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2021 1 - Bloco 02 - Estudos Semânticos 4

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Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
 
 
Estudos Semânticos 
 
 
Unidade 4 - Semântica e 
Psicolinguística Experimental 
 
 
 
 
 
 
João Trindade 
 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Introdução 
 
Abordamos nas unidades anteriores os caminhos tomados pela semântica 
quando ela se desvencilhou - mas não por completo - da linguística. Tivemos a 
oportunidade, inclusive, de abordar as diversas semânticas, como a própria 
semântica computacional. Procuraremos abordar mais alguns campos desta, cada 
vez em processo de retorno e mescla com as teorias linguísticas. 
É uma visão comum imaginar uma linha de estudos dissociada de outros 
campos de saber. Porém, ocorre de um campo de estudos ser uma dissidência de 
outra, seja por aprofundamento, seja por oposição ou, ainda casos nos quais um 
estudo desenvolvido dá origem a outras informações. Mais comum ainda é a mescla 
desses saberes, quando os campos interagem entre si, dando origem a outras 
informações. 
A psicolinguística segue um desses caminhos. Como abordamos 
anteriormente, as relações entre semântica e linguística são muito entrelaçadas, 
sendo, em determinado ponto, a semântica uma subcategoria da linguística. 
Enquanto ciência, sua abrangência está correlacionada com outras áreas, 
como a própria psicolinguística, de modo que a abordagem cognitiva da semântica 
busca observar o processo funcional da língua no processo comunicativo, 
paralelamente a uma criação imagística do mundo em movimento, em especial, à 
construção do pensamento. 
Abordamos anteriormente na semântica cognitiva, em consonância com a 
psicolinguística, como a percepção física do mundo por parte do sujeito se 
corporifica nos processos de interações do sujeito. E como isso se correlaciona com 
a psicolinguística? Vejamos. 
Bons estudos! 
 
1. Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Para o ramo linguístico da psicolinguística, o processo comunicativo favorece 
a capacidade de compreensão do indivíduo, e isso em muito nos agrega. Procure se 
lembrar como você desenvolve conceitos a partir de outros previamente 
transmitidos. Para você agregar o conceito "país estrangeiro", deve considerar um 
signo-conceito externo ao nosso, o qual nos auxilia no desenvolvimento de 
processos de externalidade, por exemplo. 
Essa influência externa aponta como o processo de aprendizagem da 
linguagem humana - e não apenas da vida - é inerente ao seu processo de 
desenvolvimento, ocorrendo desde os primórdios da sua vida. De igual forma, por 
ser processo e aprendizagem, não se desenvolve da mesma forma com as demais 
pessoas, porém há padrões comuns a todos. Dessa forma, a psicolinguística estuda 
como o comportamento humano é influenciado pela aprendizagem da linguagem 
(LEITÃO, 2008, p. 12). 
Nosso processo de desenvolvimento e aprendizagem é intrinsecamente 
voltado para a linguagem e, ainda mais, para a língua. Podemos traçar, por exemplo, 
um paralelo com a língua brasileira de sinais: estudos apontam como surdos tem 
seu desenvolvimento cognitivo prejudicado na medida em que demoram mais 
tempo para dominar a LIBRAS (LORENZETTI, 2001). Da mesma forma, o ser humano 
desenvolve-se mais plenamente ao dominar as faculdades comunicativas do grupo 
com o qual interage. 
A psicolinguística valoriza também o contexto, elemento essencial para a 
compreensão de um enunciado. E o faz ao analisar dois tipos de processo: a 
produção de linguagem, e a sua compreensão. 
Observe as particularidades do português, por exemplo. Não produzimos 
enunciados sem vogais, nem mesmo no caso de sílabas ou encontros consonantais. 
Da mesma forma, nossas palavras tendem a uma redução de acordo com a sílaba 
tônica: "Senhor" vira "seu", entre outros casos. Dessa forma, até uma criança, por 
meio da internalização, pode exercitar as premissas de produção de sentido da 
nossa língua. Porém, compreendê-la envolve outros parâmetros. 
É por isso que, na linha de progressão da produção de sentidos, deparamo-
nos com a percepção, a compreensão e a produção. Uma criança, gradativamente, 
percebe a origem e o direcionamento dos enunciados - "ele está falando comigo" -; 
em seguida, os decifra - "aquela é a minha mãe" - e, por fim, os produz, talvez não 
com perfeição gramatical, mas com organização semântica - "se comer se fala eu 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
como, saber se fala eu sabo". Em outras palavras, o observador compreende a 
mensagem do interlocutor e desenvolve suas próprias faculdades a partir destas. 
Todo esse processo envolve o que determinados como o contato social, de 
maneira que a psicolinguística aborda a relação entre a comunicação e a formação 
do indivíduo, ou seja, entre a mensagem e a mente. Esse campo de estudo aborda 
esse conjunto de relações, tendo como um dos seus grandes desenvolvedores 
Noam Chomsky, o qual defendia a relação entre linguística e psicologia cognitiva. 
Podemos observar, dessa forma, como a psicolinguística tem como campo de 
análise processos associados à comunicação humana em qualquer uma de suas 
manifestações, bem como as estruturas psicológicas que permitem que 
compreendamos as mais diferentes linguagens. Dessa forma, estuda os processos 
de cognição envolvidos nesse processo, podendo, inclusive, se relacionar a outros 
campos de estudo da linguagem humana, como a psicologia, as ciências cognitivas, 
a neurologia, etc. 
Seu campo de atuação desenvolve-se a partir de dois pontos: a aquisição da 
fala e a compreensão da linguagem, o que envolve a percepção da fala, sua produção 
(escrita e oral), leitura, bem como perturbações (LEITÃO, 2008, p. 16). 
Porém, pode-se sintetizar essas premissas em três: como as pessoas 
adquirem a capacidade da linguagem; como elas produzem essa linguagem; e como 
elas a compreendem. 
Utilizamos anteriormente o exemplo da linguagem de uma criança. Mas 
imagine um adulto que desenvolveu precariamente suas habilidades cognitivas, 
observe como sua conexão interacionista está, da mesma forma, prejudicada. 
A linguagem atua como um ciclo: a adquirimos ao passo que a 
compreendemos e a produzimos. O processo que envolve da compreensão até a 
produção é chamado de psicolinguística experimental. Não trata apenas da 
linguagem, mas como o indivíduo a compreende e a produz, numa relação de 
observação dos fenômenos de produção de sentido da linguagem, em sua relação 
entre falantes/ouvintes, bem como seu aparato perceptual/articulatório, além dos 
seus sistemas de resgate e produção de sentidos. 
 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
 
Figura 1 - Exemplo do linguagem corporal. Fonte: PXHERE, 2017. 
 
 
Observe isso por outro ângulo: o que ocorre quando conversamos com 
alguém? As palavras que chegam até nós, dotadas de significado e significante, 
podem ser entendidas como um conjunto de sons que precisam ser decodificados 
para nosso aparelho fonador em algo compreensível. Observe o som de "casa", que 
encontra uma equivalência semântica em nosso sistema de significados, e é 
decodificada como "residência". Ocorre um longo processo pelo qual o sinal sonoro 
é codificado em informação e traduzido em forma de uma estrutura sintática, lexical 
e, por fim, criando estruturas semânticas. Todo esse processo envolve a 
interpretação de um sintagma e das sentenças que o formam, de maneira que o 
significado do que está sendo transmitido seja interpretado. 
Da mesma forma, para darmos prosseguimento a esse diálogo, nos fazemos 
valer de todo o nosso arcabouço linguístico - que, por sua vez, envolve o uso de 
elementos lexicais, fonéticos, sintáticos e etc. - para construirum enunciado 
semântico associado a sinais verbais que serão decodificados pelo nosso 
interlocutor. 
Observe como esse processo ocorre nesse texto que você está lendo: você 
associa as letras e as sílabas por meio de um processo cognitivo no qual desconstrói 
a equivalência dos elementos linguísticos, formando, dessa maneira, sentido. 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Podemos ir mais além: há todo um processo psicolinguístico pelo qual você 
compreende tanto as palavras aqui escritas, quanto o processo de compreender as 
palavras de um jargão, o dos estudos linguísticos, o que por si acarreta todo um 
processo de aprendizagem diferenciado. Ocorre uma conversão da informação 
visual em informação linguística, permitindo que você compreenda as estrutura 
sintáticas e semânticas do texto. 
Independente das divisões linguísticas - orais, escritas, verbais, não verbais ou 
mistas - todo o fenômeno envolve a aplicabilidade das habilidades cognitivas 
associadas à linguagem. Dessa forma, o processo comunicativo, o qual nos parece 
banal, é incrivelmente complexo e envolve um amplo conjunto de procedimentos 
psíquicos que, em conjunto, recebem o nome de processamento linguístico. 
Assim como outros campos do saber, a psicolinguística experimental envolve-
se com uma pergunta fundamental: como esses processos ocorrem e se estruturam 
na mente humana? Essa resposta é buscada pelo recurso a uma gama de 
procedimentos de acordo com o objetivo linguístico ou fenômeno a ser focalizado, 
de maneira a abranger elementos diferenciados sobre a produção e compreensão 
da linguagem. 
 
Há todo um campo da Psicolinguística voltada para o estudo de enunciados 
linguísticos e gêneros textuais. Adair Bonini desenvolve, no artigo “Reflexões em 
torno de um conceito psicolinguístico de tipo de texto” como esse campo de 
pesquisa auxilia no desenvolvimento de estratégias e práticas em prol do ensino de 
leitura e produção textual, em sala de aula. Disponível aqui. 
 
 
Curiosamente, essas etapas do processo linguístico - produção e 
compreensão - já foram abordadas como aspectos do mesmo processo, só que 
inversos: no processo de produção os significados eram transformados em um 
conjunto de estímulos exteriores, e na compreensão, os estímulos exteriores eram 
transformados em significados (LEITÃO, 2008, p. 23). Analogamente, era como dizer 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44501999000200004
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
que o processo pelo qual a água vira vapor e o vapor vira água fossem o mesmo, só 
que inversos. Porém, da mesma forma que no caso da água, os processos envolvidos 
não eram tão simples. 
Observou-se, com o passar do tempo, que dados experimentais 
recepcionados por diferentes indivíduos eram interpretados de maneira diferente, 
de modo que produção e compreensão são procedimentos diferenciados, com 
dissociações e não simétricos. Exemplo disso é que o falante, ao produzir um 
enunciado, escuta e compreende o que diz, de maneira que se autoafeta, influencia 
o que está dizendo, como está dizendo e o que irá dizer. Observe como, à medida 
que percebemos nosso tom de voz, podemos aumentá-lo, diminuí-lo e, inclusive, 
mudar sua intensidade sonora. Modificamos nosso próprio léxico dependendo da 
maneira como percebemos nossa forma de falar. Isso se aplica para as variedades 
escritas da língua, de modo que podemos observar isso em gêneros textuais formais 
- como memorandos - e informais – como postagens em redes sociais. 
Em suma: a produção não é o inverso da compreensão, mas por ela é 
realimentada. Compreendemos sem necessariamente reproduzir o que viemos a 
compreender. Podemos alterar uma mensagem escrita de acordo com a 
compreensão do que estamos escrevendo, mas o ato da compreensão não envolve 
sua reprodução, pelo menos, não imediata: podemos ler uma reportagem que, ao 
apresentar novos fatos, nos leve a uma profunda reflexão sem que isso signifique 
uma reprodução desses novos entendimentos. 
 
2. Teoria da argumentação na língua 
 
Essencialmente, qual é a função da língua? Observemos pelo viés fisiológico: 
órgãos do corpo humano que, separadamente, exercem determinadas funções mas, 
em conjunto, atuam como o aparelho fonador. 
Por outro lado, é a língua um fenômeno comunicativo? Observando suas 
partes, cada uma delas funciona de maneira isolada, de modo que diferentes etapas 
precisam se realizar. Porém, não possuir uma língua oral não delimita sua capacidade 
comunicativa, a exemplo de outros meios de comunicação. O indivíduo, acima de 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
tudo, e para se fazer valer no mundo, precisa expor suas ideias e interagir com os 
indivíduos ao seu redor: eis o caráter argumentativo da língua. 
 
Figura 2 - Aparelho Fonador. Fonte: SAINT-POL, 2013. 
A Teoria da argumentação na língua apregoa que a língua, essencialmente, 
não tem a função de ser influenciada por, mas influenciar a, de maneira que o uso 
da língua tem como premissa projetar a direção do discurso. 
A intuição da língua - o discurso - aborda como a atividade da argumentação 
assume particularidades que não são facilmente explicáveis pela demonstração, 
elemento da psicolinguística experimental (DUCROT, 2007, p. 5), como as palavras 
soltas que conectam enunciados, como, por exemplo, as conjunções - "como", "de 
maneira que", "e" -, as quais só possuem significado pleno na interação com os 
enunciados: isolados, possuem apenas um valor, mas não constituem sintagmas. 
São elementos que os pesquisadores da argumentação da língua chamam de 
"conectores", e tem a função linguística de condicionar a sequência do discurso. 
Dessa forma, o enunciado "Aqui faz frio, mas eu gosto" remete para a sequência 
"continuemos aqui", dando prosseguimento semântico ao discurso. O operador 
argumentativo "mas" cria uma condição de expectativa para essa sequência, 
atribuindo o princípio da argumentação com indissociável da própria língua. 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Essa teorização buscou não se limitar à articulação dos enunciados, mas no 
próprio uso das palavras. Esse elemento remete ao princípio polissêmico do léxico, 
bem como sua valoração: a palavra "melhor" já agrega ao seu sentido argumentativo 
uma qualidade objetiva, da mesma forma que, no enunciado anterior, "frio". Longe 
de descrever subjetivamente uma característica de um lugar, procede em termos de 
classificação que associa-se a uma significação de palavras. As palavras, ao 
denotarem e conotarem, assumem o valor de feixes de topoi (DUCROT, 2009, p. 65), 
e aquilo ao que se referem indica uma forma de orientar. Em outras palavras, a 
associação de palavras, por si, prediz uma forma de argumentação. 
 
Você sabia? Há toda uma linha de estudos discursivos sobre os operadores 
argumentativos. É comum associá-los a estudos da retórica e da argumentação, mas 
a linha de estudos discursivos observa como a criação de enunciados significativos 
tem como um dos seus caminhos esses conectores. 
 
 
Outras visões agregam a teoria dos blocos semânticos, bloco de significado e 
a noção de que o discurso se estrutura por meio de um encadeamento. Dessa forma, 
um encadeamento de proposições em dado enunciado cria uma relação de 
interdependência, de maneira que as proposições possuem determinado significado 
em bloco, não possuindo isoladamente uma relação inferencial uma com a outra. 
Um exemplo disso é o enunciado "diga-me com quem tu andas, e eu te direi 
quem és". Pela orientação discursiva tanto agrega o sentido de que devemos 
escolher bem nossas companhias, como direciona o discurso para "há pessoas que 
você deve conhecer". Porém, isoladamente cada termo não possui significado entre 
si. Exemplo é que "tu", pronome, e "andas",verbo, embora possuam uma relação de 
flexão, não possuem necessariamente de argumentação. 
Dessa maneira, conforme aponta Ducrot, "cada uma destas aparentes 
afirmações contém, com efeito, o conjunto do encadeamento em que ocorrem" 
(2009, p. 23), o argumento carrega um valor semântico que introduz previamente e 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
linguisticamente o encadeamento do discurso, de maneira que este é derivado do 
funcionamento inerente da língua e não de um logos argumentativo. Isso significa 
que há a distinção entre uma argumentação linguística - inerente à produção de 
enunciados - e uma argumentação retórica. Para Ducrot, "a argumentação linguística 
não tem qualquer relação direta com a argumentação retórica" (2009, p. 17), de 
modo que a conclusão de um enunciado não envolve um argumento retórico, mas 
linguístico. Para o pesquisador, "as palavras não permitem nem a demonstração nem 
tampouco essa forma degradada da demonstração que seria a argumentação. Esta 
não é se não um sonho do discurso, e a nossa teoria deveria chamar-se antes 'teoria 
da argumentação'" (2009, p. 234). 
A relação inerente a esse princípio é que a argumentação linguística funda-se 
pela demonstração discursiva, indicando que não há neutralidade na língua, embora 
a noção de uma competência crítica do discurso seja complexa à teoria da 
argumentação da língua (PLANTIN, 2008, p. 53). 
Observe, por exemplo, as afirmações que definimos dentro da língua. Quando 
produzo um enunciado com os dizeres "aqui está frio", há também uma defesa de 
um ponto em oposição à "aqui está quente". Da mesma forma, se eu produzisse o 
enunciado "aqui não está frio", ele também é uma resposta a "aqui está quente". 
Mesmo em estruturas que possuem uma negação como premissa, há o 
desenvolvimento de um valor semântico afirmativo, na medida em que afirmo algo 
em relação a outrem. 
No sentido apresentado, a palavra "argumentação", para Ducrot, assume um 
sentido diferente do já associado. A argumentação "tradicional", também chamada 
por Ducrot de argumentação retórica, é uma atividade verbal que tem o objetivo de 
levar alguém a concordar com algo, convencer esse alguém. Observa que isso 
carrega, de maneira implícita, o sentido de "fazer crer", uma forma de persuasão pela 
palavra. Se a argumentação retórica é um esforço ativo, a argumentação linguística 
é um fazer implícito à língua. 
Utilizemos um exemplo: "Jorge tem ciúmes da namorada, pois ela é muito 
bonita". Há uma argumentação linguística presente no uso do léxico "ciúmes" e 
"bonita", que isoladamente não possuem uma definição específica. Pode-se afirmar 
que Jorge não tem ciúmes, mas é possessivo; ou que a namorada não é bonita, de 
maneira a destruir uma argumentação retórica. Porém, mantém-se a linguística, pela 
expressão de um viés implícito à constituição do discurso. 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Dessa maneira, nem toda argumentação linguística presume uma 
argumentação retórica, mas o inverso, sim. Observe que a retórica conecta-se a uma 
estratégia persuasiva envolvendo a própria escolha lexical. Toda argumentação é 
previamente linguística, pois busca, antes de convencer alguém, defender a estrutura 
afirmativa e impositiva de um enunciado. 
Como já abordava Roland Barthes, a língua tem esse caráter autoritário. Não 
apenas nos faz dizer, mas nos obriga a dizer (1987). 
 
A todo um campo de atuação nos estudos do discurso sobre o uso da língua. Como 
aponta Foucault em “A ordem do discurso” (1999), há um uso da língua que perpassa 
as relações sociais do que pode ser dito, quando, como e principalmente, por quem 
é dito. 
 
3. Máximas conversacionais 
Abordamos, até então, certas marcas semânticas no interior da língua, de 
como ela se estrutura para compor afirmações e, dessa forma, apresentar seus 
discursos. Todo esse processo ocorre mais por uma inerência do que uma influência, 
de maneira que há um sentido implícito, um "assenhorear-se" (BARTHES, 1987, p. 43) 
que se manifesta independente de uma posterior intencionalidade. 
Podemos, com base nisso transitar da argumentação linguística para o 
próprio ato conversacional. 
Você já teve a impressão de que alguém está conduzindo um diálogo, e que 
sem isso o mesmo talvez seria previamente encerrado? Costuma assistir programas 
de debates, nos quais há um apresentador/coordenador que direciona os envolvidos 
para os temas previstos? 
Ocorre que a conversa, o diálogo, não são fenômenos isolados ou não 
motivados: há todo um processo de interação que conduz o ato conversacional em 
prol do uso da língua. 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Observe a expressão "variedade linguística". Essa expressão não teria sentido 
se não houvesse um grupo associado ao seu uso, que desse embasamento ao 
acontecimento em si. Há, dessa forma, um caráter inerentemente cooperativo na 
língua. 
Quando abordamos a argumentação linguística, tratamos da questão de que 
toda a língua produz um discurso interno, e não apenas em resposta a outro. Da 
mesma forma, esse discurso é produzido na medida em que é significativo para 
determinado grupo sociocultural. Veja que certos termos/jargões estão associados 
a determinado grupo profissional, como o jargão dos advogados. Ou a própria língua 
portuguesa, utilizada com diferenças no Brasil e no mundo, mas ainda assim 
razoavelmente compreensiva devido ao caráter inerente cooperacional da 
linguagem. 
O que chamamos de "máximas conversacionais” (GRICE, 1982, p. 85) são 
regras que conduzem o ato da conversação. Por meio delas podemos descrever os 
princípios do comportamento linguístico dos falantes, bem como as normas de 
conduta das situações específicas. Em suma, descrevem o modo como os alocutários 
raciocinam ao interpretar o processo de enunciação produzido pelos locutores. 
A relevância dessas premissas é por que são a parte constituinte da 
competência comunicativa, de maneira que, se interrompidas ou mal executadas, 
colocam em xeque o ato da comunicação. 
Uma pergunta simples: biscoito ou bolacha? 
Você pode interpretar isso como uma brincadeira, mas observe como a 
mesma premissa da máxima conversacional envolve o uso específico de termos 
linguísticos em determinadas situações. Se você é de uma cidade como o Rio de 
Janeiro, usa o termo "biscoito". Se é de São Paulo, "bolacha". Porém, se utilizar 
"bolacha" no Rio de Janeiro, pode não receber o que espera. 
A máxima conversacional possui um valor inerentemente semântico: certos 
termos possuem sua própria contextualização e processo de manifestação. Se não 
utilizadas corretamente, provocam o que é conhecido como ruído linguístico. 
Grice aborda como essas máximas regem o processo comportamental 
comunicativo dos falantes durante o ato da interação verbal, e dividem-se em quatro 
tipos: qualidade, quantidade, relevância e modo. 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
 
 
Figura 3 - Ato de interação verbal. Fonte: CÉSAR, 2016. 
A máxima da qualidade envolve o princípio da veracidade, de maneira que 
devemos afirmar o falso e o não confirmável. Ex: Rio de Janeiro é a capital do Brasil. 
O enunciado acima viola, de acordo com Grice, o princípio da qualidade. 
Porém, ele defende que enunciados falsos são exemplos de ironias ou metáforas. 
No caso acima, há uma ironia ao se referir ao Rio de Janeiro, antiga capital brasileira 
e um dos grandes centros econômicos do país, sendo considerada sua "janela para 
o mundo". Por outro lado, há situações nas quais a máxima da qualidade é violada 
de propósito pelo falante, criando assim um falso-positivo. 
A máxima da quantidade aborda o princípio da informação e da 
necessidade, de que a contribuição de um enunciado esteja atrelada à sua 
relevância. Um enunciado deve ter a informação na medidanecessária para uma 
conversação. Observe como os problemas de coerência e redundância associam-se 
a essa máxima, pois sobrecarregam o enunciado de informações repetitivas e 
desnecessárias. Ex: Ele se suicidou. 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Esse é um enunciado muito comum utilizado pelas pessoas, já que 
desconhecem o valor etimológico do prefixo "sui", "a si mesmo", criando uma 
redundância. Por outro lado, a quebra da máxima da quantidade não envolve apenas 
tautologias composicionais, mas semânticas e estruturais. Uma mensagem emitida 
em um aplicativo de mensagens, por exemplo, deve ser concisa, sob o risco de não 
ser plenamente lida, levando-se em conta o espaço para a transmissão desse 
conteúdo. 
A máxima da relevância, como o próprio nome prediz, envolve a pertinência 
do conteúdo transmitido em relação ao objetivo proposto pela conversa, a ponto de 
se evitar a impertinência entre os enunciados. 
Observe o exemplo abaixo: 
"Você chegará cedo?" 
"Não, pois tenho outro compromisso." 
Observe como a informação "pois tenho outro compromisso". Fere essa 
máxima, pois não é inerente à interação inicial. A conversa envolve a confirmação, 
não a justificativa. 
Por último, a máxima de modo envolve a coesão interna do enunciado, ou 
seja, ser organizada. Muitos podem confundir essa máxima com a quantidade, mas 
ela não se limita a isso. Observe o trecho abaixo: 
"Rose, que é bombeiro, mora na Tijuca, que fica no Rio de Janeiro, cidade que 
fica no Estado do Rio de Janeiro". 
Dentre os vários elementos, podemos apontar a quebra da máxima de modo 
nos seguintes pontos: 
a) uso do pronome relativo "que"; 
b) repetição de palavras implícitas e enunciado que não vai direto ao ponto. 
Uma forma de uso da máxima de modo seria esse: "A bombeiro Rose mora 
na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da tijuca". 
4. Teoria dos atos de fala 
Estudos Semânticos - Unidade 4 - Semântica e Psicolinguística Experimental 
 
Encerramos essa etapa do curso abordando um dos últimos elementos 
correlacionados entre semântica e linguística: os atos de fala. 
Falar é produzir sentido, enunciado, discurso. Todo indivíduo, ao se 
comunicar, entrelaça uma intenção comunicativa em prol da produção de 
significados. Envolve também dizer que toda comunicação envolve uma ação, ou 
seja, participação ativa para a produção de informações. 
Roland Barthes aponta como vivemos em um mundo feito de e por palavras 
(1987), pois é por meio destas que damos sentido ao nosso redor. 
Pense na seguinte situação: você consegue se definir por meio de outra 
língua? Consegue imaginar sua maneira de agir, personalidade e demais 
características de uma forma que não seja em língua portuguesa? 
Damos sentido ao mundo por meio da palavra. Não são poucas as religiões, 
inclusive, que atribuem a criação de um mundo por meio das palavras - "Deus disse: 
faça-se a luz! E a luz foi feita" -, sobre o momento inicial a partir do qual tudo passou 
a existir. 
Em muitas situações, dar nome é criar. Há uma relação ao ato de criar algo, e 
nomeá-lo. Observe como em muitos contos de fadas as criaturas parecem só existir 
enquanto lhe atribuímos nomes. Antes disso, são uma massa disforme. O vilão do 
conto Chapeuzinho Vermelho é chamado de "lobo", mas o dos três porquinhos, "lobo 
mau", ganha um nome associado à sua astúcia. 
Observe como essas manifestações contísticas entram no campo da ação: são 
histórias com um fundo moral, que não apenas buscam ensinar algo, mas agir em 
relação a algo. Daí o apontamento de Austin, um dos pioneiros da Teoria dos Atos 
de Fala, para o qual a linguagem seria uma forma de ação (1990, p. 12). Dessa 
maneira, existiriam uma série de ações humanas que se realizariam por meio dos 
atos de fala. Em uma sociedade que é produzida linguisticamente, o indivíduo age 
sobre seu interlocutor por meio dessa comunicação. 
Durante boa parte dos estudos sobre a linguagem, muitos defendiam que as 
informações eram formas de descrever as coisas, ou seja, atestar sua veracidade ou 
falsidade. Porém, Austin busca refutar a visão da língua em seu caráter puramente 
descritivo, de modo a apontar como determinadas afirmações não descrevem, mas 
ordenam, impõem atos. 
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Quando digo "pegue aquilo", o que eu descrevo? Nada. Há um processo de 
injunção, por meio do qual emito ordens verbais que buscam criar efeito sobre o 
interlocutor. 
Com base nessa teorização, pode-se apontar dois tipos de enunciados: 
constatativos e performativos (1990, p. 21). 
Os enunciados constatativos descrevem e/ou relatam um estado de coisas, 
podendo, por isso, se submetem às máximas conversacionais. São enunciados mais 
associados à afirmações, relatos ou descrições, como "eu gosto de chocolate", "o Sol 
é o centro do sistema solar", etc. 
Já os enunciados performativos são aqueles que não são utilizados para 
descrever, relatar ou fazer qualquer tipo de constatação, motivo pelo qual não se 
submetem ao critério de verificabilidade, de modo que não podem ser atestados 
como falsos ou verdadeiros. Porém, por se constituírem como enunciados 
pronunciados, geralmente, na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, 
na forma afirmativa e na voz ativa, realizam uma ação. 
Ex: "Eu te ajudo". 
Observe que não se constata, relava ou descreve alguma coisa, mais uma ação 
produzida linguisticamente, antes que se realize de fato. A mesma situação encontra 
em enunciados como "Ordeno que saia", "Eu te perdoo", etc. São enunciados que, 
ao serem proferidos, realizam verbalmente a ação denotada. Nessa linha 
interpretativa, dizer algo equivale a fazer esse algo. Dessa forma, quando o professor 
diz "a avaliação começa agora", não está informando quando a avaliação tem início, 
ele a inicia. É por isso que Austin utiliza o termo "enunciado performativo" para 
indicar uma ação em determinado contexto. 
Porém, proferir algo não significa necessariamente sua realização. há 
necessidade de determinadas circunstâncias para sua realização. É por isso que um 
enunciado performativo pronunciado em circunstâncias não favoráveis não é 
considerado falso, mas nulo (AUSTIN, 1990, p. 30). Se um aluno, em sala, pede que 
os colegas fiquem em silêncio, pois atrapalham a aula, o enunciado performativo não 
se realiza - fracassa - por que o aluno não tem a autoridade - hierárquica e simbólica 
- para tal ato. Daí que, para Austin, trata-se de um enunciado "infeliz" (1990, p. 36) 
Para que um enunciado performativo seja atendido, devem-se satisfazer as 
chamadas "condições de felicidade" (AUSTIN, 1990, p. 51), que seriam: 
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- A autoridade do falante; 
- As circunstâncias apropriadas para a emissão do enunciado - se ao invés do 
aluno fosse um professor, mas ao invés da sala de aula estivesse em casa, o 
enunciado performativo não teria efeito, pois não possui as devidas circunstâncias. 
Ocasionalmente, podemos observar que nem todos os tipos de enunciados 
performativos realizam-se no tempo verbal utilizado, tampouco na pessoa e na voz. 
Alguns sinais de trânsito - por exemplo, “Pare" - estão associados a esses termos. 
Observe que, no exemplo citado, temos um enunciado performativo de proibição. 
Da mesma forma, nem todo enunciado na primeira pessoa do singular do 
presente do indicativo na forma afirmativa e na voz ativa indica uma enunciação 
performativa. Ex: "Eu jogo dominó". O ato de jogar dominó não se realiza ao se 
enunciar a sentença, e dela não depende. 
Assim como no caso de "Pare", há enunciados performativos que não 
possuem palavras associadas ao ato que executam, como "Cuidado", que equivale a 
ter cuidado com algo, como "tenha cuidado mais à frente". Essa preposição se reflete 
em frases imperativas, como "Fique quieto". 
Porém, há uma diferençaentre "Fique quieto" e "Pare”. O primeiro tem uma 
indicação precisa do ato que realiza, pois é uma ordem. Já "Parece” pode ser 
ambíguo: pode significar "não entre aqui" ou "espere aqui". 
Tendo isso em mente, podemos dividir o enunciado performativo em dois 
tipos (AUSTIN, 1990, p. 59): 
a) explícito - no caso de enunciados com uma performatividade explícita, 
como "Eu ordeno que ela fique"; e 
b) implícito - no caso de enunciados que dependem muito mais da situação 
comunicativa para transmitir um sentido específico, como em "Cuidado". 
Austin aponta o que chamamos de "performativo primário", um enunciado 
performativo explícito. Porém, ao observar essa redução, constata que um 
enunciado constatativo pode ser também um performativo primário (citar), já que 
todo enunciado constativo pode ser convertido em um performativo, bastando que 
a ele anteceda verbos de ação. 
 
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Ex: "A maçã está podre". 
 "Eu declaro que a maçã está podre." 
 
Todos os enunciados seriam, assim, performativos - na medida em que, 
durante a enunciação, são manifestações de algum tipo de ação. Ao retomar toda a 
problematização por esse novo viés, constata que há três atos - que ocorrem 
simultaneamente - que se realizam em cada enunciado: o locucionário, o 
ilocucionário e o perlocucionário (AUSTIN, 1990, p. 85). O ato da fala possui 
dimensões por realizarmos diferentes atos de fala em uma única locução. 
Tomemos como exemplo a frase "Você está me empurrando". 
Ao dizermos o enunciado, praticamos o ato locucionário. Já ao pronunciarmos 
o ato locucionário, o ato executado na fala, executamos um ato ilocucionário. Nessa 
situação, "Você está me empurrando" não é apenas uma constatação, mas um 
protesto, uma advertência para a pessoa a qual o enunciado é direcionado, se afaste. 
O efeito que eu causo no meu interlocutor é o ato perlocucionário, de maneira que 
eu influencie suas ações, pensamentos e/ou emoções. Na situação, para que o outro 
se afaste ou, pelo menos, perceba que me incomoda. 
Essas dimensões do ato de linguagem podem ser subdivididas em cinco 
categorias (AUSTIN, 1990, p. 123-124): 
a) representativos - envolvendo o uso de preposições afirmativas (afirmo, 
declaro); 
b) direitivos - buscam influenciar a ação de algo ou alguém (peço, mando); 
c) comissivos - correlacionam o locutor com uma ação no futuro (almejar, 
promoter); 
d) expressivos - expressam estados emocionais (clamar, desculpar); 
e) declarativos - indicam um fato novo (demitir, batizar). 
Durante a produção do enunciado realiza-se um ato proposicional - o 
conteúdo do comunicado - e um ato ilocucional - o ato que se realiza na linguagem. 
Dessa forma, um mesmo conteúdo proposicional pode exprimir um número 
diferenciado de valores ilocutórios. 
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Ex: "Pedro, coma tudo." 
O valor ilocutório dessa sentença pode ser de pedido, conselho, ordem, etc. 
A inovação trazida pela Teoria dos Atos de Fala para os estudos 
linguísticos/semânticos agregou às pesquisas os elementos do contexto (quem fala, 
com quem, para que, onde, o que, etc.), acrescentando elementos essenciais para a 
compreensão dos estudos da enunciação. Dessa forma, diversos campos de estudos 
vieram a aprofundar questões envolvendo os estudos discursivos, de modo que os 
Atos de Fala são estudados tanto na área da Linguística, da Semântica e outras. 
Síntese 
 Nesta unidade, nós vimos que: 
 
● A linguagem se desenvolve por uma série de processos de compreensão e 
produção, o campo de estudo da psicolinguística. A mesma abrange o estudo 
das relações de sentido, e como estes são produzidos pelos falantes. 
● Outra linha de estudos, a Teoria da Argumentação da Língua, aborda a 
premissa de que a língua é um mecanismo de produção de sentidos 
argumentativos: atribuímos, via discurso, sentidos a algo, projetamos algo. 
Não se limita a argumentação a um caráter retórico, mas inerente à língua. É 
dessa forma que ela atribui a outros objetos os seus respectivos significados. 
● As máximas conversacionais, por sua vez, abrangem os elementos 
fundamentais de um diálogo. Ao colocarmos em prática seus elementos 
essenciais – se um enunciado é verdadeiro, é necessário, é relevante e é 
ordenado – teremos um enunciado completo. 
● Por sua vez, os Atos de fala abordam as características inerentes à fala, ou 
seja, seu caráter de nomear o mundo, de realizar ações por meio de sua 
declaração. É um campo de estudos que trouxe toda uma percepção para os 
estudos semânticos e linguísticos, dentre outros. 
 
 
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Bibliografia 
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BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1987. 
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(Org.). História e Sentido na linguagem. Campinas: Pontes, 2007. 
_____. O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 2009. 
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1999. 
LEITÃO, M. Psicolinguística Experimental: Focalizando o processamento da 
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da linguística, vol. IV. Campinas, 1982, p. 81-103. 
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professoras. Dissertação (mestrado em Educação Científica e Tecnológica). 2001. 
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<http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/79505>. Acesso em: 16 07 
2019. 
PLANTIN, Christian. A Argumentação - História, Teorias, Perspectivas. São Paulo: 
Parábola Editorial, 2008. 
Referências imagéticas: 
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em:<https://pxhere.com/pt/photo/639307>. Acesso em 17 07 2019. 
Figura 2 - SAINT-POL. Aparelho Fonador. Disponível 
em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Respiratory_system_complete_no_labels.s
vg>. Acesso em 17 07 2019. 
Figura 3 - CÉSAR, André. Ato de interação verbal. Disponível em:< 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Comunica%C3%A7%C3%A3o.jpg>. Acesso em 
17 07 2019.

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