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Professor: Pedro Bortolucci Estruturas Algébricas II - Grupos, Subgrupos e Permutações Lista II - Estruturas Algébricas II Questão 1. Seja (G, ∗) um grupo no qual x ∗ x = e, para todo x ∈ G. Mostre que G é abeliano. Solução. Primeiramente, note que da definição de grupo, temos que para quaisquer x, y ∈ G, o elemento x ∗ y ∈ G. Agora, observe que, da hipótese, para qualquer elemento x ∈ G, x ∗ x = e (lembre-se que e aqui é o elemento neutro da operação ∗), isso não é diferente para o elemento x ∗ y, isto é, (x ∗ y) ∗ (x ∗ y) = e, lembre-se desse fato, utilizaremos mais tarde. Agora, repare que como para qualquer x ∈ G, x ∗ x = e, pela unicidade do elemento simétrico, segue que x = x−1, onde x−1, representa o elemento simétrico de x. Voltanto para o fato do iníncio, temos o seguinte desenvolvimento: (x ∗ y) ∗ (x ∗ y) = e ⇒x−1 ∗ (x ∗ y) ∗ (x ∗ y) ∗ y−1 (∗)= x−1 ∗ e ∗ y−1 ⇒(x−1 ∗ x) ∗ (y ∗ x) ∗ (y ∗ y−1) = x−1 ∗ y−1 ⇒e ∗ (y ∗ x) ∗ e = x−1 ∗ y−1 ⇒y ∗ x = x−1 ∗ y−1 (I) Vale ressaltar algumas coisas sobre esse desenvolvimento, primeiro, em (∗), observe que é importante a posição em que estamos operando os elementos, aqui, multiplicamos amobos os lados da igualdade por x−1 à esquerda e por y−1 à direita. Depois dessa passagem, todo o reagrupamento dos parênteses é possível, graças à associatividade do grupo G. Pois bem, lembre-se que anteriormente, provamos que x−1 = x e y−1 = y, assim, voltando com essas informações em (I), obtemos y∗x = x∗y, provando que G é abeliano, lembrando que um grupo G é dito abeliano, quando goza da comutatividade de seus elementos. Questão 2. Considere os elementos de S4 abaixo id = ( 1 2 3 4 1 2 3 4 ) , f1 = ( 1 2 3 4 1 2 4 3 ) , f2 = ( 1 2 3 4 2 3 4 1 ) f3 = ( 1 2 3 4 3 4 1 2 ) , f4 = ( 1 2 3 4 4 1 2 3 ) a) Mostre que {id, f1} é um grupo com a operação de composição. 2 b) Calcule f 22 , f 23 e f2 ◦ f3. Lembre-se que fni = fi ◦ . . . ◦ fi n vezes. c) Apesar de S4 não ser abeliano, verifique se f2 ◦ f3 = f3 ◦ f2. d) Mostre que {id, f2, f3, f4} é subgrupo com a operação de composição. É abeliano? Solução. a) Como S4 é grupo e {id, f1} ⊂ S4, a associatividade segue. Além disso, id é o elemento neutro de S4, com isso, id◦ f1 = f1◦ = f1, portanto id é elemento neutro de {id, f1}. Agora, repare que (para ver como realizar esse cálculo dê uma olhada no item (b), está melhor explicado) f1 ◦ f1 = ( 1 2 3 4 1 2 4 3 ) ◦ ( 1 2 3 4 1 2 4 3 ) = ( 1 2 3 4 1 2 3 4 ) , ou seja, f1 ◦ f1 = id⇒ f−11 = f1 pela unicidade do elemento simétrico. Assim, a seguinte tabela representa os resultados das operações em {id, f1}: ◦ id f1 id id f1 f1 f1 id Assim, percebemos que {id, f1} é um grupo com a operação composi- ção. b) Antes de resolvermos, lembre-se de como se calcula a composta de duas permutações, considerando f = ( 1 2 . . . n a1 a2 . . . an ) e g = ( 1 2 . . . n b1 b2 . . . bn ) , então a composta f ◦ g é dada por: f ◦ g = ( 1 2 . . . n c1 c2 . . . cn ) onde ci = f(g(i)), para todo i ∈ {1, . . . , n}. Pois bem, calculemos primeiramente f 22 = f2 ◦ f2, vamos organizar em items cada uma das compostas: • f2(f2(1)) = f2(2) = 3; • f2(f2(2)) = f2(3) = 4; • f2(f2(3)) = f2(4) = 1; • f2(f2(4)) = f2(1) = 2. Portanto, o resultado da composta é a permutação( 1 2 3 4 3 4 1 2 ) = f3. Agora, faremos o mesmo para f 23 = f3 ◦ f3. 3 • f3(f3(1)) = f3(3) = 1; • f3(f3(2)) = f3(4) = 2; • f3(f3(3)) = f3(1) = 3; • f3(f3(4)) = f3(2) = 4. Portanto, o resultado da composta é a permutação( 1 2 3 4 1 2 3 4 ) = id. c) Utilizando a definição de composta dada no item anterior, vamos pri- meiramente calcular f2 ◦f3 e depois f3 ◦f2, para comparar os resultados e verificar se a igualdade vale. Para f2 ◦ f3: • f2(f3(1)) = f2(3) = 4; • f2(f3(2)) = f2(4) = 1; • f2(f3(3)) = f2(1) = 2; • f2(f3(4)) = f2(2) = 3. Portanto, o resultado da composta é a permutação( 1 2 3 4 4 1 2 3 ) = f4. Para f3 ◦ f2: • f3(f2(1)) = f3(2) = 4; • f3(f2(2)) = f3(3) = 1; • f3(f2(3)) = f3(4) = 2; • f3(f2(4)) = f3(1) = 3. Portanto, o resultado da composta é a permutação( 1 2 3 4 4 1 2 3 ) = f4. Constatando que a igualdade f2 ◦ f3 = f3 ◦ f2 se verifica. d) Dos items anteriores, já temos que id é o elmento neutro da composição (item (a)), f−13 = f3 (item (b), segunda parte), f3 ◦ f2 = f2 ◦ f3 = f4 (item (c)). Precisamos determinar se f2 possui um elemento simétrico em {id, f2, f3, f4}. Já sabemos que f2 ◦ f2 = f3, então f2 não pode ser o simétrico de si mesmo, bem como f2 ◦ f3 = f4 implica que f3 também não é simétrico de f2, resta checar que f4 = f−12 . Note que, • f2(f4(1)) = f2(4) = 1; • f2(f4(2)) = f2(1) = 2; 4 • f2(f4(3)) = f2(2) = 3; • f2(f4(4)) = f2(3) = 4. o que implica que f2 ◦ f4 = id. Por outro lado, • f4(f2(1)) = f4(2) = 1; • f4(f2(2)) = f4(3) = 2; • f4(f2(3)) = f4(4) = 3; • f4(f2(4)) = f4(1) = 4. o que implica que f4 ◦ f2 = id. Concluindo assim, que f4 é simétrico de f2, bem como f2 é simétrico de f4. Daí, para o conjunto {id, f2, f3, f4}, temos a seguinte tabela, que repare, está incompleta, mas isso nos guiará em descobrir quais elementos estão faltando: ◦ id f2 f3 f4 id id f2 f3 f4 f2 f2 f3 f4 id f3 f3 f4 id - f4 f4 id - - Ou seja, resta calcular f3 ◦ f4, f4 ◦ f3 e f 24 . Fazer isso é computar novamente as compostas, assim, temos o seguinte: Para f3 ◦ f4: • f3(f4(1)) = f3(4) = 2; • f3(f4(2)) = f3(1) = 3; • f3(f4(3)) = f3(2) = 4; • f3(f4(4)) = f3(3) = 1. Portanto, f3 ◦ f4 = f2. Para f4 ◦ f3: • f4(f3(1)) = f4(3) = 2; • f4(f3(2)) = f4(4) = 3; • f4(f3(3)) = f4(1) = 4; • f4(f3(4)) = f4(2) = 1. Portanto, f4 ◦ f3 = f2. Para f4 ◦ f4: • f4(f4(1)) = f4(4) = 3; • f4(f4(2)) = f4(1) = 4; • f4(f4(3)) = f4(2) = 1; • f4(f4(4)) = f4(3) = 2. 5 Portanto, f4 ◦ f4 = f3. Com esses resultados, completamos a tabela: ◦ id f2 f3 f4 id id f2 f3 f4 f2 f2 f3 f4 id f3 f3 f4 id f2 f4 f4 id f2 f3 Bom, de posse de tudo isso, vamos finalmente verificar as condições de grupo. A associatividade é válida, ela vem diretamente de S4. A existência de elemento neutro, também é válida, já que id é o elemento neutro de {id, f2, f3, f4}. Agora, reparando na table, temos que todo elemento tem um elemento simétrico, relativo a composição, são eles • f−12 = f4; • f−13 = f3; • f−14 = f2. Portanto, as condições de grupo são todas satisfeitas e, por conseguinte, {id, f2, f3, f4} é subgrupo de S4. Observe também que esse grupo é abeliano, basta observar a comutatividade dos elementos, segundo a composição, diretamente na tabela. Questão 3. Determine todos os subgrupos de (Z∗7, ·). Solução. Já sabemos que (Z∗7, ·), que representarei aqui por Z×7 possui pelo menos 1 subgrupo, o subgrupo trivial {1}, também denotado por 〈1〉. Agora, o que faremos será construir todos os subgrupos baseando-se nos gerados por cada um de seus elementos. Para tanto, precisamos computar cada potência de cada elemento de Z×7 , lembre-se que cada resultado é computado módulo 7, poranto, se obtermos um valor maior que 7, por exemplo 9, temos que calcular à qual classe de equivalência módulo 7 ele pertence, neste caso 9 − 2|7 ⇒ 9 ≡ 2(mod 7) ⇔ 9 = 2. Fazendo isso para cada elemento de Z7 = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, obtemos os seguintes subgrupos gerados: • 〈2〉 = {2, 4, 1}; • 〈3〉 = {3, 2, 6, 4, 5, 1} = Z×7 ; • 〈4〉 = {4, 2, 1} = 〈2〉; • 〈5〉 = {5, 4, 6, 2, 3, 1} = Z×7 • 〈6〉 = {6, 1}. Portanto, observando os resultados anteriores, encontramos 3 subgrupos de Z×7 , são eles, o subgrupo trivial 〈1〉 e os subgrupos gerados 〈2〉 e 〈6〉. Repare também que o centro de Z×7 e o centro de cada a ∈ Z×7 também são subgrupos de Z×7 , porêm, Z×7 é comutativo, então esses grupos acabam, na verdade, 6 sendo o próprio Z×7 . Resolvendo essa questão, poercebi uma coisa muito interessante ao observarmos a tabela da multiplicação para o grupo Z×7 , repare na simetria que podemos encontrar esses subgrupos nessa tabela e repare também na simetria que surge: · 1 2 3 4 5 6 1 1 2 3 4 5 6 2 2 4 6 1 3 5 3 3 6 2 5 1 4 4 4 1 5 2 6 3 5 5 3 1 6 4 2 6 6 5 4 3 2 1 Repare que com os valores que sobrarm, i.e., que não estão pintados, não podemos formar nenhum subgrupo, já que não temosmais elementos neutros disponíveis. Apenas uma observação extra: não colori para não poluir a figura, mas na diagornal principal desta tabela, repare que temos também mais dois subgrupos 〈2〉, e esta diagonal é justamente a diagonal de simetria do grupo Z×7 , bonito né? Questão 4. Mostre que Gx = {a ∈ G; ax = xa} é subgrupo de G. Solução. Para resolver este problema, utilizaremos uma proposição que nos diz que um subconjunto H de G é subgrupo de G se, e somente se, para quaisquer elementos a, b ∈ H, temos ab−1 ∈ H. Pois bem, primeiro repare que o elemento neutro deG, denotarei por eG está emGx, de fato, eGx = xeG, logo Gx 6= ∅. Agora, tome a, b ∈ Gx quaisquer. Então, por deifnição de Gx, segue que ax = xa e bx = xb, note também que ab−1ba−1 = a(b−1b)a−1 = aeGa −1 = aa−1 = eG chame isso de (∗). Logo, temos o seguinte: x(ab−1) = eGx(ab −1) (∗) = (ab−1ba−1)x(ab−1) = (ab−1)b(a−1xa)b−1 = (ab−1)b(a−1ax)b−1 (já que ax = xa) = (ab−1)b(eGx)b −1 = (ab−1)bxb−1 = (ab−1)xbb−1 (já que bx = xb) = (ab−1)xeG = (ab −1)x, ou seja, mostramos que x(ab−1) = (ab−1)x, ou seja, acabamos de mostrar que ab−1 ∈ Gx, mas pela proposição enunciada no início desta solução, segue que Gx é subgrupo de G.
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