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2021 1 - Bloco 02 - Estudos Semânticos 1

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Estudos Semânticos - Unidade Nº 1 - A teoria linguística e o sentido 
 
 
 
 
 
Estudos Semânticos 
 
 
Unidade Nº 1- A teoria linguística e o 
sentido 
 
 
 
 
João Trindade 
 
Estudos Semânticos - Unidade Nº 1 - A teoria linguística e o sentido 
 
Introdução 
Você, alguma vez, já se deu conta da quantidade de processos cognitivos 
realizados no ato da leitura? Talvez nunca tenha pensado nisso, mas, quando lemos, 
tornamo-nos intérpretes, tradutores de palavras. O código escrito, na dinâmica da 
linguagem, não é uma expressão direta do pensamento; existe uma opacidade, algo a 
ser desvendado. Curioso, não? 
A concepção de leitura como mera decodificação de palavras é recusada pelos 
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), que definem leitura como um tipo 
de processo através do qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e 
interpretação do texto, “a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o 
assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem” (BRASIL, 1998, p. 41). 
Essa percepção concebida pelo ministério da educação considera que todo 
leitor exerce esse ato de maneira ativa, como sujeito do discurso – falaremos mais 
adiante sobre o significado desses termos -, mas infelizmente a realidade não condiz 
com essa afirmação, principalmente se considerarmos os últimos resultados na 
avaliação educacional realizada por órgãos como o Sistema de Avaliação da Educação 
Básica (SAEB). Os resultados, aquém do esperado, mostram que a leitura não tem sido 
trabalhada – desde as séries iniciais – de maneira aprofundada: os estudantes atingem 
apenas as camadas mais superficiais, seguindo o modelo ascendente da leitura. 
E como isso se relaciona com a semântica? Bom, esse é o tema principal dessa 
primeira unidade, na qual nos aprofundaremos na ciência dos significados, a forma 
como a semântica correlaciona-se com os sentidos que as palavras assumem numa 
perspectiva sincrônica e diacrônica. 
1. A relação da semântica com a teoria linguística 
geral 
A semântica está relacionada com a linguística, uma vez que a semântica é, 
essencialmente, uma forma de se estudar o significado e como este é interpretado. 
Daí a afirmação de que a palavra é um “signo linguístico”, podendo ser carregado de 
significados, principalmente quando inserido numa frase ou em determinado 
enunciado. A semântica, por sua vez, analisa como a palavra e enunciados passam por 
transformações de sentido ocorridas nos processos linguísticos com o passar do 
tempo, e com a mudança de espaço. 
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Para entendermos um pouco mais a semântica, precisamos falar, brevemente, 
da sua relação com a teoria da linguística geral de Saussure e, para tanto, precisamos 
explicar essa teoria. 
A teoria de Saussure é considerada a “mãe” de toda uma série de teorias 
linguísticas – e de outras áreas – que vão além da semântica. Remete aos anos de 1960, 
quando os estudos da leitura entram em sua fase de amadurecimento com o 
surgimento/desenvolvimento de outras áreas de saber, como a Linguística Cognitivista 
e a Psicolinguística (SANTOS, 2017). Por meio destes – dentre outros -, a leitura passa 
a ser vista como um processo que ocorre por operações mentais, que podem ser 
compreendidas por meio de três modelos: o ascendente, o descendente e o interativo 
(Gough & Goodman, apud SANTOS, 2017, p. 27). 
Ora, naquele que é conhecido como modelo ascendente (também chamado 
“bottom-up”), o leitor acompanha o texto linearmente, decodificando suas unidades 
linguísticas das menores para as maiores, partindo assim do grafema para a sílaba, 
para o morfema, deste para a palavra, depois para a frase, e assim sucessivamente. 
Esse modelo fora muito popular nos anos de 1990, principalmente em atividades de 
alfabetização e letramento. Já no descendente – que também pode ser chamado de 
“top-down” – há um aprofundamento das atividades cognitivas do leitor, o qual, 
realizando um movimento inverso, busca uma maior compreensão do texto ao lê-lo 
em seu devido contexto – abordando, ao longo do seu processo interpretativo, 
elementos extralinguísticos, textuais e outros, sem perder a correlação e contribuição 
destes para o enunciado –, de maneira que uma “leitura de mundo” contribui para que 
ele interprete de maneira mais aprofundada essas estruturas significativas. 
 
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Figura 1. Leitura. FONTE: REACHERS, 2010."O jovem leitor". 
Por último, há o modelo interativo: esse resulta de uma mescla dos dois 
modelos anteriores, de modo que o leitor promove uma interação entre seus 
conhecimentos linguísticos e extralinguísticos para compreender o que lê, uma vez 
que 
a interação desses conhecimentos, segundo a perspectiva cognitiva, ocorre 
na mente do leitor; ler é, portanto, uma ação individual, um ato estratégico 
de processamento da informação que não estabelece relação com os fatores 
externos ao texto. Cada uma das palavras que compõem o texto representa 
entidades do mundo físico, havendo uma relação direta entre linguagem e 
mundo. (SANTOS 2017, p. 29-30) 
Esse modelo ainda não envolve uma leitura como interação social, mas como 
mero processo interacional entre leitor e o texto. Apesar do que o nome sugere, 
promove uma leitura superficial dos elementos sociolinguísticos. 
Consequentemente, os estudos sociocognitivos oriundos dos anos 1980 trazem 
o questionamento à essas acepções anteriores, partindo do princípio que movimentos 
mentais e sociais podem ocorrer separadamente, motivo dessa geração ter defendido 
que a cognição é, também, um fenômeno social (SANTOS, 2017, p.42). 
 
Você quer ler? De modo que você possa se aprofundar com as noções de semântica, 
semiótica e demais termos, além de compreender o que e como é construído um 
enunciado, sugerimos a leitura de um texto que aborda, tendo em vista “novatos” 
nesse campo de saber, a teorização de Saussure – filósofo da língua que emancipou a 
linguística de outros campos do estudo da língua -, “Signo e significação”, de Rubens 
César Baquião. Leia aqui. 
 
Para você que, em especial, estudou superficialmente esses conceitos – ou é de 
um campo de saber que observa o texto por outro viés, como o campo de estudos da 
psicologia que trabalha com estudos narratológicos –, pode parecer estranho que 
conceitos que hoje já são mais definidos não tenham sido uma norma, mas exceção. 
Isso ocorre pelo “simples” fato de que os estudos da língua também são “estudos 
científicos”, o que significa que são suscetíveis à falibilidade do método cientificado. 
Só assim é que esse processo de descoberta e aprendizagem progride. As certezas 
https://www.revistas.usp.br/esse/article/download/35250/37970
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linguísticas, por exemplo, o são do agora, mas não são necessariamente as de amanhã, 
e isso lhes atribui vantagem: são as respostas que conseguimos dar para as questões 
da época em que vivemos, até que deixem de nos saciar. 
1.1. Semântica x Teoria da Linguística Geral 
Durante um determinado tempo, a semântica esteve mais intimamente 
associada à teoria da Linguística geral. A linguística encontrou seu objeto de estudo 
ao separar a linguagem do homem. Era preciso observar, formular hipóteses e 
examiná-las sistematicamente de tal modo que se esboçasse classificações, 
semelhanças, distinções. A linguagem, com o estruturalismo, foi percebida como um 
sistema de funcionamento regular, previsível e passível de descrição sistemática. Assim 
foi percebida também a movimentação dos astros de Newton; os organismos vivos, 
na biologia; a estrutura da sociedade, em Sociologia. 
A linguística é a ciência que se ocupa dos acontecimentos no interior da língua. 
A semântica, por sua vez, atinge gradativamente sua autonomia ao se ocupar dos 
sentidos.De fato, a semântica é concebida como um tipo de ciência linguística que 
correlaciona as inter-relações entre as palavras e os objetos por elas apontados. Ou 
seja, há a palavra, signo linguístico, “cadeira”, a qual aponta/designa um objeto 
utilizado para nos sentarmos. Nesse processo inter-relacional, observa-se, por 
exemplo, em que sentido a mesma palavra “cadeira” pode apontar outros objetos. Daí 
que a semântica, por meio de um processo de indução, busca a conclusão de leis 
linguísticas e como elas se aplicam ao signo e ao objeto correlacionado. 
Esses sentidos, por exemplo, repetem-se e se estruturam no interior de textos. 
Resgatemos, então, a definição do professor Fiorin sobre o sentido de um texto: 
Um texto é um todo de sentido. Dizer que ele é um todo organizado de 
sentido implica afirmar que o texto é um conjunto formado de partes 
solidárias, ou seja, que o sentido de uma parte depende de outras. (FIORIN; 
SAVIOLI, 2006, p. 16) 
Observe que, mesmo sob uma visão estruturalista, o texto passa a ser estudado 
tanto como um fenômeno linguístico, quanto de sentido, pois é através dele que 
compomos enunciados significativos. 
Ora, texto e leitor constituem a atividade de leitura, enfatizando a importância 
do contexto na construção de sentidos, num processo dialógico, de maneira que o 
sentido de um texto se constrói nas relações entre os atores relacionados. A leitura 
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seria, por esse viés, uma prática de interação verbal dialógica, situada em um contexto 
sócio-histórico, e a escrita também (BAKHTIN, 2003). 
A teoria de Bakhtin, que dialoga com a teoria de Saussure, também leva à 
discussão da semântica, da produção desses enunciados significativos. Assim, na 
interlocução ativa, toda palavra comporta duas faces, pois sempre procede de alguém 
para outro alguém. Palavra e sua multiplicidade de sentidos são o resultado da 
interação entre locutor e ouvinte, sendo que a expressão parte de um para o outro, e 
vice-versa (BAKHTIN, 2006). Dessa forma, os interlocutores partilham provisoriamente 
das mesmas palavras, mas cada uma delas está “prenhe” de sentidos, visto que cada 
“face” comporta valores sociais e culturais únicos e multifacetados: 
A palavra dirige-se a um interlocutor: ela é função da pessoa desse 
interlocutor: variará se se tratar de uma pessoa do mesmo grupo social ou 
não, se esta for inferior ou superior na hierarquia social, se estiver ligada ao 
locutor por laços sociais mais ou menos estreitos (pai, mãe, marido, etc.). Não 
pode haver interlocutor abstrato; não teríamos linguagem comum com tal 
interlocutor, nem no sentido próprio nem no figurado. (BAKHTIN, 2006, p. 
112) 
Nesse contexto, a produção de sentidos ocorre na enunciação, estruturada pela 
situação imediata e pelo contexto sócio-histórico em que a interação verbal está 
inserida e em função do contexto de produção e recepção do texto na atividade de 
leitura. As situações que propiciam a organização textual são chamadas de contexto 
de produção e recepção textual (BRONCKART, 2009, p. 93), os quais se organizam de 
maneira diacrônica e sincrônica, que consiste no meio social mais amplo em que se 
produzem normas, valores, regras sociais, ideologias, relações de poder, conflitos 
sociais, intenções e visões de mundo (BAKHTIN, 2003). 
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Figura 2. Pensamentos palavras. FONTE: SILH, 2011."Pensamentos palavras". 
Em outros termos: no plano da situação imediata é que apontamos para o lugar 
e o momento físico da produção de um texto, o autor e o leitor/coprodutor. No plano 
sócio-histórico, considera-se a posição social dos interlocutores, os contextos de 
circulação dos textos e os objetivos de interação. O indivíduo, ao produzir enunciados, 
o faz realizando uma compreensão do “eu” e os papéis sociais que ocupa (pai, mãe, 
dentista, político), bem como a imagem que quer transmitir de si – nos mais diferentes 
espaços, de modo que a maneira como interpreta o outro, o qual é alvo do seu 
discurso, têm um mecanismo que o afeta: produzimos textos tendo em mente quem 
somos, e a quem visamos. 
2. O que é semântica? 
Agora que você teve a oportunidade de se aprofundar sobre a relação entre 
Teoria Linguística Geral e Semântica, entre fenômenos linguísticos e fenômenos de 
sentido, falemos um pouco mais sobre a semântica. Observe como ela gradativamente 
alcança espaço de ciência autônoma na área do estruturalismo ao dar ênfase ao 
significado em detrimento das questões envolvidas na produção de sentido. Saussure 
leva em considera-se apenas o estudo da língua por si e em si, ou seja, “a linguística 
tem por único e verdadeiro objetivo a língua considerada em si mesma e por si 
mesma” (SAUSSURE, 2010, p. 271). 
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O grande problema dessa concepção saussuriana é que se passa a estudar a 
língua sem se considerar o contexto sociocultural daquele que produz a linguagem, 
ou seja, o homem. Isso ignora, por exemplo, uma limitação para o entendimento das 
vertentes da comunicação (CALVET, 2015), que é, por definição, o campo da semântica. 
Em busca da defesa do significado que a semântica eleva como saber autônomo, 
capaz de influenciar outros variados campos de investigação. Curiosamente, em textos 
posteriormente publicados conhecidos como ”Escritos de Linguística Geral” (2004), 
aborda-se a concepção de que a língua desenvolve-se como um sistema de signos 
estruturados em discursos que os organizam, bem como possibilitam a transição de 
valores a eles internamente implícitos. Esses valores transitam pelas situações sociais 
de tempo, espaço e, inclusive, de ouvinte/leitor, o qual, pela sua própria existência, 
constrói significados. 
Não fique surpreso, é exatamente isso: o ouvinte é, também, um leitor, o qual 
atua ativamente. Nessa interação, um dos interlocutores espera uma resposta e, ao 
mesmo tempo, a constrói, significando-a, por meio da resposta que aguarda. Nesse 
processo dinâmico e multifacetado, o leitor transforma-se em produtor de sentidos 
ou coprodutor de texto. Em suma, falar/escrever, ler/ouvir, como se em um eterno 
jogo de espelhos, um ciclo no qual não produz sentido sem uma resposta previamente 
definida. 
Umberto Eco brinca com esse conceito ao falar em “autor-modelo” e “leitor-
modelo” (1994), pois considera que há um jogo de produção de significados e que os 
indivíduos atuam como se em um jogo: todo significado possui, pelo menos, dois 
lados interacionais. Bakhtin parece brincar com essa mesma ideia ao dizer que o 
falante não é uma espécie de Adão que pronunciou suas primeiras palavras sem 
necessitar de alguém que o entendesse (2003), de modo que os significados 
produzidos são, também, socialmente construídos. 
Tal atitude – que nós podemos apontar como “responsiva” – é pressuposta pelo 
produtor do significado com base nas representações que realiza sobre o contexto de 
produção pelo qual considera um ouvinte/leitor previsto; pelo meio no qual o seu 
texto será publicado; pelo âmbito de circulação e pelos possíveis objetivos a serem 
construídos na interação verbal. É por isso que uma propaganda na internet – um texto 
– é interpretada de diferentes formas, pois gera, na verdade, diferentes interpretações 
associadas a diferentes perguntas, feitas por diferentes interlocutores. Daí que: quem 
são esses novos atores? De onde falam, qual seu posicionamento discursivo, e de que 
ponto de vista interagem, dentre outros fatores. Não é gratuita a afirmação de que 
todo texto tem um leitor, mesmo que não fisicamente, mas presumido. 
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Se pensarmos assim, observamos como todo texto é produzido numa relação 
contextual de produção e recepção realizada entre autor, leitor e texto produzido. É 
umaatividade feita a várias mãos ou, para nos apropriarmos da metáfora de Bakhtin, 
vozes. 
2.1. A semântica como estudo dos significados nas línguas 
A semântica envolve o estudo dos significados, mas como isso envolve o estudo 
das interações sociais. Pois bem, já parou para pensar na importância da linguagem 
para as interações comunicativas mais simples, como a forma como nos relacionarmos 
com nossos familiares? Ou com nossos amigos da rua? 
É provável que não. A famosa citação de Roland Barthes de que vivemos em 
um mundo feito de palavras (1987) passa despercebida pela população em geral. Mas 
e você, profissional que atua diretamente com a linguagem? A citação faz-lhe sentido? 
Talvez você consiga entender essa ideia de outra maneira: a linguagem é 
inerente à natureza humana. No seu dia a dia, você se depara com variados tipos de 
linguagem, como a cinematográfica, a de programação, a corporal, etc. Pode-se dizer 
que a linguagem é mais um processo do que uma técnica, realizada na interação entre 
interlocutores em determinada situação sociocomunicativa (BAKHTIN, 2006). Esse ato 
é constituinte de todas as relações humanas, como as sociais, culturais e científicas, 
bem como ideológicas, visto que a 
linguagem só vive na comunicação dialógica daqueles que a usam. É 
precisamente essa comunicação dialógica que constitui o verdadeiro 
campo da vida da linguagem. Toda a vida da linguagem, seja qual for 
o seu campo de emprego (a linguagem cotidiana, a prática, a científica, 
a artística, etc.), está impregnada de relações dialógicas [...] Essas 
relações se situam no campo do discurso, pois este é por natureza 
dialógico e, pois, tais relações devem ser estudadas pela 
metalinguística, que ultrapassa os limites da linguística e possui objeto 
autônomo e metas próprias. (BAKHTIN, 2005, p.210, grifo do autor) 
Dessa maneira, sob um viés do estudo da significação, podemos observar como 
a língua é um conjunto de convenções que permite o exercício da linguagem, ou seja, 
uma atividade social, visto que adentra e perpetua-se em todos os meios nos quais se 
manifesta, e o meio social afeta a psique humana via a própria linguagem. É muito 
primorosa a metáfora de Bakhtin sobre o fato de que o único falante que não precisou 
se preocupar – isso por um breve espaço de tempo – com as questões inerentes à 
ideologia da linguagem, fora Adão: 
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O falante não é um Adão, e por isso o próprio objeto do seu discurso 
se torna inevitavelmente um palco de encontro com opiniões de 
interlocutores imediatos (na conversa ou na discussão sobre algum 
acontecimento do dia-a-dia) ou com pontos de vista, visões de mundo, 
correntes, teorias, etc., (no campo da comunicação cultural). Uma visão 
de mundo, uma corrente, um ponto de vista, uma opinião sempre tem 
uma expressão verbalizada. Tudo isso é discurso do outro (em forma 
pessoal ou impessoal), e este não pode deixar de refletir-se no 
enunciado.( BAKHTIN, 2003, p.300) 
São os falantes de uma língua que possibilitam sua constante transformação, 
uma vez que, por meio desta, negociam os sentidos dos significados produzidos 
(BAGNO, 2014). Por se tratar de uma relação dialógica – o que dizemos, o fazemos em 
relação a outro –, nunca é ação isolada, visto que é enunciado polifônico: 
Não pode haver enunciado isolado. Ele sempre pressupõe enunciados 
que o antecedem e o sucedem. Nenhum enunciado pode ser o 
primeiro ou o último. Ele é apenas o elo na cadeia e fora dessa cadeia 
não pode ser estudado [...] Assim, a compreensão completa o texto: 
ela é ativa e criadora [...] A co-criação dos sujeitos da compreensão. [...] 
é impossível uma compreensão sem avaliação. [...] O sujeito da 
compreensão não pode excluir a possibilidade de mudança e até de 
renúncia aos seus pontos de vista e posições já prontos. No ato da 
compreensão desenvolve-se uma luta cujo resultado é a mudança 
mútua e o enriquecimento. (BAKHTIN, 2006, p. 371) 
2.2 Relações semânticas e interpretações textuais 
Não é nova essa relação entre semântica e interpretação, melhor dizendo, o uso 
conotativo entre um e outro. E antes que você se pergunte o porquê, eis a questão: 
em muitas situações, semântica e interpretação são tratadas de forma relacionada, 
assim, podemos definir, de maneira simplificada, um texto como representação dos 
enunciados. Semântica textual aborda o enunciado na medida em que tem intenção 
(ideia) e realização dessa intenção, visto que é enunciado incluso nas formas 
comunicativas do discurso, entre texto e dentro de um texto (BAKHTIN, 2003, p. 308-
310). As inter-relações desses elementos criam uma cadeia textológica, na qual os 
textos/enunciados, que vieram antes e virão depois do momento do enunciado, 
constituirão outros textos e diferentes discursos em relações intertextuais e 
interdiscursivas. 
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Raramente encontra-se um campo de estudo que não se aproprie do jargão de 
outras áreas de saber durante o seu processo de composição de nomenclatura e, por 
extensão, de significados. Nós – eu e você – observaremos a presença de muitos 
termos que já vimos em outras áreas, como linguística. 
Voltemos aqui após essa breve explicação, O texto deve ser compreendido 
como conjunto de relações dialógicas entre os textos e no interior dos textos, em uma 
cadeia de outros enunciados (BAKHTIN, 2005, p. 402) que produz significados sociais. 
E por ser enunciado, vai além do aspecto linguístico, pois está associado a quem o 
produz e quem o interpreta de maneira responsiva, assim como na conjunção dos seus 
discursos situados em contextos sócio-históricos e culturais. É enunciado concreto por 
manifestar-se contextualmente em situações de produção e de recepção textual. Se 
toda a criação nas relações de linguagem ocorre a partir de algo dado, então, todo 
dado se transforma em algo criado, e a criação ocorre na relação entre diferentes 
enunciados e por consequência de diferentes discursos (BAKHTIN, 2003). Significado 
– relacionado com o texto – situa-se nessas relações em que o sujeito interage nas 
suas diferentes vivências ou, de acordo com os PCN´s: “Produzir linguagem significa 
produzir significados. Significa dizer alguma coisa para alguém, de uma determinada 
forma, num determinado contexto histórico” (BRASIL, 1998, p. 22). Logo, não há 
significado sem texto, visto que as relações significativas se dão tanto em textos 
escritos, quando por meio de elementos extralinguísticos, como valores históricos, 
sociais, culturais e políticos. 
 
Você sabia? Que tal aprofundarmos nossa compreensão acerca da relação entre 
língua e ideologia? Leia o texto do professor José Luiz Fiorin – um profícuo 
pesquisador da área de estudos discursivos –, “Língua, discurso e política”, disponível 
aqui. 
 
3. Principais questões sobre o sentido 
Mal chegamos ao final do primeiro capítulo, e abordamos tantos conceitos dos 
estudos semânticos! Atenção, pois eles serão retomados futuramente! 
Pelas reflexões até aqui propostas, você já deve ter percebido que um sentido 
não se produz de maneira aleatória, despretensiosa, pois o significado não é uma 
http://www.scielo.br/pdf/alea/v11n1/v11n1a12.pdf
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tábua rasa ou, parafraseando Umberto Eco, é aberto, mas não escancarado, pois 
sempre carrega algum sentido inerente em negociação com nossa noção de mundo, 
nossa formação ideológica. Quer dizer que há um limite entre o coerente e o 
incoerente diante de uma interpretação. Como já apontara o próprio Saussure: 
[...] toda espécie de valor, mesmo usando elementos muito diferentes, só se 
baseia no meio social e na força social. É a coletividade que cria o valor, o que 
significa que ele não existe antes e fora dela, nem em seus elementos 
decompostos e nem nos indivíduos. (Saussure,2004, p.250) 
Importa destacar que o conceito de significado relaciona-se aos sentidos que um 
enunciado por suscitar, o que, como já apontara Orlandi (2001), depende da 
competência dos interlocutores. Ideologicamente, os sentidos emergem das palavras, 
as quais podem mudar de significado de acordo com seus usos – sentido não é algo 
inerente, mas em transição. Não é histórico, é o momento. 
 
Figura 3. "Duas pessoas conversando balões de fala" FONTE: KRAPHIX, 2017. 
Em suma, o discurso pode variar de acordo com o que chamamos de “formação 
discursiva, interdiscurso”. Um sentido, assim, nem sempre pode ser pré-determinado, 
pois ele sempre será construído pelas escolhas do sujeito enunciador a cada formação 
discursiva, que terá, invariavelmente, implicações ideológicas (ORLANDI, 2001, p. 14). 
É por esse caminho que se aponta para o interdiscurso como “espaço”, “lacuna” 
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discursiva que comporta tudo o que já foi e será formulado, e é tomado pelo sujeito 
como seu, embora este não perceba a origem dos enunciados que produz. Não somos 
totalmente donos dos enunciados que produzimos, utilizamos e modificamos 
determinados contextos comunicativos disponíveis. 
Usemos o signo linguístico “jogador”, e seus significados: pode representar um 
esportista profissional, visto que não é comum utilizar o termo para se referir à 
jogadores de fim de semana; mas, anteriormente, era utilizado para pessoas que 
praticavam algum jogo de interação social em rodas de amigos, como o Poker. Dai a 
expressão “ele é um bom jogador”. Há, também, o sentido da própria interação social, 
de que “ele joga com as cartas que tem”, que pode significar, inclusive, um uso político 
da palavra. Observe que há um uso primeiro da palavra no sentido de “interação”, o 
qual passa a ser utilizado, com o passar do tempo, com o significado de “estratégia”. 
Não há discurso sem interdiscurso, uma vez que este agrega toda memória do 
que o enunciado já fora, bem como permite a realização/aceitação de um (novo) 
discurso (ORLANDI, 1996, p. 18) 
Assim, faz todo o sentido conceber que um significado alinha-se com outro, e 
assim o segue como se numa linha produtiva de significados, os que já o foram ditos 
e os que ainda o serão. Se eu digo que tal comida é “apimentada”, significa que o faço 
em relação/oposição com outro contexto significativo que diz o que é uma comida 
apimentada, e o que não é. OS significados, dessa forma, atuam como se estivessem 
em uma permissividade social (Barros, apud BAKHTIN, 2003, p. 6). 
Em suma, o sentido é construído e interdiscursivo. Não pré-existe, transita. 
Ainda nessa visão, um texto – que pode ser verbal, não verbal ou misto –, elemento 
produtor de sentidos por excelência, só pode ser plenamente compreendido de 
acordo com essa inter-relação. A textualidade seria esse princípio de conexão entre os 
significados. Assim, texto compreende-se na sua interação interdiscursiva, relação 
entre os sentidos prévios e posteriores: 
Na perspectiva dessa relação dado/fato, quando afirmo que um texto não é um 
documento, mas um discurso, estou produzindo algo mais fundamental: estou 
instalando na consideração dos elementos submetidos à análise — no movimento 
contínuo entre descrição e interpretação — a memória. Em outras palavras, os dados 
não têm memória, são os fatos que nos conduzem à memória linguística. Nos fatos, 
temos a historicidade. Observar os fatos de linguagem vem a ser considerá-los em sua 
historicidade, enquanto eles representam um lugar de entrada na memória da 
linguagem, sua sistematicidade, seu modo de funcionamento. (ORLANDI, 1995, p. 115) 
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Assim, toda interpretação textual – e, na mesma leitura que fazemos do que é 
um texto, não pode dela se desvencilhar - não está imbuída apenas na sua capacidade 
significativa, mas sua relação com outros elementos que a ela se conectam, a maneira 
como tal texto exerce determina função no meio social que ocupa. 
Você consegue imaginar um mundo no qual não ocorre a comunicação? O 
simples fato de você formular esse pensamento já quebra essa hipótese, uma vez que 
você está construindo uma resposta à minha provocação. A comunicação plena – se 
se pode utilizar tal termo – envolve um discurso que prediz um outro, seu 
complemento, e um anterior, sua pergunta – este, também uma resposta – em eterna 
relação dialógica, de maneira que esse diálogo – sempre inconclusivo – é a forma de 
expressão verbal que representa autenticamente todos os aspectos da vida humana 
(Bakhtin, 2007, p. 348). Ou seja, um significado prediz outro, Numa relação discursiva 
de produção-sentido/falante-ouvinte/escritor-leitor.Todo significado se constitui 
sobre um anterior, toda fala é resposta a outra, e assim sucessivamente, de modo que 
a constituição de um indivíduo enquanto leitor pleno envolve, justamente, o 
envolvimento em situações de interdiscursividade. 
3.1 O que é semântico? 
Na correlação entre sistema de códigos da língua – sua forma – e enunciação – 
seu sentido -, compõem-se novas premissas que dialogam entre si e compõem o 
discurso: a composição semântica. Nesta, abrangemos nossa capacidade de 
interpretar e dar sentido ao mundo. 
 
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Figura 4. Pombo. FONTE: SILH, 2012. 
A imagem acima apresente a figura de um pássaro – Um pombo? Uma 
andorinha? – que, pela sua forma, dificilmente é associada com outro animal. Como 
assume posição de voo, pode assumir um valor de “velocidade”, liberdade”, dentre 
outros sentidos. E pode, também, assumir a função de signo e ser reduzido aos signos 
linguísticos “asas” e “canto” e, por fim, ressignificados no poema de João Cabral de 
Melo Neto, apresentado abaixo: 
Tecendo a manhã 
 
Um galo sozinho não tece uma manhã: 
ele precisará sempre de outros galos. 
De um que apanhe esse grito que ele 
e o lance a outro; de um outro galo 
que apanhe o grito de um galo antes 
e o lance a outro; e de outros galos 
que com muitos outros galos se cruzem 
os fios de sol de seus gritos de galo, 
para que a manhã, desde uma teia tênue, 
se vá tecendo, entre todos os galos. 
E se encorpando em tela, entre todos, 
se erguendo tenda, onde entrem todos, 
se entretendendo para todos, no toldo 
(a manhã) que plana livre de armação. 
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo 
que, tecido, se eleva por si: luz balão. 
João Cabral de Melo Neto (apud ABDALA JUNIOR, 1995, p. 88) 
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Observe como, em relação à figura 10, a ideia de “pássaro apressado” é 
transitada para o galo, o qual, no poema de João Cabral de Melo Neto, tem outro 
trabalho, “tecer a manhã”. O animal em questão assume esse sentido de trazer o raiar 
do seu através do seu canto, metáfora reaproveitada pelo poeta no mesmo poema. 
Observemos uma frase em particular, “se vá tecendo, entre todos os galos”, 
enunciado composto de um significado e um valor semântico, uma vez que cada signo 
linguístico para nós é familiar, e resgatamos a memória enunciativa da frase para que 
seu sentido tome forma. Ao fazer isso, interligamos o valor literal com o metafórico 
dos signos presentes. 
Aqui, o neoparnasiano engendra uma frase de modo que o locutor compreende 
sua intencionalidade, de modo que o efeito semiótico se realiza diante da 
compreensão semântica de todos os elementos relacionados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síntese 
Embora nosso percurso inicial tenha sido longo e detalhado, pudemos chegar 
ao ponto final desta unidade, abordando tanto as premissas iniciais acerca dos estudos 
da semântica, quanto abordamos conceitos fundamentais para a produção de 
unidades significativas. Podemos sintetizar essa unidade a partir dos seguintes pontos: 
O ato de leitura é uma atividade ativa de compreensãotextual. 
Há uma perspectiva cognitivista da leitura que prevê modelos de realização da 
própria leitura, na mesma medida que a perspectiva sociocognitivista enfoca o 
desenvolvimento – no indivíduo – da capacidade de perceber as relações lógicas – e 
dialógicas – no contexto de cada leitura. 
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● O texto é formado inerentemente por discursos, e por isso é uma atividade 
social. 
● O princípio da semântica é o estudo do significado. A forma como este é 
interpretado varia de acordo com os diversos campos da semântica. 
Da mesma forma, o enunciado tem relação com os sujeitos e com a linguagem 
em uso. Os sentidos são mutáveis, de acordo com as relações interdiscursivas 
presentes, motivo pelo qual, para que o indivíduo para se tornar um leitor proficiente, 
deve ser capaz de desenvolver sua capacidade de compreensão contextual, ou seja, 
sua percepção do contexto. 
 
 
 
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