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Boas Práticas na Higiene e Manipulação de Alimentos Série Alimentos Boas Práticas na Higiene e Manipulação de Alimentos 2019 Série Alimentos Expediente Firjan – Federação das Indústrias do estado do Rio de Janeiro Presidente Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira 1º Vice-presidente Carlos Mariani Bittencourt Superintendente da Firjan SESI Diretor Regional da Firjan SENAI Diretor Executivo de Operações Alexandre dos Reis Gerência Geral de Educação Gerente Geral de Educação da Firjan SENAI-SESI Regina Malta Gerência de Educação Profissional Edson Melo Gerência de Cursos e Recursos Educacionais Allain José Fonseca Boas Práticas na Higiene e Manipulação de Alimentos Elaboração Shelly Schueler Leitura Técnica Marcia Losso Diagramação Luis Gustavo Costa Gama Este material está em consonância com o novo Acordo Ortográfico. www.firjan.com.br Av. Graça Aranha, 1 Centro, Rio de Janeiro Boas Práticas na Higiene e Manipulação de Alimentos Série Alimentos Sumário Apresentação ................................................................................................................... 9 1 - O que são Boas Práticas? ....................................................................................... 11 1.1 - Perigo nos alimentos .................................................................................... 13 1.2 - Microrganismo ............................................................................................... 16 1.3 - Doenças causadas por microrganismos através dos alimentos ................................................................................. 19 1.4 - Contaminação alimentar ........................................................................... 20 1.5 - Controle de pragas ...................................................................................... 22 1.6 - Manipuladores ............................................................................................... 23 1.7 - Higienização de mãos ................................................................................. 24 1.8 - Higienização ambiental .............................................................................. 26 1.9 - Controle de resíduos .................................................................................... 28 1.10 - Aquisição, recebimento e armazenamento ........................................ 29 1.11 - Pré-preparo e preparo dos alimentos .................................................. 32 1.12 - Porcionamento, recheamento de salgados e montagem de doces e tortas ........................................................................................... 35 1.13 - Higienização de alimentos servidos crus ............................................. 36 1.14 - Coleta de amostras .................................................................................. 39 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 41 Apresentação O alimento é fonte de energia e de saúde para o homem, portanto não poderia nem deveria ser fonte de doenças. Infelizmente, há alimentos que podem trazer prejuízo à nossa saúde, dependendo da quantidade e dos tipos de contaminantes neles presentes. O consumo de alimentos industrializados ou preparados fora de casa expõe a população a doenças causadas por vários tipos de contaminantes. Os alimentos são veículos para agentes infecciosos e tóxicos e podem ser contaminados durante todo o processamento do alimento por qualquer matéria estranha, como perigos químicos (produtos de limpeza e inseticidas), físicos (pedras, pregos, pedaços de plástico ou 9 metal) e biológicos (microrganismos e suas toxinas). Sendo assim, o trabalho do manipulador de alimentos se torna fundamental para garantir alimentos mais seguros e proteger a saúde dos consumidores. Pensando nisso, este material foi desenvolvido com o objetivo de ressaltar a responsabilidade daqueles que trabalham com alimentos, por meio do esclarecimento sobre as Boas Práticas na Higiene e Manipulação de Alimentos, ou seja, os cuidados na aquisição, no acondicio namento, na manipulação, na conservação e na exposição dos alimentos, bem como a estrutura física do local de manipulação para que a qualidade sanitária do alimento não esteja em risco pelos perigos químicos, físicos e especialmente biológicos. Bom estudo e sucesso nessa jornada! Boas Práticas de Fabricação de Alimentos O que são Boas Práticas? Nesta seção... • 1.1 - Perigo nos alimentos • 1.2 - Microrganismo • 1.3 - Doenças causadas por microrganismos através dos alimentos • 1.4 - Contaminação alimentar • 1.5 - Controle de pragas • 1.6 - Manipuladores • 1.7 - Higienização de mãos • 1.8 - Higienização ambiental • 1.9 - Controle de resíduos • 1.10 - Aquisição, recebimento e armazenamento • 1.11 - Porcionamento, recheamento de salgados e montagem de doces e tortas • 1.13 - Coleta de amostras 1 • 1.12 - Higienização de alimentos servidos crus 1 - O que são boas práticas? São procedimentos de higiene, durante o preparo dos alimentos, necessários para garantir a segurança do alimento. Existem legislações que determinam quais são os procedimentos na produção dos alimentos, legislações específicas para a área de indústria e para a área de serviços. Legislações para empresas produtoras de alimentos: Portaria SVS/MS 326 de 30 de julho de 1997 Regulamento técnico de Condições Higiênicos-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Resolução RDC Nº 216 de 15 de setembro de 2004 Regulamento técnico de Boas Práticas para serviços de alimentação (cantinas, bufês, comissárias, confeitarias, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, delicatéssens, lanchonetes, padarias, pastelarias, restaurantes, rotisserias e congêneres). 13 Codex Alimentarius Coletânea de padrões reconhecidos internacionalmente, códigos de conduta, orien tações e outras recomendações relativas à alimentos, produção de alimentos e segurança alimentar. Seus textos são desenvolvidos e mantidos por uma comissão estabelecida em 1963 pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) da Organização das Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde (OMS). O Codex Alimentarius é reconhecido pela Organização Mundial do Comércio como um ponto de referência internacional para a solução de disputas sobre segurança alimentar e proteção do consumidor. As normas Codex abrangem os principais alimentos, sejam estes processados, semiprocessados ou crus. Também tratam de substâncias e produtos usados na elabo ração de alimentos. Suas diretrizes referem-se aos aspectos de higiene e propriedades nutricionais dos alimentos, abrangendo código de prática e normas de aditivos alimen tares, pesticidas, resíduos de medicamentos veterinários, substâncias contaminantes, rotulagem, classificação, métodos de amostragem e análise de riscos. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos As normas Codex são utilizadas como referência para a elaboração e atualização da legislação e regulamentação nacional de alimentos. As Boas Práticas envolvem as regras para: • Higiene pessoal; • Comportamento no ambiente de trabalho; • Higienização do ambiente (instalações, utensílios e equipamentos); • Qualidade da água; • Combate às pragas; • Compra e armazenamento de mercadorias; • Preparo e manutenção dos alimentos; • Transportee distribuição dos alimentos; Utilizando as regras das Boas Práticas, ao final, teremos um alimento considerado seguro. 14 E o que é um alimento seguro? Alimento sem qualquer tipo de perigo, de modo que não cause doenças ou danos à integridade física do consumidor. 1.1 Perigo nos alimentos O que são perigos ou contaminantes? • Qualquer coisa estranha ao alimento que pode causar danos à saúde e a integridade física do indivíduo. Quais perigos podem ser encontrados nos alimentos? Existem o perigo físico, o químico e o biológico. Perigos físicos Corpos estranhos ao alimento que podem machucar a pessoa que o consumiu. Exemplos: pedaços de vidro ou de metal, pregos, parafusos, pedras, lascas de madeira etc. Tábua de carne de madeira Vidros Perigos químicos Substâncias químicas como desinfetantes, produtos de limpeza, produtos utilizados 15 para dedetização. Desinfetantes Perigos biológicos Microrganismos e suas toxinas (veneno). Boas Práticas de Fabricação de Alimentos 1.2 Microrganismos • São seres minúsculos que só podem ser vistos através de microscópio, equipamento que aumenta em até 1000 vezes o seu tamanho. • Eles estão em toda parte na natureza. • Os microrganismos não crescem de tamanho, eles se multiplicam. A bactéria, que é o tipo de microrganismo que mais causa doenças através dos alimentos, leva em média 20 minutos para se dividir em duas outras bactérias. Bactérias 16 O que eles precisam para se multiplicar? • Para conseguir se multiplicar, os microrganismos necessitam de alimentos, água e, a maioria necessita de ar para sobreviver, porém, existem alguns microrganismos que só conseguem se multiplicar em local sem oxigênio. • Para se multiplicar os microrganismos necessitam, também, de temperatura adequada. Eles conseguem se multiplicar em temperaturas entre 15°C e 50°C, porém, a faixa de temperatura em torno de 30°C a 40°C é a faixa ideal para ocorrer à multiplicação. Microrganismos • Na temperatura abaixo de 4º C eles se multiplicam muito lentamente, e na temperatura de congelamento eles praticamente param de se multiplicar, mas não morrem. 17 • Microrganismos, como bactérias, não conseguem se multiplicar em alimentos muito ácidos (Ex.: picles). 1.2.1 Tipos de microrganismos • Vírus – São os menores microrganismos, não se multiplicam no alimento, mas pode ser transmitidos através dos alimentos. Basta cozinhar o alimento para eliminar os vírus. • Fungos – gostam de ambientes úmidos e conseguem se multiplicar em alimentos ácidos. Os fungos se dividem em: - Bolor ou mofo – produzem toxinas que não são eliminadas pelo calor. - Leveduras – não causam doenças através dos alimentos. Alguns são utilizados para fabricação de alimentos. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos • Parasitos – causam as chamadas verminoses. São transmitidos através de vegetais e frutas crus e água contaminados com os ovos ou, através de carnes mal passadas contaminadas com cisticercos. Os ovos são eliminados com lavagem em água corrente e, os cisticercos através do cozimento ou congelamento por tempo prolongado. Solução clorada não elimina ovos de parasitos. • Bactérias – são os que mais causam problemas através dos alimentos. Algumas podem produzir toxinas e outras podem formar esporos (uma proteção contra o calor ou condições inadequadas para multiplicação) e sobreviver ao cozimento. Onde podem ser encontrados os microrganismos? Os microrganismos podem ser encontrados em toda a natureza: ar, vento, água, terra, plantas, superfícies e, principalmente no corpo das pessoas. Existem milhões de microrganismos nas pessoas, principalmente nas mãos, pois a 18 mãos são utilizadas para tudo e, consequentemente, pode contaminar os alimentos. Os microrganismos nos alimentos podem ser: • ÚTEIS – são microrganismos utilizados na produção de alimentos, como: iogurte, vinhos, cervejas, pães e alguns queijos. Existem alguns microrganismos úteis que vivem no interior do corpo humano e são necessários para ajudar na proteção contra os que causam doenças. Alimentos • DETERIORANTES – estragam o alimento modificando a cor, o sabor e o cheiro, estufam a embalagem etc. Em pessoas saudáveis, estes microrganismos não causam doenças, somente alguns podem fazê-lo em pessoas com baixa imunidade. • PATOGÊNICOS – são os que causam doenças as pessoas que ingerem um alimento contaminado por estes microrganismos. Eles podem produzir toxinas (veneno), não alteram o alimento e podem causar vários tipos de doenças. Doenças 19 1.3 Doenças causadas por microrganismos através dos alimentos • Infecção intestinal – ao ingerir o alimento contaminado o microrganismo causa uma infecção no intestino, ocasionando diarreias e febre. • Toxinose – alguns tipos de bactérias ao entrarem no alimento e conseguirem se multiplicar, formam uma toxina. Portanto, ao ingerir o alimento, este já possui a toxina e o primeiro sintoma é em forma de vômito. • Toxiinfecção – O alimento contaminado é ingerido e ao chegar no intestino a bactéria causa a infecção e forma uma toxina. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos 1.4 Contaminação alimentar É a entrada do microrganismo no alimento, que pode ocorrer de várias maneiras: • Através do ar em alimentos desprotegidos. • Através de matérias primas com algum tipo de perigo, como perigo químico em alguns tipos de peixes que podem se alimentar de algas que formam toxinas. • Ao manipular o alimento com mãos contaminadas. • Através de superfícies de bancadas, equipamentos e utensílios contaminados. • Pela contaminação cruzada, que é a contaminação do alimento cru para o alimento pronto. Isto pode ocorrer utilizando os mesmos utensílios e equipamentos para alimentos crus e depois para alimentos prontos. 20 Contaminação alimentar Para evitar a deterioração dos alimentos ou transmissão de doenças, deve-se: 1 – Evitar que os microrganismos cheguem ao alimento. • Protegendo o alimento (mantendo-o sempre coberto) • Mantendo comportamento e higiene pessoal adequados. • Controlando pragas (tomando cuidados para evitar a presenças de insetos, roedores e animais na área de preparo dos alimentos). • Utilizando equipamentos e utensílios sempre limpos. Higiene alimentar 2 – Tomar os devidos cuidados para evitar a sua multiplicação: • Evitando manter o alimento à temperatura ambiente por mais de trinta 21 minutos. • Armazenando nas temperaturas adequadas (fria em torno de 4°C ou quente acima de 60°C). • Utilizando métodos corretos de descongelamento, resfriamento e dessalgue. 3 – Eliminar ou reduzir o número de microrganismos: • Cozinhando completamente os alimentos, evitando o alimento mal cozido. • Higienizando corretamente bancadas, utensílios e equipamentos. • Higienizando corretamente as mãos. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos 1.5 Controle de pragas Devem ser tomados todos os cuidados para que não haja presença de insetos, roedores e animais no local de manipulação de alimentos. Como é feito isso? • Verificando sinais de presença de insetos no local (fezes, embalagens de alimentos roídas etc.). • Higienizando corretamente toda a área de preparo de alimentos (paredes, pisos, tetos, equipamentos, bancadas e utensílios), evitando o acúmulo de sujeira, principalmente em cantos pequenos. • Mantendo sempre o lixo coberto e, ao retirá-lo acondicionar em local fechado na área externa. • Armazenando corretamente os alimentos, evitando caixas de papelão e sem presença de caixas de madeira na área de estocagem. 22 • Impedindo totalmente a entrada de caixas de papelão e de madeira na área de preparo de alimentos, pois podem trazer contaminações como ovos de insetos. • Não deixando aberturas nos pisos eparedes, mantendo ralos fechados e janelas com telas milimétricas. • Realizando dedetização e desratização periódicas, por empresas capacitadas. Pragas Detetização 1.6 Manipuladores A pessoa que lida com alimentos deve tomar vários cuidados: 1.6.1 Controle da saúde O manipulador de alimentos deve efetuar exames médicos frequentes, para verificação de presença de doenças que possam ser transmitidas pelos alimentos. 1.6.2 Higiene pessoal O manipulador deve ter procedimentos de higiene e comportamento pessoal durante a manipulação dos alimentos: • Mãos e pele – tomar banho antes de iniciar o trabalho. • Manter cortes, machucados e feridas com curativo e cobertos com luva descartável ou dedeira. 23 • Manter os cabelos sempre cobertos, não importa o comprimento (não deve possuir barba e bigode). • Não usar brinco, relógio, pulseiras, cordão etc., pois acumulam poeira e podem contaminar o alimento. • Não utilizar telefones celulares em área de preparo de alimentos • Utilizar sempre uniforme limpo, efetuando a troca diária do mesmo. • Não fumar no local de manipulação de alimentos. • Com unhas aparadas, limpas e sem qualquer tipo de esmalte; • Com as mãos higienizadas; • Atentos a atitudes anti-higiênicas como tossir, espirrar sobre os produtos, equipamentos e instalações, levar a mão à boca, ao nariz e as orelhas, cuspir no ambiente. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos • Não armazenar alimentos no interior dos vestiários; • Não vir de casa, nem ir à rua uniformizado; • Não depositar roupas e objetos pessoais nas áreas de manipulação de alimentos. Higiene pessoal 1.7 Higienização de mãos O corpo humano possui bilhões de bactérias, sendo que algumas ao cair nos 24 alimentos vão se multiplicar e causar doenças a pessoa que o consumiu. As mãos são a parte mais contaminada do corpo humano, porque elas são utilizadas para tudo que fazemos. Portanto, ao manipular é muito importante a higienização correta das mãos. Procedimento: • Umedecer as mãos e antebraços com água; • Lavá-los com sabonete líquido, neutro e inodoro, massageando por 15 a 20 segundos, esfregando em toda a mão, inclusive embaixo das unhas; • Lavar a torneira (quando a abertura for manual); • Enxaguar bem as mãos e os antebraços; • Enxaguar a torneira (quando a abertura for manual); • Secar as mãos com toalha descartável (papel não reciclado) ou ar quente. • Fechar a torneira com o papel toalha, se não tiver lavado antes; • Aplicar sanificante como álcool 70% gel ou outra solução antisséptica; Higiene das mãos 25 Frequência da higienização de mãos As mãos devem ser higienizadas frequentemente: • Quando iniciar no trabalho; • Ao iniciar uma tarefa; • Após fumar; • Após ir ao banheiro; • Ao trocar de tarefa; • Após pegar em algo contaminado; • A cada hora, se estiver em uma mesma função muito tempo; • Ao passar a mão no rosto, orelha, boca, cabelo etc. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos 1.8 Higienização ambiental A higienização é muito importante para a eliminação dos microrganismos. As bancadas, equipamentos e utensílios com resíduos de alimentos, poeira e gordura devem, primeiramente ser limpas, e depois de desinfetadas. A higienização envolve duas etapas: Limpeza Remoção dos resíduos das superfícies com espátula, escova ou esponja. Após lavar com detergente e esponja. É recomendado o uso de água morna. Finalmente, deve-se enxaguar com água até a retirada completa do detergente. Secar com pano descartável ou papel toalha. Desinfecção Deve ocorrer após a limpeza. 26 • No caso de utensílios – mergulhá-los em solução clorada, na concentração de 100 a 200 ppm, e mantê-los submersos durante dois minutos. Após a retirada aguardar durante 15 minutos para utilizá-los. Pode ser utilizado, também, o álcool 70%, borrifando sobre os utensílios e aguardando a secagem naturalmente. • No caso de equipamentos – borrifá-lo com solução clorada ou álcool 70%, e aguardar durante 15 minutos para utilizá-los. • No caso de bancadas – espalhar ou borrifar a solução clorada ou álcool 70%, aguardar 10 a 15 minutos. • No caso de pisos e paredes – após a limpeza enxaguar com solução clorada e retirar o excesso. 1.8.1 Frequência da higienização • Bancadas, equipamentos e pisos – diária. • Câmaras frigoríficas, geladeiras e freezers – semanal ou quando necessário. • Tábuas de corte e utensílios – após utilização. • Paredes e coifas – semanal. Tabela 1.1 - Exemplo de procedimento de higienização de equipamentos 27 O QUÊ COM QUÊ COMO Liquidificad or Extrator de suco Batedeira • Detergente neutro • Solução sanificante • Álcool 70% ou solução clorada A 200 ppm • Água limpa • Esponja dupla face • Panos descartáveis • Desligar a alimentação. • Retirar as partes móveis e lavar com esponja dupla face e detergente, removendo os resíduos. • Enxaguar com água corrente e deixar secar espontaneamente; • A parte fixa deverá ser limpa aplicando-se esponja com solução detergente; • Passar pano embebido em água limpa para retirar o detergente. • Secar com pano descartável; • As partes móveis deverão sofrer processo de desinfecção, borrifando-se solução sanificante. • Montar as partes móveis e cobrir o equipamento. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos Higiene com os equipamentos Observação: • Utensílios (vassouras, rodos, baldes etc.) utilizados para limpeza das áreas devem ser mantidos isolados da área de preparo de alimentos. • Ao efetuar a limpeza das áreas, higienizar os utensílios de limpeza ao terminar. • Utilizar luvas de borracha de cores diferentes para cada tipo de área. 28 1.9 Controle de resíduos • O lixo deve ser mantido em recipientes de material liso e impermeável. • A tampa deve ser acionada por pedal, para evitar o manuseio com as mãos. • É importante remover o lixo diariamente ou quantas vezes for necessário. • Os recipientes para lixo devem estar sempre tampados e ensacados. • Lixo exposto atrai insetos, roedores e outros animais. • Depois de retirado da área de preparo o lixo deve ser mantido em local protegido. • Os recipientes para lixo devem ser higienizados diariamente. Controle de resíduos 1.10 Aquisição, recebimento e armazenamento Ao adquirir ingredientes e matérias primas deve ser efetuada uma seleção de fornecedores, visando a qualidade dos produtos. 1.10.1 Recebimento de mercadorias Ao receber mercadorias deve ser estipulada uma ordem de recebimento. 1 – Alimentos que devem ser mantidos em refrigeração. 29 2 – Alimentos que devem ser mantidos em congelamento. 3 – Alimentos que possam permanecer em temperatura ambiente. Devem ser verificados: • As condições de higiene do veículo de transporte e do entregador. • As condições da embalagem (latas amassadas, estufadas e enferrujadas, caixas rasgadas, sacos roídos etc.). • O rótulo (se contem todas as informações exigidas por lei: razão social do fabricante, endereço, CNPJ, relação de ingredientes, data de fabricação data de validade e método de conservação se necessário). • As características do produto (cor, odor, textura e sabor). • Temperatura do produto (o alimento congelado deve estar a uma temperatura de pelo menos – 12º C, o refrigerado até 10º C, pescados a menos de 3º C). Boas Práticas de Fabricação de Alimentos Logística 1.10.2 Armazenamento Ao armazenar um alimento deve-se verificar a temperatura correta em que ele deve ficar, pois, isso é muito importante para a manutenção das características do alimento. • Alimentos congelados – devem ser mantidos a – 18º C • Alimentos resfriados – 0º a 10 º C 30 • Alimentos não perecíveis – temperatura ambiente até26°C Tabela 1.2 – Tempo de armazenamento de alimentos conforme equipamento Temperatura do equipamento Tempo máximo de armazenamento Entre 0º e -5°C 10 dias Importante: • Primeiro que vence, primeiro que sai. • Todos os produtos devem estar identificados. • Alimentos devem ser mantidos separados de produtos de limpeza e perfumaria. • Organizar os produtos de modo a existir espaços para circulação do ar. • Alimentos devem ser mantidos afastados 25 cm do piso, 10 cm das paredes e 60 cm do teto. • Alimentos prontos separados dos crus. • Se precisar colocar em uma mesma geladeira alimentos 31 prontos e crus, os prontos devem ficar em cima, e os crus na prateleira de baixo. • Ao abrir a embalagem de algum produto e não utilizando totalmente, acondicionar o que sobrou em vasilhame plástico com tampa e identificar com nome, data de abertura e validade. • Após a abertura da embalagem original, o produto perde o prazo de validade informado na mesma, devendo ser identificado com a nova validade. • Embalagens utilizadas para alimentos prontos devem ser mantidas protegidas. • Produtos químicos devem ser armazenados em local separado Entre -5º a -10°C 20 dias Entre -10º a -18°C 30 dias -18°C a inferior 90 dias dos alimentos. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos Armazenamento dos alimentos Geladeira Estoque de Alimentos Estoque de Produtos de Limpeza 1.11 Pré-preparo e preparo dos alimentos Descongelamento Ao descongelar alimentos, deve ser feito em geladeira, e não em temperatura ambiente, para que o descongelamento seja lento, impedindo a multiplicação de 32 microrganismos e facilitando a absorção dos cristais de gelo formados no alimento. Caso não sejam utilizados imediatamente, os alimentos submetidos ao descon gelamento devem ser mantidos sob refrigeração, não devendo ser recongelados. O alimento depois de descongelado, se não for utilizado totalmente, pode ser mantido em refrigeração por dois ou três dias, porém, se for descongelado em forno microondas deve ser utilizado totalmente. Corte de carnes Deve ser feito aos poucos, para que o alimento não ultrapasse o tempo de 30 minutos em temperatura ambiente. Dessalgue Para dessalgar um alimento pode ser de dois modos: em água fervente, trocando a água após a fervura, e em água fria trocando 2 ou 3 vezes e mantendo em geladeira. Cozimento O cozimento do alimento, além de lhe dar características agradáveis, deve ser sufici ente para eliminar os microrganismos capazes de causar uma doença. E como pode ser feito isto? Atingindo a temperatura de, no mínimo, 70°C no centro do alimento. Temperatura do cozimento 33 Após o cozimento, o alimento deve ser protegido contra: • Contaminação – protegendo e utilizando utensílios e equipamentos limpos; • Multiplicação dos microrganismos – mantendo o alimento na temperatura ideal (alimentos quentes à temperatura de 60ºC e alimentos frios a temperatura de até 5ºC). Resfriamento Alguns alimentos após o cozimento devem ser resfriados para serem utilizados ou consumidos frios (saladas, recheios de salgados etc.). O resfriamento mal feito pode ocasionar a multiplicação dos microrganismos. E para evitar isto o resfriamento deve ser rápido: o alimento deve passar de 60ºC para 10ºC em no máximo 2 horas. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos Para isso, deve-se: • Distribuir o alimento em recipientes rasos; • Deixar sair o vapor em temperatura ambiente, não ultrapassando 30 minutos; • Cobrir o alimento e colocar para resfriar, em câmara fria ou geladeira, • Arrumando de modo que haja circulação de ar; • Manter o alimento coberto. Reaquecimento Ao reaquecer um alimento, o mesmo deve atingir a temperatura de cozimento. Temperatura do reaquecimento 34 Manutenção Os alimentos após o cozimento devem ser mantidos protegidos e em temperatura adequada. • Os alimentos quentes devem ser mantidos em temperatura de no mínimo 60ºC por 6 horas, e os frios à 4ºC. • O alimento quente deve ficar em caldeira, estufa, forno, banho-maria ou passthrough quente. • O alimento frio deve ficar em câmara frigorífica, geladeira ou passthrough frio. • A água do banho-maria deve ficar à 85ºC e, estufa, forno e passthrough com temperatura acima de 65°C. • Equipamentos frios devem estar com temperatura interna de, no máximo, 4°C. Temperatura para conservação dos alimentos 1.12 Porcionamento, recheamento de salgados 35 e montagem de doces e tortas Durante estes procedimentos, deve-se observar: • Higiene do manipulador; • Utilização de utensílios higienizados e exclusivos para cada preparação; • Controle de tempo do alimento em temperatura ambiente, que não deve ultrapassar 30 minutos; • Rechear os salgados aos poucos e manter em refrigeração; • Recheios e coberturas para tortas e doces devem ser mantidos em refrigeração e utilizados rapidamente. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos Procedimentos 1.13 Higienização de alimentos servidos crus Todos os alimentos servidos crus (saladas cruas, frutas cruas em saladas e tortas) devem passar pelo processo de higienização para eliminação de terra, lagartas, lesmas, 36 ovos de parasitos e bactérias. Procedimento: • Selecionar as frutas, legumes e verduras retirando os que não estão em boas condições; • Lavar em água, folha por folha no caso de verduras; • Colocar na solução clorada, preparada conforme instruções do fabricante, cobrindo totalmente com a solução e manter por 15 a 20 minutos; • Enxaguar em água corrente e potável; • Escorrer bem a água, acondicionar em vasilhame plástico com tampa e identificar. Distribuição Durante a distribuição devem ser tomados cuidados para evitar a contaminação ou multiplicação dos microrganismos: • Verificar a temperatura do alimento e do equipamento de manutenção; • Preparar o alimento o mais próximo possível do horário de servir; • Utilizar cubas, pratos ou travessas higienizados; • Ao repor os alimentos transportá-los protegidos; • Alimentos quentes devem ser mantidos em balcões com a água em temperatura acima de 80°C e, em vitrines com temperatura interna acima de 65°C; • Se o alimento quente perder a temperatura ideal, deve ser reaquecido; • O alimento frio deve ser mantido em vitrines ou balcões frios, com temperatura abaixo de 10°C; 37 • Alimentos como bolos simples e pães, que podem ser mantidos em temperatura ambiente, devem ficar em local seco; • Para não absorverem umidade e facilitarem a multiplicação de microrganismos. Distribuição Boas Práticas de Fabricação de Alimentos Sobras Sobras são alimentos prontos, mas, que não foram distribuídos. Mas para serem reutilizados devem ser observadas algumas normas: • Só devem ser reutilizadas sobras que tenham sido mantidos com todos os cuidados citados anteriormente; • Alimentos servidos não devem ser reaproveitados; • O alimento deve ser reaquecido na temperatura de cozimento, resfriado rapidamente e acondicionados em geladeira ou freezer. Ao ser reutilizado o alimento deve ser reaquecido em temperatura de 70°C; • Sobras de doces e tortas devem ser controladas a temperatura de manutenção e a validade, que não deve ultrapassar cinco dias em temperatura de até 5°C. 38 Dobras 1.14 Coleta de amostras Todo alimento preparado deve ser coletada uma amostra e mantida em refriger ação por 72 horas. Isto para verificação de alguma ocorrência de doença transmitida por alimento. Método de coleta: • Deve ser coletada após o meio do horário do serviço; • A embalagem ou saco esterilizado deve conter a identificação do alimento com data, tipo de refeição, horário e temperatura do alimento; • Devem ser higienizadasas mãos; • Ao abrir o saco ou embalagem deve-se evitar tocar no interior; • Deve ser retirado de 150 g a 200g do alimento; • Utilizar o utensílio de distribuição; 39 • Fechar bem a embalagem; • Armazenar: Sólidos a 4º C ou -18°C Líquidos a 4º C (não devem ser congelados). • Armazenar por 72 horas e depois deve ser descartado. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos Referências Bibliográficas Brasil, 2004. Resolução RDC nº 216, de 14 de setembro de 2004, Diário Oficial da União, Brasília, de 15 de setembro de 2004. GERMANO, P.M.L.; GERMANO, M.I.S. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. 4ª ed. São Paulo, 2011. JAY, J.M. Microbiologia de Alimentos, 6ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2005. SENAC-DN. Cartilhas 1, 2, 3, 4 (série qualidade e segurança alimentar). Programa Alimentos Seguros, convênio CNC/CNI/SEBRAE/ANVISA, RJ, 2001. Wikipédia – A enciclopédia livre. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Co dex_Alimentarius>. Acesso em 05 de janeiro de 2015. Site Site do Ministério da Agricultura - MAPA - 41 <http://www.agricultura.gov.br/portal/page/portal/Internet-MAPA/paginainicial/ internacional/negociacoes/multilaterais/codex-alimentarius>. Acesso em 05 de janeiro de 2015. Boas Práticas de Fabricação de Alimentos 42 firjan.com.br/publicacoes Firjan-SENAI
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