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MÉDIA 1 - AV 1 - Jurisprudências - T2- QuaMat

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2
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CURSO: DIREITO – 6. PERÍODO – QUARTA-FEIRA - MATUTINO
DISCIPLINA: DIREITO CONTRATUAL
PROFESSOR: Dr. DIEGO RICHARD RONCONI
ACADEMICO (A) :
1. ______________________________________
2. ______________________________________
3. ______________________________________
4. ______________________________________
5. ______________________________________
6. ______________________________________
M1- ATIVIDADE CURRICULAR 1 - DIREITO CONTRATUAL
As respostas dos exercícios deverão ser entregues ao professor até as 10 horas da aula do dia 24/03/2021 no Ambiente Blackboard, no item “MÉDIA 1 – AVALIAÇÃO 1 – 24/03/2021”.
1. ORIENTAÇÕES E FORMATO DO TRABALHO DE ANÁLISE JURISPRUDENCIAL:
1.1. O trabalho poderá ser realizado com a utilização de códigos, doutrinas, dicionário jurídico para pesquisa;
1.2. O trabalho é realizado em equipe, no limite de 4 (QUATRO) a 6 (SEIS) integrantes por equipe, equipes estas que poderão se organizar através de outras mídias (WhatsApp, Facetime, Skype etc.), de forma que a equipe deverá se responsabilizar por enviar apenas uma via ao Professor, constando o nome de todos os integrantes, a qual deverá ser postada no “Ambiente Blackboard”, no item “MÉDIA 1 – AVALIAÇÃO 1 – 24/03/2021”, para correção de suas respostas, com os seguintes requisitos abaixo delineados;
1.3. Cada equipe escolherá APENAS 1 (UM) dos acórdãos disponibilizados abaixo para realizar o trabalho;
1.4. O trabalho será realizado em 2 (duas) etapas: 
a) na PRIMEIRA PARTE do trabalho, após a leitura da jurisprudência, os acadêmicos selecionarão as 5 (cinco) principais categorias e seus respectivos conceitos operacionais, relativos ao Acórdão escolhido pela equipe. Se o conceito for extraído da obra de algum autor, deverá a equipe, ao final do conceito e após as aspas finais, indicar, entre parênteses, a obra e a página de onde o conteúdo foi extraído. Se o conceito foi elaborado pela equipe, deverá indicar, entre parênteses, a seguinte expressão: “conceito elaborado pela equipe”;
b) na SEGUNDA PARTE do trabalho, os acadêmicos deverão realizar, em até 25 linhas de uma folha (escrita na letra “times new roman”, tamanho 12, espaço entre linhas simples), o resumo do que ocorreu em 1a e em 2a Instâncias do Acórdão escolhido e estudado, relatando o fato de forma sucinta e objetiva. Depois, em mais 5 linhas, deverão indicar a opinião da equipe acerca da Justiça da decisão. Se houver divergência de opinião na equipe, indicar o pensamento do acadêmico divergente.
1.5. O prazo para a realização da atividade será de 2 (duas) horas, a partir do início da aula, para realizar a entrega das respostas na forma descrita no parágrafo anterior.
1.6. A avaliação tem peso 1,0 e nota de 0 a 10.
1.7. Após o prazo de entrega da avaliação, haverá aula pelo “Ambiente Blackboard”, por webconferência
1. Processo: 5022596-49.2020.8.24.0000 (Acórdão do Tribunal de Justiça)
Relator: Denise Volpato
Origem: Tribunal de Justiça de Santa Catarina
Orgão Julgador: Sexta Câmara de Direito Civil
Julgado em: 02/02/2021
Classe: Agravo de Instrumento
 
EMENTA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUERES ANTERIOR À INSTAURAÇÃO DO ESTADO DE CALAMIDADE DECORRENTE DA PANDEMIA DE COVID-19. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE ACOLHEU O PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA INCIDENTAL PARA DETERMINAR A REDUÇÃO DOS ALUGUERES DEVIDOS PELA AUTORA ATÉ 30/10/2020, EM RAZÃO DA PANDEMIA.
RECURSO DA DEMANDADA (LOCADORA). PLEITO DE REFORMA DO INTERLOCUTÓRIO AO ARGUMENTO DE INEXISTIR DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO ENTRE OS CONTRATANTES. PARCIAL SUBSISTÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE DIFICULDADES FINANCEIRAS CAUSADAS PELA PANDEMIA (COVID-19) QUE, EM PRIMEIRA ANÁLISE, AUTORIZARIA A APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO E ONEROSIDADE EXCESSIVA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 478 E 479 DO CÓDIGO CIVIL. DESEQUILÍBRIO CONTRATUAL DECORRENTE DA ALTERAÇÃO DA CONJUNTURA ECONÔMICA NACIONAL E INTERNACIONAL. PARTE AUTORA/AGRAVADA QUE EXERCE ATIVIDADE COMERCIAL VAREJISTA EM SHOPPING CENTER. IMPEDIMENTO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE FORMA PLENA EM RAZÃO DA RECOMENDAÇÃO DE ISOLAMENTO SOCIAL DURANTE O PERIODO PANDÊMICO. NECESSIDADE, CONTUDO, DE INTERVENÇÃO PONDERADA E LIMITADA DO ESTADO-JUIZ NAS RELAÇÕES SOCIAIS A FIM DE PRESERVAR OS DIREITOS DE LIBERDADE E LIVRE INICIATIVA. ESTIPULAÇÃO DO PREÇO QUE CONSISTE EM ELEMENTO CENTRAL DA AUTONOMIA CONTRATUAL DAS PARTES. REVISÃO HETERONÔMICA (JUDICIAL) DOS ALUGUERES QUE DEVE SER LIMITADA A PERÍODO MÍNIMO DE REEQUILÍBRIO, PROPICIANDO A PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE EXERCIDA PELA LOCATÁRIA POR PRAZO SUFICIENTE À RENEGOCIAÇÃO DO CONTRATO ENTRE AS PRÓPRIAS PARTES. PONDERAÇÃO RACIONAL ENTRE OS PRINCÍPIOS NORTEADORES DOS CONTRATOS. TEORIA DA IMPREVISÃO E ONEROSIDADE EXCESSIVA QUE AUTORIZA A RESOLUÇÃO DA AVENÇA, SEM O PAGAMENTO DE PENALIDADES RESCISÓRIAS, CASO NÃO ALCANÇADO ÊXITO NA REVISÃO CONSENSUAL DO NEGÓCIO. DECISÃO REFORMADA EM PARTE PARA LIMITAR A EFICÁCIA TEMPORAL DA REDUÇÃO DO VALOR DOS ALUGUERES. MANUTENÇÃO DA TUTELA PROVISÓRIA RECURSAL ANTERIORMENTE DEFERIDA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 6ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina decidiu, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento para confirmar a tutela provisória recursal anteriormente deferida, limitando no tempo os efeitos da medida cautelar deferida na origem, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Florianópolis, 02 de fevereiro de 2021.
Consórcio Nações Shopping interpôs Agravo de Instrumento em face de decisão interlocutória da lavra do MM. Magistrado Giancarlo Bremer Nones, da 3ª Vara Cível da Comarca de Criciúma/SC, que, nos autos da Ação Revisional de Aluguel c/c Consignação em Pagamento n. 0302044-49.2019.8.24.0020, movido contra si por V C Beltrame (MEI), deferiu a tutela provisória pleiteada pelo requerente para obstar a negativação do nome do locatário nos cadastros de inadimplentes em razão do não pagamento de alugueres e taxas acessórias a partir de 18/03/2020, e fixou o valor dos alugueres em 5% (cinco por cento) do faturamento mensal bruto, com efeitos retroativos a partir de 18/03/2020, data da decretação do estado de calamidade pública em razão da pandemia da doença COVID-19 (Ev. 66 - DESPADEC1, autos principais).
Em suas razões recursais (Ev. 1 - INIC1), a agravante discorre acerca do desequilíbrio econômico do contrato decorrente da minoração do valor dos alugueres. Afirma que a Lei de Locações veda a fixação dos alugueres, em ação revisional, em montante inferior a 80% (oitenta por cento) da obrigação vigente, determinação violada pelo interlocutório que afastou completamente o aluguel mínimo mensal. Defende que a revisão do valor dos alugueres na forma determinada pelo Juízo de origem beneficia unilateralmente a parte autora, descuidando-se do fato que os efeitos da pandemia também lhe ocasionam prejuízos. Argumenta que a possibilidade de revisão do contrato prevista nos arts. 317 e 478 do Código Civil dizem respeito aos eventos imprevisíveis e irresistíveis a qualquer esforço que gerem extrema desvantagem para uma das partes, o que não ocorre na situação sub judice. Por estes motivos, pugna pela concessão de efeito suspensivo ao recurso e, no mérito, requer a reforma do decisum para indeferir a tutela provisória pleiteada pelo autor.
O pleito de concessão de efeito suspensivo foi parcialmente deferido para limitar os efeitos da decisão liminar até 31/08/2020, oportunizando-se às partes a possibilidade de, até esta data, convencionar o reajuste dos alugueres no exercício de sua autonomia para contratar, e autorizando, ao final do prazo, a rescisão do contrato sem o pagamento de multas ou encargos rescisórios (Ev. 11 - DESPADEC1).
Intimada, a agravada renunciou ao prazo para apresentação de contrarrazões (Ev. 19).
Ao final, vieram os autos conclusos.
Este é o relatório.
VOTO
1. Admissibilidade
Ab initio, de se salientar o cabimentodo presente recurso contra decisão interlocutória que defere tutela provisória, nos termos do artigo 1.015, inciso I, do Código de Processo Civil, verbis:
"Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:I- tutelas provisórias;"
Outrossim, registre-se não ser necessária a juntada dos documentos exigidos pelo disposto no artigo 1.017, incisos I e II, do Código de Processo Civil por serem eletrônicos os autos da demanda principal (art. 1.017, § 5º, do CPC).
Assim, devidamente recolhidas as custas de preparo recursal pela agravante (Ev. 4 - CUSTAS1), e preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade, passa-se à análise do mérito recursal.
2. Mérito
Trata-se de recurso de Agravo de Instrumento interposto por Consórcio Nações Shopping em face de decisão interlocutória da lavra do MM. Juízo da 3ª Vara Cível da Comarca de Criciúma/SC, que, nos autos da Ação Revisional de Aluguel c/c Consignação em Pagamento n. 0302044-49.2019.8.24.0020, deferiu a tutela provisória pleiteada pelo requerente para obstar a negativação do nome do locatário nos cadastros de inadimplentes e reduziu o valor dos encargos locatícios, nos seguintes termos (Ev. 66 - DESPADEC1, autos principais):
"3. Diante do exposto, DEFIRO EM PARTE o pedido de tutela provisória de urgência, para:
a) determinar que a ré se abstenha de inscrever o nome da requerente e de seus fiadores, ou retire no prazo de 15 (quinze) dias, caso já tenha promovido a inscrição, nos órgãos de proteção ao crédito em razão da falta de pagamento dos alugueis e demais taxas a partir de 18.3.2020;
b) fixar o valor do aluguel em 5% (cinco por cento) do faturamento mensal bruto, desconsiderando-se o aluguel mínimo convencionado, a partir de 18.3.2020, permanecendo inalterada a cobrança de fundo de promoção e propaganda e taxa condominial.
Ambas medidas estendem-se até o dia 30 de outubro de 2020, data instituída como marco final das medidas adotadas na Lei da Pandemia (Lei n. 14.010/2020), sem prejuízo de posterior dilação, caso o cenário fático assim recomende. 
Havendo necessidade, deverá a parte requerida providenciar a confecção de novos boletos em relação aos meses já transcorridos ou, caso já tenha havido o pagamento, realizar a compensação devida nos boletos seguintes. 
Fixo multa diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para o caso de descumprimento desta decisão."
A insurgência recursal da demandada impugna o deferimento da tutela provisória, afirmando inexistir previsão legal para a revisão do valor dos alugueres . Argumenta que a revisão dos valores beneficia unilateralmente a parte autora, argumentando que os efeitos da pandemia do vírus Sars-nCoV-2 (COVID-19) também lhe ocasionam prejuízos. Em virtude disso, e por outros fundamentos, defende a impossibilidade de concessão da antecipação dos efeitos da tutela na forma pleiteada pela autora.
Pois bem.
Como já relatado na decisão interlocutória que deferiu parcialmente a antecipação dos efeitos da tutela recursal, a demanda principal objetiva a revisão das obrigações contraídas em contrato de locação celebrado entre as partes, que tem por objeto imóvel comercial localizado nas dependências do shopping center Nações, situado em Criciúma/SC.
A ação revisional antecede a instauração do estado de emergência causado pela pandemia da doença COVID-19, tendo sido protocolizada a petição inicial em 06/03/2019 (Ev. 1 - INIC1, autos principais).
Nos autos da demanda principal, a requerente sustenta, em resumo, a existência de desproporcionalidade entre os valores cobrados a título de encargos locatícios e a sua situação financeira, e, em razão do desequilíbrio econômico do contrato, pleiteia a limitação dos alugueres a 5% (cinco por cento) dos rendimentos brutos da empresa.
Ao longo do trâmite processual, contudo, a parte autora formulou , em 06/04/2020, pedido de tutela provisória de urgência em caráter incidental, pleiteando a minoração do valor dos alugueres em razão das novas circunstâncias causadas pela pandemia (Ev. 47 - PET1).
O pleito de antecipação dos efeitos da tutela deduzido em caráter incidental autoral se lastreia na teoria da imprevisão/onerosidade excessiva, inserta no ordenamento jurídico pátrio pelos artigos 478, 479 e 480 do Código Civil de 2002, que autorizam às partes a resolução ou revisão do contrato na hipótese de alteração significativa da situação fática que resulte em oneração excessiva de um dos contratantes:
"Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva."
No que diz respeito à teoria da imprevisão, é cediço que sua aplicabilidade "exige, como o próprio nome sugere, a imprevisibilidade de ocorrência futura de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, ligados objetivamente ao contrato, que tragam empecilhos intransponíveis ao cumprimento da obrigação nele alinhavada." (TJSC. Apelação Cível n. 2011.010274-8, de Brusque. Rel. Des. Gilberto Gomes de Oliveira, j. em 08/10/2015).
Significa dizer, portanto, que a possibilidade de rescisão da avença ou de revisão de seus termos deve ser limitada àquelas hipóteses em que alteração imprevisível e ulterior da situação fática dos contratantes resulte na impossibilidade de cumprimento do contrato.
Sobre o assunto, leciona Miguel Maria de Serpa Lopes:
"A imprevisão consiste, assim, no desequilíbrio das prestações sucessivas ou diferidas, em consequência de acontecimentos ulteriores à formação do contrato, independentemente da vontade das partes, de tal forma extraordinários e anormais que impossível se tornava prevê-los razoável e antecedentemente. São acontecimentos supervenientes que alteram profundamente a economia do contrato, por tal forma perturbando o seu equilíbrio, como inicialmente estava fixado, que se torna certo que as partes jamais contratariam se pudessem ter podido antes antever esses fatos. Se, em tais circunstâncias, o contrato fosse mantido, redundaria num enriquecimento anormal, em benefício do credor, determinando um empobrecimento da mesma natureza, em relação ao devedor. Consequentemente, a imprevisão tende a alterar ou excluir a força obrigatória dos contratos." (in Curso de Direito Civil, vol. III. 6ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001).
Ora, é consabido que a pandemia do vírus Sars-nCov-2, vivenciada no momento do ajuizamento da lide causou, em razão da necessidade de manutenção de certo grau de distanciamento social (como forma de prevenção da disseminação da doença), óbice ao exercício da atividade econômica, e, posteriormente à reabertura, gerando, significativa redução da atividade econômica, sobretudo em estabelecimentos comerciais que, como o da agravada, se situa em shopping center.
A superveniência do estado de calamidade consiste, a priori, em circunstância extraordinária que tem o condão de inviabilizar o cumprimento das obrigações pecuniárias assumidas pelo locatário, autorizando a aplicação da teoria da imprevisão.
As circunstâncias do caso concreto, contudo, não autorizam que a jurisdição intervenha no domínio da vontade das partes para rever o valor dos alugueres e encargos locatícios ajustados.
Por força do direito fundamental de liberdade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal), do qual decorre o princípio da autonomia das vontades, é defeso ao Poder Judiciário intervir no âmbito das avenças privadas sem que haja defeito do negócio (artigos 138 a 165, do Código Civil, e artigo 51, do Código de Defesa do Consumidor, por exemplo), ou afronta àsnormas cogentes (artigo 5º, II, da Constituição Federal), mormente em se tratando do elemento central do contrato: o preço.
Desta forma, ainda que em resposta ao exercício, por um dos contratantes, do direito de revisão decorrente da teoria da imprevisão/onerosidade excessiva, não pode a jurisdição intervir de modo definitivo no domínio da autonomia das partes para reformar o valor dos alugueres anteriormente estipulados pelas partes.
Esta situação é ainda mais agravada pela natureza sumária da cognição judicial inerente à tutela de urgência incidental, vez que ausentes elementos probatórios nos autos que permitam aferir quais os reais efeitos da pandemia no faturamento de ambas as partes (e o comportamento geral do mercado locatício).
Diante disso, não se pode admitir que, por ordem judicial, seja suprimida a manifestação de vontade do condomínio agravante, que também é afetado, direta ou indiretamente, pelos reflexos econômicos da pandemia (tendo inclusive deixado de cobrar, voluntariamente, as taxas referentes aos dias em que o shopping center permaneceu fechado, além de ter concedido descontos nas taxas condominiais e na cobrança do fundo de marketing, como reconhecido pela própria agravada no Ev. 47, PET1, fl. 03).
Significa dizer, noutros termos, que o Estado-Juiz deve evitar a intervenção no mercado para além do necessário à preservação do equilíbrio mínimo do negócio, mormente se considerada a inaplicabilidade à espécie dos ditames do Código de Defesa do Consumidor. 
O preço é elemento central do negócio, sendo que não se pode impor ao proprietário a manutenção do vínculo jurídico com preço de alugueres comerciais em descompasso com seus interesses (observada a autorregulamentação do mercado, diante da realidade econômica atual).
De outro lado, diante das circunstâncias excepcionais, a jurisdição, em seu propósito último de pacificação de conflitos sociais, tem o papel essencial de auxiliar na obtenção de soluções intermediárias que assegurem a melhor satisfação dos interesses em choque.
A intervenção judicial na hipótese sub judice deve, portanto, se limitar a assegurar tempo razoável para que as partes, no exercício do livre direito de contratar, ajustem, entre si, a revisão do negócio jurídico originalmente celebrado, de forma a satisfazer os interesses de ambas.
Note-se que a jurisprudência pátria, em geral, tem limitado a intervenção judicial ao período em que estavam fechados os shopping center por força da aplicação de medidas sanitárias (que, em Santa Catarina, perdurou entre 18/03/2020 a 21/04/2020, vide o Decreto Estadual n. 515/2020 e a Portaria da Secretaria de Estado da Saúde n. 257/2020). 
Nessa linha:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO DE IMÓVEL COMERCIAL. DEFERIMENTO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA PARA SUSPENDER O PAGAMENTO DO ALUGUEL MÍNIMO E DO FUNDO DE PROMOÇÃO/PROPAGANDA ENQUANTO DURAR O FECHAMENTO DO SHOPPING CENTER, MANTENDO-SE, PORÉM, A EXIGIBILIDADE DAS TAXAS CONDOMINIAIS. IMPREVISIBILIDADE GERADA PELA PANDEMIA PROVOCADA PELA COVID-19. INCIDÊNCIA DOS ARTS. 317, 478 E 480 DO CC E ART. 300 DO CPC. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.Agravo de instrumento improvido, com observação, nos termos do acórdão." (TJSP,  Agravo de Instrumento n. 2107767-68.2020.8.26.0000, rel.ª Des.ª Cristina Zucchi, 34ª Câmara de Direito Privado, j. em 29/07/2020).
Ainda:
"Locação de espaço comercial em shopping center. Pandemia por COVID19. Tutela de urgência. Desobrigação de pagamento que pelo regime legal não pode ser imposta ao credor pelo Juiz, devendo decorrer de ato negocial entre as partes ou por força de especial disposição legal. Descabimento da tutela destinada a suspender a exigibilidade de todas as parcelas contratuais pelo prazo de três meses. Ausência dos requisitos reclamados no artigo 300 do CPC. Recurso provido."(TJSP,  Agravo de Instrumento n. 2120815-94.2020.8.26.0000, rel. Des. Arantes Theodoro, 36ª Câmara de Direito Privado, j. em 31/07/2020).
Em virtude disso, impõe-se ratificar a ordem liminar deferida por esta Relatora de modo manter  a vigência temporal dos efeitos da medida deferida pelo Juízo de origem tão somente até 31/08/2020.
Dentro deste prazo, devem as partes negociar entre si o reajuste (temporário ou permanente) dos alugueres e dos encargos locatícios de forma preservar o contrato, mediante acordo de denominador comum, que satisfaça os interesses e ambas (artigo 479, do Código Civil).
No aspecto, importa considerar que a preservação da avença é igualmente do interesse do locador, na medida em que a nova realidade econômica aponta para a redução da atratividade da locação em shopping centers em geral.
Imperioso, pois, que as partes encontrem em comum acordo o ponto de equilíbrio da locação, fato a ser estimulado pelo Estado-Juiz, sendo recomendável a adoção de medidas e a designação de ato judicial para mediação dos interesses das partes.
Após o transcurso do prazo, é facultado à parte autora permanecer na posse do bem (aceitando, a partir de então, o valor dos alugueres ajustado pelas partes) ou, alternativamente, caso não obtida solução intermediária, exercer o direito de rescisão do contrato sem o pagamento de multas ou encargos rescisórios, na forma prevista pelo art. 478 do Código Civil, mediante aditamento da petição inicial.
Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento para confirmar a tutela provisória recursal anteriormente deferida, limitando no tempo os efeitos da medida cautelar deferida na origem.
Documento eletrônico assinado por DENISE VOLPATO, Desembargadora Relatora, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. 
2. Processo: 5021233-27.2020.8.24.0000 (Acórdão do Tribunal de Justiça)
Relator: Rubens Schulz
Origem: Tribunal de Justiça de Santa Catarina
Orgão Julgador: Segunda Câmara de Direito Civil
Julgado em: 21/01/2021
Classe: Agravo de Instrumento
 
EMENTA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL. TUTELA DE URGÊNCIA. ARGUIDA A TEORIA DA IMPREVISÃO COMO FUNDAMENTO PARA POSTULAR A REVISÃO DO ALUGUEL. PEDIDO DE REDUÇÃO DA MENSALIDADE LOCATÍCIA DURANTE A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA TANTO. REQUISITOS NÃO SATISFEITOS.
PLEITO ACESSÓRIO. REQUERIMENTO PARA REVISAR PARCELAMENTO DE PAGAMENTOS DE ALUGUERES INADIMPLIDOS. DÍVIDA QUE FORA OBJETO DE ACORDO PACTUADO ENTRE AS PARTES EM PRETÉRITA AÇÃO DE DESPEJO. SENTENÇA QUE, NAQUELA LIDE, HOMOLOGA A AUTOCOMPOSIÇÃO. REVISÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO INVIÁVEL EM SEDE DE AÇÃO REVISIONAL LOCATÍCIA. PRETENSÃO QUE DEVE SER OBJETO DE PROCEDIMENTO PRÓPRIO.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
- "MESMO NO CONTEXTO ATUAL DA PANDEMIA COVID-19, EM QUE TODA A SOCIEDADE SOFRE OS IMPACTOS NA ÁREA DA SAÚDE, BEM COMO NO SETOR SOCIAL E ECONÔMICO, É NECESSÁRIA A DEMONSTRAÇÃO NÃO APENAS DE QUE QUEM PRETENDE A REVISÃO DO CONTRATO ESTEJA SOFRENDO SÉRIOS PREJUÍZOS FINANCEIROS, MAS TAMBÉM DE QUE A PARTE CONTRÁRIA ESTEJA BENEFICIANDO-SE DA SITUAÇÃO. OS EFEITOS ADVERSOS DA PANDEMIA ATINGEM A TODOS" (AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 5011978-45.2020.8.24.0000, REL. LUIZ CÉZAR MEDEIROS).
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 2ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina decidiu, por unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Florianópolis, 21 de janeiro de 2021.
Giedre Suzane Ávila de Oliveira Eireli interpôs agravo de instrumento contra a decisão interlocutória proferida nos autos da ação revisional de aluguel n. 5043384-15.2020.8.24.0023 por si ajuizada contra Nadir Borba perante o Juízo da 4ª Vara Cível da comarca da Capital e que deferiu parcialmente o pleito de tutela de urgência.
Em breve síntese, afirmou que nos idos de 2009, firmou com a agravada pacto de locação não residencial, de um imóvel localizado no Centro da Capital a fim de que ali pudesse constituir seu negócio no ramo alimentício (pizzaria), com serviçoem salão e entrega em casa. Alegou que os serviços de pizzaria com atendimento de clientes em salão restaram suspensos por muitos dias em razão de atos da Administração Pública Estadual, todos com intuito de promover o distanciamento social característico dos cuidados no contágio do coronavírus (Covid-19); no ponto, frisou que a suspensão dos serviços causou severo prejuízo à sua atividade econômica. Relembrou também que em janeiro de 2020 entabulou com a ré dois acordos, nos autos ns. 5001506-47.2019.8.24.0023 e 5001511-69.2019.8.24.0023, ambos referentes a alugueres inadimplidos ainda no ano de 2018, quando então estabeleceram "o pagamento de 24 parcelas de R$ 1.655,84 (um mil seiscentos e sessenta e cinco reais e oitenta e quatro centavos), referente a parte da frente da casa, no total de R$ 39.740,00 ( trinta e nove mil, setecentos e quarenta reais), com vencimento da primeira parcela 10/01/2020 e demais todo dia 27 dos meses subsequentes, e o pagamento de 24 parcelas de R$ 721,91 ( setecentos e vinte e um reais e noventa e um centavos), referente a parte dos fundos da casa, com vencimento da primeira parcela 10/01/2020 e demais todo dia 20 dos meses subsequentes", tendo quitado somente as mensalidades do acordo referente aos meses de janeiro e fevereiro de 2020. Pontuou que a recessão na sua atividade econômica com queda de 85% (oitenta e cinco por cento) impede de continuar pagando o acordo e o aluguel vincendo, sem prejuízo dos demais custos da atividade. Asseverou que tais fatos constituem motivo para a revisão da mensalidade locatícia, bem assim do acordo firmado nos processos anteriores. Pugnou, então, pela concessão de efeito suspensivo, formulando pedidos sucessivos, "a fim de que: c)  a requerida se abstenha de inscrever o nome da Agravante nos órgãos de proteção ao crédito, de débitos referente a competência do mês de março a dezembro, ou, enquanto perdurar os efeitos da pandemia, decretada até 31/12/2020 (Decreto 06/2020). d) a suspensão do pagamento das parcelas dos acordos anexos pelo prazo de 6 (seis) meses a contar das parcelas vencidas em março/2020. e) caso não sendo este o entendimento, que seja fixado o pagamento provisório ou temporário de 50% dos valores das parcelas dos acordos anexos, bem como o parcelamento da outra metade (50%), em 10 (dez) parcelas com os pagamentos a partir de julho/2020. f) fixar o aluguel provisório ou temporário desde o mês de março/2020, concedendo também 50% (cinquenta por cento) de desconto, referente a parte da frente da casa e 50% (cinquenta por cento) da parte dos fundos, desde a parcela do mês de março até o mês de agosto/2020 ou, enquanto perdurar os efeitos da pandemia, decretada até 31/12/2020 por analogia ao Decreto 06/2020 do Governo do Estado de Santa Catarina; g) Com o deferimento dos itens anteriores, é necessário determinar que a Agravada emita novo boleto para pagamento, de acordo com o deferimento da liminar" (Agravo 1).
Por decisão indeferi a tutela antecipada recursal almejada e determinei a intimação da agravada para contrarrazões (Despacho/decisão 1  do evento 8).
A recorrida apresentou as Contrarrazões 1  do evento 16.
Vieram conclusos.
VOTO
Inicialmente, reputo presentes os requisitos legais de admissibilidade recursal, conforme a exegese dos arts. 1.015 a 1.017 do Código de Processo Civil. Portanto, conhece-se do reclamo e passa-se à análise da matéria de mérito que, desde já adianta-se, não será acolhida.
Pois bem.
Versam os presentes autos sobre pedido de revisão de aluguel formulado pela locatária em face da locadora, tendo como fundamento os impactos econômicos advindos dos decretos governamentais que impuseram restrições às atividades comerciais (como a da agravante) com o fim de promover o isolamento social próprio das medidas sanitárias preventivas de combate ao coronavírus.
Para a recorrente, a medida liminar de revisão de aluguel concedida pelo Juízo de origem é insuficiente; há de se deferir também a revisão do parcelamento livremente acordado nos autos ns. 5001506-47.2019.8.24.0023 e 5001511-69.2019.8.24.0023, bem assim imposição de abstenção da locadora de inscrever o nome da locatária em rol de inadimplentes caso advenha o não pagamento do acordo. Pretende também que a liminar de redução do valor do aluguel tenha validade pelo menos até o mês de dezembro do corrente ano, ou enquanto perdurarem os efeitos do Decreto. n. 06/2020 do Estado de Santa Catarina.
No que toca à pretensão de revisão do aluguel pago mensalmente e o pedido de fixação da mensalidade em patamar mais baixo desde o início da lide, convém iniciar relembrando que a tutela de urgência vem normatizada pelo art. 300, do Código de Processo Civil, com requisitos claros:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Porque oportuna, colaciona-se lição de Fredie Didier Jr. et al:
A finalidade maior da tutela provisória é conferir efetividade à função jurisdicional. Somente quando a medida for apta a alcançar esse fim, ela deve ser concedida. Se não tiver o condão de dar efetividade à tutela dos direitos, não deve ser concedida a tutela provisória. A tutela provisória só contribuirá para o alcance dessa finalidade quando adiantar no tempo efeitos que provoquem ou impeçam mudanças no plano fático: os chamados efeitos fáticos ou sociais da tutela, que são aqueles que, para efetivar-se, dependem a prática de atos materiais - espontâneos por parte do obrigado ou forçados através de atividade executiva. Assim, não se antecipa a própria tutela satisfativa (declaratória, constitutiva ou condenatória), mas, sim, os efeitos delas provenientes. Pela decisão provisória, apenas se permite que o requerente usufrua dos efeitos práticos (sociais, executivos) do direito que quer ver tutelado, imediatamente, antes mesmo do seu reconhecimento judicial. Antecipa-se, pois, a eficácia social da sentença - seus efeitos executivos - e, não, sua eficácia jurídico-formal. Antecipar a tutela é satisfazer de imediato, na realidade fática, o pleito do requerente. É por isso que se diz que, no contexto da tutela provisória satisfativa (ou antecipada, na terminologia da lei), concedida em sede de ações constitutivas e declaratórias, a antecipação que se opera não é da declaração ou da constituição/desconstituição (efeito jurídico/formal), vez que estas serão sempre definitivas - e só assim serão úteis para as partes. O que pode ocorrer é a antecipação dos efeitos fáticos, práticos, palpáveis e tais tutelas (declaratória ou constitutiva) (Curso de Direito Processual Civil: teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente, coisa julgada e tutela provisória. 12 ed. Salvador: Jus Podivm, 2016, p. 667-668).
Então, com este prisma, e sabendo que o presente recurso pretende rever mensalidade locatícia, é mister relembrar que, no que toca à revisão dos valores de aluguel, colho da Lei 8.245/1991:
Art. 17. É livre a convenção do aluguel, vedada a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua vinculação à variação cambial ou ao salário mínimo. [...]
 
Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado.
A leitura das normas acima colacionadas denota a característica dinâmica do mercado da locação de imóveis, bem assim a consequente viabilidade de se pretender rever o valor da locação inicialmente fixada por ambasas partes - para mais ou para menos.
É dizer, quando o mercado de imóveis demonstra oscilação do valor do aluguel, a lei do inquilinato confere a qualquer dos contratantes o direito de pretender a revisão do preço.
A hipótese dos autos, ainda assim, não comporta o deferimento da totalidade dos pedidos que foram liminarmente formulados na Petição Inicial 1  que deflagra a ação revisional na origem.
Não se tem dúvida quanto a aplicação, em tese, da teoria da imprevisão, tratada no artigo 317 do CCB, em questões relacionadas a pandemia fruto do coronavírus (Covid-19), de todos conhecido. 
A teoria da imprevisão, conforme lição de Sílvio de Salvo Venosa, consubstancia "a possibilidade de intervenção judicial no contrato ocorrerá quando um elemento inusitado e surpreendente, uma circunstância nova, surja no curso do contrato, colocando em situação de extrema dificuldade um dos contratantes, isto é, ocasionando uma excessiva onerosidade em sua prestação. O que se leva em conta, como se percebe, é a onerosidade superveniente" (Direito Civil - Contratos. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2019. p. 124).
Para o doutrinador, "não é qualquer contrato e nem qualquer situação que possibilitam a revisão. Em primeiro lugar, devem ocorrer, em princípio, acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. [...] Um fato será extraordinário e anormal para o contrato quando se afastar do curso ordinário das coisas. Será imprevisível quando as partes não possuírem condições de prever, por maior diligência que tiverem. Não podemos atribuir a qualidade de extraordinário ao risco assumido no contrato em que estavam cientes as partes da possibilidade de sua ocorrência. [...]  Esses acontecimentos devem refletir-se diretamente sobre a prestação do devedor. Não são motivo de revisão os fatos, por mais imprevistos, que não aumentam o sacrifício do obrigado. O instituto caracteriza-se pela incidência sobre a prestação devida, tornando-a excessivamente onerosa para o devedor" (Direito Civil - Contratos. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2019. p. 129-131). 
Para além disto, a revisão aplicada a partir teoria da imprevisão acima mencionada e com fundamento em alegada onerosidade excessiva exige, em contrapartida, a ocorrência de extrema vantagem para a outra parte, conforme o disposto no art. 478 do Código Civil: "nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação".
Com a devida vênia, entendo que o caso em tela exigirá verificação pormenorizada, a aferir cada situação fática vinculada as obrigações contratuais, de modo a constatar o desequilíbrio contratual manifesto.
Ainda que se pretenda a aplicação do artigo 478 do CCB, mais detalhada deve ser a demonstração da onerosidade excessiva, tendo em vista o ramo de atuação e a afetação concreta em virtude da pandemia, apenas para mencionar alguns exemplos.
Veja-se que a togada singular já relativizou e considerou os efeitos da pandemia nas atividades desempenhadas pela agravante, tanto que deferiu, em sede de tutela de urgência, a redução "de 50% (cinquenta por cento)" no valor do aluguel, "a partir do mês de junho até outubro/2020, circunstância que será avaliada acerca da necessidade de prorrogação da medida liminar", ademais, determinou que a agravada não inscreva o nome da agravante "nos cadastros de inadimplentes  referente aos débitos dos aluguéis em atraso (a partir de março/2020)".
Além disso, relativamente as atividades afetadas, ao que se observa da inicial, a atuação da agravante não tem como essencial a atuação presencial, ainda que a mesma seja inerente a quase todas as atividades, apenas em grau diverso.
Necessário se faz perquirir, através de prova segura o impacto que a ausência de atendimento presencial onerou a agravante.
Vê-se que mesmo no período de restrições mais severas, permaneceu mínima viabilidade econômica da agravante, pois admissível que seguisse atuando em um de seus segmentos - o fornecimento de alimentos no mercado consumidor nas modalidades "retirada em balcão" e "entrega em casa".
Então, no instante que é próprio da cognição sumária da tutela buscada pela agravante, parece razoável e adequado que o provisório ajuste no pacto de locação garanta mínimo equilíbrio ao pacto, equalizando as obrigações da locatária para com a locadora, garantido àquela a viabilidade de novos pedidos de tutela.
Quer isto dizer que a medida sofrerá constante reavaliação, o que, aliás, está ocorrendo com todo o cenário relacionado a pandemia e os reflexos na economia, nada impedindo que, diante de novo cenário, haja pleito de reavaliação e a decisão correspondente sofra nova análise através de outro recurso próprio.
Conforme bem destacado pela Magistrada singular, "verifica-se que de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, é possível a revisão judicial dos contratos em função de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis que acarretem a uma das partes prestação excessivamente onerosa. Na hipótese, inarredável a existência dos requisitos à revisão do contrato de locação comercial, pois no caso sub judice, encontra-se patente a imprevisibilidade e onerosidade excessiva em face de acontecimento extraordinário (Covid19). [...]. Logo, entendo que é nítido o perigo de dano uma vez que a requerente se encontra em desvantagem perante os atuais acontecimentos, o que por certo afetou não só seu negócio jurídico, mas de tantos brasileiros que se encontram na mesma situação, ou seja, enfrentando grandes dificuldades em adimplirem com as obrigações contratuais".
Ao que parece, mesmo com o conhecido cenário de crise econômica, que potencialmente advém do lockdown, imposto pelas autoridades concorrentemente competentes, não parece seguro neste instante apoiar-se em tal argumento, isoladamente, para o deferimento de medida tão extrema como a perseguida pela agravante.
No momento, entretanto, e porque o agravo não trata de alteração de situação fática, tomando-se como base a data em que proferida a decisão, deve a mesma ser mantida.
Derradeira observação faz-se necessária. 
A aplicação do artigo 317 do CCB, com enfrentamento da teoria da imprevisão, também é aplicável para situações extraordinárias, que provoquem o desequilíbrio contratual, mas são transitórias, de modo que, em caráter excepcional, podem levar a modulação, igualmente temporária, das condições do contrato.
No presente caso, não se está a vincular a decisão atacada, apenas a questão de redução dos rendimentos da agravada, mas sim a impossibilidade de exercício do trabalho antes desenvolvido.
Nesta Corte decidiu-se recentemente de maneira idêntica:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE LOCAÇÃO. DECISÃO QUE DEFERE O REAJUSTE DO VALOR LOCATÍCIO LIMINARMENTE. INSURGÊNCIA DA LOCATÁRIA. AVENTADA IMPOSSIBILIDADE DA MODIFICAÇÃO DA CONTRAPRESTAÇÃO AJUSTADA NO PACTO. SUBSISTÊNCIA. REMUNERAÇÃO PELA LOCAÇÃO AVENÇADA POR PERCENTUAL DO FATURAMENTO LÍQUIDO. LOCADOR QUE ALMEJA COBRANÇA EM VALOR FIXO. ALTERAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL. PEDIDO QUE NÃO EQUIVALE À ADEQUAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO PREVISTO NO ART. 68 DA LEI DE LOCAÇÃO. ÓBICE AO DEFERIMENTO DO PLEITO NO CURSO DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. REQUERIMENTO QUE DEVE SER OBJETO DE DELIBERAÇÃO NA OCASIÃO DA SENTENÇA. EXEGESE DO ART. 69, § 1º, DA LEI DO INQUILINATO. OBSERVÂNCIA AO PACTA SUND SERVANDA. ART. 54 DA lEI N. 8.245/1991. IMPERATIVO AFASTAMENTO DO REAJUSTE PROCEDIDO. DECISÃO REFORMADA.RECURSO CONHECIDO E PROVIDO (TJSC, Agravo de Instrumento n. 5013989-47.2020.8.24.0000, rela. Desa. Rosane Portella Wolff, 2ª Câmara de Direito Civil, j. 17-9-2020).
 
PROCESSUAL CIVIL - TUTELA DE URGÊNCIA - AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL - LOCAÇÃO DE ESPAÇO EM SHOPPING CENTER - TEORIA DA IMPREVISÃO E ONEROSIDADE EXCESSIVA - EFEITOS DA PANDEMIA COVID-19 - REQUISITOS NÃO SATISFEITOS1 A redução unilateral do valor do aluguelem contrato de locação de espaço em shopping center, caso não demonstrada situação excepcional que diferencie o cenário e justifique a medida, pode ocasionar desequilíbrio econômico entre as partes, cujo prejuízo, se arcado pelo Condomínio, acabará partilhado entre os condôminos. Nesse contexto, é imprescindível que as razões apresentadas pela parte que pretende a diminuição do montante pago, em detrimento de possível dano patrimonial à coletividade de condôminos, seja suficientemente especial para justificar o deferimento do pedido, principalmente quando requerido na forma inaudita altera pars. 2 Consoante o disposto no art. 478 do Código Civil, "nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação".3 A intervenção judicial em contrato privado é medida excepcional, admitida em situações específicas e devidamente comprovadas. A teoria da imprevisão constitui-se em fundamento que autoriza a relativização do pacta sunt servanda e, pois, a mitigação da vontade contratual, mas exige a demonstração clara de que um fato absolutamente imprevisível tenha sido suficiente para deixar um dos contratantes em situação de onerosidade excessiva, enquanto a parte contrária passa a se beneficiar de extrema vantagem.4 Mesmo no contexto atual da pandemia COVID-19, em que toda a sociedade sofre os impactos na área da saúde, bem como no setor social e econômico, é necessária a demonstração não apenas de que quem pretende a revisão do contrato esteja sofrendo sérios prejuízos financeiros, mas também de que a parte contrária esteja beneficiando-se da situação. Os efeitos adversos da pandemia atingem a todos, isto é, numa relação locatícia afetam tanto o locatário, quanto o locador, e não se deve revisar as obrigações de uma parte em detrimento da outra, ainda mais em sede liminar, sem prova efetiva de que apenas um dos envolvidos esteja enfrentando prejuízos decorrentes da crise. A melhor solução, também em casos assim, é a composição extrajudicial.PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO INTERNO - DECISÃO QUE DEFERIU O PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO - JULGAMENTO DO CORRESPONDENTE  AGRAVO DE INSTRUMENTO - PERDA DO OBJETOO julgamento do agravo de instrumento, no qual se pretendia cassar a decisão que deferiu o pedido de atribuição de efeito suspensivo pela via do agravo interno, implica a extinção deste último reclamo pela perda do objeto (TJSC, Agravo de Instrumento n. 5011978-45.2020.8.24.0000, rel. Luiz Cézar Medeiros, 5ª Câmara de Direito Civil, j. 1º-9-2020).
Com estes argumentos, então, entendo que deva ser mantida a revisão parcial já deliberada liminarmente pelo Juízo de origem na decisão recorrida.
No que tange à revisão das parcelas do acordo entre as partes, melhor sorte não socorre a recorrente.
No presente feito, embora concentrados em pedido único, constata-se que dois são os objetos da pretensão de revisar: os alugueres vencidos no curso dos meses que constituíram (e ainda constituem) o período de restrições às atividades econômicas inarredáveis do distanciamento social (de março/2020 em diante) e, a par desta dívida, os débitos oriundos dos acordos que os litigantes firmaram nos processos de ns. 5001506-47.2019.8.24.0023 e 5001511-69.2019.8.240023.
Com o respeito que se tem pelas teses da agravante, entendo que não se tem como  viável a concessão da medida buscada pela locatária no que toca a dívida que é objeto dos feitos anteriores. 
Ora, para além da revisão dos alugueres vincendos, pretende também a locatária que o provimento jurisdicional alcance o objeto de acordo em lides diversas.
A ação revisional de aluguel não pode ser a via adequada para tanto.
É que, nos autos das ações acima mencionadas, as partes deliberaram renegociar débitos pendentes nos anos de 2018 e 2019 relativos ao mesmo pacto de locação (Acordo 1  do evento 14 na ação 5001506-47.2019.8.24.0023 e Acordo 1  do evento 18 na ação n. 5001511-69.2019.8.24.0023); em ambos os feitos, o acordo restou homologado pelo Juízo.
Sabe-se bem que, com a homologação da transação entabulada entre as partes, constituído de fato e de direito o negócio jurídico que resultou na autocomposição dos litigantes, a desconstituição daquele somente tem lugar na ação anulatória de ato jurídico.
É pacífico na jurisprudência do Colendo STJ que "é cabível ação anulatória em face de sentença meramente homologatória de transação, desde que o magistrado não tenha adentrado no mérito do acordo" (Quarta Turma, REsp 1672551/PR, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, j. 28-11-2017).
A revisão do negócio jurídico entabulado, em última análise, caberia em feito próprio, inconfundível com a revisional de pacto locatício de que deriva este instrumento.
Neste norte, não subsistem argumentos da insurgência recursal.
Ante o exposto, voto por conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
Documento eletrônico assinado por RUBENS SCHULZ, Desembargador, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://eproc2g.tjsc.jus.br/eproc/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 423679v16 e do código CRC 3bdc27f8.Informações adicionais da assinatura:Signatário (a): RUBENS SCHULZData e Hora: 22/1/2021, às 11:17:24
3. Processo: 0012627-40.2013.8.24.0033 (Acórdão do Tribunal de Justiça)
Relator: Osmar Nunes Júnior
Origem: Tribunal de Justiça de Santa Catarina
Orgão Julgador: Sétima Câmara de Direito Civil
Julgado em: 11/03/2021
Classe: Apelação
 
EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE E INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DOS RÉUS. 
AVENTADA NULIDADE EM RAZÃO DO CERCEAMENTO DE DEFESA. TESE NÃO ACOLHIDA. MAGISTRADO QUE POSSUI DISCRICIONARIEDADE DE DETERMINAR AS PROVAS NECESSÁRIAS AO DESLINDE DO FEITO. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. ADEMAIS, DILAÇÃO PROBATÓRIA QUE NÃO TERIA O CONDÃO DE ALTERAR O JULGAMENTO. PREFACIAL AFASTADA.
ALEGADO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL DO CONTRATO. NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DO VÍNCULO ENTRE AS PARTES. INSUBSISTÊNCIA. VALOR QUITADO QUE NÃO TRADUZ QUANTIA SUBSTANCIAL. INADIMPLÊNCIA DOS COMPRADORES. RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA NA VIA EXTRAJUDICIAL QUE NÃO SE MOSTROU EFETIVA. DEMANDADOS QUE TORNARAM A DESCUMPRIR SUAS OBRIGAÇÕES. RESOLUÇÃO DA AVENÇA E INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS QUE SE IMPÕE (ART. 475 DO CÓDIGO CIVIL). SETENÇA MANTIDA INCÓLUME.
HONORÁRIOS RECURSAIS DEVIDOS. VERBA SUSPENSA EM RAZÃO DA JUSTIÇA GRATUITA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 7ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina decidiu, por unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Florianópolis, 11 de março de 2021.
Cuido de apelação cível interposta por Paulo José da Silva e Divair Costa contra sentença proferida pela 2ª Vara Cível da Comarca de Itajaí nos autos do processo n. 0012627-40.2013.8.24.0033, que julgou parcialmente procedente os pedidos autorais.
Versa a lide sobre ação de rescisão contratual c/c reintegração de posse, retenção de arras, cobrança de multa contratual e indenização por danos materiais ajuizada por Portalsul Empreendimentos Imobiliários Ltda em face dos ora apelantes.
Mencionou a autora que firmou contrato de compra e venda de imóvel com os demandados, que se obrigaram a quitar o valor do bem nos termos da avença. Contudo, diante da inadimplência dos réus, a autora ingressou com a presente demanda, requerendo a rescisão do ajuste, com a sua reintegração na posse do imóvel. Pleiteou, ainda, pela retenção das arras como autoriza o Código Civil, bem como pelacondenação daqueles ao pagamento de multa contratual compensatória de 10% do preço total e de indenização pelo tempo em que a autora deixou de lucrar com o imóvel, equivalente a 1/3 da prestação mensal devida por aqueles.
Após instrução, sobreveio sentença de parcial procedência, cujo dispositivo extraio:
ANTE O EXPOSTO, julgo parcialmente procedentes os pedidos para: a) rescindir o contrato de compra e venda, com a reintegração da parte autora na posse do imóvel que se discute; b) declarar a perda das arras de R$ 500,00 em favor da parte autora; c) condenar a parte ré a pagar perdas e danos ao longo do período em que está ocupando o imóvel (de 19/10/2004 até a efetiva desocupação do bem), estimadas no valor que seria obtido com a locação do terreno ou em 1/3 do valor da prestação vigente no período da apuração, o que for menor; d) determinar que as parcelas das perdas e danos descritas na alínea anterior sofram correção monetária pelo INPC, do vencimento de cada competência, com juros simples de mora de 1% a.m., da citação; e) condicionar a reintegração na posse à apuração do valor da benfeitoria edificada no terreno em liquidação de sentença por artigos; f) como consectário lógico da rescisão contratual, assegurar à parte ré o direito de reaver as prestações pagas (isso não se aplica às arras), corrigidas monetariamente pelo INPC do seu pagamento; g) autorizar que a parte autora impute no pagamento da benfeitoria as prestações indicadas na alínea "e"; e h) determinar que o valor do aluguel, bem como o da edificação, correspondam ao termo médio de três avaliações realizadas por imobiliárias locais.
Diante da sucumbência da parte autora em fração mínima, condeno a parte ré ao pagamento integral das custas e dos honorários, estes fixados em 15% do valor atualizado da causa, cuja exigibilidade suspendo por força do benefício da Justiça Gratuita.
Inconformados, os réus interpuseram o presente recurso de apelação, sustentando a ocorrência de cerceamento de defesa e, no mérito, o adimplemento substancial do contrato, de maneira que inviável seria a rescisão e a reintegração de posse pleiteada pela demandante.
Apresentadas as contrarrazões, vieram os autos conclusos.
É o relatório.
VOTO
1. ADMISSIBILIDADE
A admissibilidade do recurso, bem como o presente julgamento, será realizada sob o enfoque do CPC/2015, vigente à época da publicação da decisão recorrida, consoante Enunciado Administrativo n. 3 do STJ.
O prazo para a interposição da apelação foi respeitado (Evento 55, Certidão 102 e Apelação 104), estando dispensado o recolhimento do preparo  por ser o recorrente beneficiário da justiça gratuita (Evento 55, Sentença 99).
Ainda, os interesses recursais são manifestos e suas razões desafiam os fundamentos da sentença, encontrando-se satisfeitos, pois, os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade.
2. PRELIMINAR
Suscitam os apelantes a ocorrência de cerceamento de defesa, porquanto não oportunizou o juízo de primeiro grau a produção de prova testemunhal e nem realizou audiência de conciliação, "sendo papel fundamental do judiciário a aproximação das partes, objetivando conciliar os litígios".
Não assiste razão aos apelantes.
Isso porque o artigo 355, I, do CPC, permite ao juiz julgar antecipadamente a lide quando "não houver necessidade de produção de outras provas". Assim, entendendo suficientemente instruído o processo e apreciando livremente as provas até então produzidas, o magistrada de origem dispensou a dilação probatória e proferiu sua sentença de forma fundamentada, elencando satisfatoriamente os elementos de sua convicção.
Neste sentido, sobre o livre convencimento motivado do julgador, extrai-se jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. OMISSÃO NO ACÓRDÃO DE ORIGEM. NÃO OCORRÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. RESPONSABILIDADE PELO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. REEXAME DE PROVAS. SÚMULAS 5 E 7/STJ. NÃO PROVIMENTO. [...] 2. Não configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide, devidamente fundamentado, sem a produção de prova testemunhal considerada dispensável pelo juízo, uma vez que cabe ao magistrado dirigir a instrução e deferir a produção probatória que entender necessária à formação do seu convencimento. 3. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria fático-probatória e a interpretação de cláusulas contratuais (Súmulas 5 e 7/STJ). 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp 1458288/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 19/09/2019, DJe 24/09/2019) (grifei)
PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ. RECURSO DESPROVIDO. 1. De acordo com o princípio do livre convencimento, não há cerceamento de defesa quando o magistrado, com base em suficientes elementos de prova e objetiva fundamentação, julga antecipadamente a lide. 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1206422/TO, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, Julgado em 25/06/2013, DJe 01/07/2013) (grifei)
Ademais, verifico que ambas as partes apresentaram em juízo documentação para comprovar os seus argumentos, documentos esses bastantes para a devida instrução do feito e posterior apreciação da questão, razão pela qual desnecessária se faz a produção de prova testemunhal, porquanto essa não teria o condão de alterar o resultado final da lide. 
Nessa senda, já julgou esta Corte:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. COBRANÇA DE DÍVIDA ABUSIVA E VEXATÓRIA EM LOCAL DE TRABALHO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DO REQUERENTE. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA EM FACE DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. PRETENDIDA A PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. DILAÇÃO PROBATÓRIA QUE SE MOSTRA DESNECESSÁRIA E NÃO TERIA O CONDÃO DE ALTERAR O RESULTADO DA LIDE. PROVAS DOCUMENTAIS SUFICIENTES PARA FORMAR O CONVENCIMENTO DO JULGADOR. PREFACIAL RECHAÇADA. [...] (TJSC, Apelação Cível n. 0300589-33.2018.8.24.0166, de Forquilhinha, rel. Des. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 03-10-2019).
Denoto, aliás, que eventual oitiva de testemunhas somente protelaria o prosseguimento do feito e em nada mudaria o convencimento da Magistrada quanto aos fatos julgados.
No mais, quanto à não designação de audiência de conciliação, verifico que a hipótese dos autos não aponta para a possibilidade de acordo, notadamente porque pretende a parte autora a rescisão contratual e reintegração na posse do imóvel, uma vez que a renegociação firmada na via extrajudicial, através de aditivo contratual, também teria sido inadimplida pelos réus.
Ora, não olvida este julgador a respeito da importância conferida pela nova legislação processual à solução consensual dos conflitos, porém, insta ressaltar que "a não realização do aludido ato não acarreta nenhuma nulidade, haja vista a inexistência de obrigatoriedade da sua designação e a ausência de prejuízo às partes, as quais podem formular acordo independentemente da solenidade em questão e posteriormente comunicar a transação ao juízo" (AI n. 4021075-23.2019.8.24.0000, de Balneário Camboriú, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 2-7-2020).
Por fim, saliento que a mera insatisfação da parte com o resultado do julgamento no tocante às razões que nortearam o deslinde da demanda não configura erro de procedimento apto a justificar a invalidação, mas tão somente eventual erro de julgamento do magistrado que não subsume corretamente os fatos à norma, caso em que, aí sim, ensejaria a sua reforma.
Sendo assim, afasto a prefacial aventada pelos apelantes.
3. MÉRITO
Embora assim não intitulado pelos recorrentes, percebo que a tese recursal daqueles se embasa na teoria do adimplemento substancial do contrato, haja vista alegarem que "adimpliram grande parte do valor devido, devendo a determinação de rescisão contratual e reintegração de posse ser totalmente afastada".
Sustentam que das parcelasoriginalmente pactuadas, adimpliram com 49 prestações, perfazendo um total de R$ 17.800,00, "restando ainda o pagamento de 85 parcelas". Contam que, diante de adversidades financeiras, foi realizado o aditamento do contrato e, "mesmo tendo os apelantes quase quitado seus débitos, restou entabulado que o valor devido era ainda de R$ 27.900,00 (vinte e sente mil e novecentos reais) a ser pago em 93 (noventa e três) parcelas de R$ 300,00 (trezentos reais)".
Assim, alegando que buscou a apelada o enriquecimento ilícito, requer a reforma da sentença a fim de que seja conservado o negócio jurídico entabulado e revogada a reintegração da autora na posse do imóvel.
Pois bem.
Acerca do tema, destaco elucidação da Corte da Cidadania:
O julgamento sobre a aplicação da chamada Teoria do Adimplemento Substancial não se prende ao exclusivo critério quantitativo, devendo ser considerados outros elementos que envolvem a contratação em exame qualitativo.Assim, a Teoria do Adimplemento Substancial exige, para a hipótese, o preenchimento dos seguintes requisitos: i) o grau de satisfação do interesse do credor, ou seja, a prestação imperfeita deve satisfazer seu interesse; ii) comparação entre o valor da parcela descumprida com o valor do bem ou do contrato; iii) o esforço e diligência do devedor em adimplir integralmente; iv) a manutenção do equilíbrio entre as prestações correspectivas; v) a existência de outros remédios capazes de atender ao interesse do credor com efeitos menos gravosos ao devedor; e vi) ponderação entre a utilidade da extinção da relação jurídica obrigacional e o prejuízo que adviria para o devedor e para terceiros a partir da resolução. [...] (REsp 1236960/RN, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 19/11/2019, DJe 05/12/2019) (grifei)
Resta analisar, portanto, se aplicável a teoria do adimplemento substancial ao caso, ou se correta foi a decisão do magistrado da origem que rescindiu o contrato e determinou a reintegração da autora na posse do imóvel.
Do pacto originalmente firmado entre as partes (Evento 55, Anexo 25-28), extraio que o preço total do imóvel restou ajustado, à época, em R$ 22.600,00, ficando seu pagamento divido em uma entrada de R$ 500,00, e o saldo restante em 85 parcelas de R$ 260,00, ajustadas pelo IGPM e juros simples de 12% ao ano - no caso de não pagamento, a avença também previa a incidência de juros de mora e multa.
Em que pese cláusula penal constante no ajuste, os promitentes compradores atrasaram o pagamento de diversas parcelas, restando devidos, também, os respectivos encargos contratuais, razão pela qual as partes renegociaram o débito através de um termo aditivo (Evento 55, Anexo 29-30), cujas novas disposições estabeleceram um saldo de R$ 27.900,00 a ser quitado em 93 parcelas de R$ 300,00 - sobre as quais incidiriam correção monetária pelo IGPM e juros simples.
Não obstante, consoante notificação extrajudicial encaminhada pela autora (Evento 55, Anexo 31) e assim assumido pelos próprios réus, noto que os compradores voltaram a ficar inadimplentes com suas obrigações.
Isso posto, compulsando os documentos trazidos pelas partes aos autos, observo que ambas as documentações se complementam, à medida que a notificação extrajudicial encaminhada pela demandante aos réus dispõe que restam esses inadimplentes desde 10/2/2011, enquanto o último recibo de pagamento juntado pelos demandados refere-se à 10/1/2011 (Evento 55, Anexo 86).
Nesse contexto, é cediço que os diversos atrasos perpetrados pelo promitente comprador fazem incidir juros e correção monetária às parcelas vencidas, tanto é verdade que, quando do aditamento do contrato, em junho/2010, o saldo restante perfazia a monta de R$ 27.900,00.
Dessa forma, ainda que aduzam os recorrentes terem quitado cerca de R$ 17.800,00, não se pode olvidar que a desídia desses fez com que o preço anteriormente pactuado somasse aos encargos moratórios (juros, correção e multa), tornando-se inviável, portanto, a aplicação da teoria do adimplemento substancial.
Ora, ficando o promitente comprador, em junho/2010, responsável pelo adimplemento de R$ 27.900,00 - dividido em 93 parcelas de R$ 300,00 -, e quitando aquele apenas até janeiro/2011 (8 parcelas), é evidente que grande parte do ajuste restou inadimplido. Aliás, os próprios recorrentes assumem que ainda restam 85 prestações a serem quitadas.
Com efeito, tenho que os requisitos elencados pelo STJ não restaram preenchidos na hipótese, haja vista que o valor adimplido não traduz cumprimento expressivo do contrato, e tampouco demonstraram os demandados esforço e diligência em adimplir integralmente com o preço ajustado.
Assim, não se mostra razoável impor à demandante que permaneça em um negócio jurídico nitidamente desproporcional e que não atinge grau de satisfação de seus interesses. 
Nesse sentido, registro julgados deste Tribunal:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE E INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. RECURSO DA RÉ. SUSCITADO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL DO CONTRATO. INSUBSISTÊNCIA. TEORIA DE APLICAÇÃO EXCEPCIONAL, APENAS TENDO VEZ QUANDO O VALOR AINDA DEVIDO, POR SUA INSIGNIFICÂNCIA, TORNE MESMO DESLEAL A PRETENSÃO DE RESCINDIR A AVENÇA. "O adimplemento substancial, como explicitou o Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, invocando a lição de Clóvis Couto e Silva, 'constitui um adimplemento tão próximo ao resultado final que, tendo-se em vista a conduta das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-se tão somente o pedido de indenização e/ou adimplemento, de vez que a primeira pretensão viria a ferir o princípio da boa-fé' (Resp 1200105/AM, DJ em 27.06.2012)." (Agravo de Instrumento n. 2013.033308-8, rel. Des. Paulo Roberto Camargo Costa, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 23-01-2014). SENTENÇA CONFIRMADA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0004085-87.2014.8.24.0036, de Jaraguá do Sul, rel. Álvaro Luiz Pereira de Andrade, Sétima Câmara de Direito Civil, j. 20-08-2020). (grifei)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE E PERDAS E DANOS PROPOSTA PELOS VENDEDORES. CONTRATO PARTICULAR DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ALEGADO O INADIMPLEMENTO DO SALDO DEVEDOR DO CONTRATO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO CONEXA AJUIZADA PELOS ADQUIRENTES. PARCIAL PROCEDÊNCIA DO PEDIDO CONSIGNATÓRIO. DESCONSTITUIÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO, COM O RETORNO DAS PARTES AO STATUS QUO ANTE. RECURSO DOS ADQUIRENTES. PEDIDO DE REFORMA DA SENTENÇA VISANDO A MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. ALEGADO O ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL DO CONTRATO. INSUBSISTÊNCIA. ACERVO PROBATÓRIO, ALIADO À CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DE VALOR PARCIAL DA DÍVIDA QUE NÃO CORROBORA A ALEGAÇÃO DE QUITAÇÃO SUBSTANCIAL DA PACTUAÇÃO. MONTANTE ADIMPLIDO QUE REPRESENTA CERCA DE 65% (SESSENTA E CINCO POR CENTO) DO PREÇO TOTAL AJUSTADO. ADEMAIS, VIOLAÇÃO DA CONFIANÇA CONTRATUAL E DA BOA-FÉ OBJETIVA EM DECORRÊNCIA DO PARCIAL PAGAMENTO MEDIANTE PRESTAÇÕES DIVERSAS DA FORMA NEGOCIADA. EXEGESE DO ARTIGO 422, DO CÓDIGO CIVIL. POSSIBILIDADE LEGAL DE ROMPIMENTO DA RELAÇÃO CONTRATUAL. (ART. 475, CC). RESCISÃO CONTRATUAL QUE SE IMPÕE. SENTENÇA MANTIDA INCÓLUME. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES. NÃO CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS OBJETIVO E SUBJETIVO. HONORÁRIOS RECURSAIS MAJORAÇÃO DA CONDENAÇÃO SUCUMBENCIAL ACESSÓRIA. EXEGESE DO ARTIGO 85, § 11, DO CPC. EXIGIBILIDADE SUSPENSA EM RAZÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA (ART. 98, § 3º, CPC). RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0307319-81.2016.8.24.0020, de Criciúma, rel. Denise Volpato, Sexta Câmara de Direito Civil, j. 05-05-2020).
Nessa toada, restando os réus inadimplentes com a maior parte de suas obrigações, e restando a parte autora lesada com tal conduta, possível é a resolução do contrato e o requerimento de indenização por perdas e danos, consoante prevê o artigo 475 do Código Civil: "A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento,cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos".
Dessa forma, tenho que incólume é a decisão final do juízo de primeiro grau que corretamente rescindiu o contrato, reintegrou a autora na posse do imóvel e condenou os demandados ao pagamento das respectivas perdas e danos, salvaguardando seu direito à restituição das parcelas pagas, devidamente corrigidas, e das benfeitorias realizadas no bem.
Portanto, devidamente solucionada a lide, nego provimento ao recurso de apelação interposto pelos réus.
3. HONORÁRIOS RECURSAIS
O art. 85, § 11, do Código de Processo Civil, determina:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.
O Superior Tribunal de Justiça estabeleceu os seguintes critérios para o arbitramento da verba: 
Para  fins de arbitramento de honorários advocatícios recursais, previstos  no § 11 do art. 85 do CPC de 2015, é necessário o preenchimento cumulativo   dos seguintes requisitos:   Direito Intertemporal: deve haver incidência imediata, ao processo em curso, da norma do art. 85, § 11, do CPC de 2015, observada a data em que o ato processual de recorrer tem seu nascedouro, ou seja, a publicação da  decisão recorrida, nos termos do Enunciado 7 do Plenário do STJ: "Somente  nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de  18  de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais  recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC"; o não conhecimento integral ou o improvimento do recurso pelo Relator, monocraticamente,  ou  pelo  órgão  colegiado  competente;  a  verba honorária  sucumbencial  deve  ser devida desde a origem no feito em que  interposto  o  recurso;não  haverá majoração de honorários no julgamento  de agravo interno e de embargos de declaração oferecidos pela  parte  que teve seu recurso não conhecido integralmente ou não provido; não terem sido atingidos na origem os limites previstos nos §§ 2º e 3º do art. 85 do Código de Processo Civil de 2015, para cada fase do processo;não é exigível a comprovação de trabalho adicional do  advogado  do  recorrido  no grau recursal, tratando-se apenas de critério de quantificação da verba (AgInt nos EDcl no REsp 1357561/MG, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, j. em 4/4/2017, DJe 19/4/2017). (grifei)
Assim, preenchidos os requisitos para tanto, majoro em 5% a verba honorária devida ao procurador da autora, anteriormente fixada no patamar de 15% do valor atualizado da causa, restando suspensa a sua exigibilidade por ser a  parte recorrente beneficiária da justiça gratuita.
Resultado
Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
Documento eletrônico assinado por OSMAR NUNES JÚNIOR, Desembargador, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://eproc2g.tjsc.jus.br/eproc/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 595469v53 e do código CRC a8a5d3e4.Informações adicionais da assinatura:Signatário (a): OSMAR NUNES JÚNIORData e Hora: 11/3/2021, às 13:22:22
4. Processo: 0301872-12.2017.8.24.0042 (Acórdão do Tribunal de Justiça)
Relator: Guilherme Nunes Born
Origem: Tribunal de Justiça de Santa Catarina
Orgão Julgador: Primeira Câmara de Direito Comercial
Julgado em: 11/02/2021
Classe: Apelação
 
EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL. BUSCA E APREENSÃO. FINANCIAMENTO DE VEÍCULO EM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. SENTENÇA PROCEDENTE.  INSURGÊNCIA DA PARTE RÉ.
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. PRETENDIDA PRODUÇÃO DE PROVAS TESTEMUNHAL. OITIVA INÓCUA PARA SOLUÇÃO DA LIDE. ANÁLISE QUE É FEITA EM RAZÃO DOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELAS PARTES. PREFACIAL RECHAÇADA.
MÉRITO. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO DE 28 PARCELAS E ENTREGA AMIGÁVEL DO VEÍCULO. TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STJ DE QUE É INAPLICÁVEL NAS AÇÕES DE BUSCA E APREENSÃO, TENDO EM VISTA QUE SE TRATA DE INSTITUTO JURÍDICO COM PROCEDIMENTO ESPECIAL, APLICANDO-SE O CÓDIGO CIVIL SOMENTE DE FORMA SUBSIDIÁRIA. ENTREGA DO VEÍCULO E  QUITAÇÃO INTEGRAL DO CONTRATO QUE NÃO RESTOU COMPROVADA. ÔNUS DO QUAL A PARTE RÉ NÃO SE DESINCUMBIU (ART. 373, INC. II, CPC). MORA CARACTERIZADA. SENTENÇA MANTIDA.
SUCUMBÊNCIA MANTIDA. HONORÁRIO RECURSAL. FIXAÇÃO. OBSERVÂNCIA ÀS ORIENTAÇÕES CONSTANTES NO RESP N. 1.573.573/RJ DO STJ.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 1ª Câmara de Direito Comercial do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina decidiu, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao recurso, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Florianópolis, 11 de fevereiro de 2021.
1.1) Da inicial.
BV FINANCEIRA SA CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO ajuizou Ação de Busca e Apreensão em face de LENIRA VIVIAN CORREIA, alegando, em síntese, que foi firmado contrato de financiamento para aquisição do veículo Chevrolet Meriva, placas EFW8130, com garantia de alienação fiduciária, a ser pago em 48 parcelas de R$960,79 .
Contudo, o réu encontra-se em mora desde a parcela vencida em abril de 2017, acarretando o vencimento antecipado da dívida.
Em razão do inadimplemento, não restou outra alternativa à parte autora senão a constituição em mora do devedor.
Ao final, requereu, liminarmente a busca e apreensão do objeto e, no mérito, a consolidação da posse e propriedade. 
Atribuiu valor à causa e juntou documentos (evento 1, docs. 2/9).
1.2) Da contestação.
Devidamente citada, a parte requerida apresentou resposta, na forma de contestação, sustentando, preliminarmente, a concessão da gratuidade da justiça.
No mérito, que entregou o veículo à instituição financeira autora, em razão da impossibilidade dos pagamentos, sendo acordado que quando da entrega, ocorreria a venda em leilão e o saldo seria quitado.
1.3) Do encadernamento processual.
Deferiu-se a liminar (evento 6).
Impugnação à contestação (evento 66).
1.4) Da sentença.
Prestando a tutela jurisdicional, a Dra. Camila Menegatti  prolatou sentença resolutiva de mérito para:
"[...] Ante o exposto, com resolução de mérito, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na inicial, nos termos do art. 487, inc. I, do Código de Processo Civil, e, em consequência, consolido a posse e o domínio pleno e exclusivo do bem em mão da autora, que fica desde logo autorizada a vendê-lo (judicial ou extrajudicialmente). Serve a presente decisão como alvará judicial para fins de transferência da propriedade do veículo junto ao órgão de trânsito.Condeno o réu ao pagamento das despesas processuais e dos honorários, estes fixados em R$ 10% sobre o valor atualizado da causa (CPC, art.85, § 2º)"
1.5) Do recurso.
Inconformado com a prestação jurisdicional, a ré Lenira Vivian Correia  interpôs o presente recurso de Apelação Cível, aduzindo, preliminarmente, o cerceamento de defesa.
No mérito, destacou que além de ter pago 27 parcelas e a parcela de n. 33, ainda entregou o veículo sem qualquer oposição da apelante, pois entende-se que houve a quitação do débito, haja vista que o bem estava avaliado em R$35.000,00 e a dívida estava na casa dos R$20.000,00.
Assim, pugna pela declaração de quitação da dívida, requerendo o prequestionamento dos artigos citados e o provimento do recurso.
1.6) Das contrarrazões
Aportada (evento 94).
Este é o relatório.
VOTO
 
2.1) Do objeto recursal.
Compulsando os anseios recursais, observa-se que o cerne da celeuma em comento está atrelado  à  análise da preliminar, bem como, do adimplemento substancial do contrato.
2.2) Do juízo de admissibilidade.
Conheço do recurso porquepresentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, eis que ofertado a tempo e modo, recolhido o devido preparo e evidenciado o objeto e a legitimação.
2.3) Da preliminar
A apelante informa que possuía absoluto interesse na produção de prova oral, acerca da venda do veículo em leilão para terceiros, bem como, de que ocorreu a integral satisfação da dívida após o leilão, o que lhe foi tolhido em razão do julgamento antecipado da lide.
Sem razão.
Cediço que a finalidade da prova no processo é permitir ao juiz - seu destinatário final - a formação do seu convencimento sobre a procedência dos fatos sub judice e daí extrair suas consequências jurídicas.
Por isso, não basta que a parte alegue o cerceamento de defesa por não ter o juízo oportunizado a dilação probatória, é necessário que aponte a relevância e a pertinência daquilo que lhe foi negado e demonstre a sua aptidão para modificar o entendimento do magistrado.
In casu, a apelante pretende comprovar a venda do veículo em leilão para terceiros e a integral satisfação do débito.
No entanto, referida prova é de ser realizada na forma documental, pois não é possível que a apelante tenha realizado a entrega amigável do veículo sem ficar na posse de algum documento comprobatório, o que seria suficiente para a demanda.
Nota-se que junto da contestação, não sobreveio documento algum (evento 61).
Trata-se de apreciação de direito, não de fatos, razão pela qual é inócua a produção de prova testemunhal, pois não tem o condão de modificar o que consta nos documentos que se fazem presentes aos autos.
Ademais, "o instituto do julgamento antecipado da lide não ocasiona cerceamento de defesa; ao contrário, evita a produção de atos dispensáveis para a resolução da demanda, que apenas postergam a efetiva entrega da prestação jurisdicional" (TJSC, AC 0303400-17.2016.8.24.0010, rel. Des. Gilberto Gomes de Oliveira, j. 29.11.2018).
Deste Relator: AC n. 0503352-10.2013.8.24.0033, j. 17.9.2020; AC n. 5000673-50.2019.8.24.0016, j. 18.6.2020; AC n. 0001598-09.2011.8.24.0018, j. 18.7.2018; AC n. 0300506-94.2018.8.24.0011, j. 25.7.2019.
Logo, não há óbice para o julgamento nos termos em que proferido, pelo que se mantém a sentença para reexame do mérito nos pontos impugnados.
2.4) Do mérito
2.4.1) Dos valores pagos e entrega do veículo
Destaca a apelante que efetuou o pagamento de 27 parcelas, além da parcela de número 33, bem como, que em razão da entrega do automóvel de forma amigável, haveria a satisfação do débito.
Contudo, sem razão a alegação.
Primeiramente, observa-se que a alegação da entrega do veículo e a venda em leilão e sua quitação é destituída de fundamento, pois inexiste comprovação documental a respeito do alegado, ônus do qual a parte não se desincumbiu (art. 373, inc. II, CPC).
Segundo, porque inaplicável a teoria do adimplemento substancial no presente caso.
Dispõe o artigo 3º do Decreto-Lei n. 911/69:
Art. 3o O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada a mora, na forma estabelecida pelo § 2o do art. 2o, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário.
Veja-se que, no caso em apreço, a mora se deu pelo inadimplemento da parcela n. 28, vencida em 26/04/2017 e subsequentes (evento 1, INF6).
E quanto à teoria do adimplemento substancial, o Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do Recurso Especial n.º 1.622.555, firmou novo posicionamento em que não admite a teoria às demandas de busca e apreensão, ante a previsão expressa na Lei especial da necessidade da quitação integral do contrato, bem como, para não estimular o inadimplemento das últimas parcelas do pacto.
Vejamos:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO, COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA REGIDO PELO DECRETO-LEI 911/69. INCONTROVERSO INADIMPLEMENTO DAS QUATRO ÚLTIMAS PARCELAS (DE UM TOTAL DE 48). EXTINÇÃO DA AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO (OU DETERMINAÇÃO PARA ADITAMENTO DA INICIAL, PARA TRANSMUDÁ-LA EM AÇÃO EXECUTIVA OU DE COBRANÇA), A PRETEXTO DA APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. DESCABIMENTO. 1. ABSOLUTA INCOMPATIBILIDADE DA CITADA TEORIA COM OS TERMOS DA LEI ESPECIAL DE REGÊNCIA. RECONHECIMENTO. 2. REMANCIPAÇÃO DO BEM AO DEVEDOR CONDICIONADA AO PAGAMENTO DA INTEGRALIDADE DA DÍVIDA, ASSIM COMPREENDIDA COMO OS DÉBITOS VENCIDOS, VINCENDOS E ENCARGOS APRESENTADOS PELO CREDOR, CONFORME ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DA SEGUNDA SEÇÃO, SOB O RITO DOS RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS (REsp n. 1.418.593/MS). 3. INTERESSE DE AGIR EVIDENCIADO, COM A UTILIZAÇÃO DA VIA JUDICIAL ELEITA PELA LEI DE REGÊNCIA COMO SENDO A MAIS IDÔNEA E EFICAZ PARA O PROPÓSITO DE COMPELIR O DEVEDOR A CUMPRIR COM A SUA OBRIGAÇÃO (AGORA, POR ELE REPUTADA ÍNFIMA), SOB PENA DE CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE NAS MÃOS DO CREDOR FIDUCIÁRIO. 4. DESVIRTUAMENTO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL, CONSIDERADA A SUA FINALIDADE E A BOA-FÉ DOS CONTRATANTES, A ENSEJAR O ENFRAQUECIMENTO DO INSTITUTO DA GARANTIA FIDUCIÁRIA. VERIFICAÇÃO. 5. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.1. A incidência subsidiária do Código Civil, notadamente as normas gerais, em relação à propriedade/titularidade fiduciária sobre bens que não sejam móveis infugíveis, regulada por leis especiais, é excepcional, somente se afigurando possível no caso em que o regramento específico apresentar lacunas e a solução ofertada pela "lei geral" não se contrapuser às especificidades do instituto regulado pela lei especial (ut Art. 1.368-A, introduzido pela Lei n. 10931/2004).1.1 Além de o Decreto-Lei n. 911/1969 não tecer qualquer restrição à utilização da ação de busca e apreensão em razão da extensão da mora ou da proporção do inadimplemento, é expresso em exigir a quitação integral do débito como condição imprescindível para que o bem alienado fiduciariamente seja remancipado. Em seus termos, para que o bem possa ser restituído ao devedor, livre de ônus, não basta que ele quite quase toda a dívida; é insuficiente que pague substancialmente o débito; é necessário, para esse efeito, que quite integralmente a dívida pendente.2. Afigura-se, pois, de todo incongruente inviabilizar a utilização da ação de busca e apreensão na hipótese em que o inadimplemento revela-se incontroverso -- desimportando sua extensão, se de pouca monta ou se de expressão considerável --, quando a lei especial de regência expressamente condiciona a possibilidade de o bem ficar com o devedor fiduciário ao pagamento da integralidade da dívida pendente. Compreensão diversa desborda, a um só tempo, do diploma legal exclusivamente aplicável à questão em análise (Decreto-Lei n. 911/1969), e, por via transversa, da própria orientação firmada pela Segunda Seção, por ocasião do julgamento do citado Resp n. 1.418.593/MS, representativo da controvérsia, segundo a qual a restituição do bem ao devedor fiduciante é condicionada ao pagamento, no prazo de cinco dias contados da execução da liminar de busca e apreensão, da integralidade da dívida pendente, assim compreendida como as parcelas vencidas e não pagas, as parcelas vincendas e os encargos, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial.3. Impor-se ao credor a preterição da ação de busca e apreensão (prevista em lei, segundo a garantia fiduciária a ele conferida) por outra via judicial, evidentemente menos eficaz, denota absoluto descompasso com o sistema processual. Inadequado, pois, extinguir ou obstar a medida de busca e apreensão corretamente ajuizada, para que o credor, sem poder se valer de garantia fiduciária dada (a qual, diante do inadimplemento, conferia-lhe, na verdade, a condição de proprietário do bem), intente ação executiva ou de cobrança, para só então adentrar no patrimônio do devedor, por meio de constrição judicial que poderá, quem sabe (respeitada o ordem legal), recair sobre esse mesmo bem (naturalmente, se o devedor, até lá, não tiver dele se desfeito).4. A teoria do adimplemento substancial tem por

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