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Trab de Contrato de Namoro

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1. TÍTULO: Parecer Jurídico
2. ENDEREÇAMENTO: Juan Sterfan Pereira Campos
3. EMENTA: DIREITO CIVIL. CONTRATOS. CONTRATO DE NAMORO.
CASAMENTO. UNIÃO ESTÁVEL. CÓDIGO CIVIL, LEI N.º 10.406/2002.
ART. 1.723 DO NOVO CÓDIGO CIVIL.
4. Relatório: O casamento é a entidade familiar mais tradicional regulada pelo
Direito Brasileiro. Apesar das infinitas transformações vivenciadas no cenário
social brasileiro, quais replanejaram as formas e a definição de Família no
direito pátrio, o Código Civil, Lei n.º 10.406/2002, em vez de inovar e dar um
passo à diante encarando a contemporaneidade, escolheu o tradicionalismo e,
ignorando o grande número das entidades familiares em vigor desde
a Constituição Federal de 1988, dedicou-se a disciplinar o casamento como se
este fosse o única base do Direito de Família contemporâneo.
Atualmente estamos ouvindo falar acerca do Contrato de namoro e nos
questionamos sobre o seu verdadeiro significado e qual a sua utilidade prática
na vida dos casais, pois antes se falavam na união estável que é a relação de
convivência entre dois cidadãos, duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição familiar, porém é importante dizer que contrato é o acordo de duas
ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer
uma regulamentação de interesses entre as partes, com a finalidade de
adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial; sendo
um negócio jurídico, requer, para sua validade, a observância dos requisitos
legais.
Sabemos que o namoro é um costume cultural, em que o casal estabelece um
vínculo de afeto, com base no respeito, não se confundindo com a união
estável, pelo fato de não apontar os requisitos elencados no Código Civil, que
ensejam a formalização da união estável.
Diante da mudança no entendimento atual sobre a união estável, em relação à
liberação do prazo mínimo para sua estrutura, vários casais de namorados
começam o pedido de namoro com a expressão chamada “contrato de
namoro”, objetivando definir o vínculo, com a finalidade de evitar a conflito de
instituição familiar.
O que vemos é que tanto no contrato de namoro, como na união estável, não
há a obrigação de coabitação, nem prazo mínimo para sua caracterização e
existência ou não de relações sexuais. Todavia, temos que deixar claro que o
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10613814/artigo-1723-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
namoro não gera efeitos jurídicos, tanto patrimoniais quanto sucessórios,
diferente da união estável.
No art. 1.723 do novo Código Civil, O conceito de união estável corresponde a
uma entidade familiar entre homem e mulher, exercida contínua e
publicamente, semelhante ao casamento. Hoje, é reconhecida quando os
companheiros convivem de modo duradouro e com intuito de constituição de
família. Na verdade, ela nasce do afeto entre os companheiros, sem prazo
certo para existir ou terminar. Porém, a convivência pública não explicita a
união familiar, mas somente leva ao conhecimento de todos, já que o casal vive
com relacionamento social, apresentando-se como marido e mulher.
De acordo com o art. 1.724 do novo Código, lealdade, respeito e assistência,
bem como, quanto aos filhos, sua guarda, sustento e educação, são deveres e
direitos que devem existir nessas relações pessoais. Tanto o dever de lealdade
quanto o de respeito mútuo, provocam injúrias graves, quando descumpridos.
Paralelamente à deslealdade está o adultério, quebrando o direito-dever de
fidelidade. É certo que não existe adultério entre companheiros, porém, ambos
devem ser sinceros. O direito-dever de respeito mútuo é descumprido quando
um dos companheiros atinge a honra ou a imagem do outro com palavras
ofensivas ou gestos indecorosos. A união estável não necessita da uma
celebração para ser válida, é um fato social que gera efeitos jurídicos, diferente
do namoro, que nem sempre existe o objetivo de constituição familiar.
5. Fundamentação: De acordo com Maria Helena Diniz, a definição jurídica de
namoro,” é que o (a) namorado (a) é aquele (a) que, de forma constante,
corteja uma mulher com a intenção de se casar com ela”. Diferente da união
estável, tem algumas variantes que diferenciam o namoro de uma união
estável. Então, não dá para considerar o namoro como uma entidade familiar,
mas uma expectativa futura de se formar uma família.
O Contrato de Namoro é um dos tipos de contratos que tem sido elaborado
com grande constância em muito estados do Brasil em razão do mesmo
desviar o reconhecimento de uma união estável. Porém existem consequências
jurídicas do contrato de namoro no mundo jurídico que poderemos ver através
do posicionamento doutrinário de vários juristas.
Segundo o entendimento de Olga Inês Tessari,” o objetivo do namoro é o
mesmo desde quando este tipo de relação surgiu, qual seja, o conhecimento
mútuo entre os parceiros para futura ou não constituição de matrimônio e
consequentemente uma família. O que se modifica em geração a geração é
forma pelo qual os casais se relacionam e o grau de intimidade que possuem”.
O namoro dos dias de hoje é mais liberal, as pessoas dormem e viajam juntas,
dialogam bastante e este convívio faz com que haja um conhecimento de
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10613814/artigo-1723-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
ambos,e pode até levar a relacionamentos mais estáveis. Diante desse maior
grau de intimidade, relações mais duradouras, aparente fidelidade e a
convivência contínua do casal, em que há uma divulgação social dessa
relação, surgem confusão entre o namoro e a união estável, pois podem ser
encontrados cada vez mais nos atuais namoros, requisitos pertencentes às
uniões estáveis.
De acordo com Gonçalves (2013), o denominado “contrato de namoro” possui,
eficácia relativa, pois a união estável é um fato jurídico, um fato da vida, uma
situação fática, com reflexos jurídicos, mas que decorrem da convivência
humana. Contudo se as aparências e a notoriedade caracterizarem uma união
estável, o contrato que estabeleça o contrário e que busque neutralizar a
incidência das normas cogentes, de ordem pública, inafastáveis pela vontade
das partes, não possuirá validade.
O doutrinador Helder Martinez Dal Col afirma que “a necessidade de se
determinar quando termina o namoro e começa a união estável tem levado
muitos casais a elaborarem “contratos de namoro”, visando assegurar, para um
ou ambos, a certeza de que o relacionamento em questão não caracteriza uma
união estável, para que com isso se impeçam os efeitos patrimoniais inerentes
a esta relação” (COL. 2004. P. 144).
A doutrinadora Maria Berenice Dias, afirma que “o contrato de namoro é
inexistente no ordenamento jurídico, e por isso é incapaz de produzir qualquer
efeito, podendo inclusive representar uma fonte de enriquecimento ilícito”
(DIAS. 2010. P. 186).
O contrato de namoro pode ser aceito com a finalidade de proteção patrimonial,
porém, caso seja identificada a tentativa de fraude à eventual partilha de bens,
o contrato perderá sua validade, dando lugar ao reconhecimento daunião
estável, que é caracterizada por uma relação configurada na convivência
pública, contínua e duradoura, estabelecida com o objetivo de constituição da
família.
Parte da doutrina alega que o contrato de namoro é um instrumento jurídico
importante para evitar que um dos namorados tenha direito a uma parcela do
patrimônio adquirido ao longo do relacionamento, pois como sabemos o
namoro não é uma relação jurídica, mas sim uma relação afetiva. Devemos
ressaltar também que não há nada lei que vede este contrato.
Flávio Tartuce também defende a nulidade do contrato de namoro “por violar
normas cogentes e desvirtuar do princípio da função social do contrato, devido
à mitigação de tal preceito no que se trata da autonomia das partes
contratantes” (TARTUCE. 2011. P. 256).
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
6. Conclusão.Considerando as jurisprudências pesquisadas percebe-se que as
jurisprudências também não tem aceitado o contrato de namoro como uma
forma segura de afastar os efeitos de uma união estável, devido ao fato de
haver necessidade da análise da presença ou ausência dos elementos que
caracterizam a união estável, pois, ainda que haja o contrato, é imprescindível
que tais elementos sejam apurados pelo magistrado em cada caso em
particular. O contrato de namoro pode até ser um documento útil para provar a
inexistência da união estável, porém, quando houver provas de existência de
união estável, o contrato perderá a capacidade de produzir qualquer efeito
jurídico, e consequentemente a capacidade de afastar os efeitos da união
estável.
Em razão do exposto, podemos concluir que é predominante a corrente
doutrinária que não reconhece a validade jurídica dos contratos de namoro,
devido à impossibilidade jurídica do objeto que busca repelir o reconhecimento
de uma união estável, que por sua vez é regulamentada por preceitos de
ordem pública indisponível. Se esta modalidade fosse reconhecida, sua
validade poderia ser caracterizada como fonte de enriquecimento ilícito de um
convivente em detrimento do outro, pois os bens adquiridos durante a relação
podem ter sido fruto de uma batalha diária do casal. Será mais viável que o
casal que queira proteger o patrimônio individual firme um contrato de
convivência, estabelecendo neste o regime de bens ou disposição patrimonial
que melhor se iguale a relação, caso contrario vigorará o regime de da
comunhão parcial dos bens. O contrato de namoro pode até ser útil como meio
de prova da inexistência da União Estável, contudo, havendo provas de
existência de União Estável o contrato não será capaz de produzir qualquer
efeito jurídico, muito menos afastar os efeitos da União Estável.
7. Finalização: Visando superar a dúvida da existência do contrato de namoro,
segue o parecer desfavorável ao Contrato de Namoro, Camaçari,15 de Abril de
2019, Eliemária Fernandes do Carmo Ferreira, OAB/BA 00.429
8. Referências:
COL, Helder Martinez da. Contrato de Namoro, p. 144.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2010. p. 186.
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 359.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 10. ed.
rev. e atual. 6. vol. São Paulo: Saraiva, 2013.
TARTUCE, Flávio. Direito de Família: Namoro – Efeitos Jurídicos. São Paulo:
Atlas, 2011, p.256.

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