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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 INTRODUÇÃO: - O leite materno deve ser o único alimento nos 6 primeiros meses de vida, pois além de suprir às necessidades nutricionais para o crescimento e o desenvolvimento, protege contra as doenças infecciosas e alérgicas e favorece o estabelecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho - Quando o aleitamento materno não é possível, se faz necessário usar seus substitutos, especialmente no 1º ano de vida, fase de crescimento acelerado, que exige aporte adequado de proteínas de alto valor biológico e cálcio - A prescrição de substitutos deve ocorrer apenas após se esgotarem as possibilidades de manter a amamentação de forma parcial ou total - O leite de vaca integral não é recomendado para crianças menores de 1 ano de idade devido a: (1) Alto teor de ácidos graxos saturados; (2) Baixos teores de ácidos graxos essenciais, oligoelementos e vitaminas D, E e C; (3) Menor biodisponibilidade de micronutrientes, como ferro e zinco; (4) Altas taxas de sódio; (5) Alto teor proteico (6) Inadequação da relação caseína/ proteínas do soro - Nesta fase, a melhor alternativa disponível para substituir o leite materno é o uso de fórmulas infantis. O objetivo desta alternativa alimentar é garantir a oferta nutricional e a manutenção do bem-estar biopsicossocial da mãe e do lactente, que pode ser realizada de forma definitiva, momentânea ou pontual - A fórmula infantil é um composto em que se usa a proteína do leite de vaca ou soja intacta ou hidrolisada, e todos os demais componentes são acrescentados, nas proporções recomendadas para a faixa etária indicada - Critérios para a indicação da melhor fórmula: 1. Faixa etária 2. Indicação clínica 3. Função GI 4. Requerimentos nutricionais 5. Fluidos do paciente 6. Via de administração 7. Características dos nutrientes 8. Densidade calórica 9. Intolerâncias 10. Alergias alimentares 11. Custos - Os compostos lácteos (direcionados para as crianças maiores de 1 ano) e o leite de vaca integral são regulamentados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) - O profissional de saúde deve avaliar a criança e indicar o melhor produto de acordo com sua composição e qualidade para atender suas necessidades nutricionais - A legislação brasileira define composto lácteo como: o produto em pó resultante da mistura do leite (1) e produto ou substância alimentícia láctea (2) ou não- láctea (3), ou ambas (4), adicionado ou não de produto ou substância alimentícia láctea ou não láctea ou ambas permitida pelo Regulamento, apta para alimentação humana, mediante processo tecnologicamente adequado - Os ingredientes lácteos devem representar no mínimo 51% massa/massa (m/m) do total de ingredientes (obrigatórios ou matéria- -prima) do produto - Após os 12 meses de idade, a criança apresenta características metabólicas, enzimáticas e fisiológicas do sistema GI que a capacita para receber alimentos de todos os grupos alimentares preparados na mesma forma e consistência dos consumidos pela família.Nessa fase, há redução da velocidade de crescimento longitudinal e do ganho de peso, o que leva a criança fisiologicamente a comer menos - Esta característica normal da redução do consumo alimentar pode ser interpretada como diminuição do apetite ou alguma dificuldade alimentar, como a seletividade e neofobia (dificuldade em aceitar alimentos novos). Consequentemente, pode acarretar preocupações para a família, que aumentam a oferta de leite de vaca integral e suplementos lácteos, que contêm proteínas em quantidade excessiva NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 - Devido ao marketing, que declara benefícios à saúde dos compostos lácteos e as informações do rótulo pouco claras, com embalagens semelhantes às formulas infantis, gera confusão para as famílias com relação às diferenças de compostos lácteos e fórmulas infantis. Essa situação traz preocupação para os profissionais da saúde quanto ao consumo dos compostos lácteos por lactentes - Quando comparados ao leite de vaca integral, as fórmulas infantis de primeira infância, registrada na ANVISA, e alguns compostos lácteos, apresentam menores teores de proteína e sódio, e maiores teores de glicídios, ferro, zinco, vitamina A e D. Além disso, podem conter ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (LCPUFAs, especialmente o ômega-3) e os prebióticos (GOS e FOS) - Na ausência do leite humano, o consumo de 600 ml de leite de vaca in natura após 1 ano de idade, garante o fornecimento da recomendações de ingestão diária de cálcio, das que geralmente não é atingida com os outros alimentos - Recomendações do uso de alimentação láctea para crianças com idades entre 1-5 anos pela ABRAN: 1. Promover o aleitamento natural, que é o meio mais eficiente para prevenir a morbidade e mortalidade infantil 2. Os compostos lácteos podem ser prescritos dentro das recomendações de ingestão láctea para maiores de 1 ano, em substituição ou paralelamente ao leite de vaca não modificado, nos casos de necessidade de ajuste de aporte de macro e micronutrientes 3. É um veículo de fortificação alimentar para garantir o consumo adequado de vitaminas essenciais, minerais e ácidos graxos 4. Avaliar o impacto econômico que estes produtos acarretam para a família e levar isto em conta para a prescrição 5. Deixar claro para as famílias que os compostos lácteos não são produtos para uso rotineiro, muito menos obrigatório, mas são uma opção com benefícios reconhecidos 6. A prescrição de um composto lácteo é especialmente indicada em crianças de risco nutricional 7. Estimular o consumo de alimentos tradicionais com alto valor nutriticional para a composição de dietas quantitativa e qualitativamente equilibradas - Deve ser reforçado a introdução alimentar adequada após os 6 meses, incluindo todos os grupos alimentares, de acordo com as recomendações de ingestão diária de macro e micronutrientes, assegurando a ingestão láctea adequada, a fim de evitar deficiências de vitaminas, minerais, ácido graxo poliinsaturado, e excesso de proteína e açúcar - Diante à prescrição de compostos lácteos, deve-se priorizar aqueles sem adição de açúcares como a frutose e a sacarose, ou aromatizantes QUAIS TIPOS DE FÓRMULAS EXISTEM? PARA PREMATUROS: - Esse tipo de fórmula possui uma composição diferenciada para oferecer os nutrientes que um bebê prematuro precisa, além de ser modificado para facilitar a digestão - Geralmente possui mais proteínas, misturas e gorduras bem balanceadas e adição de ácidos graxos específicos, essenciais para o desenvolvimento cerebral, visual e psicomotor - Muitas vezes esse tipo de fórmula é apenas um complemento, já que os especialistas no geral recomendam que o bebê prematuro seja alimentado com leite materno, recebendo principalmente o colostro FÓRMULAS DE PARTIDA: - Atendem as necessidades nutricionais de crianças saudáveis de 0 até 6 meses de idade - A lactose é o principal carboidrato e são acrescidas de amido, sacarose e maltodextrina - O teor protéico é maior que o do leite materno e as gorduras podem ser acrescidas de óleos vegetais com a finalidade de melhorar a digestibilidade - A composição dos ácidos graxos de cadeia longa é modificada para se chegar num ideal para o desenvolvimento do sistema nervoso central - Tem um teor maior de micronutrientes em relação ao leite materno, como ferro e aminoácidos FÓRMULAS DE SEGUIMENTO: - São as fórmulas para o 2º semestre de vida da criança e o diferencial é um maior teor de ferro, já que a quantidade de proteínas é semelhante aos leites do primeiro semestre NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 - Indicada a partir do 6º mês de vida até a 1ª infância (12 meses aos 3 anos) AR OU ANTI REFLUXO:- É um leite um pouco mais engrossado que foi criado exclusivamente para bebês que apresentam regurgitação - o refluxo gastroesofáfico (RGE) - Ele é similar às fórmulas da fase de partida, mas, além dos carboidratos habituais, possui amido de arroz ou milho pré-gelatinizado que se espessa em contato com a secreção gástrica, minimizando o refluxo FÓRMULAS SEM LACTOSE: - Pela imaturidade GI, alguns lactentes são mais sensíveis à lactose e apresentam sintomas de intolerância, como dor, distensão abdominal e choro persistente - Os resultados dos estudos com fórmula infantil sem lactose em lactentes com cólicas são divergentes, não havendo evidências para sua recomendação - A fórmula com proteína parcialmente hidrolisada e baixo teor de lactose (20%) pode adaptar-se melhor à fisiologia imatura do TGI do lactente com sintomas de transtornos gastrintestinais leves que, conforme apresentado pode não tolerar adequadamente a proteína intacta e grandes quantidades de lactose geralmente encontradas nas fórmulas de início - Os lactentes com transtornos gastrintestinais podem ainda se beneficiar dos baixos teores de lactose, importantes para a melhor absorção de cálcio e mineralização óssea HÁ OU FÓRMULAS HIPOALERGÊNICAS: - Fórmula infantil à base de proteína do soro do leite parcialmente hidrolisada, o que confere uma característica hipoalergênica ao leite, sendo recomendada para crianças com histórico familiar de alergia ao leite de vaca FÓRMULAS À BASE DE SOJA: - Podem ser um substituto para crianças com mais de 6 meses que são alérgicas a proteína do leite de vaca, com intolerância a lactose ou para famílias que optam por uma alimentação vegetariana - Estas fórmulas são feitas à base de proteína isolada de soja, isentas de lactose e sacarose - Geralmente contém mais vitaminas e minerais e são suplementadas com aminoácidos - O uso de fórmulas à base de proteína de soja para a alergia ao leite de vaca é um tanto controverso. Em geral, não se aconselha introduzir um novo alimento, como soja, em pacientes com barreira da mucosa ativamente inflamada, lesada e hiperpermeável por pelo menos 1 mês, para não torná-los sensíveis a outro alérgeno potente. Além disso, as alergias concomitantes podem estar presentes em um indivíduo apesar de não existir uma "reação cruzada" - A prevalência de concomitante intolerância à soja em lactentes com alergia ao leite de vaca varia consideravelmente (0-60%) em diferentes estudos, dependendo dos critérios usados (se estudos controlados por placebo foram realizados ou não - O uso de fórmulas à base de soja é normalmente recomendado somente para os casos de alergia ao leite de vaca IgE positivos e que nunca receberam soja - Quando o alto custo limita o uso de eHPF, pode-se usar fórmulas à base de soja em casos de alergia ao leite de vaca menos graves e não mediados por IgE, considerando o risco de indução à alergia também à soja - As fórmulas infantis mais frequentemente utilizadas em lactentes alérgicos ao leite de vaca consistem de hidrolisados de caseína, de soro de leite ou de proteína de soja. Fórmulas à base de proteína de leite de vaca totalmente hidrolisada (eHPF) são quase sempre eficazes (97%) em lactentes com alergia à proteína do leite de vaca de início imediato ou tardio. Entretanto, nenhuma das fórmulas hidrolisadas está completamente livre de alérgenos - Em casos graves resistentes ao tratamento com eHPF ou em pacientes com alergias alimentares múltiplas, são necessárias fórmulas à base de aminoácidos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 FÓRMULAS DIFERENCIADAS: - Periodicamente existem lançamentos de fórmulas criadas para situações específicas, como por exemplo, com mais fibras para crianças com constipação intestinal ou com ingredientes específicos e levemente hidrolisados para bebês com cólicas - Apenas um pediatra ou nutricionista pode recomendar seu uso FÓRMULA SEMIELEMENTAR: - São formulações à base do soro do leite ou de soja em que a proteína está de mais fácil digestão para crianças - Apresentam um sabor desagradável o que dificulta a adesão das crianças a este tipo de leite artificial FÓRMULA ELEMENTAR: - São à base de hidrolisado proteico, processo que resulta em 100% de aminoácidos livres - São fórmulas geralmente indicadas para crianças com alergia ao leite de vaca, má absorção intestinal, doença de Chron, entre outras - Sua prescrição normalmente ocorre quando as outras fórmulas já foram testadas e não obtiveram sucesso COMO PREPARAR A FÓRMULA: - Geralmente as latas de fórmula para bebês de até 1 ano contêm uma colher medida que deve ser utilizada para dosar o leite em pó e misturar à água previamente fervida e resfriada. Pode-se também utilizar água mineral para o preparo da fórmula - Muita atenção no manuseio da fórmula e dos utensílios que serão utilizados no preparo da mamadeira - Orientações para a correta utilização das fórmulas infantis: Verifique o prazo de validade na embalagem da fórmula para evitar a compra e a utilização de produto fora da validade Siga a orientações de preparo da embalagem do produto. A fórmula muito diluída irá prejudicar o aporte calórico e consequentemente o crescimento do bebê. No caso de preparo da dose muito concentrada, pode aumentar o risco da criança ter desidratação e desenvolver problemas renais Siga a prescrição e não altere a quantidade nem a frequência das mamadas sem antes consultar o especialista Lave bem as mãos antes de preparar as mamadeiras e alimentar o bebê Separe utensílios para uso exclusivo do preparo das formulas e da higienização das mamadeiras Esterilize as mamadeiras, bico e tampa antes de colocar a fórmula Não reaproveite o leite que sobrar na mamadeira. Germes e bactérias da saliva do bebê conseguem sobreviver e se reproduzir no líquido Não refrigere a fórmula pronta, mesmo que não a tenha utilizado Não utilize micro-ondas para aquecer a fórmula. A temperatura do líquido não será a mesma em todo o conteúdo e poderá queimar a boca do bebê. Se quiser amornar a água que foi fervida e resfriou, aqueça-a em um recipiente separado e depois a transfira para a mamadeira, sempre checando antes a temperatura no dorso de sua mão Não engrosse a fórmula com cereal, exceto sob prescrição médica - Algumas crianças desenvolvem cólicas intestinais, constipação, refluxo, diarreia e outras complicações com a ingestão da fórmula. Caso isso aconteça é necessário trocar, podendo acontecer várias vezes até encontrar o tipo e a marca que a criança melhor se adapta NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5
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