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Letícia Jacon Vicente – 7º semestre – Dispneia, Dor Torácica e Edemas Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Definição: A DPOC é uma síndrome caracterizada pelo desenvolvimento progressivo de limitação/obstrução ao fluxo aéreo (das vias aéreas inferiores), que ocorre de forma crônica e difusa, de caráter não totalmente reversível, com destruição progressiva do parênquima pulmonar; tal limitação está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos. → A limitação a esse fluxo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas ou gases nocivos. Espirometria: A DPOC é definida como uma redução no volume expiratório forçado de 1º segundo (VEF1) < 80% do predito após uso de broncodilatador ou uma relação do VEF1 sobre a capacidade vital forçada (CVF) < 70%. Classificação Espirometria I – Leve VEF/CVF < 70% e VEF ≥ 80% II – Moderada VEF/CVF < 70% e VEF ≥ 50% e <80% III – Grave VEF/CVF < 70% e VEF ≥ 30% e <50% Alteração de Mortalidade: → Cessação do Tabagismo → Oxigenoterapia → Transplante de pulmão Fisiopatologia: Histopatológico: → Bronquite obstrutiva crônica (chamado “azul pletórico”/ “Blue bloater”): tosse produtiva por mais de 3 meses ➢ Hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco ➢ Aumento no número de células caliciformes da mucosa (estado hipersecretor), ➢ Redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônquica por edema e fibrose (bronquiolite obliterante). → Enfisema pulmonar (“chamado soprador rosado”/ “Pink puffer”): destruição da parede dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal. ➢ O enfisema causa obstrução crônica das vias aéreas distais pelo fato de haver perda no tecido elástico de sustentação da parede brônquica, o que permite a redução do seu lúmen, principalmente na fase expiratória. Obstrução das Vias Aéreas e Hiperinsuflação: → Característica mais marcante da DPOC → A força expiratória depende em grande parte da elasticidade pulmonar, que se encontra reduzida na DPOC, e a resistência das vias aéreas distais está aumentada pela redução do seu lúmen, o que é gerado por dois fatores: 1) Diminuição do tecido elástico na parede dos alvéolos (enfisema); e 2) Edema e fibrose na parede dos pequenos brônquios (bronquiolite obliterante). Manifestações Clínicas: → Dispneia insidiosa e progressiva → Sibilos → Respiração de Kussmaul → Expiração forçada → Diminuição do murmúrio vesicular → Roncos difusos → Taquipneia / taquicardia → Abafamento de bulhas cardíacas → Disfunção diafragmática com retificação de cúpula visível na radiografia de tórax → Estase jugular → Sopro de insuficiência tricúspide → Hepatomegalia dolorosa → Baqueteamento digital NÃO é sinal de DPOC → indica doenças associadas Exacerbação Aguda: → O GOLD (Global initiative for chronic Obstructive Lung Disease) utiliza três critérios cardinais para classificar a exacerbação de DPOC: ➢ Piora da dispneia ➢ Aumento da produção de escarro ➢ Escarro que se torna purulento → Exacerbação leve: um dos critérios cardinais mais um achado adicional (infecção de VAS, febre sem causa aparente, sibilos, aumento da tosse, aumento na frequência respiratória ou frequência cardíaca em mais de 20% daquela de base). → Exacerbação moderada: presença de dois dos três critérios cardinais. → Exacerbação grave: presença dos três critérios cardinais. Diagnóstico: Avaliação Inicial: → Achados sugestivos: tosse crônica, produção de expectoração, dispneia e história de exposição a fatores de risco → Avaliação da Dispneia → Classificação MRC Grau de dispneia Esforço Físico 0 Falta de ar para realizar exercício intenso 1 Falta de ar ao apressar o passo, subir escadas ou ladeiras 2 Necessidade de parar poucas vezes enquanto anda, ou andar mais lentamente que outras pessoas 3 Necessidade de parar muitas vezes por falta de ar ao andar perto de 100m ou poucos min de caminhada no plano 4 Não consegue sair de casa pela falta de ar, necessita de ajuda para se vestir ou tomar banho sozinho Exames: → ESPIROMETRIA (prova de Função Pulmonar) → Gasometria arterial → Radiografia de Tórax (infecção) Letícia Jacon Vicente – 7º semestre – Dispneia, Dor Torácica e Edemas Epidemiologia: → A associação com tabagismo representa >80% dos casos de DPOC. → DPOC é a quarta maior causa de morte no mundo (5 milhões de mortes anuais ou 6% do total), e é projetada como a 3ª até 2020. → Estima-se que pelo menos 7 milhões de brasileiros sejam portadores de DPOC, com prevalência entre tabagistas de longa data de aproximadamente 15%. → A doença é responsável por 107 mil internações e mais de 35 mil mortes ao ano. → Ressalta-se que, segundo dados do DATASUS, o número de internações de pacientes com DPOC apresenta redução maior do que 50% nos últimos 10 anos. Fatores de Risco: Fatores Individuais (hospedeiro): → Predisposição genética: deficiência de alfa-1-antitripsina → Idade avançada → Fatores socioeconômicos → Infecções respiratórias na infância Fatores de Exposição: → Tabagismo (ativo e passivo) → >20 maços/ano → Poluição intradomiciliar (fogão a lenha e queima de biomassa) → História ocupacional (asbesto, quartzo, poeiras e gases) → Inalação de partículas ambientais (dióxido de enxofre) Processo Inflamatório: → Celularidade: há uma inflamação em vias aéreas periféricas (bronquíolos) e no parênquima pulmonar. Eles são infiltrados com macrófagos, linfócitos citotóxicos CD8+ e neutrófilos. No lavado broncoalveolar (LBA), há aumento de polimorfonucleares e macrófagos. → Metaloproteases:causam destruição dos tecidos, e seus derivados são quimiotáticos. → Estresse oxidativo → Efeitos sistêmicos: perda de peso, fraqueza do músculo esquelético, inclusive com diminuição da força da musculatura respiratória. Distúrbio da Troca Gasosa: Nos alvéolos, o sangue venoso passa recebendo pouco O2, um mecanismo denominado shunt parcial. Se o número de alvéolos com shunt parcial for grande, a mistura de sangue mal oxigenado produzirá hipoxemia e dessaturação da hemoglobina. A este fenômeno denomina-se distúrbio V/Q (V = ventilação e Q = perfusão). → Inicialmente, a hipoxemia ocorre apenas no exercício físico. Com o progredir da doença, a hipoxemia pode ocorrer em repouso. É um sinal de doença avançada e significa mau prognóstico. → Acidose respiratória Classificação: → Baixo Risco: GOLD 1 ou 2 (limitação leve a moderada do fluxo aéreo) e/ ou O a 1 exacerbação por ano sem hospitalização previa devido a uma exacerbação. 5 → Alto risco: GOLO 3 ou 4 (limitação do fluxo aéreo grave ou muito grave) e/ou 2:2 exacerbações por ano ou 2:1 hospitalização devido a uma exacerbação Sinais de Gravidade: → Uso de musculatura acessória → Movimentos paradoxais de parede torácica → Cianose central ou de aparecimento recente → Presença de edema periférico → Instabilidade hemodinâmica → Alteração do estado mental → Uso prévio de ventilação mecânica Critérios de Internação: → Aumento importante de sintomas, como dispneia em repouso → DPOC grave: ➢ Surgimento de cianose ou edema periférico ➢ Falência do tratamento inicial ➢ Comorbidades graves, como IC ou arritmias ➢ Exacerbações frequentes ➢ Idade avançada ➢ Suporte domiciliar insuficiente ➢ Hipertransparência ➢ Aumento dos espaços intercostais ➢ “Coração em gota” ➢ Espaçamento brônquico → HC: leucocitose e eritrocitose → ECG + Tn → Eletrólitos e função renal (hipocalemia) → Glicemia → BNP + D-dímero → Questionário CAT Tratamento: → O objetivo do tratamento é minimizar o impacto da exacerbação e prevenir novos eventos. →Mais de 80% das exacerbações podem ser tratadas em ambiente domiciliar, dependendo da gravidade. → Cessação do tabagismo: alteram mortalidade ➢ Velocidade de declínio do VEF1 retorna para valores próximos ao normal após 1 ano ➢ Se a abstenção por precoce pode poupar lesões irreversíveis ➢ Problema: depende da vontade do paciente. ➢ Mecanismos para auxiliar: ❖ Reposição de nicotina (pastilha, adesivo) ❖ Bupropiona (150mg, 12/12h) – inibidor seletivo da recaptação da serotonina – inicia a medicação 7 dias antes da cessação do tabagismo (reduz ansiedade, e melhora a adesão) ❖ Vareniclina (1mg, 12/12h) – agonista parcial dos receptores nicotínicos Letícia Jacon Vicente – 7º semestre – Dispneia, Dor Torácica e Edemas Etiologia: → Enfisema → Bronquite crônica → Tabagismo (ativo e passivo) Etiologia da Exacerbação: Diversas causas podem estar associadas às exacerbações, no entanto as infecções do trato respiratório (virais ou bacterianas) são responsáveis por 70 a 80% dos casos. Poluição atmosférica é também uma causa frequente, podendo chegar a 10% dos casos. Cor Pulmonale: Significa uma disfunção do ventrículo direito consequente a um distúrbio pulmonar. → O principal mecanismo é a hipóxia crônica. → Hipóxia alveolar generalizada → vasoconstrição → Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) → remodelamento da parede das pequenas artérias pulmonares. → Consequências: ➢ Elevação da pressão venosa central; ➢ Congestão sistêmica; ➢ Baixo débito cardíaco (contribuindo para o cansaço destes pacientes). → O tratamento farmacológico serve para reduzir sintomas e desacelerar a evolução da doença, sendo baseado em 3 classes: ➢ Broncodilatadores ➢ Corticosteroides ➢ Antibióticos Intubação (quando fazer?): → Grave dispneia com uso de musculatura acessória e movimento abdominal paradoxal → FR > 35 mmHg → Hipoxemia ameaçadora à vida: PaO2<40 mmHg ou PaO2/FiO2<200 → Acidose grave (pH < 7,25) e hipercapnia PaCO2>60 mmHg → Parada respiratória ou complicações cardiovasculares (instabilidade hemodinâmica) → Confusão, sonolência → Falência da ventilação não invasiva → Outras complicações: sepse, embolia pulmonar, pneumonia, etc Tratamento Crônico: → Broncodilatadores – Ação: ➢ Curta (SABA) ➢ Longa (LABA) → Beta-2-adrenérgicos → Antagonistas muscarínicos (SAMA/LAMA) → Corticoide (via inalatória)
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