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→ De forma metafórica, no processo psicodiagnóstico, o papel do psicólogo é o de tatear pelos meandros da angústia, da desconfiança e do sofrimento da pessoa que vem em busca de ajuda. ➔ Tatear, então, é lidar com as inúmeras resistências aos processos, sentimentos ambivalentes e situações desconhecidas. ➔ É preciso ter clareza de que a sintomatologia já se fez presente e manifesta em período anterior a marcação da consulta, e de que, certamente, várias formas de driblar o sofrimento foram experimentadas e várias formas de driblar o sofrimento foram experimentadas e várias explicações empregadas, resultando no incremento da angústia. ➔ Essas resistências podem passar, também, pelo desconhecimento do que seja o trabalho com o psicólogo. → As resistências mais imperiosas ficam por conta das questões internas. ➔ Ela manifesta sua força inexorável por desvios, como desordem, desarmonia, a aflição diante de si próprio e no trato com as coisas do mundo circundante. → As pessoas em sofrimento chegam para o primeiro contato com o psicólogo, premida pela necessidade de ajuda e pela necessidade de rendição e entrega. ➔ Estabelecer a proximidade necessária para a consecução do processo significa mostra ao paciente que as dificuldades parecem não ir embora enquanto não forem primeiro bem acolhidas. A solução só ganhará espaço e lugar se houver contato. → As atitudes de esperança e da aceitação por parte do psicólogo, da angústia e “da luta entre os opostos” enquanto expressão da “verdade psicológica do eterno jogo de antagonismos” são fundamentais para a pessoa que vem para o primeiro contato, dentro do processo psicodiagnóstico. → A emergência de fortes defesas no período da marcação da consulta pode, por vezes, mascarar as motivações inconscientes da busca pelo processo diagnóstico. → Nos casos em que o paciente é encaminhado, ele pode ter uma percepção vaga de sua problemática, pode haver algum nível de consciência do problema e lhe ser muito dolorosa a situação de enfrentamento de sua dificuldade. → As motivações inconscientes estão no nível mais obscuro e profundo da psique. Constituem-se nos aspectos mais verdadeiramente responsáveis pelas aflições do paciente. ➔ Cabe ao psicólogo observar, perceber, escutar com tranquilidade, aproximar-se sem ser coercitivo, inquiridor, todo- poderoso. ➔ Importante observar como o paciente trata a si próprio e suas dores, isso passa pelo vestir-se, linguagem corporal, etc. → É fundamental que o psicólogo esclareça, o mais amplamente possível e de forma objetiva, as motivações conscientes indicadas e as inconscientes envolvidas no período de ajuda. → O esclarecimento dos motivos aparentes e ocultos não só permite a determinação dos objetivos do psicodiagnóstico, como também, fornece dados sobre a capacidade de vinculação e de concretização da tarefa pelo paciente e/ou responsável. → Com frequência, dentre um grupo familiar, o elemento trazido ao psicólogo e apresentado como doente é, realmente o menos comprometido da família. Cabe ao psicólogo estar alerta e identificar se o sintoma apresentado é coerente ou não para o paciente e sua família. → O psicólogo-paciente entram em relação e passam a interagir em 2 planos → atitudes e o de motivações → No plano das atitudes, está o psicólogo com sua função de examinador clínico, e o paciente com sua sintomatologia e sua necessidade de ajuda → No plano das motivações, então o psicólogo e o paciente com seus aspectos inconscientes, assumindo papéis de acordo com seus sentimentos primitivos e suas fantasias. ➔ No plano inconsciente, tem-se os fenômenos de transferência e contratransferência ➢ Na transferência é experenciado pelo paciente ao relacionar, no aqui e agora da situação diagnóstica, com o psicólogo, não como tal, mas como figura de pai, irmão, mãe. A resistência do paciente ao psicodiagnóstico também se constitui em forma de transferência. ➢ A contratransferência verifica-se no psicólogo na medida em que assume papéis na sua tarefa, conforme os impulsos de seus padrões infantis de figuras de autoridade ou outros padrões primitivos de relacionamento. O psicólogo pode ficar dependente do afeto do paciente, deixando-se envolver por elogios, presentes, propostas de ajuda. É fundamental que o psicólogo esteja alerta à contratransferência, no sentido de percebê-la como um fenômeno normal, buscando dar-se conta de seus sentimentos, não permitindo que eles atuem no processo psicodiagnóstico. → É necessário para o psicólogo o conhecimento de si próprio, devendo estar alerta para o movimento dos processos inconscientes, não deixando de lado, a sua dimensão única como pessoa. → Caso o paciente se mostre resistente, através de condutas negativistas, evasivas, ou ao contrário, provocadoras, com excessiva loquacidade, o psicólogo pode experienciar sentimentos de raiva e intolerância, os quais, se não detectados e conscientizados, podem interferir gravemente ou até invalidar o processo avaliativo. → Algumas constates relativas ao papel do psicólogo: ➔ O psicólogo examina e perscruta com “vários olhos” o interior dos pacientes, enquanto se mantém preservado pela neutralidade e curta duração do vínculo; ➔ aspecto autocrático, salientando o poder do psicólogo no psicodiagnóstico; ➔ aspecto oracular, pois o psicólogo procede como se tudo soubesse, porque ele vai fornecer as respostas; ➔ aspecto santificado, pois o psicólogo assume o papel de “salvador” do paciente. → Algumas constantes do paciente: ➔ “auto exposição, com ausência de confiança; intimidade violada”, o paciente se sente exposto e vulnerável ao psicólogo; ➔ “perda de controle da situação”, o paciente fica à mercê do psicólogo; ➔ “perigos de auto confrontação”; .... → Tais constantes reforçam ou provocam reações transferenciais e defensivas, que merecem cuidadoso exame para ampliação do entendimento do paciente. → O psicólogo não pode perder de vista a dimensão global da situação de avaliação, levando em conta todos os padrões de interação que se estabelecem. → O psicólogo deve estar consciente, atento e alerta para as suas próprias condições psicológicas, para o uso que faz de seus recursos criativos e expressivos, como para as reações e manifestação do paciente, percebendo a qualidade do vínculo que se cria e levando em conta todos esses aspectos para o entendimento do caso. Capitulo 4 – Psicodiagnóstico V
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