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Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 1 DDIIRREEIITTOO IIMMOOBBIILLIIÁÁRRIIOO 0011 AA PPrroopprriieeddaaddee IImmoobbiilliiáárriiaa 0011..11 IInnttrroodduuççããoo NNooççõõeess GGeerraaiiss Direito Imobiliário: Podemos definir o direito imobiliário como um complexo de normas que trata e rege a propriedade imóvel envolvendo todos os seus aspectos. A propriedade imóvel é assim o objeto central do estudo do direito imobiliário. Bem Imóvel: A definição de coisa imóvel envolve a idéia de que não pode ser transportada de um lugar para outro sem a sua destruição. Desta forma, são considerados bens imóveis segundo o Código Civil o solo com suas partes componentes e tudo que o homem incorpore, permanentemente, sem que se possa dele desagregar, a não ser destruindo. CÓDIGO CIVIL Art. 79 São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80 Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II o direito à sucessão aberta; Art. 81 Não perdem o caráter de imóveis: I as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local; II os materiais provisionariamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 2 É preciso chamar a atenção para aqueles que a lei equipara como imóveis, dadas as suas conseqüências jurídicas. Quando se fala em imóvel, tem-se em vista os imóveis em seu campo restrito (ex: terrenos, prédios), mas como podemos observar da classificação do Código Civil, o imóvel possui um sentido mais amplo. A Propriedade: A propriedade consiste num direito da pessoa humana, consiste na garantia fundamental do exercício de poder sobre a coisa, observados os limites sociais, econômicos constitucionalmente impostos. Direitos Elementares da Propriedade: O Código Civil assegura aos proprietários o direito de usar, gozar, dispor de seus bens e reavê-los do poder de quem injustamente os possua. Esses direitos são os elementos constitutivos da propriedade. O direito de usar pressupõe que o proprietário tenha a posse ou detenção da coisa que esteja sob seu domínio direto. E o direito de usar consiste em servir-se da coisa em sua substância, como morar no imóvel e servir-se dele para qualquer fim, desde que não proibido por lei. O direito de gozar (usufruir) é mais amplo que o de usar, compreendendo tudo aquilo que se possa obter da propriedade, todos os frutos ou rendimentos da coisa (ex: a locação ou arrendamento). O direito de dispor é aquele que em sua essência se caracteriza como o mais importante por reconhecer o domínio. Consiste no poder de alienar, gravar, doar, consumir e, entre outros, abandonar a propriedade imóvel ou limitar o seu uso. Por fim, o direito de reaver é o direito de reivindicá-la das mãos de quem injustamente a detenha. 1Propriedade Plena e Limitada:1 A propriedade pode ser plena ou limitada. É plena quando os direitos elementares se acham reunidos sob a figura do proprietário, como o direito de usar, gozar, dispor e reivindicar (é denominada na prática como domínio pleno, livre ou perfeito). A propriedade se diz limitada quando algum ou vários dos direitos elementares da propriedade pertencem a outra pessoa, ou quando o domínio se acha restrito pelos direitos que terceiros exercem sobre a propriedade ou coisa. Propriedade alodial ! é denominada assim a propriedade imóvel livre de foro, vínculos, pensões ou ônus. Maria Helena Diniz A propriedade imobiliária é o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem imóvel por natureza, por acessão física artificial ou intelectual e por determinação legal e de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha. CCaarraacctteerrííssttiiccaass ddaa PPrroopprriieeddaaddee IImmoobbiilliiáárriiaa São características da propriedade imobiliária: " É absoluta: a propriedade é um direito absoluto, pois é oponível a todos, mas o caráter absoluto da propriedade não é mais visto como ampla liberdade de uso, uma vez que prepondera o interesse público sobre o particular, quer nas limitações impostas pelo direito de Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 3 vizinhança, quer pela intervenção do interesse público, nas formas de restrição ao direito de propriedade e o atendimento à sua função social. " É exclusiva: é integral ao seu titular, não admitindo parcelamento do direito, senão da coisa. " É definitiva: porque somente se desconstitui pela vontade do próprio titular, ou, excepcionalmente, pelo interesse público. " É elástica: possui a capacidade de suportar o mais variado desmembramento de seus poderes, para proporcionar a constituição de outros direitos reais em paralelo, limitados, e voltar à plenitude tão logo estes se extinguem. AA AAqquuiissiiççããoo ddaa PPrroopprriieeddaaddee IImmóóvveell Aquisição Originária e Derivada: A aquisição da propriedade imóvel pode ser originária ou derivada. A aquisição é originária quando a coisa não tem dono anterior ou quando não tenha sido transmitida por alguém, como na ocupação ou na acessão. É derivada quando houver a transmissão do domínio, por ato causa mortis (direito hereditário) ou inter vivos (negócio jurídico seguido de registro). 1Aquisição a Título Singular e Universal:1 A aquisição pode ser a título singular, quando se refere a um bem específico ou a título universal, na herança, quando se transmitem todos os bens de uma pessoa. Pressupostos Para a Aquisição da Propriedade: São pressupostos para a aquisição da propriedade: " agente capaz; " objeto lícito; " forma prescrita ou não defesa em lei. Modos de Aquisição da Propriedade: A aquisição da propriedade pode ocorrer pelo usucapião, pelo registro de título, por acessão ou pelo direito hereditário. Veremos a seguir cada uma destas espécies de aquisição. AA AAqquuiissiiççããoo ppeelloo UUssuuccaappiiããoo Conceito: O usucapião é forma originária de aquisição da propriedade através da posse continuada, durante certo espaço de tempo, cumprindo-se certos requisitos estabelecidos em lei. No direito romano, o usucapião significava a captação ou aquisição pelo uso prolongado (usus capere). O usucapião tem como objetivos " garantir a estabilidade e segurança da propriedade; " estimular a função social da propriedade; " desestimular o não uso da propriedade. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 4 Usucapião Ordinário: Adquire através do usucapião ordinário a propriedade do imóvel, aquele que o possuir por dez anos, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé (art. 1.242 do Código Civil). Requisitos para o usucapião Coisahábil É a coisa usucapível. Não podem ser usucapidas as coisas fora do comércio, como as insuscetíveis de apropriação (ar, luz do sol, água, etc.). Os imóveis públicos também não podem ser usucapidos. Posse A posse deve ser mansa e pacífica (sem contestação), com ânimo de dono (animus domini). A posse clandestina (oculta, não praticada à vista de todos), violenta ou precária não se presta para a concessão de usucapião. Tempo A posse deve ser contínua, exercida sem intermitência ou intervalos. Após o tempo previsto em lei, pode o possuidor, trazendo as suas provas, pedir em juízo que lhe reconheça a aquisição da propriedade por usucapião. Justo título É qualquer documento hábil para transferir a propriedade imóvel. Deve ser aparentemente legítimo. Boa fé É a crença da posse legítima. Tem a presunção de boa fé aquele que acreditou ser correta a sua aquisição, ou seja, que pensava ser dono. Será de cinco anos o prazo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Usucapião Extraordinário: O usucapião extraordinário é previsto pelo art. 1.238 do Código Civil, estabelecendo que aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. O prazo será reduzido a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Usucapião Especial Urbano e Rural: O usucapião especial urbano e rural é previsto pela Constituição Federal e pelo Código Civil (arts. 1.239 e 1.240). No usucapião especial urbano, a posse da área (urbana) deve ser de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. No usucapião especial rural, aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, porém não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 5 Usucapião de Imóveis Ordinário Extraordinário Especial Urbano Especial Rural ART. 1.242 ART. 1.238 ART. 1.240 ART. 1.239 Coisa hábil Posse ininterrupta Ânimo de dono Sem oposição Coisa hábil Posse ininterrupta Ânimo de dono Sem oposição Coisa hábil Posse ininterrupta Ânimo de dono Sem oposição Coisa hábil Posse ininterrupta Ânimo de dono Sem oposição Justo título e boa fé Sem Justo título e sem boa fé Sem justo título e sem boa fé Sem justo título e sem boa fé Imóvel urbano ou rural particular Imóvel urbano ou rural particular Imóvel urbano particular Imóvel rural particular Qualquer área Qualquer área Até 250 m2 - moradia própria ou da família (Só pode ser pleiteado uma vez) Até 50 hectares - moradia própria ou da família Produtividade agrícola própria ou da família 10 anos. 5 anos, se houver sido adquirido com base em registro cancelado. 15 anos. 10 anos, se for moradia habitual ou se realizado obras de caráter produtivo 5 anos 5 anos Declaração Judicial: O possuidor poderá requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel. Esta declaração constituirá título hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. (art. 1.241 do Código Civil). Contagem do Tempo do Antecessor: O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido para o usucapião, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores, contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do usucapião ordinário, com justo título e de boa-fé (art. 1.243 do Código Civil). Causas que Obstam, Suspendem ou Interrompem o Usucapião: Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam ao usucapião (art. 1.244 do Código Civil). AA AAqquuiissiiççããoo ppeelloo RReeggiissttrroo ddee TTííttuulloo Noções Iniciais: Segundo nosso sistema civil e registral, somente adquire-se a propriedade imóvel pela transcrição do título de transferência no registro de imóvel. Desta forma, os bens imóveis estão sujeitos ao registro, para sua perfeita validade e fazer valer direitos contra terceiros. Devem ser registrados os seguintes negócios jurídicos: compra e venda, troca, dação em pagamento, doação e transação. A propriedade é Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 6 transferida de um titular para outro através do registro do respectivo título translativo na circunscrição imobiliária competente (art. 1.245 do Código Civil e Lei 6.015/73). Título translativo ! É todo documento público ou particular que afirma um direito. Ele exprime sempre um ato jurídico que tem por fim adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. Princípios informativos do Sistema de Registro Imobiliário: Conforme a lição de Afrânio de Carvalho, os seguintes princípios informam o sistema de registro imobiliário: " Da inscrição: conforme a nomenclatura usual corrente, no sistema previsto pelo Código Civil, a propriedade se torna factível mediante o ato de registro e só ele atribui o direito de propriedade; " Da segurança e fé-pública: estabelece a presunção de veracidade e autenticidade de todos os atos, até prova em contrário, do domínio e preferência contra o direito de terceiros, ou em favor de qualquer ato cuja natureza, para produção de efeitos reais, necessite de registro; " Da prioridade: impõe critérios de exclusividade, graduação, apresentação e sucessão quanto aos direitos adquiridos e ali declarados. " Da continuidade: firma a cadeia de títulos e registros, tornando segura a passagem livre na aquisição dos direitos e sua regular inscrição, a cada transmissão ou constituição e extinção de ônus reais, acessórios ao bem. " Da instância: o ato será praticado por autoridade investida, específica e tecnicamente pelo Estado, para esse fim, no caso o registrador de imóveis. " Da especialidade: indica a necessidade insuperável de o imóvel constar do título, a ser dado registro, com todas as suas características, físicas e jurídicas de discriminação e existência registral. " Do consentimento formal: significa que é necessário o consentimento do interessado para poder executar a tarefa de registrar algum título, não lhe sendo possível proceder ex officio. Eficácia do Registro: Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel, pois o instrumento de transferência da propriedade, antes doregistro, cria apenas entre as partes um direito pessoal. É o registro, que transfere o domínio, não o instrumento. O registro somente será eficaz a partir do momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo. O imóvel recebe um número chamado de matrícula que o identifica e todas as modificações jurídicas que acontecerem (ex: venda, desmembramento) que também serão objeto de registro. Efeitos do Registro: O principal efeito do registro imobiliário comum é a presunção de domínio sobre o imóvel. Esta presunção é juris tantum e não juris et de jure, pois se o teor do registro não for verdadeiro, o interessado poderá pleitear a retificação ou anulação. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 7 Além da presunção de domínio, existem outros efeitos característicos do registro público: " publicidade: torna conhecido o direito de propriedade. " legalidade: é pressuposto do registro, pois este só é efetuado quando não há nenhuma irregularidade em relação ao imóvel. " força probante: o registro tem força probatória, que se funda na fé pública, pois presume-se pertencer o direito real à pessoa em cujo nome se fez o assento. " vinculação: determina a perpétua vinculação entre o título e o seu respectivo registro. " obrigatoriedade: torna o registro indispensável à aquisição da propriedade, devendo este ser efetivado no cartório da situação do imóvel. Cancelamento do Registro: O registro pode ser cancelado ou retificado caso seu teor não exprima a verdade. O interessado poderá reclamar que o retifique ou anule (art. 1.247 do Código Civil). Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro e seu cancelamento, o adquirente é considerado como dono do imóvel. AA AAqquuiissiiççããoo ppoorr AAcceessssããoo Conceito: A acessão refere-se a acréscimos acontecidos em relação a um imóvel, pela mão do homem ou por causas naturais. É forma originária de aquisição da propriedade pela incorporação ao objeto principal de tudo aquilo que lhe adere ou é incorporado por ele. A acessão pode ser natural ou artificial. Acessão Natural: A acessão natural pode ocorrer pela formação de ilhas, por aluvião, por avulsão ou por abandono de álveo. O Código Civil e o Código de Águas regulam de modo minucioso a atribuição da propriedade desses acréscimos naturais. Em regra, ficam pertencendo ao dono do imóvel ao qual aderiram, ou aos donos dos imóveis mais próximos, no caso da formação de ilhas, em proporção às suas testadas. 1) Formação de Ilhas. A formação de ilhas pode ocorrer em rios não navegáveis ou particulares, em virtude de movimentos sísmicos, de depósito de areia, cascalho ou fragmentos de terra, trazidos pela própria corrente, ou de rebaixamento de águas, deixando descoberto e seco uma parte do fundo ou do leito. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes: Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 8 " as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais; " as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado; " as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. 2) Aluvião: Aluvião é o acréscimo de terras devido ao depósito de material trazido pelas águas, que vão se acumulando junto a imóveis lindeiros, de modo contínuo e quase imperceptível. Pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização (art. 1.250 do Código Civil). O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. Será própria a aluvião quando o acréscimo se forma pelos depósitos ou aterros naturais nos terrenos marginais do rio. E imprópria quando tal acréscimo se forma em razão do afastamento das águas que descobrem parte do álveo. 3) Avulsão: Avulsão é o deslocamento de uma porção considerável de terra, pela força das águas e o seu conseqüente arremesso de encontro a terras de outrem. O dono das terras assim acrescidas pode ficar com o acréscimo, pagando indenização ao reclamante ou consentir na sua remoção (art. 1.251 do Código Civil). 4) Abandono de Álveo: Álveo ou leito abandonado do rio público ou particular se observa quando um rio seca ou se desvia de seu curso naturalmente. O Código Civil (art. 1.252) estabelece que o álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. Acessão Artificial: A acessão artificial, resultado do trabalho do homem, dá-se pela construção de obras ou pelas plantações. AA AAqquuiissiiççããoo ppeelloo DDiirreeiittoo HHeerreeddiittáárriioo O direito hereditário é um dos modos de adquirir a propriedade, estabelecido pelo Código Civil, segundo o qual os bens e obrigações de um indivíduo, em conseqüência de sua morte, se transmitem aos seus herdeiros. Consiste num modo derivado de aquisição, podendo ser a título universal, ou singular. O evento morte é que faz nascer o direito de propriedade para o sucessor (herdeiro ou testamentário) do proprietário falecido. Basta a morte do proprietário do imóvel para que este, automaticamente, passe a integrar o patrimônio do sucessor. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 9 O domínio e a posse da herança transmitem-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Isso significa que a transmissão da propriedade e posse é imediata, independente de qualquer ato. Ela se opera de pleno direito, mesmo sem qualquer manifestação da vontade do herdeiro. AAqquuiissiiççããoo ppeelloo NNeeggóócciioo JJuurrííddiiccoo Noções Iniciais: A aquisição do imóvel também pode se dar pelo negócio jurídico seguido de registro. São os principais negócios imobiliários a compra e venda, a promessa de compra e venda e a doação. Compra e Venda Imobiliária: A compra e venda imobiliária, como direito definitivo, gera efeitos perpétuos, preferentes e exclusivos em face do transmitente do domínio. Exige o registro, nos termos da Lei n° 6.015/73. A compra e venda imobiliária pode ser ad mensuram ou não. 1Venda Ad Mensuram:1 A venda ad mensuram é aquela em que se determina a área do imóvel vendido, estipulando-se o preço por medida e extensão.A especificação precisa da área do imóvel é elemento indispensável, pois ela é que irá determinar o preço total do negócio. O preço será fixado tendo por base cada unidade ou a medida de cada alqueire, hectare, metro quadrado ou metro de frente. De acordo com o Código Civil se o comprador constatar que o imóvel não corresponde às dimensões da escritura, pode exigir o complemento da área (é realizada por meio de ação ordinária denominada ex empto ou ex vendito) e se não for possível o complemento, poderá optar entre a rescisão contratual (ação redibitória) ou o abatimento proporcional do preço (ação quanti minoris ou estimatória) (art. 500, caput). De outro lado, se em vez de diferença, houver excesso da área e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso (art. 500, § 2°). Há também uma restrição ao direito do comprador na venda ad mensuram. Pelo Código Civil, art. 500, § 1°, presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. Somente o imóvel adquirido ad mensuram possibilita que o adquirente pleiteie a complementação da área ou reclame a rescisão do contrato ou o abatimento do preço. Se a venda for ad corpus, isto é, se o vendedor alienar o imóvel como corpo certo e determinado, não há que se exigir o implemento da área (art. 500, § 3°). Promessa de Compra e Venda: A doutrina identifica a promessa de compra e venda como pré-contrato ou contrato preliminar, onde as partes se obrigam, simplesmente, a fazer, futuramente, o contrato principal de compra e venda, postergado ao implemento das condições determinadas naquele. Doação: Doação é o contrato em que uma pessoa, por liberalidade transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. Na doação, é possível haver encargos aceitos pelo donatário que impõem certa limitação ao direito da propriedade, como a obrigação de manter o jardim intacto ou não alterar a arquitetura do imóvel. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 10 AA PPeerrddaa ddaa PPrroopprriieeddaaddee IImmóóvveell Noções Gerais: Conforme a perpetuidade do domínio, este remanescerá na pessoa do seu titular ou de seus sucessores causa mortis de modo indefinido ou até que por um meio legal seja afastado do seu patrimônio. São os meios descritos no art. 1.275 do Código Civil a alienação, a renúncia, o abandono, o perecimento da coisa e a desapropriação. Alienação: Alienar pode ser vender, doar, permutar ou dar em pagamento. É a forma de extinção da propriedade em que o titular transmite a outrem seu direito sobre a coisa e pode ser a título gratuito ou oneroso. A perda da propriedade imóvel pela alienação não ocorre simplesmente com a tradição. Por se tratar de imóvel, a lei impõe que também o imóvel seja registrado em nome do novo titular. Logo, a perda pela alienação somente se completa com o registro imobiliário em nome do novo titular. Renúncia: Renúncia é a manifestação expressa da vontade do titular em não mais possuir a propriedade imóvel. Nela, o proprietário declara o seu intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa, em favor de terceira pessoa que não precisa manifestar sua aceitação. Raros são os casos de renúncia no direito brasileiro. A renúncia só é possível sobre os direitos adquiridos e assim como na alienação, seus efeitos são subordinados ao registro do ato renunciativo no Registro de Imóveis. Abandono: O proprietário se desfaz voluntariamente do imóvel com o propósito de não mais tê-lo em seu patrimônio. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições (art. 1.276 do Código Civil). O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize (art. 1.276, § 1°). Perecimento do Imóvel: A propriedade se extingue com o perecimento de prédios e construções. Desapropriação: É o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público, despoja alguém de uma propriedade e adquire para si, mediante indenização, fundada em um interesse público. O Poder Público realiza a desapropriação para atender a qualquer uma das seguintes condições: necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. Outras Hipóteses: São outras possibilidades de perda da propriedade imóvel: a requisição civil ou militar; o usucapião; a avulsão; a comunhão universal de bens no casamento; a sentença judicial proferida em ação anulatória do registro; a arrematação ou adjudicação em processo de execução forçada ou fiscal; o implemento da condição resolutiva ou pelo advento do termo; o confisco; e a pena de perdimento de bens por crime cometido. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 11 0011..22 LLiimmiittaaççõõeess aaoo DDiirreeiittoo ddee PPrroopprriieeddaaddee NNooççõõeess GGeerraaiiss Noções Iniciais: O direito de propriedade não tem caráter absoluto, pois sofre limitações impostas pela vida em sociedade. As limitações ao direito de propriedade estão contidas na lei e têm por objetivo proteger o interesse público, social ou coletivo, bem como o interesse privado ou particular considerado em função da necessidade social. São limitações imprescindíveis ao bem-estar coletivo e à própria segurança da ordem econômica e jurídica do país. São as principais limitações à propriedade em nosso sistema jurídico: " limitações de direito administrativo; " limitações de direito social; " limitações de direito privado. As limitações impostas às construções nas propriedades imobiliárias serão estudadas no capítulo próprio. Extensão Vertical da Propriedade: A lei limita o direito da propriedade do solo a altura ou profundidade úteis ao proprietário, não podendo, desse modo, opor-se este a trabalhos que sejam empreendidos a uma altura ou profundidade tais que não tenha interesse algum em impedi-los. Limitação do Espaço Aéreo: O espaço aéreo suscetível de aproveitamento pelo proprietário não pode ser esbulhado por vizinhos ou terceiros, porém a coluna aérea que se estende acima do imóvel a partir de uma altura que não pode ser aproveitada para o uso não pertence ao proprietário do imóvel. Esta coluna área, insuscetível de aproveitamento, é chamada de res communis omnium, e permite, por exemplo, a passagem por cima dos imóveis das aeronaves. Limitação do Subsolo: Admite-se atualmente que a propriedade do subsolo não se estende além do limite marcado pela sua normal e atual utilidade, de acordo com as possibilidades da técnica moderna. O proprietário não pode utilizar o subsolo senão até onde lhe é possível, não havendo desse limite para diante, nenhum direito, porque não há interesse algum. O direito de propriedade do subsolo vai, portanto, até onde houver interesse da parte do proprietário do solo, mesmoporque o interesse abstrato é a razão da tutela de todo o direito subjetivo. O subsolo propriamente dito pode, por conseguinte, ser dividido em duas camadas: a primeira, que de direito é de propriedade do dono do solo, que vai até onde foi o interesse deste; a segunda, que partindo daí vai usque ad inferos, deve ser considerada res nullius, e como tal fica a pertencer ao primeiro ocupante. Está claro que não nos referimos aqui às substâncias minerais úteis à indústria, que, pelo Código de Minas, devem ser destacadas do subsolo. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 12 Se por exemplo, houver a instalação de via do metrô no subsolo pode haver duas situações: se o túnel é aberto no subsolo, na camada que é de propriedade privada, é necessária a desapropriação, devendo o proprietário ser indenizado; mas se o túnel é aberto na camada inferior do subsolo, isto é, na camada sem possibilidade de aproveitamento (res nullius), então não cabe indenização. Limitações das Minas: A Constituição Federal (art. 176) estabelece que as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. O Código de Minas (Decreto-lei n° 227, de 28.02.1967) também estabelece que a propriedade da jazida é propriedade distinta da do solo, conferindo-se, entretanto, ao proprietário, algumas vantagens, tais como a preferência para pesquisa, ou a percentagem de 5% sobre a produção (art. 7°), quando a outro couber o direito de lavra. LLiimmiittaaççõõeess ddee DDiirreeiittoo SSoocciiaall O conceito de propriedade evoluiu do sentido individual para o social, admitindo-se atualmente até mesmo a expropriação das propriedades inúteis. A Constituição garante o direito de propriedade (art. 5°, inciso XXII), mas determinou por outro lado que esta deve atender à sua função social (art. 5°, inciso XXIII), delimitando o campo de aplicação do princípio da função social da propriedade: na área urbana, significa adequação ao Plano Diretor do Município, especialmente visa obrigar o proprietário de terreno não construído a nele edificar ou proceder ao seu parcelamento. Na zona rural, corresponde à idéia de correta utilização econômica da terra e sua justa distribuição, de modo a atender ao bem-estar social da coletividade, mediante o aumento da produtividade e da promoção da justiça social. Para José Afonso da Silva não se confunde a função social da propriedade com os sistemas de limitação da propriedade. Estes últimos dizem respeito ao exercício de um direito enquanto a função social interfere com a estrutura do próprio direito. LLiimmiittaaççõõeess ddee DDiirreeiittoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo Noções Iniciais: As limitações de direito administrativo implicam restrições gerais e gratuitas, impostas indeterminadamente a propriedades, pelo Poder Publico, em benefício da coletividade. Atualmente existem as seguintes modalidades de restrições do Estado sobre a propriedade privada, cada qual afetando de modo diverso o direito de propriedade: as limitações administrativas propriamente ditas, Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 13 a ocupação temporária, o tombamento, a requisição, a servidão administrativa, a desapropriação e o parcelamento ou edificação compulsória. As Limitações Administrativas: As limitações administrativas impõem obrigações de caráter geral a propriedades indeterminadas, em benefício do interesse público geral. O interesse público pode referir-se à segurança, à salubridade, à estética, à defesa nacional ou qualquer outro fim em que o interesse da coletividade se sobreponha ao dos particulares. Estas limitações constituem-se na maioria em obrigações de não fazer, mas também podem implicar em prestações positivas por parte do proprietário (ex: construção de calçamento adequado em frente ao imóvel). Ocupação Temporária: Impõem ao proprietário a obrigação de suportar a utilização temporária do imóvel pelo Poder Público, para realização de obras ou serviços de interesse coletivo. Tombamento: O tombamento implica limitação perpétua ao direito de propriedade em razão da sua conservação. O imóvel fica sob o regime jurídico de tutela pública em face do interesse histórico e cultural. Acarreta ônus maior do que as limitações administrativas, porque incide sobre imóvel determinado. Servidão Administrativa: A servidão administrativa implica a instituição real de natureza pública, impondo ao proprietário a obrigação de suportar um ônus parcial sobre o imóvel de sua propriedade a fim de assegurar a realização e manutenção de obras e serviços públicos ou de utilidade pública. São exemplos de servidão administrativa um viaduto que passe por cima de um imóvel, a instalação de rede elétrica que atravessa uma propriedade e a afixação de placas de nome de logradouros públicos nas paredes externas ou muros da propriedade privada. Desapropriações e Requisições: A desapropriação é um poder do Estado, inerente à sua própria natureza, que restringe o direito de propriedade dos particulares. A desapropriação tem por fim a utilização do imóvel para atender necessidade ou interesse público, mas funciona também como instrumento no plano prático do princípio constitucional da função social da propriedade. Parcelamento ou Edificação Compulsória: São medidas impostas ao proprietário que não utiliza adequadamente a sua propriedade. Atualmente estão previstas no Estatuto das Cidades. Proteção ao Meio-Ambiente: A Administração exerce seu poder de fiscalização sobre as atividades humanas que interferem nas condições ambientais controlando os empreendimentos e atividades que utilizam os recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. A Política Nacional do Meio Ambiente estabelece entre outros, o zoneamento, a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento como instrumentos para o controle da atividade humana. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 14 LLiimmiittaaççõõeess DDeeccoorrrreenntteess ddoo DDiirreeiittoo PPrriivvaaddoo Noções Iniciais: As limitações de direito privado ao uso da propriedade podem ser decorrentes de direitos reais, estabelecidas em disposição contratual ou decorrentes do direito de vizinhança, fundamentado na relatividade dos direitos e no propósito de sua coexistência harmônica e pacífica. Direito de Vizinhança: O direito de vizinhança é uma relação de abstenção e sujeição entre imóveis vizinhos. É também uma obrigação referente ao imóvel (propter rem). São limitações impostas por normas jurídicas a propriedades individuais, com o escopo de conciliar interesses de proprietários vizinhos, reduzindo os poderes inerentes ao domínio e de modo a regular a convivência social. O direito de vizinhança gera dois tipos de obrigações: abstenção (não fazer) e sujeição (permitir o uso do vizinho). O direito de vizinhança podeapresentar-se de três formas: 1) Restrições ao direito de propriedade quanto à intensidade de seu exercício, regulando o seu uso nocivo: O mau uso da propriedade é decorrente de um ato lesivo. O ato lesivo pode se referir à segurança (ex: perigo de ruína), sossego (ex: barulho excessivo) e à saúde (ex: emissão de fumaça ou odores). Para a caracterização do ato lesivo adota-se o critério da tolerabilidade (coletiva e individual). O art. 1.277 do Código Civil estabelece que o proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha, assim como também o proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente e o proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual (arts. 1.280 e 1.281 do Código Civil). 2) Limitações Legais Similares às Servidões: Estas limitações tratam de questões sobre passagem forçada, árvores limítrofes e águas. A passagem forçada é o mecanismo que tem por objetivo garantir que um imóvel encravado tenha uma saída para a via pública, fonte ou porto. 3) Restrições Oriundas das Relações de Contigüidade Entre Dois Imóveis: Estas limitações tratam especificamente sobre os limites entre os prédios e o direito de tapagem. Conforme o Código Civil (art. 1.297) o proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. Já a construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 15 Demarcação: A demarcação é que define os limites entre os prédios, tem como objetivos: " fixar os confins da propriedade; " evitar conflitos de vizinhança; " regular o registro público. Toda a vez que o marco estiver destruído ou apagado cabe a ação demarcatória, com ônus proporcionais entre os proprietários. No caso de dúvidas sobre determinada área, será esta dividida de modo proporcional e equânime. Ação demarcatória (finium regundorum) ! é a ação ajuizada pelo proprietário ou titular de um prédio urbano ou rústico contra os proprietários dos prédios conflitantes, com a finalidade de assinalar os limites de cada um deles. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 16 0011..33 AA DDeeffeessaa ddaa PPrroopprriieeddaaddee IImmóóvveell NNooççõõeess GGeerraaiiss Como visto anteriormente, a característica da propriedade imobiliária da exclusividade reside no fato de que ela é oponível contra todos (erga omnes), sendo que a universalidade das pessoas tem o dever de respeitá-la e abster-se de violá-la. Para assegurar esta condição, o proprietário tem à sua disposição, além da legítima defesa da propriedade, diversos instrumentos judiciais que lhe permite a defesa de todos os direitos relativos à propriedade (usar, gozar, dispor e reaver de quem quer que injustamente a possua). A seguir, iremos analisar as mais usuais ações, de natureza real e petitória, quando visto o conflito pela pretensão decorrente da qualidade de domínio. 1Ações Petitórias:1 As ações para a defesa da propriedade se caracterizam pela natureza petitória isto é, pela determinação da constrição do bem na qualidade de domínio, de restabelecer-se o vínculo imediato com o bem, onde a posse decorre como simples característica, simples inerência. Estas ações, por não serem possessórias, não possuem tratamento diferenciado, ou seja, seguem o procedimento ordinário, e não o especial, destinado às ações possessórias. São, pois, petitórias, ou dominiais, as ações que versam sobre a propriedade, e não sobre posse. AAççõõeess PPoosssseessssóórriiaass Noções Iniciais: As ações possessórias têm por objetivo único a proteção da posse. Diferentemente das ações de defesa da propriedade, nelas não se discute a propriedade, podendo, até mesmo, o possuidor intentar uma ação possessória contra o proprietário. O cabimento de cada ação possessória é determinado de acordo com o fato ocorrido, ou possa vir a ocorrer, à posse: esbulho, turbação ou ameaça. Ação de Imissão na Posse: A ação de imissão na posse (actio immitendae possessionis) é uma espécie de ação ordinária que compete: " aos adquirentes de bens para haverem a respectiva posse contra o alienante ou terceiro que os detenha; " aos administradores e demais representantes das pessoas jurídicas de direito privado, para haverem de seus antecessores a entrega de bens pertencentes à pessoa representada; " a mandatários para receberem dos antecessores a posse dos bens do mandante. A ação de imissão na posse não recebeu tratamento sistemático no Código de Processo Civil. É uma ação que se presta para que o adquirente de imóvel haja a posse do imóvel adquirido em face do respectivo alienante. Importante observar que se a posse já foi transferida ao adquirente e o alienante o impede de valer-se dela, caracteriza o esbulho, de modo que não se mostra adequada a ação de imissão na posse, mas sim a reintegração de posse. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 17 Ação de Reintegração de Posse: A ação de reintegração de posse (força espoliativa ou interdito recuperandae possessionis) objetiva reaver a posse de quem por violência, clandestinidade ou precariedade, a detenha. Tem cabimento quando o possuidor legítimo sofrer esbulho em sua posse, isto é, tiver sido injustamente desapossado da coisa. Ação de Manutenção de Posse: A ação de manutenção de posse é cabível quando o possuidor sofrer turbação em sua posse, isto é, qualquer ato que o impeça de livremente exercê-la. Interdito Proibitório: É uma ação possessória de caráter preventivo. Tem como objetivo evitar que a posse seja afrontada, quando houver fundada ameaça de esbulho ou turbação, mas que ainda não aconteceram. O possuidor ainda não terá sofrido qualquer óbice ao exercício da posse, mas os indícios existem. É necessário que o autor prove sua posse, determine o imóvel e exponha os motivos que o levam a crer que o réu poderá vir a praticar ofensa à posse. AAççããoo RReeiivviinnddiiccaattóórriiaa Noções Iniciais: A ação reivindicatória tem por objetivo discutir a titularidade de um domínio, assim, senão se reconhecendo legitimidade em favor de pessoa que não afirme igual direito de propriedade, como quaisquer possuidores ou detentores (é a ação que tem o proprietário sem posse, contra o possuidor sem domínio). Na prática, confunde-se comação de imissão na posse, mas é uma ação que no caso de bens imóveis, não envolve, diretamente a coisa e sim o título e sua eficácia. São pressupostos para a ação de reivindicação a titularidade do domínio, a individualização da área objeto de pretensão e a posse injusta do réu. Busca a defesa da propriedade contra o possuidor que injustamente detém a coisa, ou porque não tenha título que o assegure no exercício da posse ou porque, sendo proprietário, arrima-se em título imprestável. Objetivo: O objetivo da ação reinvidicatória é o reconhecimento do domínio e a restituição do imóvel. Legitimidade Ativa: Quanto às ações reivindicatórias têm legitimidade ativa o proprietário, o condômino e o enfiteuta. Legitimidade Passiva: O possuidor não proprietário é o destinatário da ação reivindicatória; ou seja, aquele que possui ou detém o imóvel, de boa ou de má fé, mas sendo a sua posse injusta, é quem deve suportar a ação no pólo passivo. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 18 Procedimento: A ação reinvidicatória de imóvel processa-se pelo procedimento comum. Pode ser pelo rito ordinário ou sumário, conforme seja o valor dado à causa superior ou inferior/igual a 20 salários mínimos. O valor a ser dado à ação reinvidicatória é o valor venal do imóvel reivindicado. AAççããoo NNeeggaattóórriiaa Noções Iniciais: A ação negatória é o instrumento de que se serve o proprietário para defender a plenitude do domínio, comprovando que sobre o imóvel não pesa nenhuma restrição de ônus real, como servidões, por exemplo, constituindo-se o direito em pleno, ilimitado, vem, também, no bojo da materialização do procedimento comum ordinário. Objetivo: O objetivo é a declaração de que o imóvel encontra-se livre de uma suposta servidão ou qualquer outra limitação que lhe queira impor o réu, sendo este, finalmente, condenado a abster-se dos atos que importem em restrição ao direito de propriedade do autor. Legitimidade Ativa: Tem legitimidade ativa o proprietário que se vê ofendido no seu direito de propriedade. Entre os proprietários se incluem o condômino, o comunheiro pro diviso. O simples possuidor (locatário, arrendatário, comodatário) não tem legitimidade para propor a ação. Legitimidade Passiva: O sujeito passivo da ação é, via de regra, o proprietário vizinho; que, de forma duradoura, pretende impor uma limitação ao direito de propriedade do autor. Se for um mero possuidor, não caberá ação negatória, podendo ser outras como a ação reivindicatória ou possessória. Procedimento: A negatória é ação eminentemente de defesa da propriedade e se processa pelo rito comum ordinário ou sumário desde o ajuizamento da petição inicial até à sentença. AA AAççããoo ddee NNuunncciiaaççããoo ddee OObbrraa NNoovvaa Noções Iniciais: A ação de nunciação de obra nova é meio processual específico para impedir as construções em desacordo com os direitos de vizinhança e/ou com as posturas municipais. Também é ação que move o condômino contra outro, quando este se proponha a construir obra que implique em prejuízo ou alteração da coisa comum. Já o Município poderá utilizá-la com o fim de impedir que os particulares construam em desacordo com a lei, regulamento ou posturas edilícias. O imóvel não precisa ser novo, mas nova a reforma, a obra, da qual decorra o prejuízo iminente. Legitimidade Ativa: Com previsão típica no Capítulo IV, do CPC, artigo 934, é também chamada de ação de embargo de obra nova. Deferindo-se legitimidade ao proprietário, possuidor, condômino ou Município para Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 19 impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou afins a que é destinado. O proprietário não poderá intentar ação de nunciação de obra nova contra o seu vizinho, tão somente com o argumento de que a construção deste fere as posturas municipais. Neste caso, teria legitimidade ativa o próprio Município e não o particular. Legitimidade Passiva: O sujeito passivo da ação é a pessoa que seja dona da obra, que pode ser o proprietário ou possuidor do solo ou não. Procedimento: A nunciação de obra nova possui rito especial previsto no Código de Processo Civil (arts. 934 a 940). AAççããoo ddee DDiivviissããoo ee DDeemmaarrccaaççããoo ddee TTeerrrraass A ação de divisão (actio communi dividundo) tem por determinação permitir a divisão interna do bem pelos condôminos ou comunheiros e a ação de demarcação de terras (finium regundorum), tem lugar em face de proprietários confrontantes, fixando ou reavivando os marcos apagados dos limites das propriedades, muito própria de áreas rurais extensas. O procedimento destas duas ações está prevista nos artigos 946 a 981 do Código de Processo Civil. A ação demarcatória somente se processa quando o imóvel seja do domínio privado. As estremas de terras públicas (devolutas) são fixadas com emprego da ação discriminatória, cujo procedimento é previsto na Lei 6.383/76. AAççããoo ddee DDaannoo IInnffeeccttoo A ação de dano infecto, também chamada de ação de dano, é aquela proposta pelo dono de prédio contra seu vizinho parede-meia, visando a impedir que se construa algo junto a esta, como fogão, chaminé, forno ou fornalha, que prejudique a propriedade do autor. Tem como objetivo obrigar o proprietário, ou possuidor, a realizar reparações de ruínas que imponham risco de segurança aos vizinhos, em decorrência de vícios de construção ou má conservação, ou ainda, para exigir caução contra eventuais prejuízos decorrentes do estado da coisa. De conteúdo processual cautelar, em sua materialização, não obstante, para alguns, o procedimento sumário seja usual, tendo, contudo, inegável natureza cominatória. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 20 0011..33 OO DDiirreeiittoo ddee CCoonnssttrruuiirr NNooççõõeess GGeerraaiiss Direito de Construir: Segundo Hely Lopes Meirelles o fundamento do direito de construir está no direito de propriedade. Desde que se reconhece ao proprietário o poder legal de usar, gozar e dispor dos seus bens, reconhecido está o direito de construir, visto que no uso, gozo e disponibilidade da coisa se compreende a faculdade de transformá-la, edificá-la, enfim, com todas as obras que lhe favoreçam a utilização ou lhe aumentem o valor econômico. Com a construção, o proprietário pode auferir todas as vantagens que a construção lhe proporciona, como frutos, rendimentos, etc. Titularidade: O direito de construir é do proprietário, salvo os casos de sua permissão a terceiros e dos possuidores de boa-fé, que deverão obedecer as mesmas restrições, incorrendo ainda nas restrições do art. 1.255 do Código Civil, que estabelece que aquele que edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário as construções. Construção ! entende-se por construção toda realização material e intencional do homem, visando a adaptar o imóvel às suas conveniências. Limitações: Assim como visto para o direito de propriedade em geral, a liberdade de construir éa regra, mas existem restrições e limitações ao direito de construir que são admitidas quando expressamente consignadas em lei ou regulamento. Ao direito de construir opõem-se limites de ordem privada e de ordem pública. Aqueles são dados pelas restrições de vizinhança, expressas em normas civis e convenções particulares; estes são estabelecidos pelas limitações administrativas, consignadas em normas de ordem pública. O Código Civil regula a restrição de vizinhança que é toda imposição de ordem privada, pessoal, recíproca e gratuita, instituída em benefício dos vizinhos. LLiimmiittaaççõõeess ddee DDiirreeiittoo CCiivviill Noções Iniciais: Como já visto, as relações de vizinhança impõem ao proprietário certas limitações, em função do bem-estar coletivo, visando assegurar a coexistência pacífica dos indivíduos numa comunidade. As construções, assim, devem obedecer a certos critérios que não comprometam a segurança, independência ou a tranqüilidade do prédio vizinho. Todas as construções devem estar revestidas e em observância com as regras técnicas para se evitar que a construção venha a danificar, ou de qualquer modo prejudicar, o prédio vizinho, causando danos materiais. Limitações de Águas: O Código Civil veda a construção que despeje águas diretamente sobre o prédio vizinho (art. 1.300). O Código de Águas (Decreto 24.643, de 10.07.34) regula toda a matéria referente. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 21 Janelas e Terraços: O Código Civil proíbe a construção de janelas, eirado, terraço ou varanda, a menos de 1,5 m do terreno vizinho (art. 1.301). As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de 75 cm. São permitidas, porém, as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso, mas o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade. 1Prazo de Prescrição:1 Conforme o art. 1.302 do Código Civil, o vizinho que se sentir prejudicado pela abertura de janela, terraço, sacada ou varanda cuja visão incida sobre seu prédio, tem o espaço de um ano e dia para fazer valer seu direito, sob pena de prescrição. Zona Rural: Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho. Muro Divisório: A única possibilidade onde se pode construir no terreno vizinho é para construir muros divisórios. Conforme o Código Civil (art. 1.305), o confinante pode assentar a parede divisória até meia espessura no terreno contíguo. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, não pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente o outro condômino das obras que ali tenciona fazer; não pode sem consentimento do outro, fazer, na parede- meia, armários, ou obras semelhantes, correspondendo a outras, da mesma natureza, já feitas do lado oposto (art. 1.306). Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário reconstruindo-a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conservação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada (art. 1.307). Construções ou Equipamentos Nocivos: Não é permitido encostar à parede divisória chaminés extraordinárias, fogões especiais, fornos ou quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências prejudiciais ao vizinho (art. 1.308). São também proibidas as construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes (art. 1.309), assim como não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou à nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais (art. 1.310). Segurança: Não é permitida a execução de qualquer obra ou serviço suscetível de provocar desmoronamento ou deslocação de terra, ou que comprometa a segurança do prédio vizinho, senão após haverem sido feitas as obras acautelatórias (art. 1.311). O proprietário do prédio vizinho tem direito a ressarcimento pelos prejuízos que sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 22 LLiimmiittaaççõõeess AAddmmiinniissttrraattiivvaass Limitações Administrativas: A limitação administrativa é uma imposição geral, gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora do exercício do direito de construir para atender aos interesses públicos. Neste contexto, o Estado traça planos que interferem no exercício do direito de construção, exige que os edifícios obedeçam a determinado alinhamento, fixa-lhes o gabarito, e, até, estabelece o estilo a que deve obedecer. 1Licenças:1 A licença é um instrumento de controle do Poder Público sobre a atividade construtiva. É um ato administrativo formal e vinculado. As licenças edílicas características são as licenças para edificar (ou licenças para construir), para reformar, para reconstruir ou para demolições. Proteção ao Meio Ambiente: A Constituição Federal de 1988 elevou o meio ambiente à condição de bem jurídico constitucionalmente tutelado, estabelecendo que os estudos de impacto ambiental (EIA) devem ser exigidos para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente. Assim, o processo de licenciamento de qualquer obra que seja potencialmente danosa ao meio ambiente e causadora de impacto ambiental deve ser precedida do EIA/RIMA. É uma alternativa para que toda e qualquer obra seja realizada sem causar nenhuma lesão às condições ambientais. Não é só um estudo do que pode e do que não pode; ele dá outras alternativas à construção. Zoneamento A taxa de ocupação e o coeficiente de aproveitamento (também denominados índice de ocupação e índice de utilização, respectivamente) são dois instrumentos básicos para definir uma distribuição eqüitativa e funcional de densidades (edilícia e populacional) compatíveis com a infraestrutura e equipamentos de cada área considerada. O coeficiente de aproveitamento é a relação existente entre a área total da construção e a área do lote. A taxa de ocupação, como vimos, refere-se à superfície do terreno a ser ocupada com a construção. Recuos: Os recuos ou afastamentos são distâncias medidas entre o limite externo da projeção horizontal da edificação e a divisa do lote. Há recuos de frente, de fundo e laterais. O recuo de frente é medido em relação ao alinhamento ou, quando se tratar de lote lindeiro a mais de um logradouro público, a todos os alinhamentos. O recuo de fundos é medido em relação à divisa de fundo do lote, e o recuo lateral, à divisa lateral do lote. Os objetivos dos recuos consistem em garantir adequadas condições de aeração e iluminação, em evitar que as moradias sejam devassadas por outras, em proporcionar segurança às crianças em seus locais de recreio e espaços para distrações de pessoas mais velhas, em reduzir riscos de incêndios, em assegurar espaços para árvores, vegetação e jardins e em propiciar um ambiente saudável e seguro. Áreas Non Aedificandi: Áreas non aedificandi são as reservadas dentro de terrenos de propriedade privada que ficam sujeitas à restriçãoao direito de construir, por razões de interesse urbanístico, o que vale dizer, no interesse coletivo. Outro tipo dessas áreas são as denominadas faixas non aedificandi que decorrem de projetos de alargamento de vias públicas, com o deslocamento do alinhamento para dentro dos lotes edificáveis. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 23 OO CCoonnttrraattoo ddee CCoonnssttrruuççããoo Noções Iniciais: O contrato de construção não é previsto como espécie de contrato autônomo. O Código Civil somente faz menção ao contrato de empreitada. O termo "contrato de construção" é mais amplo e se desdobra em duas modalidades diversas: a empreitada e a administração. Pode-se dizer que contrato de construção é o gênero, enquanto o contrato de empreitada é uma das espécies desse gênero. Conceito: Segundo Hely Lopes Meirelles o contrato de construção é todo ajuste para execução de obra certa e determinada, sob direção e responsabilidade do construtor, pessoa física ou jurídica legalmente habilitada a construir, que se incumbe dos trabalhos especificados no projeto, mediante as condições avençadas com o proprietário ou comitente. Obrigações do Construtor: A obrigação do construtor se configura numa obrigação de resultado, sendo que o construtor se obriga a entregar a obra pronta e acabada a quem lhe pediu. O contrato de construção é executado "sob a direção e responsabilidade do construtor". Evidencia-se, portanto, as diferentes funções das partes contratantes. O construtor é a parte que sofrerá os encargos diretivos da obra; também será aquele que se responsabilizará pela sua solidez. De fato, o construtor é um técnico que se presume conhecedor da ciência de construir. 1Construtor:1 O construtor pode ser pessoa física registrada com firma individual bem como pode ser uma pessoa jurídica representada por uma sociedade construtora. Encarregam-se da construção civil o engenheiro, o arquiteto ou o engenheiro agrônomo, devidamente habilitados em escola de nível superior adequada. O art. 55 da Lei n. 5.194/66 é taxativo, afirmando que "os profissionais habilitados na forma estabelecida nesta lei só poderão exercer a profissão após o registro no Conselho Regional, sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade". Não só os profissionais autônomos devem possuir o competente registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, mas também as firmas, as sociedades, associações, companhias, cooperativas e empresas em geral, que se organizam para executar obras ou serviços relacionados com as atividades de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo (Lei n. 5.194/66, art. 59). Torna-se fácil concluir que o contrato de construção será nulo quando tiver em um dos seus pólos a figura de um construtor ou de uma pessoa jurídica não devidamente registrada no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Neste sentido, clara é a redação do art. 15 da referida lei. Contrato de Construção por Empreitada: Nesta modalidade, de um lado, temos a figura do construtor que se obriga a executar por preço único, por si só ou com auxílio de outros, a obra encomendada. De outro lado, temos a figura do dono da obra que se obriga, tão somente, a pagar o preço convencionado para recebê-la. Na empreitada o construtor trabalha com autonomia e por isso mesmo se responsabiliza pelos danos econômicos provenientes da obra, Fazendo jus apenas ao apreço convencionado para a sua execução. O contrato de empreitada é meramente consensual porque resulta do simples acordo de vontade dos contratantes. Todavia a forma escrita se impõe, dada a complexidade do objeto contratual. Assim é que no contrato de construção devem ficar estipuladas as condições básicas do acordo, tais como o preço, a forma de pagamento, as possibilidades de prorrogação por ocorrência de caso fortuito ou força maior, a especificação do material a ser utilizado, relação dos serviços a serem executados pelo empreiteiro e outras condições inerentes à realização da própria obra. De acordo com o art. 610 do Código Civil Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 24 são admitidas duas espécies de empreitada: a empreitada de lavor e a empreitada de material ou mista. Empreitada de Lavor: A empreitada de lavor é aquela em que o construtor colabora apenas com o seu trabalho para a execução da obra. O material a ser usado será fornecido pelo dono da obra. Esta modalidade de empreitada não se confunde com a locação de serviço, posto que na empreitada busca-se o resultado final, ou seja, a obra acabada, enquanto na locação de serviço o trabalho desenvolvido vale por si mesmo. É com base no fornecimento de materiais que se delimita a responsabilidade pelos riscos. A questão do risco pelo perecimento da obra, neste caso, rege-se pela norma contida no art. 612, isto é, todos os riscos em que o construtor não tiver dolo ou culpa correrão por conta do dono, salvo risco proveniente de falha técnica. No caso de a obra perecer antes de ser entregue, não estando o dono em mora nem havendo culpa do construtor, a lei estabelece uma divisão de prejuízos. Sendo assim, segundo o art. 613 do Código Civil, o empreiteiro perderá o seu salário, e o dono da obra perderá o material fornecido. Mas, se a coisa parecer, estando o proprietário em mora, este responderá pelos prejuízos. Por outro lado, o empreiteiro responderá pelo mau uso que fizer dos materiais recebidos, devendo reparar os danos conseqüentes. Essa regra está contida no art. 617 do Código Civil, que deixa claro que a responsabilidade do construtor pela inutilização dos materiais só surgirá se lhe for possível atribuir a culpa. Em caso contrário, se a inutilização decorreu de fator estranho a essa culpa, o dono da obra suportará o prejuízo. Incumbirá ao dono da obra provar a culpa do empreiteiro se quiser pleitear ressarcimento. Empreitada Mista: Na empreitada mista, o construtor concorre com a mão-de-obra e com o fornecimento dos materiais para a execução do trabalho. Na empreitada mista, a questão do risco pelo perecimento da coisa se coloca de forma diversa, posto que o empreiteiro arcará com esses riscos até o momento da entrega da obra, desde que o proprietário não esteja em mora de receber (CC, art. 611). O fato do dono da obra não recebê-la não exclui a responsabilidade do construtor, posto que esta continuará sob sua guarda. Daí a necessidade da consignação da obra para que fique liberado dos encargos por sua conservação. Todavia, se o construtor elaborou a obra não obedecendo aos padrões estéticos convencionados com o proprietário, este pode rejeitar a obra ou exigir um abatimento no preço para recebê-la (CC, art. 615). Enjeitando a obra e estando caracterizada a culpa do construtor, para este remanescem os encargos pelos riscos. A distinção entre empreitada de lavor e empreitada mista se faz necessária para se delimitar com precisão o campo da responsabilidade civil. Na empreitada de lavor, por exemplo, o dono da obra deve entregar o material ao construtor no local previamente combinado. Caso não haja cláusula contratual nesse sentido, supõe-se que o material será entregue no local da construção. Se o dono da obra não cumprir com o estabelecido, passará a responder pelos danos que causar ao empreiteiro, dando margem à rescisão contratual. Contrato de Construção por Administração: Nesse tipo de contrato de construção o construtorestá obrigado a executar a obra, recebendo para tanto uma remuneração fixa ou percentual sobre o seu valor. O construtor responde pela administração geral da obra, mas não pelos riscos econômicos. Ele é relativamente independente na execução do projeto, isto porque está sujeito às deliberações do dono da obra. O construtor- administrador responsabiliza-se pela execução técnica do projeto, enquanto o proprietário irá custear a obra, não havendo, portanto, um preço preestabelecido. Os materiais poderão ser adquiridos pelo próprio dono da obra ou, a seu mando, pelo construtor-administrador. Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 25 AA RReessppoonnssaabbiilliiddaaddee CCiivviill ddoo CCoonnssttrruuttoorr Noções Iniciais: A natureza jurídica da responsabilidade do construtor é complexa, indo além da regra comum de responsabilidade civil. A lesão causada no patrimônio de outrem é uma das variáveis que deverá ser combinada com outras, por exemplo: o fornecimento do material; a elaboração do projeto; a execução do projeto propriamente dito; o tipo de solo; a perfeição da obra; o prazo qüinqüenal; e a presunção da culpa. A técnica da construção é por si mesma, complexa, sustentando-se essencialmente em cálculos matemáticos. Por outro lado, a construção de uma obra não depende exclusivamente do engenheiro construtor ou do arquiteto. Ao contrário, ela envolve o trabalho de inúmeros operários e o concurso de equipamento especializado. Todas essas variáveis devem ser analisadas, quer isoladamente, quer em conjunto, para se chegar à imputação da responsabilidade civil. Não resta dúvida que tal delimitação se fará na análise de cada caso concreto. Contudo há sempre um ponto de partida. A rigor, parte-se sempre do pressuposto de que o construtor é um técnico e como tal não se submeterá às manobras daquele que lhe encomendou a obra. Responsabilidade Contratual: Esta surge da inexecução culposa de suas obrigações, isto é, da inobservância das normas estabelecidas no contrato. Pela violação do contrato, o construtor responderá civilmente como parte contratante inadimplente. Portanto essa responsabilidade civil decorre da falta contratual e não de falha técnica. É a responsabilidade que surge como conseqüência da inexecução total ou parcial da obra. Neste caso, para que o construtor não se sujeite às indenizações de vidas, ele deverá justificar a inexecução total ou parcial da obra, apoiando-se na existência de caso fortuito ou motivo de força maior. Todavia apresentado o fato gerador da responsabilidade do construtor, ou seja, o descumprimento contratual, nasce para o proprietário o direito à indenização. Encontra-se o construtor em descumprimento contratual quando: Não Executa a Obra: Esta é uma forma de inexecução própria, absoluta e total, posto que o construtor deixou de atender ao objetivo principal do contrato, que era a realização da obra. Enquadram-se nessa inexecução aquelas hipóteses em que o construtor inicia tão somente a obra e posteriormente a abandona. Mas, ainda que a obra esteja pronta, havendo "a falta das qualidades essenciais para o uso normal ou das essenciais descritas no contrato, será motivo suficiente para qualificar a inexecução como própria ou absoluta". Executa Defeituosamente a Obra: Esta é uma forma de inexecução imprópria, posto que o construtor executou a obra, mas não obedeceu às cláusulas estipuladas no contrato ou deixou de atender aos princípios básicos da arte de construir. Isto quer dizer que a obra foi entregue ao dono, dentro do prazo previsto, todavia afastou-se o construtor das normas previstas para a sua realização, apresentando-se a obra viciada. Responsabilidade pela Perfeição da Obra: Independentemente da cláusula expressa, o construtor ou o projetista responderão sempre pela perfeição da obra. Esta é uma responsabilidade decorrente das noções de estética, arte e dos próprios conhecimentos técnicos. É uma responsabilidade ligada aos aspectos de beleza e sutilezas da arte, acabamento, detalhes, combinações e nuanças. O arquiteto ou o construtor cometem vícios contra a perfeição da obra, quando ela apresenta erros de estilo, aberrações no colorido, decorações grosseiras e confusas. Há necessidade de muita ponderação quando se julga um trabalho visando a aplicação da responsabilidade por vícios desta natureza, posto que a apreciação artística varia de acordo com o subjetivismo de cada qual. Por outro lado, o conceito de belo é infinitivamente relativo. Todavia há Apostilas Concursos Jurídicos Copyright 2006 Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. www.concursosjuridicos.com.br Uso exclusivo do assinante. É proibida a reprodução desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 26 que se nortear pelo senso comum. Essas características de perfeição da obra não se confundem com as características de solidez e segurança. O construtor que se encarrega de entregar a obra deverá executá-la em conformidade com os padrões estéticos, artísticos e científicos vigentes numa dada época e em determinado local. 1Ato Verificatório:1 Cabe ao dono da obra, antes de recebê-la, proceder ao chamado ato verificatório, mediante o qual se certificará se ela está de acordo com os planos estipulados. Se o dono da obra a recebe sem protestos, presume que a aceitou como boa e perfeita. Estimulando a execução perfeita da obra e preservando o dono de recebê-la com vícios ou defeitos, o Código Civil estabelece as normas dos arts. 615 e 616. Com efeito, o art. 615 confere àquele que encomendou a obra o direito de "enjeitá- la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalho de tal natureza". Daí a importância do ato verificatório, pois, recebida a obra como boa e perfeita, nenhuma reclamação poderá ser posteriormente formulada por quem a encomendou, a menos que se trate de vícios ocultos ou redibitórios, que evidentemente não ficarão cobertos pelo simples ato de recebimento. Responsabilidade pela Solidez e Segurança da Obra: De todas as responsabilidades legais, sem dúvida alguma, esta se destaca pela sua importância e pela controvérsia que suscita. Nas obrigações de entregar coisa certa e determinada a responsabilidade do devedor cessa com a entrega da referida coisa. Porém, no contrato de construção, a responsabilidade do construtor não cessa totalmente com a entrega da obra. Note-se que essa responsabilidade cessa com a entrega da coisa ao proprietário no que tange aos vícios referentes à perfeição da obra; mas ela remanesce com relação aos vícios ligados à garantia e solidez da obra. O art. 618 Código Civil preconiza que "o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante 5 anos, pela solidez e segurança do trabalho". Para a interpretação desse artigo há que se considerar a distinção entre empreiteiro de materiais e empreiteiro de lavor. Inicialmente ambos respondem pela segurança e solidez do prédio. Todavia, com relação ao empreiteiro de material (aquele que fornece os materiais e executa a obra), milita uma presunção de culpa pelo prazo de 5 anos. Enquanto com relação ao empreiteiro de lavor a culpa há de ser provada. Responsabilidade Profissional: Se encontra no próprio Código de Ética, que regula a profissão de engenheiro, arquiteto e agrônomo. Com efeito, o art. 72 da Lei 5.194/66 estabelece que as penas de advertência reservada e de censura pública são aplicáveis aos profissionais que deixarem de cumprir disposições do Código de Ética, tendo em vista a gravidade da
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