Gestão Conhecimento

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Universidade de Ribeirão Preto
Nutrição
ANA MARIA CARDOSO DA SILVA
PRISCILA APARECIDA DA SILVEIRA
NUTRIÇÃO AYURVÉDICA:
A Nutrição sob o olhar da Medicina Ayurveda
Ribeirão Preto
2020
Ana Maria Cardoso da Silva
Priscila Aparecida Silveira
NUTRIÇÃO AYURVÉDICA:
A Nutrição sob o olhar da Medicina Ayurveda
Trabalho entregue para obtenção de parte da
nota da Disciplina de Gestão do
Conhecimento do curso de Nutrição, turma E
Docente: Prof.ª Dr.ª Alexandra de Souza Melo
Ribeirão Preto
2020
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………………...3
2 ALIMENTAÇÃO …….………………………...………………………………………...
2.1 CONCEITOS GERAIS ALIMENTAÇÃO AYURVÉDICA…….………………….......
2.2 COMPOSIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS DOSHAS………………………………...
2.3 ALIMENTAÇÃO DOSHAS…………………………………………………………….
3 CONCLUSÃO…………………………………………………………………………….
REFERÊNCIAS………………………….…………………………………………………..
1 INTRODUÇÃO
A Nutrição baseada na Medicina Ayurvédica analisa o que está em equilíbrio e em
desequilíbrio no corpo, trabalhando com terapias e tratamentos integrativos em diferentes
áreas para que haja o realinhamento do mesmo, em várias dimensões. Em sua essência, ela
ajuda a nos livrar das toxinas que ingerimos ou absorvemos e nos proporciona mais equilíbrio
na vida, nos afastando de hábitos e vícios tóxicos ao nosso corpo e à nossa mente.
A palavra Ayurveda vem do sânscrito, “ayur” e “veda” que significam
vida/longevidade e saber/conhecimento, respectivamente. Por se tratar de uma medicina
milenar (há mais de 5.000 anos), estabelecer com exatidão as fontes iniciais que originaram o
Ayurveda é uma tarefa quase impossível. Porém, as principais referências de base que
compõem esta prática, derivam-se da cultura indiana, onde textos antigos em língua sânscrita
foram preservados, mantendo assim a raízes dos fundamentos da Medicina Ayurvédica,
embora tendo se difundido por diversos lugares e culturas pelo mundo. A disseminação
destes conhecimentos são atribuídos pelo contexto histórico, onde a Índia era o centro das
rotas de comércio, sendo grande produtora de especiarias e produtos agrícolas, atraindo
assim, o interesse de povos vizinhos e consequentemente, nas diversas invasões de seu
território, criando uma diversificação nas influências culturais, levando as técnicas de
tratamento da saúde para outros países.
Diante disso, será o resgate e a compreensão da milenar Medicina e alimentação
Ayurvédica um caminho para prevenirmos vários distúrbios orgânicos e doenças, e
consequentemente, uma melhora na saúde física e mental do ser humano?
Na perspectiva da Medicina Ayurveda, os valores fortemente intrínsecos da cultura
indiana, sobre espiritualidade, definem o conceito de saúde como a compreensão de que o
homem é “a perfeita conjunção entre o corpo, os órgãos dos sentidos, a mente e a
consciência”(p. 6) (Sharma PV, trad. Caraka Samhita. Varanasi: Chaukhambha Orientalia;⁶
1992) - conforme um dos mais respeitados e antigos textos clássicos de Medicina Ayurveda.
Portanto só é considerado saudável o homem que estiver em harmonia com sua dimensão
física (corpo físico), mental (corpo sensorial) e espiritual (corpo do intelecto e da
consciência). A palavra espiritualidade, neste contexto, diz respeito à semântica específica de
que: Espiritualidade é o equivalente à capacidade inerente do homem de percepção dos cinco
sentidos, introspecção e busca de manifestações do psiquismo.
Baseada nas incontáveis evidências sobre a efetividade nos tratamentos da Medicina
Ayurvédica, suas práticas antigas resistiram ao tempo e são apoiadas em resultados
comprovados, tanto pela ótica oriental, quanto pelos critérios de validação da medicina
ocidental.
A Medicina Ayurvédica é reconhecida e indicada pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), pela sua eficácia comprovada. Atualmente no Brasil, ela faz parte das práticas
integrativas e complementares em saúde, sendo reconhecida pelo Ministério da Saúde.
Encontra-se neste estudo, toda a visão da Alimentação Ayurvédica. Através do
conhecimento e da compreensão desta cultura milenar, será possível identificar nossos doshas
(“constituição psicofísica dos seres humanos”) e sabermos quais alimentos serão favoráveis e
consequentemente, quais otimizam o corpo. Com esta visão, será possível amenizar e corrigir
os distúrbios decorrentes de uma má alimentação, ou de uma alimentação que não seja
balanceada para o dosha específico.
Este estudo evidenciará os benefícios que a Medicina e a Alimentação Ayurvédica
proporciona, reduzindo o uso de alopatias e buscando-se resolver a causa e não a sua
consequência, uma vez que o ideal é tratar o doente e não a doença.
Segundo Bloch Jr. (2012) p. 129:
Atribui-se a Hipócrates de Cós (460-377 a.C.), o pai da medicina grega, a frase:
“Faça com que o seu alimento seja o seu medicamento, e o seu medicamento, o seu
alimento”. Dessa forma, fica claro que há quase 2.500 anos já existia alguém que
reconhecia e divulgava a importância dos alimentos pelo seu valor terapêutico, além
do calórico. Mais surpreendente ainda e absolutamente fascinante, a meu ver, foi
deparar-me com um transcrito de hieróglifos supostamente revelados de uma tumba
egípcia, o qual provavelmente faria Paracelsus estremecer: “Um quarto do que você
come mantém você vivo. Os outros três quartos mantêm seu médico vivo”.
A importância de estudar e evidenciar este tema se justifica devido ao aumento da
busca por “refeições prontas” (fast-food), geralmente de qualidade inferior e das doenças
relacionadas à uma má alimentação. Visando objetivos prioritariamente econômicos, lucro
antes de qualidade, os alimentos industrializados e ultraprocessados possuem na sua
composição diversas substâncias não compatíveis com nosso organismo. Armando-se do
marketing de vendas, as indústrias ajudam a inserir a idéia de que esses tipos de produtos são
superiores ou passam-se por inofensivos e até ditos saudáveis, quando na realidade não o são.
Recebemos através de todas as mídias campanhas distorcidas e que não agregam nada para os
indivíduos em termos de valor nutricional, saúde física e mental.
Assim, este estudo tem como objetivo possibilitar a reflexão e esclarecer sobre os
princípios e os resultados da Alimentação Ayurvédica, como prevenção e tratamento,
evidenciando seu mecanismo e como ela pode contribuir para a saúde do ser humano,
proporcionando a melhoria da qualidade de vida e permitindo que as pessoas atuem
conscientes, como protagonistas da suas escolhas, obtendo saúde e longevidade, deixando de
ser meros consumidores manipulados.
Este estudo foi elaborado através de pesquisas bibliográficas, por meio de leituras,
obtidas de livros e artigos de revistas científicas especializadas, de conteúdo confiável que
discorrem sobre Alimentação Ayurvédica, mostrando os benefícios que podemos ter com
uma alimentação adequada e equilibrada.
2 ALIMENTAÇÃO
2.1 CONCEITOS GERAIS ALIMENTAÇÃO AYURVÉDICA
De acordo com Rocha (2015), os princípios básicos do Ayurveda vem sob a visão do
“Samkhya” que significa sistema médico. A antiga filosofia indiana conhecida como
“Sámkhya Darsana”, sugere que o universo nasceu quando o Criador, saiu de um estado de
meditação profunda, e começou a se manifestar de diferentes formas, primeiro como
Consciência Individual ou “Vyakti”. Em seguida, deste desejo de criação surge então a
inteligência pura/intelecto ou “Mahat”, que é o reconhecimento sobre aquilo que deve ser
criado. Determinada o plano da criação deu-se origem a diversas e variadas formas de
existência. Nos indivíduos, os Egos pessoais ou “Ahamkara”, são os principais responsáveis
pelo instinto e sobrevivência, assim como a memória de cada ser. Para cada uma das
múltiplas facetas da existência criadas, atribui-se aparelhos de percepção para que assim
pudessem adquirir percepções sobre si mesmos e do meio. Cada qual possui órgãos, que em
sincronia, executam a capacidade de ação dos indivíduos, permitindo a interação mútua com
outros seres.
Existe ainda para Rocha (2015),um centro de processamento que recebe as
informações recebidas pelo aparelho da percepção, entre o sentir e agir, sendo eles os cinco
sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato) ou “Jñanendriya”, que irá interpretar,
comandar e se adequar a cada momento. Para a representação e capacitação atuante no
mundo, os órgãos de ação ou “Karmendriya” fazem parte da comunicação, locomoção,
preensão, reprodução e excreção. E por fim, a mente pensante ou “Manas”, que tem como
função o próprio ato de pensar diante das circunstâncias, é quem decide a ação a cada
instante. Assim, a Ayurveda diz que quando se tem todos esses elementos relacionados em
harmonia, sem conflitos, desfrutaremos de saúde plena. E a relação desarmoniosa entre
qualquer um desses componentes, é a origem de desencadeamento de todas as doenças.
2.2 COMPOSIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS DOSHAS
Para Macêdo (2020, p. 1) “O Ayurveda oferece-nos ferramentas práticas para a
transformação de nossa saúde por meio de nossos hábitos, proporcionando o que precisamos
para viver, uma vida que caminha para a felicidade e distancia-se do sofrimento e das dores.”
Para Gasperi; Raduns e Ghiorzi (2008), na composição do Ayurveda, todo indivíduo
possui um dosha, o qual determina sua constituição física e mental, isto é, suas tendências
próprias, gostos diferentes por alimentos, personalidade e comportamento que se diferenciam
entre cada dosha. No entanto, todo indivíduo possui um pouco de cada dosha, havendo
predominância de um ou mais deles. Os três diferentes doshas são: Vata, Pitta e Kapha. A
combinação entre eles forma ao todo sete diferentes constituições, a saber: Vata (ar + éter);
Pitta (fogo + água); Kapha (água + terra); Vata-Pitta; Pitta-Kapha; Vata-Kapha; Vata-Pitta.
Gasperi; Raduns e Ghiorzi (2008, p. 497), descreve que “Os doshas podem ser
identificados através da aplicação de um questionário, da observação das características do
dosha predominante e do exame do diagnóstico do pulso.”
De acordo com Barbosa (2019, p. 36):
O Ayurveda é uma ciência que dá bastante ênfase à alimentação, ao
alimento como remédio. Todo alimento, na perspectiva ayurvédica, possui
capacidade terapêutica. Extrair essa propriedade depende da forma como
preparamos, combinamos e ingerimos esse alimento.
Em entrevista dada ao site Uol , Rocha (2020, p. 1) explica que:
Devemos escolher de forma geral nossos alimentos para que possamos ter
uma boa digestão e absorção de nutrientes. Deve-se cozinhar os alimentos,
evitar alimentos frios e bebidas geladas, utilizar condimentos na dieta como
gengibre, coentro, cominho, açafrão da terra, mastigar bem os alimentos e
usar chá de erva doce ou funcho após as refeições. Além disto o uso do ghee
está indicado para melhorar a digestão e evacuação. Os alimentos
recomendados são aqueles que nós conseguimos imaginar crescendo na
natureza, da mesma região e estação do ano. Em outras palavras: comida de
verdade, fresca e orgânica.
Para Macêdo (2020) ao ingerimos qualquer tipo de alimento, o organismo precisa absorver
seus nutrientes, deixando de ser o alimento que era para fazer parte de nós. A afirmação em
que ele replica a máxima “você é o que você come” precisa ser revista. No espaço de tempo
do comer e ser, acontece o processo fundamental da digestão. Você não é o que come, mas
sim o resultado do que foi digerido e absorvido. Por mais que se coma os melhores alimentos
se não tiver uma digestão e absorção de tudo o que eles têm a oferecer, não será um bom
alimento. No Ayurveda, esse processo de transformação do alimento em tecidos corporais
chama-se “agni”. A digestão tem um desempenho importante para a ayurveda, pois será
através dela que o acúmulo de substâncias que não servem para o corpo será eliminado pelo
intestino.
2.3 ALIMENTAÇÃO DOSHAS
Para Gasperi; Raduns e Ghiorzi(2008) os doshas são harmonizados e desarmonizados
de acordo com suas combinações alimentares, sendo assim a alimentação adequada para cada
dosha, deve priorizar os sabores que proporcionam harmonia e que evite seus desequilíbrios.
Os sabores que podem prejudicar os doshas em termos de desajustes, são: Pitta é
harmonizado pelo sabor doce, depois pelo amargo e pelo adstringente, sendo irritado, pelos
sabores picantes, ácidos e salgado; Vata é harmonizado primeiramente pelo sabor doce,
depois pelo ácido e por último pelo salgado, mas é desarmonizado (ou irritado) pelo sabor
picante, amargo e adstringente; Kapha é harmonizado pelos alimentos de sabor picante,
depois amargos e por último pelos adstringentes, sendo desarmonizado pelo sabor doce, ácido
e, por fim, o salgado.
Ainda de acordo com Gasperi; Raduns e Ghiorzi (2008) é importante lembrar que:
Doce, ácido e salgado aumentam Kapha/picante, amargo e adstringente
reduzem as características negativas de Kapha. Ácido, salgado e picante
aumentam Pitta/doce, amargo e adstringente reduzem as características
negativas de Pitta.Picante, amargo e adstringente aumentam Vata/doce,
ácido e salgado reduzem suas características negativas.
Para Macêdo (2020), o fundamento das incompatibilidades se baseia no fato de que
esses alimentos consumidos juntos comprometem a digestão e formam ama (toxina). Deste
modo, é importante saber combinar, harmonizações erradas são como receitas para a
produção de toxinas no trato digestivo e a consequente intoxicação dos tecidos.
Segundo Rocha (2015), a fisiopatologia no Ayurveda entende que as doenças se
manifestam durante um processo de seis estágios, onde o processo evolutivo da doença
iniciam nos humores (doshas) e lugares preferência, evolutivo e podendo comprometer
órgãos vitais: acúmulo (Sanchaya), agravação (prakopa), hiperfluxo (prasara), deslocamento
(sthana samçraya), manifestação (vyakti) e diferenciação (bheda). A Medicina Ayurvédica
acredita que o estado de saúde é mantido se os humores permanecem no sistema digestivo
sem se acumularem. O “Acúmulo” pode acontecer em decorrência das dietas inapropriadas,
rotina do indivíduo e horários de refeição inadequados, distúrbios ou transtornos
psicológicos, mudanças de estação não adaptadas, e contato com fatores agravantes para cada
dosha.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi escolhido por acreditar que a alimentação ayurvédica possa
contribuir com a saúde, através de algo que todos precisam, a alimentação adequada ao nosso
biotipo. Sabe-se que a alimentação ayurvédica vem para libertar as pessoas dos sofrimentos
causados pelas doenças, que muitas vezes foram adquiridas pela má alimentação no decorrer
de suas vidas.
Almeja-se que provido dessas informações primárias, pois o ayurveda é infinitamente
maior e reluzente do que o apresentado aqui, possa-se começar ou sublimar o caminho do
autoconhecimento, já que “Conhecer-se é curar-se”. Espera-se que o ayurveda possa ser um
recurso para auto análise, descobertas, resgate do equilíbrio e do prazer de viver em harmonia
com seu espírito e seu corpo.
Sugere-se a partir desse trabalho, incentivar os estudos e publicações nesta área da
alimentação ayurvédica, pois até este momento é difícil encontrar material de origem
científica idônea na Internet e seus livros ainda tem custo aquisitivo alto. O que dispõe-se
aqui pode ser evidenciado nas referências bibliográficas deste trabalho. Ademais, as
bibliotecas de universidades não oferecem materiais a respeito deste assunto e na Internet os
materiais ofertados nem sempre são fontes viáveis para que se faça as devidas citações e
referências, por isso as pesquisas ficam restritas ao meio digital, o que pode, algumas vezes,
ser entendido como uma fonte pouco confiável.
Referências
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no dia a dia. Disponível em:
<file:///C:/Users/DELL/Downloads/Ayurveda_na_Vida_Diaria.pdf //>. Acesso em: 14 nov.
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14 nov. 2020.
BLOCH JÚNIOR,C. A Embrapa em sua melhor idade. Rev. Ponto de vista, Ano XXI – N.
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DEVEZA ACRS. Ayurveda – A medicina clássica indiana / Ayurveda – the classical
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GASPERI,P.; RADUNS, V.;GHIORZI, A.R. A dieta ayurvédica e a consulta de
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ROCHA, A.M. Entrevista do DR. Aderson Moreira da Rocha. Disponível em:
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Acesso em: 14 nov. 2020.
SHARMA PV, trad. Caraka Samhita. Varanasi: Chaukhambha Orientalia; 1992
https://ayurveda.com.br/entrevista-do-dr-aderson-moreira-da-rocha-para-o-site-uol/
https://ayurveda.com.br/entrevista-do-dr-aderson-moreira-da-rocha-para-o-site-uol/