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AS TRICOTOMIAS PEIRCEANAS Classificação dos signos

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AS TRICOTOMIAS PEIRCEANAS – Classificação dos signos
A partir da divisão das partes que interagem na constituição do signo, Peirce estabeleceu
classificações triádicas (tricotomias) dos tipos possíveis de signos (p.83). As três tricotomias
mais conhecidas consideram a relação:
1º) do signo consigo mesmo (seu representâmen);
2º) do signo com seu objeto dinâmico;
3º) do signo com seu interpretante.
Signo em relação
a si mesmo
Signo em relação
ao objeto
Signo em relação
ao interpretante
1° quali-signo ícone rema
2° sin-signo índice dicente
3° legi-signo símbolo argumento
1ª TRICOTOMIA (signo em relação a si mesmo): organiza os signos a partir das aparência
do representâmen (do próprio signo).
● O quali-signo é uma qualidade sígnica imediata, tal como a impressão causada por
uma cor. O quali-signo é uma espécie de pré-signo, pois se essa qualidade se
singulariza ou individualiza, ela se torna um sin-signo.
Ex.: as impressões que as cores azul e rosa podem causar em um indivíduo, antes de
singularizadas, são quali-signos, meras sensações ou qualidades.
● O sin-signo é o resultado da singularização do quali-signo. A partir de um sin-signo
pode-se gerar uma ideia universalizada (uma convenção, uma lei que substitui o
conjunto que a singularidade representa), tornando-se assim um legi-signo.
Ex.: se o indivíduo acha que as sensações são de seriedade, para o azul, e de de-licadeza,
para o rosa, é porque ele percebe essas cores dessa forma singular.
● O legi-signo é o resultado de uma impressão mediada por convenções, por leis
gerais estabelecidas socialmente.
Ex.: a idéia geral de que “azul transmite seriedade e deve ser associada ao sexo masculino”
e “rosa transmite delicadeza e deve ser associada ao sexo feminino” é uma convenção.
Essa idéia se tornou uma lei geral, culturalmente convencionada em nossa sociedade.
Trata-se agora de um legi-signo.
2ª TRICOTOMIA (signo em relação ao objeto dinâmico): organiza os signos conforme a
relação entre ele e o objeto que ele substitui.
● O ícone, de forma semelhante ao quali-signo, representa uma parte da semiose em
que se destacam alguns aspectos qualitativos do objeto. O ícone é o resultado da
relação de semelhança ou analogia entre o signo e o objeto que ele substitui.
Ex.: um retrato ou uma caricatura são semelhantes aos objetos que eles substituem; eles
são signos icônicos.
● O índice, assim como o sin-signo, resulta de uma singularização. Um signo indicial é
o resultado de uma a relação por associação ou referência. A categoria indicial se
evidencia pelo vestígio, pelos indícios.
Ex.: rastros de pneus, pegadas ou cheiro de fumaça não se parecem com os objetos que
eles substituem (pneus, animais ou a fumaça), mas nós associamos uns aos outros,
respectivamente; são exemplos de signos indiciais.
● O símbolo resulta, tal como o legi-signo, da convenção. A relação entre o signo e o
objeto que ele representa é arbitrária, legitimada por regras.
Ex.: a pomba branca é símbolo de paz, um retângulo verde com um losango amarelo,
círculo azul e estrelas é um dos símbolos do Brasil, mas em nenhum des-ses casos há
relação de semelhança ou de associação singular; trata-se de regras, leis convenções.
3ª TRICOTOMIA (relação entre o signo e o interpretante): organiza os signos a partir da sua
relação com as significações desse signo.
● Em lógica formal, o rema corresponde ao que se chama de termo, isto é, um
enunciado impassível de averiguação de verdade. Em língua portuguesa, uma
palavra qualquer (“menino”, por exemplo) fora de um contexto sintático é um rema.
● Se a palavra “menino” se insere em uma sentença, como em “o menino está
doente”, podemos verificar seu grau de veracidade. Em lugar de um termo, temos
uma sentença; em Semiótica, essa sentença chama-se dicente (dici-signo ou
dissisigno). Investigamos se o menino está verdadeiramente doente porque a
sentença não nos forneceu os motivos pelos quais se afirmou isso, mas temos
elementos para tal averiguação.
● Se houvesse informações comprobatórias, não se trataria mais de um dicente, mas
de um argumento. A sentença “O menino está doente porque apresenta manchas
vermelhas e temperatura alta” traz um raciocínio completo, justificado, com caráter
conclusivo. Nesse caso, temos então um argumento.
Referência:
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1985.

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