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COM 01 - Introdução ao Direito Comercial

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DIREITO COMERCIAL 
 01 
Introdução ao 
Direito Comercial 
 
 
 
 
 
 Direito Comercial 
 
 
 Noções Gerais 
 
Direito Comercial: 
Anteriormente designado como direito que regula o comércio, atualmente a expressão direito 
comercial abrange outras relações conexas, sobretudo nos dias de hoje, em que alargou, 
desmesuradamente o seu campo de incidência, alcançando a indústria, os transportes, os bancos, as 
bolsas, e devido à importância que tomou numa economia de mercado, onde a produção é feita em 
massa. Sua base, portanto, são as relações econômicas decorrentes da economia de mercado, e como 
tal se apresenta como a ciência jurídica destinada a regular essas relações. 
 
Direito das Empresas: 
Convivendo, no campo do direito privado, com o Direito Civil, nota-se que o Direito Comercial 
transmudou-se de mero regulador dos comerciantes e dos atos de comércio, passando a atender à 
atividade, sob a forma de empresa, que é o atual fulcro do Direito Comercial. Regula ele, portanto, a 
série coordenada de atos destinados ao fim de determinado setor econômico, e que pressupõe uma 
organização chamada empresa. Com tal abrangência, a sua própria denominação foi posta em causa, 
entendo muitos que ele deveria ser o direito dos negócios, ou o direito das empresas, mantendo-se a 
expressão Direito Comercial apenas por uma questão de tradição. 
 
Conceito Atual de Direito Comercial: 
Neste contexto o conceito atual de Direito Comercial pode ser definido como o complexo de normas 
jurídicas que regulam as relações derivadas das indústrias e atividades que a lei considera mercantis, 
assim como os direitos e obrigações das pessoas que profissionalmente as exercem. 
 
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Divisão do Direito Comercial: 
Divide-se atualmente o Direito Comercial em: 
a) Teoria Geral do Direito Comercial; 
b) Direito das Empresas e das Sociedades; 
c) Direito Industrial; 
d) Direito Cambiário ou Cartular; 
e) Direito das Obrigações Mercantis; 
f) Direito Falimentar ou Concursal; 
g) Direito Marítimo; 
h) Direito Aeronáutico. 
 
Matéria Comercial: 
A matéria comercial não determina o conteúdo da lei comercial, mas sim a lei comercial que 
determina o que seja matéria comercial. Matéria comercial, portanto, constitui um conceito de direito 
positivo. 
 
 
 História do Direito Comercial 
 
Noções Gerais: 
Grande parte dos comercialistas dividem a história do direito comercial em quatro períodos: 
antiguidade, idade média, tempos modernos e idade contemporânea. 
 
I - Antiguidade: 
Com o natural crescimento das populações, houve a necessidade da substituição de certos bens, 
objeto de permuta, pela moeda. Eram utilizados conchas, gado e certos metais como instrumento 
comum de troca. Com o aparecimento da moeda, observou-se o surgimento de uma atividade 
específica, inicialmente praticada por um número reduzido de pessoas e depois grandemente 
desenvolvida, gerando uma grande circulação de riquezas. Essa operação era chamada de compra e 
venda. Ainda na antiguidade (Roma, Grécia, Babilônia) surgiram os primeiros institutos pertinentes 
ao direito comercial, como o empréstimo a juros, o depósito e os contratos de sociedade. 
 
II - Idade Média: 
Com a queda do império romano, o comércio passou a ser dominado basicamente pelos povos árabes, 
inclusive estes bloqueando as rotas comerciais e deixando os comerciantes ocidentais isolados. O 
comércio no Mar Mediterrâneo era impedido pelos muçulmanos. No estreito de Gibraltar, os navios 
não passavam sem pagar um pedágio ao rei árabe Tarik, daí a origem da palavra �tarifa� e do próprio 
nome do local �Djebel-al-Tarik� (montanha de Tarik), mais tarde, Gibraltar. Assim, os mercadores 
do ocidente começaram a criar associações e, principalmente na Itália, os municípios começaram a se 
constituir em grandes corporações de mercadores para terem força de concorrer com o comércio do 
oriente. Essas corporações, chamadas de ofício, criaram estatutos e costumes que constituíram em um 
direito fechado, privativo das pessoas matriculadas nas corporações de mercadores. As pendências 
entre os mercadores eram decididas dentro da classe, por cônsules eleitos, que decidiam sem grandes 
formalidades, apenas de acordo com usos e costumes, e sob os ditames da equidade. 
 
 
 
 
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III - Tempos Modernos: 
Após o aparecimento dos ideais iluministas, o liberalismo marcou presença na economia, dando 
oportunidade a todos para produzir e comerciar livremente. As corporações foram abolidas, e, com a 
elaboração do Código Napoleônico, a atividade industrial e comercial passou a ser regulada para 
todos. 
 
IV - Idade Contemporânea: 
É a fase atual, correspondente ao Direito Empresarial (conceito subjetivo moderno). De acordo com a 
nova tendência, a atividade negocial não se caracterizaria mais pela prática de atos de comércio 
(interposição habitual na troca, com o fim de lucro), mas pelo exercício profissional de qualquer 
atividade econômica organizada, exceto a atividade intelectual, para a produção ou a circulação de 
bens ou serviços. 
 
 
 História do Direito Comercial Brasileiro 
 
Formação: 
Não obstante ter existido comércio intenso no Brasil desde o seu descobrimento, não se pode falar em 
história do Direito Comercial brasileiro desde essa época. Ligado como está historicamente, a certos 
acontecimentos que deram ao país feição nacional, é somente com a chegada do Príncipe Regente D. 
João VI que toma impulso e começa a se formar um direito nacional que desbordaria na 
Independência, até 1850, com a promulgação do Código Comercial brasileiro. 
 
O Código Comercial: 
O Código Comercial brasileiro de 1850 (cuja primeira parte é revogada com a entrada em vigor do 
Código de 2002) teve uma forte influência do Código Napoleônico de 1807. O Código Francês era 
inicialmente composto por 648 artigos, divididos em 4 livros: Comércio em Geral; Comércio 
Marítimo; Falência e Bancarrota e Jurisdição Comercial. 
 
Períodos: 
A história do Direito Comercial brasileiro pode ser dividida em três períodos: 
a) 1808-1850: a vinda da família real portuguesa, onde foi fundado o Direito Comercial no 
Brasil (Visconde de Cairu) com a abertura dos portos e os alvarás de D. João até a data da 
promulgação do nosso Código Comercial; 
b) 1850-1930: primeiro período de vigência do Código Comercial; vai até o fim da Primeira 
República; 
c) 1930 em diante: corresponde ao período da intervenção estatal na atividade privada. 
 
 
 Relações do Direito Comercial com Outras Disciplinas 
 
Relação com os Demais Ramos do Direito: 
a) Direito Civil; 
b) Direito Constitucional; 
c) Direito Administrativo; 
d) Direito Econômico; 
e) Direito do Trabalho; 
f) Direito Tributário; 
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g) Direito Penal; 
h) Direito Internacional Privado. 
 
Relação com Técnicas Associadas: 
a) Contabilidade; 
b) Merceologia (estuda a base e estrutura dos contratos para o exercício da atividade 
empresarial); 
c) Economia Política; 
d) Estatística. 
 
 
 Características do Direito Comercial 
 
Noções Gerais: 
O Direito Comercial possui características próprias, que o difere dos outros ramos do direito: 
 
1) Dinamismo: O Direito Comercial é dinâmico, renovando-se com muito mais velocidade e sem as 
formalidades presentes no Direito Civil. 
 
2) Cosmopolitismo: O Direito Comercial tem como característica a internacionalidade, pois regula, 
muitas vezes, as atividades do comércio entre nações.3) Onerosidade: Não existe, em regra, ato mercantil gratuito. 
 
4) Fragmentarismo: Conjunto de normas com muitas lacunas. 
 
5) Individualismo: O lucro está diretamente vinculado ao interesse individual. 
 
 
 Autonomia do Direito Comercial 
 
Autonomia Constitucional: 
No Brasil, a autonomia do Direito Comercial é referida até mesmo na Constituição Federal, que, ao 
listar as matérias da competência legislativa privativa da União, menciona �direito civil� em separado 
de �comercial�. 
 
Código Civil: 
Não compromete a autonomia do Direito Comercial a opção do legislador brasileiro de 2002 no 
sentido de tratar a matéria correspondente ao objeto desta disciplina no Código Civil (Livro II da 
Parte Especial). A autonomia didática e profissional não é minimamente determinada pela legislativa. 
Afinal, Direito Civil não é Código Civil; assim como Direito Comercial não é Código Comercial. À 
forma considerada mais oportuna de organizar os textos e diplomas legais não corresponde 
necessariamente a melhor de estudar e ensinar o direito. 
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 Fontes do Direito Comercial 
 
Noções Gerais: 
Chamam-se fontes do direito os diversos modos pelos quais se estabelecem as regras jurídicas. As 
fontes do Direito Comercial dividem-se em fontes primárias ou diretas e subsidiárias ou indiretas. 
 
1) Fontes Primárias ou Formais: 
Leis Comerciais: principal fonte do Direito Comercial, aonde se inclui o Código Comercial de 1850 e 
leis comerciais: Lei das S.A., Lei das Falências e Concordatas, Código de Propriedade Industrial, etc. 
 
2) Fontes Secundárias: 
São elas: 
a) usos e costumes comerciais: mantém tradicionalmente o prestígio dos usos e costumes como 
regra subsidiária de suas normas; 
b) leis civis; 
c) princípios gerias de direito; 
d) analogia, costumes e princípios gerais do direito (art. 4.° da LICC). 
 
 
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 Bibliografia 
 
 
• Curso de Direito Comercial 
 Rubens Requião 
 São Paulo: Editora Saraiva, 1998 
 
• Curso de Direito Comercial 
 Fran Martins 
 Rio de Janeiro: Editora Forense, 1998 
 
• Direito Comercial 
 Waldirio Bulgarelli 
 São Paulo: Editora Atlas, 1999 
 
• Manual de Direito Comercial 
 Fábio Ulhoa Coelho 
 São Paulo: Editora Saraiva, 2002 
 
 
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