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RESPOSTA A ACUSAÇÃO


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PARANAVAÍ ESTADO DO PARANÁ.
Autos nº...
	JONAS, nascido em 04/06/1960, devidamente qualificado, neste ato representado por sua defensora, com a devida procuração juntada ao processo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência apresentar, com fulcro no artigo 396-A do Código de Processo Penal:
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Aduzindo e requerendo o que segue: 
I. DOS FATOS
Na data 05 de Março de 2020, Jonas estava em sua residência, quando ao perceber sua sobrinha Amanda, na idade de 18 anos, sendo agredida fisicamente por seu namorado Carlos, provocando lesões corporais na face da mesma. Jonas gritou com Carlos, que, no entanto, não parou de agredi-la. O que motivou esse crime é o fato de Carlos ter ciúmes da vítima. As agressões não paravam no ato, com isso, Jonas sem alternativa foi até o interior da sua residência que se encontrara e pegou uma arma de fogo, ao qual possui uso permitido e registrado. Apertou o gatilho para realizar disparos na direção de sua perna. Como ato de Lesão corporal e por circunstâncias alheias à vontade de Jonas, a arma não funcionou. Diante da circunstância Carlos assustado se deslocou até a delegacia para narrar os fatos. Foram apresentadas testemunhas, e com a situação Ministério Publico ofereceu denúncia em face de Jonas, perante o Juízo competente.
II. PRELIMINAR DE MÉRITO
II.I DA NULIDADE PELA CITAÇÃO POR HORA CERTA
	Conforme o artigo 252 do Código de Processo Civil, utilizado de maneira complementar ao CPP, determina que o oficial de justiça deverá ter tentado citar o procurado duas vezes, de modo que a citação por hora certa, apenas poderá ocorrer após as duas tentativas previamente explicadas.
	Jonas, no entanto, teve tal direito deturbado, visto que o oficial de justiça, ao cumprir o mandado de citação, compareceu a residência do acusado apenas uma única vez, no dia 26/02/2021. Ato contínuo, verificando que o réu não foi encontrado para a notificação do mandado, realizou a citação por hora certa no dia seguinte.
	Sendo explícito o desrespeito com o devido processo legal, pois, um dos seus elementos, estabelecidos por lei, não foi realizado, evidencia-se a nulidade processual constante no processo.
 Considerando que o processo de citação possui uma forma clara de ser feita, e, quando a lei prescreve determinada forma, e esta não é cumprida, a pena é a nulidade, conforme pontua o artigo 276 do CPC. Em complemento, como tal ato do oficial de justiça acarreta prejuízo ao réu, Jonas, tal ato deverá ser considerado nulo, conforme pontua o artigo 563 do CPP.
III. DO MÉRITO
III.I	 DO CRIME IMPOSSÍVEL
	Jonas, ao tentar defender sua sobrinha das brutais violências que o namorado desta estava deferindo, utilizou-se de arma de fogo para espantar o sujeito, entretanto sem disparar balas, apenas fazendo barulho. 
Entretanto, fato incontroverso constatado pela perícia, a arma é total incapaz de efetuar qualquer disparo. Portanto, o crime de lesão corporal de natureza grave (artigo 129, parágrafo 1º, inciso III) , na forma tentada, não é caracterizada.
A denúncia oferecida pelo Ministério Público nos crimes citados acima deve ser desconsiderada, pois, o crime, na verdade, é um crime impossível. Conforme o artigo 17 do CP, não se pune tentativa quando, por INEFICÁCIA ABSOLUTA, é impossível consumar-se o crime.
Em continuidade ao raciocínio apresentado, é inegável, visto comprovação pericial, que seria impossível que uma lesão corporal grava fosse cometida por uma arma que é absolutamente ineficaz. 
Resta-se dizer que a única lesão corporal que estava acontecendo era com Amanda, que estava sofrendo violência doméstica de seu namorado, que lhe deferia fortes golpes.
Portanto, não existe espaço para discussão de um crime impossível neste processo, pois a tipicidade da conduta é afastada pelo crime impossível, perante a ineficácia do meio utilizado.
III.II DA LEGÍTIMA DEFESA DE TERCEIRO
	Caso a Vossa Excelência não reconheça o crime impossível, de forma subsidiária, deverá compreender que Jonas agiu por legitima defesa de terceiro, ao tentar salvar sua sobrinha da violência que sofria, de modo que retira a antijuridicidade do ato.
	A legítima defesa seria quando o cidadão usa moderadamente quaisquer meios necessários para proteger a si próprio, outra pessoa ou até mesmo um bem material. Ao se tratar de legitima defesa, o réu agiu para evitar agressão a parente, assim, há exclusão de ilicitude.
Conforme os artigos:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Como o crime ocorreu devido à necessidade do réu em defender a vida humana de sua sobrinha, haja vista os fatos descritos não constituírem ato criminoso, considera-se que agiu em legitima defesa, devendo haver a exclusão de crime. 
IV. DOS PEDIDOS
Diante dos fatos expostos, pede-se:
a) pela absolvição sumária do réu Jonas; por crime impossível, e, subsidiariamente, por legítima defesa;
b) Pela declaração da nulidade processual decorrida da citação por hora certa feita de forma errônea;
c) Pela produção de todas as provas permitidas por direito;
d) Citação das testemunhas para deporem no processo.
Neste sentido,
Pede-se deferimento.
Advogada... OAB/PR
10/03/2021, Paranavaí/PR
ROL DE TESTEMUNHAS
1. Sandro
2. Sandra
3. Simone