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Musicoterapia Neurológica Capítulo 6 6.5 - Modelo de Design Transformacional - TDM TDM trás um sistema para o terapeuta traduzir imediatamente o modelo científico em prática clínica funcional. São cinco passos: 1 – Assistência diagnóstica e funcional 2 – Desenvolvimento de metas/objetivos terapêuticos 3 – Design funcional de exercícios terapêuticos não musicais e estímulos 4 – Tradução do passo três em experiências musicais terapêuticas funcionais 5 – Transferência do aprendizado terapêutico em aplicações funcionais não musicais do mundo real. Nesta abordagem todas as disciplinas trabalham em conjunto para dar suporte as mesmas metas e objetivos de ângulos diferentes, utilizando mais técnicas quanto possível de forma colaborativa e interdisciplinar. Capítulo 7 Musicoterapia Neurológica na Reabilitação Sensório-Motora 7.1 - Introdução Um dos mais intrigantes aspectos do efeito da música no cérebro é o impacto da música e do ritmo no processo motor. O aspecto do tempo na música influencia fortemente a regulagem do movimento. Ritmo pode ser descrito como um controlador de tempo sensorial que fisiologicamente utiliza conexões bem sensíveis entre os sistemas auditivo e motor no cérebro para influenciar o controle do tempo no movimento. Com esta regulagem do tempo virá a abranger a regulagem do movimento, de força, das dimensões de espaço e posição. O som também tem um forte impacto no despertar e na iniciação do sistema motor para coloca-lo em estado de prontidão através dos caminhos reticuloespinhal no tronco encefálico e na medula espinhal. 7.2 - Técnicas da Musicoterapia neurológica na reabilitação sensório-motor São 3: Estimulação auditiva rítmica – RAS Reforço sensorial padronizado - PSE Performance musical terapêutica instrumental – TIMP 7.3 - Estimulação auditiva rítmica - RAS É a técnica neurológica que usa efeitos fisiológicos do ritmo auditivo no sistema motor para melhorar o controle dos movimentos na reabilitação e terapia. O RAS é mais usado na terapia da marcha para ajudar na recuperação dos padrões do andar funcional, estável e adaptativo. Em pacientes: – AVC – Mal de Parkinson – Traumatismo crânio-encefálico – Efeitos da idade – Etc... RAS pode ser usado de duas maneiras: 1- Como um treino de estímulos imediatos fornecendo deixas rítmicas durante o movimento. Por exemplo, indivíduos podem ouvir um metrônomo ou gravação de um ritmo enquanto caminham, para visando a melhora de seu tempo interno, balance, controle dos músculos e membros. 2- Como um estímulo facilitador para treinamento; pacientes treinam com RAS por um certo período de tempo para atingirem padrões mais funcionais da marcha, que depois são transferidos para o caminhar sem as facilitações rítmicas. 7.3.1 - Como as técnicas terapêuticas influenciam funções cerebrais e comportamentais As bases neurológicas para o efeito do ritmo auditivo no sistema motor podem ser melhor descrito em quatro áreas: 7.3.1.1 - Treinamento Rítmico – O sistema auditivo é super equipado para detectar com rapidez e de forma acurada flutuações de amplitude, sendo capaz também de extrair padrões regulares, por ser sensitivo a mudanças na intensidade do som. O mecanismo básico do treinamento rítmico parece ser fortemente baseado em um direto e dinâmico acoplamento sensório-motor que pode ocorrer sem maiores contribuições do esforço da aprendizado cognitivo. 7.3.1.2 - Condicionamento da via Auditiva-Motora – Treinamento psicológico dos padrões de ativação muscular através de ritmo auditivo ocorre por vias reticuloespinhais e seus efeitos são utilizados na tarefas locomotoras funcionais. 7.3.1.3 - Sugestão(Cuing - Deixa) do período do movimento – A sugestão do ritmo promove uma referência rítmica continua durante toda o planejamento e execução do movimento. 7.3.1.4 - Embarque gradual do ciclo Limite - é um protocolo de tratamento que visa elevar as funções de controle intrínsecas do movimento. Padrões de movimentos funcionais mais complexos como movimentos seqüenciais de braços, mão ou dedos, podem ser ativados por padrões rítmicos mais complexos que a marcha. Ciclos limite são freqüências que qualquer sistema em movimento realiza muito bem. A ideia do RAS é estabilizar e otimizar os parâmetros do movimento neste ciclo limite e uma vez que esta estabilidade foi alcançada neste nível novos ciclos limite vão sendo gradualmente colocados. Freqüências de movimentos naturais podem ser determinados avaliando-se a cadencia atual do paciente. Existem também modelos matemáticos para calcular as freqüências do passo ressonante ideal. SLICE se mostrou eficaz para aperfeiçoar a performance da marcha. Também se mostrou eficaz como um procedimento de treinamento à longo prazo onde o paciente aprende a transferir os efeitos do treinamento visando manter a habilidade de andar já conseguida sem a necessidade de que o estímulo facilitador esteja presente. 7.3.2 - Protocolo Clínico 1 – Avaliação – Começa com um aquecimento usado para avaliar os parâmetros da marcha, medindo-se: • Cadencia – Contando o número de batidas de calcanhares em 60seg. • Velocidade – Medindo-se no chão quantos metros (pés) o paciente andou em 60seg. • Comprimento do passo – Dividindo velocidade por (cadencia/2) Exemplo: Velocidade = 30 metros por min – Cadência = 100 passos por min Equação 30 metros por minuto / (100 passos por min/2 minutos por cumprimento do passo) 30:(100:2) = 30:50 = 0.6 metros ou 60 centímetros ou 2 pés ou 24 polegadas Cumprimento do Passo = 0.6 metros Valores normais são: Velocidade = 60-80 metros por min e Cadência = 105-120 passos. Um dos fatores mais importantes para determinar a duração da sessão de treinamento é a resistência do paciente. Sessões de tratamento hospitalar costumam durar de 10-30 min uma ou duas vezes por dia. 2 – Treinamento da frequência ressonante – O objetivo da primeira parte da sessão é corresponder a frequência do RAS com a marcha e o caminhar do paciente. O RAS sendo tocado através de fones de ouvido, caixinhas de som dentre outros. O paciente pode necessitar que segure suas mãos, suporte para seus braços ou cinta de marcha. Deixas verbais, como contagem ou descrevendo o movimento como “direita, esquerda” ou “passo, passo” podem ajudar. O terapeuta deve dar menos retorno possível. Mas deixas básicas para manter o mecanismo da boa marcha, ou em relação ao comprimento do passo, ou balance dos braços e postura pode ser necessário e apropriado. 3 – Modulação da Frequência – Nesse estágio da sessão um aumento da frequência do RAS deve começar. O aumento deve ser baseado numa porcentagem da linha base notável, não menos que 5% mas ao mesmo tempo que esteja ao alcance do paciente, sem que comprometa o mecanismo de uma boa marcha. Nesse momento já podem ser colocadas correções verbais do padrão da marcha como “use a batida dos calcanhares”, “não encurte os passos” mas o feedback deve ser mínimo para evitar interrupção da direção programação das tendências do cérebro. 4 – Marcha avançada adaptável – Nesta parte modulações no tempo podem ser praticadas mudando entre devagar, rápido e normal, bem como exercícios de parar e continuar, andar em diferentes tipos de superfícies, inclinações, e outros exercícios avançados de marcha( escadas, curvas, rotação, inversão de direção). 5 – Ralentando – Na ultima parte do treinamento RAS deve ser ralentado sistematicamente para a pratica da transferência. O ralentar deve ser gradualmente aumentado para treinar independência ou prática mental. 6 – Reavaliação – O terapeuta reavalia o paciente, usando outra linha de base de caminhada e sem dar deixas, para determinar quais partes da performance da marcha foram aprimoradas. Tudo deve ser anotado para quea evolução seja quantificada. Considerações Praticas do uso clínico do RAS • O musicoterapeuta deve ter boas habilidades rítmico-musicais. • Os padrões da marcha se dão melhor com pulsações rítmicas como as de metrônomos ou músicas ritmicamente acentuadas. • O RAS se organiza em métricas binárias e quaternárias 2/4 e 4/4 Com forte acentuação nas batidas 1 ou 1 e 3. • Um entendimento básico do conceito de Ritmo é importante. • A qualidade emocional motivadora do ritmo e da música é desejável como um efeito secundário – Os elementos musicais que podem trazer percepção rítmica. – A música faz parte do isso do paciente – O paciente pode perceber o complexo de estímulos acústicos e não se confundir pelo complexos padrões sonoros. Músicas bem compostas podem elevar a percepção rítmica e a ritmicidade do movimento. • A seleção do estímulo deve depender do melhor percentual de resposta do paciente. Fraseados, Elementos entre o início e o fim da frase, especialmente em batidas muito lentas, padrões musicais completos com ocorrências regulares de eventos de batidas entre uma deixa e outra. • Além do metrônomo várias ferramentas de Tecnologia MIDI-Áudio são uma excelente via para sequenciar e sintetizar sons. • As redes neurais para sincronização rítmica parecem não ser lateral, sendo assim independente do hemisfério da lesão e caracterizado por um processamento paralelo em múltiplos níveis da função cerebral. 7.4 - Reforço sensorial padronizado - PSE Os mecanismos subjacentes fundamentais que discutimos para o RAS se estendem para a técnica do PSE. Como as pesquisas mostraram impressionantemente, a música trás uma deixa sensorial que estrutura temporariamente e regula padrões de movimento, portanto facilitando o (re) aprendizado eficiente e a execução de exercícios de movimentos funcionais na reabilitação motora. Entretanto, existem distintas diferenças entre o RAS e o PSE. Uma das maiores diferenças é encontrada quando se estuda as traduções auditivo-cinemáticas incorporadas no PSE. PSE utiliza todos os elementos musicais em um quadro multidimensional para utilizar padrões sonoros para sinalizar padrões de movimento, ao passo que o RAS opera exclusivamente com deixas temporais rítmicas. PSE opera em dois processos distintos dentro de um loop(uma volta) consistente de retorno-ida. O primeiro processo é um processo de tradução onde todos os aspectos cinemáticos do movimento servem como padrões de feedback(retorno) a serem traduzidos em padrões sonoros. Esta tradução se manifesta em uma matriz tridimensional na qual performance motora ocorre: Os parâmetros espacial, temporal e dinâmico de um movimento são traduzidos dentro de elementos musicais e padrões dando significado a aspectos de tempo a temporalidade e ritmo, os aspectos de espaço da posição e trajetória, e os aspectos de dinâmica a aplicação de força do movimento. Durante este processo, podemos falar de um processo de composição cinematicamente baseado em música. Uma vez que os padrões de movimento foi traduzido em um padrão sonoro apropriado, uma melodia cinemática, os padrões sonoros são então usados em um molde dado para sinalizar a execução do padrão de movimento para o paciente afim de fornecer uma referencial de tempo estável, contínuo e antecipatório que também integra significantes referência aos aspectos de força dinâmico e espacial do padrão de movimento. Usando terminologia da psicologia e da Estética(Filosofia), podemos sucintamente sumarizar o processo do PSE como traduzindo movimentos gestálticos dentro de sons gestálticos e usando este ultimo para regular – e portanto elevar – a performance do movimento gestáltico. Esta compreensão demonstra que o PSE acessa outros e mais complexos processos de integrações sensório-motoras no cérebro que o RAS. A estrutura extremamente padronizada da música em relação a todos os espectros, dinâmicas e componentes temporais( Altura, harmonia, intensidade, timbre, ritmo, etc) é usado perceptualmente para simular e facilitar o processamento de informações padronizadas a fim de construir modelos para a regulagem de aumento da performance motora. A estrutura intrínseca e os mecanismos perceptuais subjacentes do PSE portanto o fazem uma extremamente especializada e efetiva técnica para sinalizar movimentos complexos além do alcance dos ritmos biologicamente fiados(tecidos), como aqueles achados na marcha. Movimentos mais funcionais envolvendo as extremidades superiores, acima e abaixo do tronco, e a coordenação dos movimentos do corpo como um todo tem desdobramentos de complexos padrões posicionais no tempo, espaço e força. PSE dá ao terapeuta um molde sensorial na modalidade auditiva para construir sequências de movimentos funcionais, e utilizando o PSE como um complexo sistema de sinalização para se treinar o planejamento motor, programação e execução. Nas próximas sessões, nós iremos descrever como a música pode ser usada para representar essas dimensões performáticas motoras, e assim guiar ou extrair comportamentos motores em um contexto terapêutico. 7.4.1 - Princípios Clínicos A prática clínica do PSE tem a meta de praticar movimentos funcionais da vida cotidiana ou padrões motores subjacentes destes movimentos. Movimentos funcionais organizados em padrões repetitivos facilitam o treinamento ativo e a aprendizagem, uma estratégia comum e efetiva na reabilitação motora. Para se aplicar o PSE deve-se estabelecer analogias isomórficas da música e da estrutura do movimento. A música deve se encaixar no padrão do movimento para ser praticada. Encontrando os paralelos entre gestalts musicais e de movimento são ambas um objetivo da pesquisa e necessário para a efetiva prática da musicoterapia neurológica. PSE coloca um desafio considerável pois requer do terapeuta a aplicação e integração de várias habilidades e bases de conhecimento. Primeiro o terapeuta deve conceitualizar o padrão do movimento desejado em uma análise cinemática. Segundo, expressando e ilustrando esse parâmetros essenciais do movimento utilizando-se da música, ele traduz este padrão do movimento desejado em um exercício neurológico musicoterapêutico. A tradução requer a integração de duas habilidades: Primeiro, o terapeuta necessita ser capaz de criar analogias isomórficas lógicas entre movimento e elementos musicais. Segundo, necessita possuir bases de habilidades consideráveis em técnicas musicais, bem como improvisação, com o intuito de executar as traduções musicais. 7.4.1.1 – Deixas espaciais – Devido a suas deficiências motoras, pacientes são frequentemente impossibilitados de realizar um movimento requerido de forma efetiva. Afim de sanar estes déficits clínicos podem utilizar música em uma grande variedade de traduções cinemáticas. Os padrões musicais podem ser utilizados, por exemplo, para sinalizar uma série de movimentos nos planos verticais e horizontais. Sinalizações espaciais no acompanhamento musical podem designar pontos para se virar na sequência de movimentos, para indicar direções, e oferecendo referência para as dimensões espaciais das tarefas do movimento. Padrões musicais podem criar feedback(respostas) para a realização de posições específicas no espaço para aumentar feedbacks(respostas) visuais e proprioceptivos. Alguns elementos musicais e exemplos das propriedades espaciais dos movimentos que eles representam incluem: Afinação ou altura – Variação de notas graves e agudas podem representar pontos-alvo em planos verticais. A variação de alturas encontradas em linhas melódicas ou arpejos podem também indicar direções e sinalizações da trajetória do movimento. Por exemplo, linhas melódicas ascendentes podem sinalizar movimentos que direcionem para cima, e linhas melódicas descendentes para baixo. Um amplo registro pode ser usado para sinalizar movimentos com um largo alcance de movimentações,bem como esticar os braços para cima ou pendendo em direção ao chão. Volume(Decibéis) – Aumentar o volume pode ilustrar a expansão de um movimento gradual (movimentos amplos que se afastam da linha do centro ou abdução). Diminuição do volume pode sinalizar um membro que volta em direção ao corpo em movimentos de adução. Duração do som – Longa duração pode ilustrar um movimento estendido ou sua trajetória, bem como um escorregar dos pés ou alcançar lentamente com os braços. Harmonia – Acordes ou clusters(agrupamento) tocados em posições abertas ou fechadas podem se referir a dimensões espaciais ou tamanho de um movimento. Um cluster ou acorde fechado pode representar um movimento pequeno, é um aberto pode sugerir um movimento expansivo. Padrões polifônicos(melodias e ritmos simultâneos em diferentes espaços tonais) podem sinalizar a coordenação no espaço de diferentes movimentos. 7.4.1.2 – Deixas Temporais – Deficiências motoras, diagnósticos relacionados a mal funcionamento necessitam da reabilitação do timing(tempo, cronometragem) da performance do movimento. Os elementos musicais que podem sinalizar dimensões temporais de um exercício são tempo, métrica, padrões rítmicos, e forma: Tempo ou Andamento – O andamento de uma peça musical é normalmente medida em batidas por minuto(bpm). Esse número deve encaixar com a frequência desejada dos movimentos a serem executados. Se a velocidade da performance do movimento é parte do foco terapêutico, aceleração e desaceleração do andamento são para ser enfatizados. Métrica – Expressada em frações(4/4, 6/8, etc), indica o agrupamento de batidas subjacentes, e podem ser usados para refletir as estruturas temporais inerentes de um movimento. Percepção métrica de batidas permite o embarque harmônico, sinalizando movimento em diferentes racionalizações do todo e relacionando a estrutura métrica básica(movimentando apenas na primeira batida ou nas batidas 1 e 3 de uma medida 4/4 ao invés de em cada batida). Embarque harmônico pode ser particularmente importante ao sinalizar grupos de pacientes em diferentes níveis de desenvolvimento que irão requerer diferentes frequências de movimentos simultaneamente. Usando a música com uma forte acentuação da primeira e da terceira batida proporciona uma estrutura métrica, importante para a performance repetitiva de muitos padrões de movimento. Por exemplo música em uma métrica 2/4 pode se referir ao pulso estável de duas pernas caminhando(marcha). Padronização Rítmica – Padronizações rítmicas direcionam padrões de movimentos que são mais diferenciados e requerem sinalizações adicionais além da batida métrica. Essencialmente, os elementos musicais proporcionam uma tradução auditiva da estrutura rítmica de movimentos mais complexos. Sinalizações padronizadas é especialmente efetivo para facilitar a iniciação do movimento. Por exemplo, escolher notas que precedem a primeira barra pode ajudar o cliente a antecipar o ataque do movimento. Acentuação nas notas prévias a uma forte batida pode facilitar a expectativa da batida dando suporte a antecipação do movimento. Polifonias rítmicas podem sinalizar coordenação no tempo de diferentes movimentos. Forma – A forma de uma peça musical pode ser essencial quando tarefas terapêuticas consistem de uma sequência de movimentos. Por exemplo em exercícios como Sentar e Levantar. Pacientes podem sentar-se no verso e se levantarem no refrão de uma canção. A forma da música inclui deixas para iniciação e término de uma tarefa particular e indica a duração de cada posição. 7.4.1.3 - Deixas de Força – Afim de estimular a atividade muscular, os elementos musicais de volume(decibéis), harmonia, timbre e andamento, podem ser usadas efetivamente. Volume(decibéis) – Mudanças no volume podem sinalizar mudanças de vigor(força) da ativação muscular. Harmonia – A tensão da música e padrões de resolução(ligado a tensão e afrouxamento melódico) encontrados nas progressões harmônicas através de frases musicais podem representar sequências de contração e relaxamento muscular. Timbre – Mudança nos timbres (por exemplo, suaves a ásperos) podem sinalizar mudanças na ativação muscular de relaxado para mais contraído. Andamento – Andamento pode influenciar a resposta da ativação de dois músculos, prontidão(ativação) e relaxamento. Andamento rápido pode induzir padrões de ativações musculares mais fortes. Padrões rítmicos em um andamento mais lento podem induzir movimentos lentos associados com relaxamento muscular. Padrões rítmicos antecipatórios podem causar um efeito de priming para que a força apropriada seja gerada para criar prontidão para o movimento. 7.4.2 – Considerações práticas na aplicação do PSE Nas composições musicais do PSE é muito importante considerar princípios essenciais da forma musical. Na realidade clínica, o desenvolvimento do estímulo do PSE é – do ponto de vista das habilidades musicais – em grande parte baseado em fortes qualidades de improvisação e composição. Na terapia, o paciente processa a música como um padrão total gestáltico que não é diferente do processo da apreciação musical. Os princípios básicos da percepção musical não são modificados. Sendo assim, padrões complexos do PSE devem ser claramente construídos em torno de formas musicais – assemelhando-se a uma boa música – com o intuito de ser facilmente compreendida pelo paciente de uma forma significativa. Exercícios de PSE tem um vasto alcance de aplicações. Exercícios simples de flexão-extensão do braço pode ser sinalizado, bem como exercícios mais básicos como movimentos de alcançar com os braços, esticar extremidades inferiores e superiores e rotações do tronco. Ações complexas que envolvem todo o corpo como transferências e preparos do sentar-levantar podem ser sinalizadas. PSE também permite que o terapeuta sequencie ações de movimentos discretos dentro de unidades maiores que podem ser exercitadas de uma maneira regular, cíclica, repetida e coordenada afim de maximizar aprendizado e treinamento efetivo para o paciente. Estas unidades podem consistir em, por exemplo, uma sequência de movimentos de braço que envolve alcançar, agarrar e levantar objetos de diferentes formatos e diferentes locais. Uma das principais confusões com o PSE é conceitualiza-lo como um acompanhamento musical. Como nós já discutimos, PSE regula movimentos como um complexo sistema sinalizador baseado em processo de tradução muito preciso entre o som e a cinemática. Além disso, PSE pode servir efetivamente como um sistema de feedback(resposta) sensorial substituto para feedbacks(respostas) visuais e proprioceptivas reduzidos. 7.5 - Performance Musical terapêutica instrumental – TIMP Utiliza o ato de tocar instrumentos musicais para exercitar e simular padrões movimentos funcionais. Instrumentos musicais, configuração espacial dos instrumentos a serem utilizados e padrões para a execução são escolhidos com base nas considerações funcionais visando treinar alcance de movimentação, resistência, força, coordenação dos membros, destreza no movimento funcional de entrelaçamento dos dedos, no ato de agarrar, flexão/extensão, adução/abdução, rotação, supinação/pronação e assim por diante. Princípios Clínicos 1 - A maneira de tocar tradicional versus a não tradicional O TIMP pode envolver tanto uma maneira tradicional do posicionamento do ato de tocar quando a outra. Irá depender do objetivo que se deseja atingir com determinado movimento, pois as vezes para se atingir as necessidades e metas do paciente pode ser necessário de tocar o instrumento de uma forma não tradicional. 2 – Adaptação do equipamento musical O uso tradicional de determinados instrumentos as vezes exigem um elevado nível de habilidades motoras, sendo assim utiliza-se adaptações com velcros, fitas, barras,alças e etc para auxiliar a utilização. 4- Métrica – A métrica no acompanhamento do movimento deve facilitar a repetição da performance do mesmo. 5- Acentuação – O acompanhamento musica acentua as batidas onde a resposta motora é esperada. O acento deve ser forte e deve se poder distinguir para se facilitar a iniciação do movimento. 6 – Tempo – A escolha apropriada do tempo para o acompanhamento musical dos padrões motores requeridos. Velocidade desejada podendo-se colocar variações dependendo da condição física do indivíduo. 7 – Harmonia – Mudanças harmônicas para mudanças de movimentação. Também podem servir para diferentes qualidades de dinâmica na execução do instrumento, assim como tensão e relaxamento, sustentado e longo, mudando-se assim a sonoridade do som que está sendo executado. 8 – Afinação – Usado para dar direção espacial nos padrões do movimento e pode guiar sequencias completas de movimentos. 9 – Canto – Se canções forem utilizadas o paciente pode ser encorajado a cantar com o terapeuta enquanto se exercita. Além dos benefícios emocionais trás precursores externos que ajudam o paciente a manter uma postura mais ereta, a ativar a memória e pode até ajuda-lo a respirar melhor. Capítulo 8 Musicoterapia Neurológica na reabilitação do discurso e da linguagem Terapia de entonação Melódica (MIT) É um tratamento que utiliza as capacidades ilesas do paciente para cantar visando facilitar a produção do discurso. População – Pacientes com afasia expressiva de Broca e existem algumas evidências de eficácia em condições de apraxia. Base Lógica – Ao se utilizar a técnica MIT haverá uma transferência hemisférica e as funções do discurso da área esquerda de Wernicke serão transferidas para seu homologo direito no ato de codificar o discurso em canto. Haverá uma transformação musical para facilitar a produção do discurso ao acessar caminhos alternativos intactos no cérebro. Procedimentos – As sentenças funcionais ou pequenas afirmações/expressões são traduzidas em canção com os padrões de inflexão do discurso em prosódia musical. Grafando os padrões de inflexão As diferenças de altura absolutas não são importantes, no início são grafadas como grave, médio e agudo e logo a prosódia ganha intervalos (não maiores que uma quinta) e ganham também acentuações e elementos rítmicos. Intervenção Ferramentas – Musicoterapeuta cantando a cappella, com piano ou auto-harpa Equipe – Se o fonoaudiólogo estiver presente melhor será. 1. A entonação melódica é apresentada pelo terapeuta que auxilia o paciente a bater palmas acompanhando o ritmo. 2. O cliente começa a executar as entonações melódicas e os dois cantam juntos. 3. O terapeuta diminui a voz até o paciente cantar sozinho. 4. Terapeuta e paciente alternam o canto para ajuda-lo na independência do output de iniciação verbal. 5. Na última parte o terapeuta faz perguntas e o cliente responde cantando e logo verbalmente sem a música. OBS: Com o tempo em fases mais avançadas da terapia, os intervalos musicais vão sendo comprimidos se tornando sprechgesang(discurso cantado) e depois mais e mais até se assemelharem com a altura da prosódia do discurso normal. Simulação do discurso Musical (MUSTIM) É uma técnica usada na terapia da afasia que utiliza materiais musicais e outros materiais relacionados a música como canções , ritmos, cânticos ou frases musicais para estimular discurso não proposicional. O discurso não proposicional seria, por exemplo, a realização ou inicialização de canções familiares já aprendidas, produção espontânea de palavras por meio de associações para eliciar ou moldar a resposta do discurso funcional. Base racional – É frequentemente observado que a reflexibilidade do discurso não proposicional é mediado por um circuito talâmico subcortical que é preservado nos afásicos. Procedimentos - O terapeuta pode começar cantando uma canção familiar com a meta de engatilhar ou provocar o paciente para que se una ao terapeuta de forma reflexiva. Tanto com cantigas ou apenas com instrumentos sem o canto. A meta é eliciar respostas espontâneas de letras para engrenar associações profundas e a memória aprendida pré-AVC. Uma vez que o paciente foi envolvido em resposta verbal ativa, o terapeuta deve deixar de cantar durante o verso ou no final da frase para engatilhar uma complementação verbal de palavras. Em uma forma diferente de aplicação, gestos do discurso podem ser modelados com padrões musicais como por exemplo quando se questiona(escalas ascendentes) evocando também respostas verbais pré-AVC. Sinalização do discurso rítmico(RSC) É uma técnica de controle de frequência que usa o ritmo auditivo, em forma de metrônomo ou incorporada a música , para sinalizar a fala. Outra forma de RSC utiliza o canto ao invés da fala. População – RSC se mostrou eficaz na reabilitação das desordens da fluência na gagueira e na confusão do controle da frequência para melhorar a inteligibilidade em pacientes disártricos e para facilitar sequenciamento rítmico na apraxia . OBS: Em pacientes com lesão do hemisfério direito um estímulo musical completo pode causar mais confusão do que benefícios. Procedimentos – Existem duas categorias de RSC: 1 – Sinalização Métrica - Batidas rítmicas são correspondidas com sílabas, resultando em uma inflexão do discurso no qual cada sílaba terá igual duração no decorrer da enunciação. Objetivos – Melhorar o sequenciamento e o timing tirando interrupções no fluxo do discurso devido a gagueira ou desordem da sequência de fonemas das palavras na apraxia. Criando-se pausas entre as palavras a articulação fonética pode se tornar mais clara. 2 – Sinalização padronizada – Utiliza padrões de batidas que simulam padrões de ênfase das inflexões do discurso normal. As durações entre as batidas são assimétricas, dependendo dos padrões rítmicos do discurso normal. Esta técnica é mais efetiva com disartrias brandas. Entonação vocal melódica (VIT) Tem como objetivo reabilitar desordens da voz por meio de treinamento vocal. VIT proporciona a melhora do controle vocal, da saúde da voz e do sistema respiratório. População - As desordens da voz podem ter razões psicológicas ou fisiológicas por danos cerebrais ou enfermidades. Exemplos – Má formação do trato vocal, das cavidades de ressonância, do sistema respiratórios, falta de controle respiratório ou timbre anormal. Danos cerebrais. Câncer ou nódulos vocais. Perspectivas culturais podem levar ao uso anormal dos padrões da fala. Traumas psicológicos causando anormalidades na emissão. Procedimentos: 1 – Relaxamento do pescoço, cabeça e tronco. 2 – Exercícios de respiração para o controle do sopro fonatório. 3 – Aquecimento Vocal – com exercícios de controle vocal para afinação, timbre, alturas, volume, ressonância, para a utilização da respiração de forma apropriada, etc. 4 – Exercícios de fonação e entonação com o uso de vogais e consoantes. Estes exercícios utilizam sinalizações rítmicas e melódicas, acentos, pontos de ênfase para treinar padrões de prosódia corretos nas expressões verbais. Exercícios orais motores e respiratórios (OMREX) Se refere ao uso do material musical e de exercícios para melhorar o controle da articulação, apoio respiratório e o funcionamento do aparato fonatório. População – Desordens de desenvolvimento, disartria, distrofia muscular e outras desordens que afetam o controle motor da fala e das funções respiratórias. Procedimentos – Através da vocalização sonora e da execução de instrumentos de sopro. OMREX + VIT podem trabalhar de forma interdependente influenciando-se e trabalhando Produção + Articulação. Desenvolvimento da fala e treinamento da linguagem através da música (DSLM) É desenvolvido para utilizar música e materiaisrelacionados para melhorar e facilitar o discurso e o desenvolvimento da linguagem. População – Crianças com atraso de desenvolvimento da fala e da linguagem. Nestes casos se necessita de uma técnica terapêutica efetiva para acessar funções cognitivas e motoras subjacentes ao discurso e a linguagem de maneira ampla, integrativa e global. A música traz uma excelente fonte de materiais e experiências para engatilhar fala e linguagem de maneira holística. Procedimentos - Experiências musicais são adaptadas para enfatizar desenvolvimento cognitivo e motor. Desenvolvimento do conceito em áreas como números, letras, sons, movimento, cores, formas e seres animados podem ser traduzidos e ensinados de forma criativa por meio de atividades musicais. Desde formas simples como cantar e tocar até compor, vocalizar ou aprender números e formas na performance de exercícios em instrumentos musicais. Canto Terapêutico (TS) Uso específico das atividades de canto, em grupo ou não, para facilitar a iniciação, desenvolvimento e articulação da fala e linguagem, além de melhorar o funcionamento do aparato respiratório. População – Utilizado em uma variedade de disfunções neurológicas ou do desenvolvimento da fala e da linguagem. Os objetivos são treinar unidades como sinalização do discurso rítmico, motricidade oral e exercícios de respiração. OMREX e VIT podem ser reforçados e seguidos do TS, de maneira aplicada e integrada e focando-se no produto musical. Este foco traz importante input motivacional ao cliente. Treinamento da comunicação simbólica através da música (SYMCOM) Uso da música como um sistema de linguagem não verbal que é sensorialmente estruturado, que requer consciência social, tem forte saliência afetiva, evolui em tempo real e pode estimular de forma efetiva estruturas de comunicação em padrões de interação social. Também pode ser usado em conjunto com o aprendizado de sistemas alternativos de comunicação para construir melhoramentos da compreensão das regras, funções e significados das interações da linguagem em geral com outras pessoas. População – Em casos graves de perda completa da linguagem expressiva, na ausência ou em disfunções do desenvolvimento da linguagem funcional. Procedimentos - Exercícios estruturados de improvisação instrumental e vocal para treinar e estimular comportamentos e regras de comunicação estrutural como dialogar(P e R), escutar e responder, gestos apropriados da fala, iniciação e terminação do ato de comunicar-se, reconhecimento apropriado da mensagem recebida. Em fases mais avançadas do treinamento da SYCOM a música com seus significados extramusicais associados(tristeza, felicidade, melancolia) pode ser utilizada para expressar comunicação emocional. Musicoterapia neurológica e deficientes auditivos A maior parte das técnicas discutidas podem ser utilizadas de forma adaptada para intervenções com deficientes auditivos. RSC – VIT – TS – OMREX – SYCOM Metas 1 – Treinamento auditivo 2 – Desenvolvimento da fala 3 – Desenvolvimento da linguagem 4 – Desenvolvimento das habilidades sociais Procedimentos - Uso da percussão com e sem altura para treinar percepção auditiva, especialmente em fases iniciais do processo de perda auditiva. Treina-se a detecção, discriminação, identificação e compreensão de sons. Estimulações tácteis podem ser emparelhadas com a estimulação auditiva para processar outros canais perceptuais. O desenvolvimento da fala pode ser melhorado por vocalização livre ou imitação em exercícios ou de forma mais estruturada com as técnicas TS, RSC, VIT e OMREX. Treina-se a articulação, inteligibilidade, desenvolvimento apropriado da prosódia(ritmo, altura) e o controle da voz (afinação, volume, etc). Exercícios de DSLM podem ajudar a encorajar o desenvolvimento da língua, como conceitos e vocabulário, uso da expressão empregando as regras de conversação e a integração espontânea para comunicação. SYCOM pode treinar aspectos pragmáticos do uso da língua usando expressão não verbal e comportamentos de comunicação apropriados para o desenvolvimento de habilidades sociais. Capítulo 9 Musicoterapia Neurológica na reabilitação cognitiva Atenção auditiva e treinamento da percepção MSOT - Treinamento de orientação sensorial musical Utiliza música ao vivo ou gravada para estimular excitação(arousal) e recuperar estados acordados e para facilitar respostas significativas. Em estágios mais avançados se utiliza exercícios musicais simples para aumentar a vigilância e treinar a manutenção da atenção básica com ênfase na quantidade mais que na qualidade das respostas. Inclui também estimulação sensorial. MACT – Treinamento musical do controle da atenção Inclui exercícios musicais estruturados ativos ou receptivos envolvendo performances já compostas ou improvisadas onde os elementos musicais sinalizam diferentes respostas musicais para praticar os mais diversos tipos de atenção. MNT – Treinamento musical da negligência Inclui exercícios de performance ativa em instrumentos musicais estruturados no tempo e ritmo, e em configurações espaciais apropriadas, para focar a atenção em campos visuais negligenciados. Outra aplicação consiste em escuta musical para estimular excitação cerebral hemisférica enquanto engajados em exercícios direcionados a negligência visual. APT – Treinamento da percepção auditiva Inclui percepção auditiva e integração sensorial. Exercícios musicais de descriminar e identificar diferentes componentes do som. Envolve a integração de diferentes modalidades sensoriais (visual, tácteis e cinestésicas) durante o as atividades musicais. Tocar de uma grafia simbólica ou notação gráfica, usando transmissão de som por meio do tato, ou integrando movimento a música. Treinamento da Memória MMT - Treinamento mnemônico musical Inclui exercícios musicais de codificação e decodificação. Recordar sons, instrumentos, canções, e vários modelos de estímulos musicais com o intuito de ativar ou reativar mecanismos que depois serão utilizados no aprendizado não musical. AMMT - Treinamento das memórias e humores associativos Técnicas de indução musical do humor são usadas (a) para produzir estados de humor congruentes que facilitem a recordação (memory recall), (b) para acessar redes neurais de memórias e humores associativos por meio de acesso direto a memórias específicas, (c) para melhorar o funcionamento da memória e do aprendizado por meio da indução de estados emocionais positivos no processo de aprendizado e recall. Treinamento das funções executivas MEFT – Treinamento musical das funções executivas Os exercícios mais utilizados especificamente para as funções executivas incluem improvisação e composição, em práticas grupais ou individualmente visando habilidades de organização, resolução de problemas, tomada de decisões, raciocínio e compreensão. O contexto musical trás um elemento terapêutico importante bem como produtos de performance em tempo real, estrutura temporal, processo criativo, conteúdo afetivo, estrutura sensorial, e padrões de interação social. Treinamento do comportamento psicossocial MPC – Musicoterapia e aconselhamento MPC inclui escuta musical orientada, execução de peças musicais e improvisação expressiva ou exercícios de composição. Utiliza-se a performance musical para endereçar assuntos do controle de humor, expressão afetiva, coerência cognitiva, orientação na realidade, e interação social apropriada para facilitar funções psicossociais. As técnicas são baseadas em modelos derivados da modificação do afeto, teorias de redes associativas do humor e da memória, teorias do aprendizado social, condicionamento clássico e operante e vetorização de humor baseado em técnicas do princípio do ISO(escolhendoestímulos musicais que se encaixam no humor do paciente como um ponto terapêutico inicial antes de efetuar tentativas de modular estados de humor em direções desejadas).
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