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Patologia Júlia Araújo Medicina ANATOMIA DA MAMA INTRODUÇÃO → CARACTERÍSTICAS - Neoplasia maligna extracutânea mais comum em mulheres, perdendo apenas para o câncer de pulmão como causa de mortes por câncer - Quase todas as neoplasias malignas da mama são adenocarcinomas e, com base na expressão de receptores de estrogênio e HER2, podem ser divididas em . Receptores de estrogênio (RE)- positivos, HER2- negativos (50% a 65% dos tumores) . HER2-positivos (10% a 20% dos tumores, que podem ser tanto RE-positivos quanto RE-negativos) . RE-negativos, HER2-negativos (10% a 20% dos tumores) → INCIDÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA - É raro em mulheres com idade inferior a 25 anos, mas a incidência aumenta rapidamente depois dos 30 anos - Câncer mais comum em mulheres, excetuando-se o câncer de pele - Pequenos carcinomas LN neg. (estágio I) aumentam em frequência - Queda em diagnósticos III e IV - Fatores de Risco Mutações hereditárias nos genes supressores de tumor Sexo feminino Parentes em primeiro grau com câncer de mama Raça/ Etnia Idade (pico entre os 75-80 anos) - Na prática, pico de incidência menor entre os 45-55 anos Idade da Menarca (< 11anos) Idade do nascimento do primeiro filho (>35 anos) Doença mamária benigna Exposição estrogênica Densidade mamária (Maior densidade dificulta a visualização) Exposição à radiação (Radiografia de Mediastino) Carcinoma da mama contralateral ou de endométrio (compartilha o fator de risco da exposição estrogênica) Dieta e obesidade Exercícios (efeito protetor) Amamentação Tóxicos ambientais PATOLOGIA E ETIOLOGIA - Imunofenótipo - Imuno-histoquímica-> identificação dos receptores presentes nas células tumorais -> identificar prognóstico e definir tratamento (mais direcionado) -> diferenciar carcinomas in situ de lesões invasoras + diferenciar in sut ductal de in situ lobular . Ki67 -> indica proliferação celular . Receptor de estrogênio . Receptor de progesterona . Receptor de HER2 -> crescimento epidérmico -> indica tumores mais agressivos RE RP HER2 Característica LUMINAL + + - - Menos agressivo - Receptores hormonais positivos LUMINAL HÍBRIDO + + + ------------ HER2- ENRIQUECIDO - - + - Mais agressivos - Receptores hormonais negativos CARACTERÍSTICA BASAL - - - Triplo negativo -> não tem alvo terapêutico Patologia Júlia Araújo Medicina - Proliferação clonal que se origina de células com várias mutações genéticas, que são adquiridas por influência de exposições hormonais ou genes suscetíveis herdados - Fatores ambientais atuam diretamente na influência das formas hereditárias do câncer de mama, e tanto os fatores genéticos quanto os ambientais contribuem para as formas esporádicas do câncer → CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO - Probabilidade de uma etiologia hereditária aumenta quando existem parentes de primeiro grau afetados, idade precoce, múltiplos cânceres ou membros da família com outros cânceres específicos - Traço autossômico dominante: conferido pela hereditariedade de uma cópia anormal de um gene supressor tumoral - Patogenia: genes mais importantes e de maior suscetibilidade envolvidos com o câncer de mama familiar conhecidos (BRCA1, BRCA2, TP53 e CHEK2) são genes supressores tumorais que participam normalmente no processo de reparo do DNA e na manutenção da integridade genômica - Mutações no BRCA1 e BRCA2 são responsáveis por 80% a 90% dos casos de câncer de mama hereditários de gene único e de aproximadamente 3% de todos os casos de câncer de mama . Carcinomas de mama associados a mutações no gene BRCA1: pouco diferenciados, apresentam características medulares (padrão de crescimento sincicial com limites expansivos e uma resposta linfocitária) e são biologicamente muito semelhantes aos carcinomas RE negativos/HER2-negativos . Carcinomas de mama associados com o BRCA2: pouco diferenciados, no entanto são mais RE-positivos → CÂNCER DE MAMA ESPORÁDICO - Fatores de Risco: aqueles relacionados à exposição hormonal -> gênero, idade da menarca e menopausa, história reprodutiva, amamentação e estrogênios exógenos - Exposição hormonal estimula o crescimento da mama durante a puberdade, ciclos menstruais e gravidez, aumentando assim o número de células com potencial para originar o câncer - Uma vez que células pré-malignas ou malignas estejam presentes, os hormônios podem estimular seu crescimento, assim como o crescimento de células estromáticas normais que podem ajudar e favorecer o desenvolvimento do tumor CARCINOGÊNESE E PROGRESSÃO TUMORAL → PRINCIPAIS VIAS DA CARCINOGÊNESE MAMÁRIA 1. Carcinomas RE-positivos e HER2-negativos se originam através da via dominante de desenvolvimento do câncer de mama 2. Carcinomas HER2-positivos são originados através de uma via fortemente associada com amplificações dos genes HER2 no cromossomo 17q 3. Carcinomas RE-negativos e HER2-negativos se originam de uma via distinta, que é independente das alterações mediadas pelos receptores de estrogênio na expressão de genes e nas amplificações do gene HER2 → PROGRESSÃO TUMORAL - Mutação mais comum responsável por orientar o desenvolvimento da neoplasia envolve os proto- oncogenes PIK3CA, HER2, MYC e CCND1 e os genes supressores tumorais TP53 e BRCA 1 e BRCA2 - Assim que uma célula tumoral é iniciada (clone), a heterogeneidade subclonal, originada ao acaso por instabilidade genômica, influencia tanto a progressão do tumor quanto a resistência à terapia. - Câncer se origina em áreas de maior densidade mamográfica, sugerindo que o aumento da concentração de estroma fibroso é um marcador de risco e é biologicamente importante para oncogênese - Oncogênese necessita de alterações nas células de sustentação -> alterações na linha de normalidade e funções da célula estromática -> determinante importante na invasão estromática CLASSIFICAÇÃO DOS CARCINOMAS MAMÁRIOS → CARACTERÍSTICAS - >95% as neoplasias malignas da mama são adenocarcinomas que se originam primeiramente a partir do ducto/sistema lobular na forma de carcinomas in situ - Carcinoma in situ: refere-se a uma proliferação neoplásica de células epiteliais que está limitada aos ductos e lóbulos pela membrana basal . Baixo Grau . Grau intermediário . Alto grau → CARCINOMA DUCTAL IN SITU - Proliferação clonal de células epiteliais malignas, limitadas aos ductos e lóbulos pela membrana basal, ou seja, não há invasão da mesma -> lesão intraductal - Pode se disseminar pelo sistema ductal e produzir lesões extensas envolvendo um setor inteiro da mama - Morfologia . Subtipos arquiteturais -> comedocarcinoma (células neoplásicas com núcleo pleomórfico de alto grau + áreas de necrose central) e não comedocarcinoma (não exibem o núcleo de alto grau e a necrose central) . Grau nuclear e a necrose são melhores preditores de recorrência local e progressão à invasão que o tipo arquitetural . Doença de Paget do mamilo: apresenta como uma erupção eritematosa unilateral com uma crosta BRCA1 e BRCA2 são partes de um grande complexo de proteínas que são necessárias para o reparo em falhas da cadeia dupla de DNA num processo chamado recombinação homóloga, no qual uma cromátide-irmã normal é usada como modelo para o reparo no trecho em que houve a falha do DNA. Patologia Júlia Araújo Medicina escamosa, células neoplásicas se disseminam pelo sistema ductal sem infiltrar a membrana basal, rompem a barreira epitelial normal, permitindo que o fluido extracelular seja exteriorizado pela superfície do mamilo → CARCINOMA LOBULAR IN SITU - Fator de risco para carcinomas invasivos - Proliferação clonal de células dentro de ductos e lóbulos que crescem em uma maneira não coesa, geralmente devidoà perda da proteína de adesão tumoral E- caderina, sem extensão para além da membrana basal - Célula se dissemina, mas não altera os espaços envolvidos, e a arquitetura lobular subjacente é preservada - Perda de adesão celular: deve-se à disfunção da E- caderina, uma proteína transmembrana que contribui para a adesão entre as células epiteliais normais na mama e em outros tecidos glandulares - Morfologia . Maior tendência à multicentricidade . População uniforme de células com núcleos ovais ou arredondados e pequenos nucléolos, envolvendo ductos e lóbulos . Células mucoprodutoras com aspecto de “em anel de sinete” estão comumente presentes. . A falta de E-caderina resulta em uma forma arredondada, sem coesão de células adjacentes → CARCINOMA INVASIVO (INFILTRANTE) - Infiltra a membrana basal e se desenvolve em meio ao estroma -> células têm potencial para invadir a vascularização e, consequentemente, atingir linfonodos regionais e sítios distantes - Origina-se a partir da unidade ducto-tubular terminal - SOE: sem tipo especial - Prognóstico: tamanho do tumor, grau histológico, invasão vascular/ linfática, margens, comprometimento linfonodal - Principais subtipos moleculares: principais subtipos de câncer de mama são diferenciados por alterações características no DNA genômico, mRNA, proteínas e morfologia - Morfologia . Carcinomas invasivos que apresentam mamografia com calcificações sem uma densidade associada geralmente são menores que 1 cm . Na ausência de rastreamentos mamográficos, os carcinomas invasivos geralmente se apresentam como uma massa de pelo menos 2 a 3 cm de tamanho . Aparência mamográfica e macroscópica do carcinoma invasivo é muito variada, dependendo da reação estromática ao tumor . Quando cortados ou raspados, esses tumores tipicamente produzem um som característico (semelhante ao corte de uma castanha), devido ao pequeno foco central (aspecto em ponta de alfinete), ou traços de estroma desmoplásico branco-calcário e ocasionais focos de calcificação - Classificação histológica de Nottingham: graduação de todos os tipos de carcinomas invasivos -> baseando-se em pontuações que avaliam a diferenciação tubular, grau nuclear e índice mitótico GRAU 1 Bem diferenciado Crescem em um padrão tubular com pequenos núcleos arredondados e têm baixo índice proliferativo GRAU 2 Moderadamente diferenciados Podem ter formações tubulares, mas grupamentos sólidos ou células infiltrantes isoladas também estão presentes. Exibem um grau maior de pleomorfismo nuclear e as figuras mitóticas estão presentes GRAU 3 Pouco diferenciados Invadem na forma de ninhos desorganizados ou lâminas sólidas de células com núcleo aumentado e irregular. São comuns um alto índice proliferativo e áreas de necrose tumoral. PADRÃO DE LAUDO HER2 0 Ausência de coloração Coloração em menos de 10% das células 1+ Coloração quase imperceptível > 10% das células tumorais, em parte de sua membrana 2+ Coloração fraca a moderada em > 10% das células tumorais em toda a membrana -> técnica FISH 3+ Coloração forte, na membrana completa, em > 30% das células tumorais → FISH: técnica citogenética molecular que utiliza sondas fluorescentes para detectar sequências específicas de DNA no cromossomo (amplificação do gene HER2) Patologia Júlia Araújo Medicina ESTADIAMENTO ESTÁDIO TUMOR PRIMÁRIO LINFONODOS METÁSTASE 0 CDIS ou CLIS Sem metástase Ausente 1 Carcinoma invasivo ≤ 2cm Sem metástase ou com apenas micrometástases Ausente 2 Carcinoma invasivo ≥ 2cm e ≤ 5 cm 1 a 3 linfonodos positivos 0 a 3 linfonodos positivos Ausente Ausente 3 - Carcinoma invasivo > 5 cm -Qualquer tamanho de carcinoma invasivo -Envolvimento da pele ou tórax/ Carcinoma inflamatório - Linfonodos negativos ou positivos - ≥ 4 linfonodos positivos -Linfonodos negativos ou positivos - Ausente - Ausente - Ausente 4 Carcinoma invasivo de qualquer tamanho Linfonodos positivos ou negativos Presente TUMORES ESTROMÁTICOS → FIBRADENOMAS - Características . Tumor benigno mais comum da mama feminina . Acometem mulheres entre 20 e 30 anos . Frequentemente múltiplos e bilaterais . Mulheres jovens geralmente apresentam uma massa palpável e mulheres idosas exibem densidade mamográfica ou calcificações agrupadas . Componente epitelial responde ao estímulo hormonal, e há um aumento típico do tamanho devido às alterações de lactação durante a gravidez . Muitos fibradenomas são hiperplasias policlonais do estroma lobular . Outros fibradenomas são neoplasias benignas associadas a alterações clonais citogenéticas, que estão confinadas ao componente estromático . São agrupados com “alterações proliferativas sem atipia” por conferirem um discreto risco de câncer subsequente - Morfologia . Variam em tamanho de menos de 1 cm a tumores grandes, que podem ocupar a maior parte da mama . Bem circunscritos, elásticos, na forma de nódulos branco- acinzentados que abaulam o tecido circunjacente, e frequentemente contêm espaços em fendas . Epitélio pode ser envolvido pelo estroma (padrão pericanalicular) ou comprimido e distorcido por ele (padrão intracanalicular → TUMOR FILOIDE - Características . Originam-se do estroma intralobular, mas são menos comuns . Maioria é detectada como massa palpável . Embora possam se desenvolver em qualquer idade, a maioria se apresenta depois dos 60 anos, entre 10 e 20 anos depois da idade de maior incidência dos fibradenomas - Patogenia . Estão associados a alterações cromossômicas clonais adquiridas, com ganhos no cromossomo 1q sendo a mais frequente . O aumento no número de alterações cromossômicas e superexpressão do fator de transcrição homeobox HIXB13 está associado a tumores de grau maior e comportamento clínico mais agressivo - Morfologia . Variam de lesões com poucos centímetros a lesões compactadas envolvendo toda a mama . Geralmente tem protusões bulbosas devido a presença de nódulos de estroma proliferativo recobertos por epitélio . Apresentam maiores celularidades, índice mitótico, pleomorfismo nuclear, crescimento excessivo do estroma e limites infiltrativos que os fibroadenomas → LESÕES DO ESTROMA INTERLOBULAR - Características . Compostos de células estromáticas sem acompanhamento do componente epitelial . Incluem tumores benignos e malignos, ambos incomuns - Miofibroblastoma: consiste na proliferação de miofibroblastos e é incomum, já que é o único tumor mamário que é igualmente comum em homens - Lipomas: frequentemente palpáveis, mas também podem ser detectados mamograficamente como lesões que contêm gordura - Fibromatose: proliferação clonal de fibroblastos e miofibroblastos . Apresenta-se como uma massa irregular, infiltrativa, e pode envolver tanto a pele quanto o músculo . Apesar de localmente agressiva, essa lesão não metastatiza → TUMORES MALIGNOS DO ESTROMA INTERLOBULAR - Incluem angiossarcoma, rabdomiossarcoma, lipossarcoma, leiomiossarcoma, condrossarcoma e osteossarcoma - Angiossarcoma é a neoplasia maligna estromática mais comum e pode tanto ser esporádico quanto estar associado com exposição à radiação ou linfedema Patologia Júlia Araújo Medicina
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