Prévia do material em texto
NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 - O nó é o entrelaçamento do fio cirúrgico, no intuito de se realizar a hemostasia ou a união entre 2 bordas teciduais, sendo umas das mais importantes etapas do ato operatório - A exigência essencial é que não se afrouxe, permitindo a manutenção da oclusão vascular ou o perfeito ajuste das bordas - Outras qualidades desejadas: Que seja de fácil e rápida execução Que use mínima quantidade de fio - Deve-se levar em consideração o grau de tensão na linha de sutura, o tipo de nó, o treinamento e a experiência do cirurgião, e a natureza dos fios PARTES DOS NÓS CIRÚRGICOS: - Em geral, consta de um 1º seminó ou laçada de contenção (que aproxima) e um 2º seminó fixador (que fixa o entrelaçamento do fio cirúrgico), que impede o afrouxamento do primeiro - Para maior segurança, acrescenta-se um 3º seminó, ou até mais, conforme o discernimento do cirurgião e o tipo de material que está sendo usado - Quanto maior o efeito de deslizamento propiciado por um fio, maior a quantidade de seminós necessários para a estabilidade das linhas de sutura PRINCÍPIOS GERAIS PARA A CONFECÇÃO DO NÓ CIRÚRGICO: 1. Ao se completar, deve ser firme, minimizando a possibilidade de deslizamento 2. Deve apresentar o menor volume possível para prevenir excessiva reação tecidual e minimizar a reação do tipo corpo estranho As extremidades devem ser cortadas tão curtas quanto possível, e os fios que apresentam maiores fenômenos de memória e deslizamento não devem ser cortados rentes aos nós 3. A ficção entre as extremidades dos fios deve ser evitada, visto que enfraquece a integridade da sutura Pelo mesmo motivo, deve ser evitada a preensão de nós com instrumentos cirúrgicos como pinças hemostáticas ou porta-agulhas 4. A tensão excessiva pode causar a quebra do fio e levar a maior dano tecidual 5. Após a realização do 1º seminó, é preciso manter tração em uma das extremidades do fio para evitar a perda da laçada 6. Seminós extras somente adicionam volume ao nó, não aumentando a resistência de um nó cirúrgico apropriadamente realizado TIPOS DE NÓS CIRÚRGICOS: - O seminó simples constitui o 1º tempo de um nó e é alcançado pela laçada com o fio, de forma que uma extremidade é totalmente rodada em torno da outra, criando uma meia-volta - A partir do seminó simples, 5 tipos de nós cirúrgicos são descritos: NÓ ANTIDESLIZANTE OU QUADRADO (NÓ DE ANCORAR OU NÓ ACHATADO, COM SEMINÓS ASSIMÉTRICOS) - Tipo básico de nó mais usado nas operações - São realizados 2 seminós simples, em que as 2 meias-voltas são posicionadas em direções opostas, uma sendo a imagem exata da outra - Pode ser reforçado por 1 ou mais seminós de segurança - Uma vez amarrados os fios, o nó não pode mais ser afrouxado, consistindo em um nó seguro e de maior resistência ao fenômeno de deslizamento NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 NÓ DESLIZANTE, COMUM OU TORTO (SEMINÓS SIMÉTRICOS) - Um seminó simples é sobreposto a outro, sem inversão da meia-volta em relação ao anterior (as laçadas são feitas na mesma direção) - Realizado com a tração de uma extremidade do fio durante todo o tempo em que o nó está sendo realizado, não cruzando as extremidades dos fios ou as mãos, durante as próximas laçadas - O seu 1º componente é igual ao do nó quadrado e o 2º seminó é elaborado no mesmo sentido que o primeiro - Após cada laçada, cada meia-volta é levada para baixo, no segmento tracionado, até que o nó fique apertado - Não é um nó seguro, visto que as 2 pontas ficam em posição perpendicular às partes do fio que entram no nó - Como segurança esse nó exige, obrigatoriamente, ao menos um 3º seminó NÓ DUPLO OU NÓ DO CIRURGIÃO: - Consiste na realização de 2 voltas primárias na primeira meia-volta, seguida de posicionamento da 2ª meia-volta na direção oposta, similarmente a um nó quadrado - A volta dupla no 1º seminó evita que o nó corra ou deslize, sendo muito importante em casos em que há aumento da tensão na estrutura que se está ligando, permitindo que a 2ª meia-volta possa ser feita sem ter que manter o fio tracionado - É um nó com grande segurança - Entre as desvantagens desse tipo de nó estão: Maior volume Dificuldade para apertá-lo, possibilitando índice maior de quebra do fio NÓ EM ROSETA: - Especialmente usado para ancorar as extremidades de fios em suturas intradérmicas, servindo como apoio à linha de sutura - Frequentemente feito com o auxílio da extremidade de um instrumento cirúrgico - Algumas vezes se interpõe um pequeno segmento de tubo para se evitar que o nó penetra na pele pela tensão exercida na linha de sutura NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 NÓ POR TORÇÃO: - Usado com fios metálicos, pela torção helicoidal de suas extremidades, sob permanente tração bilateral - Suas extremidades devem ser cortadas no sentido perpendicular e encurvadas para dentro da alça de seminós, de forma a minimizar a saliência em meio aos tecidos - Por serem rígidos, os fios de aço podem provocar irritação mecânica nos tecidos, gerando desconforto para o paciente Na confecção dos nós, algumas vezes as mãos que controlam as extremidades dos fios devem ser cruzadas ou os fios de cada uma das mãos devem ser mudados para a outra mão. Esse cruzamento, quando realizado no sentido horizontal, além de obscurecer o campo, é pouco eficiente. Se o cruzamento se der no sentido sagital, tanto o nó quanto o campo operatório permanecem vivíveis, e o nó apresenta maior eficiência TÉCNICAS PARA EXECUÇÃO DOS NÓS CIRÚRGICOS: - Podem ser divididas em: 1. Manuais quando realizadas somente com as mãos 2. Instrumentais realizados com auxílio de pinças ou porta-agulhas, que realizam a preensão de ambas as extremidades do fio 3. Mistas realizados com instrumentos e com as mãos, juntos - Todos os tipos de nós podem ser realizados com as 3 técnicas, e a variante mista constitui apenas uma modificação das demais técnicas, diferindo apenas no fato de que uma das extremidades do fio é manuseada com o instrumento e a outra pela mão - São descritas 2 leis dos nós: 1. Movimentos iguais de mãos opostas executam um nó perfeito 2. A ponta do fio que muda de lado após a execução do primeiro seminó deve voltar ao lado inicial para realizar outro seminó - Enquanto o 1º seminó é realizado com a mão direita, o 2º se usa a mão esquerda - O fio da mão ativa deve estar posicionado por baixo do fio que é seguro pela outra mão NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 TÉCNICA MANUAL PARA CONFECÇÃO DO 1º SEMINÓ NÃO-DESLIZANTE USANDO PRINCIPALMENTE O DEDO MÉDIO DA MÃO DIREITA 1. O 1º e o 2º quirodáctilos direitos segura uma das extremidades do fio, posicionado abaixo da outra extremidade, segura pelos 1º e 2º quirodáctilos esquerdos 2. Os 3º, 4º e 5º quirodáctilos direitos fixam a extremidade do fio e a abaixam, ao passo que o 3º quirodáctilo se insinua em direção ao fio da mão esquerda 3. Enquanto o 5º quirodáctilo direito mantém a extremidade direita do fio afastada, o 3º quirodáctilo enlaça o fio da mão esquerda e começa a leva-lo para trás do fio da mão direita 4. Uma alça do fio da mão esquerda é passada por trás do fio da mão direita, que é levado para dentro daquele 5. Antes de completar o seminó, o fio da mão direita é seguro entre os 3º e 4º quirodáctilos direitos, ao mesmo tempo em que os 1º e 2º quirodáctilos direitos soltam a extremidade do fio 6. Completa-se o seminó, que deve ser levado pelo 2º quirodáctilo direito ao encontro da estrutura a qual está sendo aplicado TÉCNICA MANUAL PARA CONFECÇÃO DO 2º SEMINÓ NÃO-DESLIZANTE, USANDO PRINCIPALMENTE O DEDO MÉDIO DA MÃO ESQUERDA - Segue os mesmos passos descritos para a confecção do 1º nó,só que usando a mão esquerda - É importante que se observe que o fio seguro pela mão esquerda (mão ativa) deve ser posicionado abaixo do fio seguro pela mão direita TÉCNICA MANUAL PARA CONFECÇÃO DO 1º SEMINÓ NÃO-DESLIZANTE USANDO PRINCIPALMENTE O DEDO INDICADOR DA MÃO DIREITA: 1. O 1º e o 2º quirodáctilos direitos seguram uma das extremidades do fio, posicionado abaixo da outra extremidade, segura pelos 1º e 2º quirodáctilos esquerdos 2. O dedo indicador direito é introduzido entre as duas partes do fio 3. O dedo indicador realiza uma alça com a extremidade do fio segura pela mão esquerda 4. A alça do fio formada é tracionada para dentro da interseção entre as duas partes do fio 5. Por tração bilateral dos fios forma-se o 1º seminó TÉCNICA MANUAL PARA CONFECÇÃO DO 2º SEMINÓ NÃO-DESLIZANTE COM O DEDO INDICADOR DA MÃO ESQUERDA: NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 1. Ao mesmo tempo em que o 1º e o 2º quirodáctilos direitos seguram uma das extremidades do fio, posicionado abaixo da outra extremidade, o dedo indicador esquerdo enlaça o fio da mão direita e começa a leva-lo para trás do fio da mão esquerda 2. A alça de fio da mão direita é passada por trás do fio da mão esquerda, que é levado para dentro daquele 3. Completa-se o seminó, que deve ser levado pelo 2º quirodáctilo direito ao encontra da estrutura à qual está sendo aplicado TÉCNICA BIMANUAL PARA CONFECÇÃO DE NÓ DUPLO OU NÓ DO CIRURGIÃO (TÉCNICA BIMANUAL DE PAUCHET) 1. O fio é cruzado, como no nó simples, somente diferindo pelo fato de que a extremidade presa à mão direita usa os 1º e 2º quirodáctilos, ao passo que a extremidade presa à mão esquerda usa dos 1º e 3º quirodáctilos, deixando o dedo indicador livre 2. Os movimentos da mão direita são os mesmos já demonstrados para a confecção de um seminó simples 3. Antes de se completar o seminó simples com a mão direita, o dedo indicador livre da mão esquerda enlaça o fio da mão direita 4. A laçada da mão esquerda é completada 5. Similarmente, a laçada da mão direita é finalizada, concluindo a confecção do seminó TÉCNICA MISTA PARA CONFECÇÃO DE NÓ ANTIDESLIZANTE – 1º SEMINÓ: 1. Uma das extremidades do fio é segura pelos 1º e 2º quirodáctilos esquerdos, ao passo que a mão direita manuseia o porta-agulha que servirá para a confecção do nó; observar que os fios não foram cruzados 2. Uma alça de fio é formada, em torno da extremidade do porta-agulha 3. A ponta entreaberta do porta-agulha realiza a preensão da outra extremidade do fio 4. A outra extremidade do fio é tracionada para dentro da alça anteriormente formada, formando o 1º seminó - Quando passamos o instrumento 2x sobre o eixo do fio, realizando uma alça dupla, o resultado final do 1º seminó será um nó do cirurgião inverso, sem cruzamento do fio. Nesse caso, a confecção do 2º seminó pode seguir a mesma orientação dada par ao uso de alça única - Para a confecção do 2º seminó, 2 são as possibilidades: a) Se a outra extremidade do fio foi suficientemente longa, pode-se usá-la para a confecção da alça do 2º seminó b) Se não for suficientemente longa podemos confeccioná-lo com a mesma extremidade do fio que se realizou o 1º seminó, tomando cuidado adicional de cruzar a mão sobre o instrumento, no momento de fixa-lo NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 TÉCNICA MISTA PARA CONFECÇÃO DE NÓ ANTIDESLIZANTE – 2º SEMINÓ 1. Os 1º e 2º quirodáctilos esquerdos realizam a preensão da mesma extremidade do fio usada para a confecção do 1º seminó 2. Uma alça de fio é formada, em torno da extremidade do porta-agulha 3. A ponta entreaberta do porta-agulha realiza a preensão da outra extremidade do fio 4. A outra extremidade do fio é tracionada para dentro da alça anteriormente formada; no momento da fixação do 2º seminó, a mão é cruzada sobre o porta-agulha, com o intuito de não permitir que se cruze Quando ambas as extremidades do fio são suficientemente longas, a alça do 1º seminó é realizada com uma extremidade e o 2º seminó com a outra extremidade. Nesse caso não há necessidade do cruzamento da mão sobre o instrumento cirúrgico TÉCNICA MISTA PARA CONFECÇÃO DE NÓ ANTIDESLIZANTE DUPLO: 1. Confecção da 1ª alça com o fio 2. Confecção da 2ª alça 3. O porta-agulha é usado para realizar a preensão da outra extremidade do fio que é tracionada e passada dentro das 2 alças 4. Seminó completo 5. Dedo indicador direito leva o seminó até a estrutura à qual está sendo aplicado LIGADURA DE VASOS OU DUCTOS: - É um dos procedimentos repetitivos mais comuns na prática cirúrgica - É realizada pela passagem do fio cirúrgico em torno da estrutura, frequentemente vasos sanguíneos ou ductos previamente clampeados com pinças hemostáticas, com o intuito de ocluir seu lumen - Depois de selecionar o material adequado, o fio deve ser posicionado atrás da pinça hemostática e iniciado o nó cirúrgico - A tensão exigida para esse procedimento deve ser suficientemente intensa para não permitir o deslocamento, mas não exagerada para não proporcionar danos a tecidos mais frágeis LIGADURA EM CAVIDADES: - Após a aplicação de uma pinça hemostática no vaso, interrompendo o sangramento, costuma-se usar o “fio montado”, ou seja, um fio preso por sua extremidade a uma pinça longa, para realizar a hemostasia definitiva - Enquanto uma das mãos segura a pinça, a outra detém a extremidade nua do fio, que é passado atrás da pinça que se encontra na cavidade, entrelaçando-a - A confecção do nó cirúrgico misto é realizada fora da cavidade e ele é levado até o local onde se encontra a pinça hemostática - O dedo indicador exerce uma função de grande importância, que é empurrar os seminós até a posição desejada, permitindo a sua segura execução NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 - Enquanto a mão que detém a pinça é puxada para fora, o dedo indicador da outra mão executa movimento em direção contrária, empurrando o seminó correspondente até o seu local definitivo - É importante dividir a utilização do fio, de modo que ambas as extremidades permaneçam suficientemente longas para permitir a execução dos seminós seguintes - Mesmo quando o nó é feito na superfície, o dedo indicador exerce função preponderante para levar o seminó até seu exato local - Deve-se evitar o simples estiramento do fio, puxando-o ao mesmo tempo para um lado e para o outro, pelo fato de propiciar a quebra do fio e aumento do dano tecidual