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SUPERESTRUTURA FERROVIÁRIA: TRILHOS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES Disciplina: Infra Ferro-hidro-aero-dutoviária (ENG 09030) Prof. Daniela Facchini SUPER-ESTRUTURA FERROVIÁRIA Elementos – Sublastro – Lastro – Dormentes – Trilhos 4 pés e 8.5 polegadas A bitola das estradas de ferro (distância entre os 2 trilhos) dos Estados Unidos é de 4 pés e 8,5 polegadas (1,435 m). Por que foi usado este número? Porque era esta a bitola das estradas de ferro inglesas e, como as estradas de ferro americanas foram construídas pelos ingleses, esta medida foi usada. Por que os ingleses usavam esta medida? Porque as empresas inglesas que construíam os vagões eram as mesmas que construíam as carroças antes das estradas de ferro e utilizaram as mesmas bitolas das carroças. Por que era usada a medida (4 pés e 8,5 polegadas) para as carroças? Porque a distância entre as rodas das carroças deveria caber nas estradas antigas da Europa que tinham esta medida. E por que tinham as estradas esta medida? Porque estas estradas foram abertas pelo antigo império romano aquando das suas conquistas, e estas medidas eram baseadas nos carros romanos puxados por 2 cavalos. E por que as medidas dos carros romanos foram definidas assim? Porque foram feitas para acomodar 2 cavalos. Finalmente… O vaivém espacial americano, o Space Shuttle, utiliza 2 tanques de combustível (SRB - Solid Rocket Booster) que são fabricados pela Thiokol no Utah. Os engenheiros que projetaram estes tanques queriam fazê-los mais largos, porém, tinham a limitação dos túneis ferroviários por onde eles seriam transportados, que tinham as suas medidas baseadas na bitola da linha, que estava limitada ao tamanho das carroças inglesas que tinham a largura das estradas européias da época do império Romano, que tinham a largura de 2 cavalos. Conclusão: O exemplo mais avançado da engenharia mundial em design e tecnologia é baseado no tamanho do traseiro do cavalo romano! É um perfil metálico de seção especial, destinado a formar a pista de rolamento dos veículos ferroviários. Os trilhos funcionam como vigas elásticas que servem como suportes diretos e guias das rodas. 1. FUNÇÕES O perfil fabricado no Brasil é denominado Vignole e é formado por patim, alma e boleto 1. FUNÇÕES PATIM ALMA BOLETO BOLETO: deve ser “maçudo” o suficiente para que o desgaste não afete o Momento de Inércia da seção. ALMA: deve possuir altura suficiente para resistir à flexão. Quanto maior a alma, maior a distância do boleto e do patim com relação à linha neutra da seção. Quanto mais a massa do trilho estiver concentrada no boleto e no patim, mais resistente este trilho será à flexão. Entretanto, deve-se conservar uma espessura mínima na alma capaz de garantir adequada resistência e rigidez transversal. Tal espessura leva ainda em consideração o desgaste provocado pela corrosão atmosférica. 1. FUNÇÕES PATIM: não deve ser muito fino, garantindo dessa forma que a alma continue perpendicular ao dormente (ou placa de apoio) durante as solicitações transversais (em curvas, por exemplo). Se não possuir espessura adequada, pode acumular deformações permanentes ao longo da vida útil e provocar acidentes. 1. FUNÇÕES Assim como na alma, a espessura de fábrica do patim deve prever a diminuição da mesma com o tempo devido a ação da corrosão. O perfil Vignole tem as seguintes especificações: Tipo Peso (kgf/m) TR-68 67,56 TR-57 56,9 TR-50 50,35 TR-45 44,65 TR-37 37,11 TR-32 32,05 TR-25 24,65 1. FUNÇÕES Trilho de aço = ferro (dureza) + carbono (maleabilidade) Maior resistência no suporte de cargas = TR-68 - resistência + resistência Vignole 463,8391,64028,6152,478,63,188,917,474,6152,4185,767,6135 RE*68 360,7295,04028,6152,473,03,188,915,969,0139,7168,356,911525*57 291,7247,41628,6139,768,73,168,314,368,2136,5152,450,310025*50 249,7205,61628,6139,765,53,168,314,365,1130,2142,944,69020**45 162,9149,128,6139,753,83,168,313,562,7122,2122,237,1754037 129,5120,825,4139,750,03,168,312,761,1112,7112,732,0654032 86,781,625,4139,743,73,168,311,154,098,498,424,6504025 PATIMBOLETO MÓDULO RESISTÊNCIA cm3XSO E mm H mm G mm F mm D mm C mm B mm A mm kg/mASCETR 2. PERFIL DOS TRILHOS 2. PERFIL DOS TRILHOS TR-25 Trilho Internacional 1. FUNÇÕES ASTM (American Society of Testing Materials) • trilho n°1: trilho de seção uniforme em todo o seu comprimento e retilíneo, podendo apresentar defeitos julgados toleráveis; • trilho n°2: trilho com defeito de superfície, em tal número ou de tal modo, que possa ser aplicado em determinadas condições de via; ou trilho que chegou às prensas desempenadoras com empeno maior que o indicado por uma flecha central de 1,5% do comprimento do trilho, medida na condição mais desfavorável; qualquer falta de identificação também caracterizará trilho desta classificação; • trilho X: trilho proveniente do topo do lingote, que no corpo de prova representativo do ensaio de fratura, apresenta indícios de trincas, esfoliações, cavidades, inclusões, estrutura brilhante ou granulação fina. 3. CLASSIFICAÇÃO Uso no assentamento de vias segundo a classificação • trilhos n°°°° 1: podem ser assentados em qualquer via; • trilhos n°°°° 2: podem ser assentados em qualquer via menos em: a) Curva de raio inferior a 400m; b) túnel; c) ponte; d) aparelho de mudança de via (AMV); e) travessão; f) cruzamento; g) conexão com os aparelhos mencionados de d até f. • trilhos X: só podem ser assentados em via acessória e como contra-trilhos de passagem de nível, de obra de arte ou de curva. 3. CLASSIFICAÇÃO Comprimentos e áreas da seção transversal • o comprimento padrão dos trilhos é de 12 m; • é possível solicitar a entrega de trilhos curtos. Neste caso o comprimento está compreendido entre 11,7 m e 7,8 m, variando de 30 em 30 cm; • também é possível o fornecimento de trilhos com comprimento de 18 m. TR-37 TR-45 TR-50 TR-57 TR-68 Área 19.87 20.58 24.51 25.22 31.35 % do total 42.0% 36.2% 38.2% 34.7% 36.4% Área 9.94 13.68 14.52 19.68 23.35 % do total 21.0% 24.0% 22.6% 27.1% 27.1% Área 17.48 22.64 25.16 27.68 31.42 % do total 37.0% 39.8% 39.2% 38.1% 36.5% 47.29 56.9 64.19 72.58 86.12 Patim Área total Área Tipo do trilho Características Boleto Alma 4. ESPECIFICAÇÃO DE FORNECIMENTO (cm²) • a ligação entre duas barras de trilho pode ser feita por meio de talas de junção de 4 ou 6 furos ou por meio de soldas (elétricas, a oxigênio ou aluminotérmica); • no caso da ligação por talas, cada TR utiliza a tala de junção (TJ) correspondente: 4 furos 6 furos TJ-37 9,35 14,04 TJ-45 14,03 21,09 TJ-50 15,17 22,81 TJ-57 16,48 24,71 TJ-68 17,1 25,6 Massa (kg) Tipo 5. LIGAÇÕES Ligação dos trilhos (talas de junção) 6 4 KPOL1J1LJHEKgTJ 35,727,0914,561,9609,561,9181,0152,425,617,168 35,727,0914,561,9609,561,9181,0152,425,016,557 35,727,0914,5108609,595,2139,7139,722,815,250 35,727,0914,5108609,595,2139,7139,721,114,045 31,725,4914,5108609,595,2139,7139,714,09,437 28,622,2609,595,2139,7139,78,432 28,622,2609,595,2139,7139,75,825 5. LIGAÇÕES Tala de junção angular Angle-bar Eclisa angular Tala de junção plana Flat joint-bar Eclisa plana Ligação dos trilhos (talas de junção) 5. LIGAÇÕES Ligação dos trilhos (talas de junção) • nas ligações feitas por talas de junção, é necessária a inserção de uma folga entre os topos dos trilhos dada da seguinte forma: Mínima Máxima Trilho 12m Trilho 18m -3 10 4,8 6,35 11 24 3,2 3,97 25 38 1,5 1,5 38 - unidos unidos Temperatura Folga na junta (mm) 5. LIGAÇÕES Ligações nos TLS • nas linhas onde são empregados os TLS (trilhos longos soldados) as barras podem atingir comprimentos que vão de estação a estação só sendo interrompidas junto aos AMV’s; • não existe uma norma específica quanto a medida da folga entre dois TLS consecutivos. • é comum adotar para barra de 60 a 250 metros uma folga de 9,53mm parao intervalo de –3°C a +10°C, de 6,53mm para +11°C a +24°C, de 2,38mm para +25°C a +38°C e topados para temperaturas superiores a +38°C; 5. LIGAÇÕES Ligações nos TLS • nos TLS a parte central não sofre nenhum movimento por efeito da variação de temperatura; • os TLS deverão ser tão longos quanto possível, a fim de não só diminuir as zonas de folga, que representam pontos instáveis, como também suprimir as talas de junção que são pontos fracos da via; • os TLS podem ser assentados nas tangentes e curvas de raio maior que 500m para bitola larga e raio maior que 400m para bitola estreita. Em linhas com dormentes de concreto é permitido o uso de TLS em curvas com raio inferior aos limites. 5. LIGAÇÕES • as EF adotam fórmulas para o cálculo do peso do trilho por metro, necessário para suportar uma determinada carga; • uma das mais utilizadas é a que se baseia na experiência ferroviária alemã. A expressão é a seguinte: max5,4 σ eP kkkg dvs × ×××= 6. DIMENSIONAMENTO Onde: g é o peso do TR em kgf/m; Ks é um coef. para as cargas estáticas, que depende do afastamento das cargas e cujo valor é: • 0,290 para um eixo isolado; • 0,240 para eixos extremos; • 0,190 para eixos intermediários; Kv é o coef. dinâmico ( o mesmo utilizado para o cálculo da pressão no lastro). Deve-se considerar o valor mínimo igual a 1,4; Kd é o coef. que considera os esforços horizontais, tendo os seguintes valores: • 1,3 para veículos tratores; • 1,15 para veículos rebocados; σσσσmax é a tensão máxima admissível do aço utilizado no trilho. 6. DIMENSIONAMENTO max5,4 σ eP kkkg dvs × ×××= • A fixação dos trilhos aos dormentes de qualquer tipo pode ser executada com ou sem interposição de placas de apoio; • As placas de apoio são peças de aço interpostas entre o patim do trilho e o dormente, principalmente nos dormentes de madeira, com a finalidade de distribuir melhor a carga do trilho e, assim aumentar a sua vida útil; 7. FIXAÇÃO DOS TRILHOS 7. FIXAÇÃO DOS TRILHOS • A placa de apoio recebe a sigla PA. É designada de acordo com o trilho que irá receber: Comprimento Largura PA-37 3,2 228,6 152,4 PA-45 3,8 254 158,8 PA-50 5,3 266,7 196,9 PA-57 8,9 330,2 196,9 PA-68 13,9 406,4 196,9 Dimensões (mm) Tipo Massa (kg) 7. FIXAÇÃO DOS TRILHOS 6Ø23,813,9196,9406,4PA-68 6Ø23,88,9196,9330,2PA-57 3/4195,3196,9266,7PA-50 3/4193,8158,8254,0PA-45 3/4193,2152,4228,6PA-37 3193,2152,4228,6PA-32 3193,2152,4228,6PA-25 Nº de Furos Diâmetro Furo Peso p/ Placa Kg Largura mm Comp. mm Tipo Fixação dos dormentes (placa de apoio) 7. FIXAÇÃO DOS TRILHOS 8. VIDA ÚTIL • A vida útil é limitada pelo desgaste do trilho ou pela ruptura por fadiga decorrente do carregamento cíclico. • Geralmente o desgaste é o fator limitante que ocorre primeiro. • O desgaste é decorrente da ação mecânica entre a roda e o trilho, que podem ou não possuir a mesma dureza. A rapidez com que surge o desgaste é função do raio das curvas e do peso da carga transportada pelos veículos. O limite geralmente estabelecido para o desgaste é de 25% da área total do boleto (seção transversal). • A fadiga é o fenômeno que leva o trilho à ruptura mesmo quando solicitado com uma tensão menor que a de ruptura. Isso acontece devido ao acúmulo de rearranjos dos cristais do metal que ocorrem a cada ciclo de solicitação. As passagens intermitentes do trem ao longo dos anos constituem um carregamento cíclico que pode levar o trilho à ruptura por este fenômeno. 9. SUPERESTRUTURA FERROVIÁRIA Trilho-guia para teste: Maglev no Japão Trem voador Maglev levita a 10 centímetros do solo. A tecnologia deste trem é baseada na energia magnética criada pelos grandes ímãs instalados no trem. Os trens ultrapasam 500 km/h. exercícios Uma estrada de ferro com extensão de 200km será construída em bitola larga para escoar a produção de minério de ferro. Determine a altura da camada de lastro necessária sob os dormentes. Faça também a representação da seção tipo e determine o volume de material necessário para a execução da obra. Carga total por vagão= 119000kg Velocidade operacional= 70km/h Número de eixos por veículo = 4 Distância entre eixos = 2m CBR plataforma = 18,5% Coeficiente NS = 5,5 Soca = 40cm para cada lado do eixo dos trilhos Ombreira 30cm Espaçamento entre dormentes = 55cm = 1820 dorm/km Dimensões do dormente 2,8 x 0,24 x 0,17m Inclinação talude = 1:1,5 Fator majoração sobre a compactação = 10% P = 14875 kg (calculado) e = 55 cm (dado no exercício) Ks = 0,24 (dado) Kv = 1,4 (calculado) Kd = 1,15 (rebocado) Sigma = 1500kg/cm² (dado) G = 0,24*1,4*1,15*((14875*55)/(4,5*1500)) = 46,8 kg/m max5,4 σ eP kkkg dvs × ×××= Tipo Peso (kgf/m) TR-68 67.56 TR-57 56.9 TR-50 50.35 TR-45 44.65 TR-37 37.11 TR-32 32.05 TR-25 24.65 Determine a altura da camada de lastro para um EF de bitola estreita e 350km de extensão destinada ao transporte de produtos agrícolas e carga geral. Represente a seção tipo e determine o volume de material necessário. Carga total por vagão= 90.000kg Velocidade operacional= 70km/h Número de eixos por veículo = 4 Distância entre eixos = 1,574m CBR sublastro = 30% Coeficiente NS = 5,5 Soca = 30cm para cada lado do eixo dos trilhos Ombreira 30cm Espaçamento entre dormentes = 55cm – 1820 dorm/km Dimensões do dormente 2 x 0,22 x 0,16m Inclinação talude = 1:1,5 Fator majoração sobre a compactação = 10% P = (calculado) e = 55 cm (dado no exercício) Ks = 0,24 (dado) Kv = 1,4 (calculado) Kd = 1,15 (rebocado) Sigma = 1500kg/cm² (dado) G = 35,42 kg/m max5,4 σ eP kkkg dvs × ×××= Tipo Peso (kgf/m) TR-68 67.56 TR-57 56.9 TR-50 50.35 TR-45 44.65 TR-37 37.11 TR-32 32.05 TR-25 24.65 Determine a altura da camada de lastro para uma EF de bitola larga destinada ao tráfego de trens urbanos de passageiros. O trecho tem extensão de 50km. Também representar a seção tipo e determinar a quantidade de material para o lastro. Carga total por vagão= 90.000kg Velocidade operacional= 85km/h Número de eixos por veículo = 4 Distância entre eixos = 2m CBR plataforma = 17% Coeficiente NS = 5,5 Soca = 40cm para cada lado do eixo dos trilhos Ombreira 30cm Espaçamento dormentes = 60cm 1667 dorm/km Dimensões do dormente 2,8 x 0,24 x 0,17m Inclinação talude = 1:1,5 Fator majoração sobre a compactação = 10% P = (calculado) e = 60cm (dado no exercício) Ks = 0,24 (dado) Kv = 1,4 (calculado) Kd = 1,15 (rebocado) Sigma = 1500kg/cm² (dado) G = 38,64 kg/m max5,4 σ eP kkkg dvs × ×××= Tipo Peso (kgf/m) TR-68 67.56 TR-57 56.9 TR-50 50.35 TR-45 44.65 TR-37 37.11 TR-32 32.05 TR-25 24.65
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