou livres de lactose - adicionar a própria enzima lactase em preparações para quebrar a lactose. Além disso, é bastante difundido o uso de comprimidos ou soluções a base de enzimas lactase que podem ajudar a digerir produtos à base de leite (ingestão recomendada imediatamente antes de ingerir leite e derivados). Digestão e absorção intestinal de vitaminas. Transporte e absorção de água e eletrólitos no sistema gastrointestinal. Doença celíaca. As vitaminas são moléculas orgânicas obtidas por meio da alimentação, nosso organismo produz apenas algumas delas, portanto, o consumo variado de alimentos é fundamental para prevenir carências nutricionais que podem trazer prejuízos sérios à saúde. Em nosso organismo elas conseguem reparar tecidos, ajudam a fortalecer o sistema imunológico, colaboram para a saúde de mucosas e pele, além de ajudar no tratamento e prevenção de doenças. Outras moléculas importantes durante a digestão são a água e os eletrólitos. Essas substâncias fazem o controle osmótico. Um desequilíbrio hidroeletrolítico pode desencadear problemas graves de saúde. Absorção de vitaminas lipossolúveis em nível intestinal As vitaminas lipossolúveis não formam coenzimas ou grupos protéticos com apolipoproteínas solúveis e podem ser armazenadas em depósitos de gordura. Ao serem ingeridas, as vitaminas lipossolúveis são dissociadas das proteínas por fatores como acidez estomacal e proteólise. Intestino delgado: incorporam-se a outros produtos lipídicos em emulsões, vesículas e micelas, para absorção na superfície dos enterócitos por difusão simples ou por transportadores. Difundem-se no interior do enterócito, ligadas às proteínas transportadoras. Retículo endoplasmático liso: as vitaminas associam-se a gotas de lipídios, formando quilomícrons e lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDLs), que por vesículas secretoras do aparato de Golgi chegam à linfa. Uma vez na circulação sanguínea sistêmica, as vitaminas A, D, E, K, solúveis em gordura, entram no fígado por endocitose mediada por receptores de quilomícrons. A deficiência de vitamina lipossolúvel ocorre em vários estados de má absorção de gordura, incluindo aqueles induzidos por cirurgia bariátrica, medicamentos que atrapalham a hidrólise de triacilgliceróis (Orlistate) e redução de ácidos biliares por função hepatobiliar prejudicada ou insuficiência hepática. A maior parte do Ca++ na dieta provém de leite e produtos lácteos. O transporte ativo de Ca++ através das células epiteliais das vilosidades do duodeno é transcelular e está sob o controle da vitamina D. Etapas da absorção transcelular de Ca++: A captação de Ca++ através da membrana apical ocorre através dos canais TRPV6 Ca++, impulsionada pelo gradiente eletroquímico entre o lúmen e a célula. O Ca++ citosólico se liga à proteína calbindina, que protege o Ca++ intracelular. Uma bomba de Ca e um trocador de Na-Ca na membrana basolateral, expulsam o Ca++ da célula para o fluido intersticial. A forma ativa da vitamina D estimula todas as etapas da via transcelular, mas seu efeito mais importante é aumentar a síntese de calbindina. A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel que é absorvida principalmente no jejuno. A pele sintetiza a vitamina D3 a partir do colesterol em um processo que requer radiação ultravioleta. Algumas vitaminas hidrossolúveis Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 9 Ácido fólico (folato): Adquirido na dieta é desconjugado enzimaticamente pela folato conjugase, uma exopeptidase ativada por zinco, na borda da escova antes da absorção por um trocador de ânions na membrana apical dos enterócitos. O folato é essencial para a síntese dos nucleotídeos timina e purina do DNA, sendo sua deficiência prejudicial à replicação do DNA e mitose. Como a síntese de RNA e proteínas não é prejudicada, são produzidas células vermelhas grandes (megaloblastos), resultando em anemia megaloblástica. Talvez a melhor associação dessa vitamina esteja vinculada com a suplementação durante a gravidez para redução dos riscos de defeitos do tubo neural do embrião em formação. A absorção de folato representa um processo de troca aniônica da membrana apical, no qual a captação de folato está ligada ao efluxo de OH - através da membrana apical. O mecanismo do movimento do folato para fora da célula epitelial através da membrana basolateral, não é conhecido. Vitamina B12 (cobalamina): A principal fonte de vitamina B12 em humanos é a ingestão de produtos de origem animal como carnes, peixes, mariscos e ovos, não estando presente em alimentos de origem vegetal. A cobalamina atinge o estômago junto às proteínas alimentares, sendo a pepsina e o pH ácido, os fatores que liberam a vitamina, que, livre, se liga à haptocorrina. As células parietais do estômago secretam fator intrínseco, crucial para a absorção da cobalamina. No entanto, a acidez gástrica aumenta a ligação da cobalamina à haptocorrina e quando o complexo cobalamina- haptocorrina chega ao duodeno, a haptocorrina é degradada por proteases pancreáticas. A alcalinização promovida pela secreção pancreática no duodeno, faz com que a cobalamina derivada se ligue ao fator intrínseco. O complexo cobalamina-fator intrínseco se associa a receptores das membranas apicais dos enterócitos no íleo, através de ligação dependente de cálcio (Ca++). O enterócito absorve o complexo de cobalamina - fator intrínseco; dentro da célula, a cobalamina e o fator intrínseco se dissociam. A cobalamina é liberada dos enterócitos pela membrana basolateral ligada à transcobalamina II. O complexo transcobalamina II-cobalamina entra na circulação portal para ser armazenado na bile. Transporte e absorção de água e eletrólitos no sistema gastrointestinal Processo de absorção: Absorção de água: Água é sempre absorvida no trato alimentar por osmose, através de uma via paracelular entre os enterócitos. Consequentemente, a absorção é principalmente acionada pela absorção ativa de eletrólitos osmóticos, especialmente sódio. Nos casos em que uma alta concentração de solutos não absorvíveis permanece no lúmen gastrointestinal, a água não pode ser reabsorvida e, causará diarreia osmótica. Reabsorção de Na+: Ocorre na membrana luminal, através de vários simportadores e antiportadores no intestino delgado e grosso. A reabsorção é alimentada por uma NaK ATPase na membrana do enterócito basolateral. Essa ATPase transporta ativamente o Na+ além da membrana, reduzindo a concentração intracelular de Na+, que posteriormente cria um gradiente eletroquímico para o transporte interno de Na+ na membrana luminal. A absorção de Na+ no intestino grosso é semelhante ao que ocorre nas células principais do túbulo distal renal. A difusão através dos canais iônicos da membrana luminal é alimentada por uma NaK ATPase basolateral. Absorção de cloreto: A absorção de Cl ocorre em grande parte através da difusão passiva por uma via paracelular. A reabsorção substancial de Na+ pode criar uma carga negativa do lúmen, criando assim um forte gradiente eletroquímico para a reabsorção passiva de Cl-. A maioria do cloreto é reabsorvido no intestino delgado, principalmente no duodeno e no jejuno. Reabsorção de bicarbonato: Uma grande quantidade de bicarbonatoé secretada durante a secreção pancreática e a manutenção do equilíbrio ácido-base adequado requer que alguns sejam reabsorvidos. Uma molécula de CO2 é convertida em H+ e HCO 3, pela anidrase carbônica nos enterócitos. O HCO 3 é transportado após a membrana basolateral, enquanto o H+ é transportado para o lúmen intestinal em um antiporte de Na+ - H+. Provavelmente o H+ combina com o bicarbonato luminal e depois é convertido em CO2, difundido no sangue. Doença Celíaca A doença celíaca é uma enteropatia sensível ao glúten, causada por uma reação imunológica no intestino delgado ao consumo de glúten. Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 10 Com o tempo, essa reação danifica o revestimento do intestino delgado causando má absorção de alguns nutrientes. A doença geralmente causa diarreia ou prisão de ventre, fadiga, dores de cabeça, perda de peso, inchaço e anemia; podendo levar a complicações mais importantes como anemia por deficiência de ferro e dermatite herpetiforme. Não há cura para a doença celíaca, sendo recomendado seguir uma dieta sem glúten para poder ajudar a minimizar sintomas e promover a recuperação intestinal. Quando o sistema imunológico reage ao glúten presente nos alimentos, ocorrem danos nas microvilosidades que revestem o intestino delgado, não absorvendo nutrientes de forma suficiente. Não tratar a doença celíaca pode causar desnutrição, levando à anemia e perda de peso; ossos enfraquecidos, já que a má absorção de cálcio e vitamina D pode levar a um amolecimento do osso (osteomalácia ou raquitismo); intolerância à lactose; câncer e problemas no sistema nervoso. O diagnóstico pode ser realizado através de endoscopia digestiva alta com câmera que permite a visualização do intestino delgado para retirada de amostra tecidual para biópsia e análise de danos nas microvilosidades, testes sorológicos sensíveis a anticorpos produzidos em resposta ao glúten e testes genéticos para antígenos leucocitários humanos (HLA-DQ2 e HLA-DQ8) pode ser usado para descartar a doença celíaca. É importante fazer os exames para a doença celíaca antes de tentar uma dieta sem glúten. Eliminar o glúten da dieta pode fazer com que os resultados dos exames de sangue pareçam normais. Após a confirmação do diagnóstico, a remoção do glúten da dieta reduzirá gradualmente a inflamação no intestino delgado. Sistema nervoso entérico Sistema nervoso entérico. Funções motoras do estômago, do intestino delgado e do intestino grosso. Fármacos antieméticos, laxativos, antidiarreicos, antiespasmódicos O sistema digestório apresenta seu próprio sistema nervoso local, denominado sistema nervoso entérico ou intrínseco, que contém tantos neurônios quanto a medula espinhal. Os principais componentes do sistema nervoso entérico são duas redes ou plexos de neurônios, embutidos na parede do trato digestório, se estendendo do esôfago ao ânus. Plexo mioentérico: está localizado entre as camadas longitudinais e circulares do músculo na túnica muscular e, exerce controle principalmente sobre a motilidade do trato digestivo. Plexo submucoso: está enterrado na submucosa. Seu principal papel é detectar o ambiente dentro do lúmen, regular o fluxo sanguíneo gastrintestinal e controlar a função celular epitelial. Nas regiões em que essas funções são mínimas, como o esôfago, o plexo submucoso é escasso e pode realmente estar ausente. Funções motoras do estômago O processo de digestão inicia-se antes mesmo do alimento entrar pela boca. O simples fato de ver, cheirar e até mesmo pensar no alimento ativa reflexos antecipatórios, fase cefálica da digestão. Esses estímulos ativam neurônios no bulbo que mandam sinais através do nervo vago para o sistema nervoso entérico. O estomago possui três funções gerais: armazenamento do alimento, para que possa terminar a digestão no duodeno; digestão ‘propriamente dita’, até formar uma massa semilíquida denominada quimo e esvaziamento lento do quimo para o duodeno. À medida que o alimento entra no estômago, a atividade digestória inicia-se com o reflexo vagal dando início a fase gástrica da digestão. A redução do tônus da parede muscular faz com que haja a distensão estomacal, para o armazenamento e a presença de peptídeos ou de aminoácidos no lúmen; são, então, ativadas células endócrinas e neurônios entéricos que irão influenciar a motilidade e a secreção. O mecanismo de mistura é condicionado por dois eventos fundamentais: Ondas de mistura: ondas peristálticas fracas - na porção medial da parede gástrica e em direção ao antro do estômago. Esses movimentos tornam-se mais intensos, formando anéis peristálticos constritores, impulsionados por potenciais de ação que forçam o bolo em direção do piloro. Retropulsão: Constitui o mecanismo principal de mistura do estômago - Ao mesmo tempo, o músculo pilórico contrai-se fortemente, fechando o piloro, impedindo que o estômago se esvazie e impelindo o conteúdo antral para cima, promovendo a Unidade 2 - Secreções, digestão, absorção e funções motoras do trato digestório 11 mistura. Todo o processo de esvaziamento gástrico é por reflexos provenientes do intestino delgado, mais especificamente, pelo duodeno (reflexo enterogástrico). O elevado volume gástrico e o consequente estiramento das paredes e dos músculos gástricos são suficientes para desencadear reflexos mioentéricos promotores do esvaziamento. Funções motoras do intestino delgado Uma vez que o quimo passa ao intestino delgado, a fase intestinal da digestão inicia. O quimo, que entra no intestino delgado, sofreu relativamente pouca digestão química, então sua entrada no duodeno deve ser controlada para evitar sobrecarga ao intestino delgado. Os movimentos segmentais misturam o quimo com as secreções pancreáticas, biliares e intestinais. Os movimentos para frente do quimo, ao longo do intestino, devem ser suficientemente lentos para permitir que a digestão e a absorção sejam completadas. O sistema nervoso parassimpático e os hormônios gastrina e CCK promovem a motilidade intestinal; enquanto a inervação simpática inibe. O peristaltismo no íleo terminal abre o esfíncter íleo-cecal, normalmente fechado. Funções motoras do intestino grosso O esfíncter ileocecal se abre quando uma onda peristáltica percorre o íleo terminal e restos do quimo são transferidos para o ceco. O esfíncter se fecha, então, impossibilitando refluxos. O quimo continua a ser misturado por contrações segmentares, o movimento para frente é mínimo durante as contrações de mistura e depende principalmente de uma única contração colônica, chamada de movimento de massa - ondas peristálticas vigorosas que empurram a massa fecal em direção ao reto. O sistema nervoso parassimpático aumenta a frequência e amplitude dos movimentos e o simpático os inibe; o plexo nervoso entérico organiza os movimentos. Um dos reflexos bem definidos é o gastrocólico. No qual, por meio do sistema nervoso e de hormônios, a presença de alimento no estômago aumenta a motilidade no intestino grosso. O movimento de massa é responsável pela distensão súbita do reto, que desencadeia a defecação.
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