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CURSO DE FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS LEAN SIX SIGMA GREEN BELT CURSO DE FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS LEAN SIX SIGMA GREEN BELT SPANCERSKI, Jandrei Sartori. Curso de Formação de Especialistas Lean Six Sigma Green Belt. Medianeira, Paraná: Mainstay Academy, 2018. Redação e Edição Jandrei Sartori Spancerski Revisão de Redação Amanda Santos de Melo Silmar Antônio Lunkes Revisão de Edição Gabriel Becker Este livro faz parte do acervo digital Mainstay Academy, através do Projeto Academia da Melhoria © Copyright - ® Todos os direitos reservados SUMÁRIO SIM! Estamos na era da informação, na qual as empresas estão procurando competências profissionais como melhorar processos diversos e analisar dados “cirurgicamente”. O curso de Lean Six Sigma Green Belt, ao qual você está prestes a iniciar, o qualificará e tornará você capacitado principalmente para melhorar processos, coletar e analisar dados, realizar experimentos e propor mudanças nos projetos. Realizar melhorias em processos e produtos é uma necessidade fundamental de todas as organizações, independentemente de seu porte ou setor de atuação. Quando estas não buscam a melhoria “por conta própria”, geralmente acabam buscando-a quando é ameaçada por concorrentes melhor preparados. Para o Six Sigma, são quatro os pilares para o acontecimento do processo de melhoria, sendo eles a visão sistêmica, a psicologia (trabalho em equipe), a teoria do conhecimento (PDSA) e o entendimento da variação. Juntar todos esses conhecimentos para a obtenção de melhorias em uma organização é o verdadeiro objetivo da metodologia Six Sigma, e é o que veremos neste curso. PREFÁCIO SUMÁRIO 01 02 03 04 05 06 HISTÓRIA DA MELHORIA O SABER PROFUNDO COMO IMPLEMENTAR O SABER PROFUNDO OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MELHORIA EXERCÍCIO 1 O CICLO PDSA ABORDAGENS E ROTEIROS EXERCÍCIO 2 EXERCÍCIO 3 SUMÁRIO 7 16 19 21 26 34 40 44 45 PRIMEIRA PARTE – O MODELO DE MELHORIA – 6 07 08 09 O CONTRATO DE MELHORIA SIPOC VOICE OF CUSTOMER EXERCÍCIO 4 48 53 57 63 SEGUNDA PARTE – DEFINE – 46 10 11 12 13 MAPEAMENTO DE PROCESSOS EXERCÍCIO 5 CARACTERÍSTICAS DE PROCESSOS E VARIÁVEIS EXERCÍCIO 6 ANÁLISE DE VARIAÇÃO LISTA DE EXERCÍCIOS – 7 AO 14 PRIORIZANDO O ALTO IMPACTO 76 81 82 88 89 107 121 TERCEIRA PARTE – MEASURE – 74 5 14 15 16 LISTA DE EXERCÍCIOS – 15 AO 21 TRANSFORMAÇÃO DE VARIÁVEIS LISTA DE EXERCÍCIOS – 22 AO 29 CAPABILIDADE EXERCÍCIO 30 EXERCÍCIO 31 LISTA DE EXERCÍCIOS – 32 AO 34 MEDIDAS DE DESEMPENHO DO PROCESSO E DO SISTEMA 126 133 141 149 154 155 160 163 17 18 19 20 21 22 DESENVOLVIMENTO DE MUDANÇAS EXERCÍCIO 35 TECNOLOGIA CRIATIVIDADE CONCEITOS DE MUDANÇA CORRELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS LISTA DE EXERCÍCIOS – 36 AO 38 EXPERIMENTO FATORIAL COMPLETO LISTA DE EXERCÍCIOS – 39 AO 40 171 189 190 192 195 198 208 211 222 QUARTA PARTE – ANALYSE – 169 QUINTA PARTE – IMPROVE – 225 SEXTA PARTE – CONTROL – 228 REFERÊNCIAS – 231 ANEXO – MATERIAIS COMPLEMENTARES – 232 6 PRIMEIRA PARTE O MODELO DE MELHORIA 6 7 01 HISTÓRIA DA MELHORIA 7 8 1.1 ERA DOS ARTESÃOS Desde antes de Cristo, do início das produções de bens de consumo até a revolução industrial, em meados de 1850, cada artesão realizava seu ofício, passando- o apenas para o seu aprendiz. Não haviam métodos nem padrões de produção, o controle das atividades era realizado pelo próprio artesão, ou seja, os bens produzidos eram uma verdadeira obra de arte. Durante esta época, a divisão do trabalho era social, tendo em mente as atividades realizadas por cada indivíduo, e não manufatureira. A revolução industrial foi uma das responsáveis por dar não um fim, mas uma considerável redução na prática do ofício desta arte para produção de bens em geral, trazendo para tal as fábricas que reuniam diversos trabalhadores para a produção destes mencionados bens. 1.2 ERA DA PRODUÇÃO EM MASSA A produção em massa objetivava uma redução de custo através da diluição dos mesmos na quantidade de itens produzidos. A qualidade, nesta era, é secundária e obtida através da inspeção final. Foram criadas estruturas gerenciais robustas e barreiras entre departamentos para que os sistemas de produção e inspeção fossem controlados. 8 O artesão controla o sistema de produção, atendendo a definição de qualidade de cada cliente, produzindo mercadorias únicas. A qualidade é obtida com um alto custo. ERA DOS ARTESÃOS (AC – 1800) 9 1.3 A ERA DAS FÁBRICAS E O TAYLORISMO A revolução industrial trouxe não apenas a redução no número de trabalhadores artesãos, mas também a criação de uma nova entidade, a fábrica. O termo ofício perdeu sua força para o termo atividade, que é o que agora os trabalhadores executam. As atividades, por si só, não produziam o produto, mas colaboravam para que o mesmo fosse produzido pelas máquinas, como apertar um parafuso, levar carvão para abastecer fornos, entre outros. Estas atividades precisavam ser coordenadas, colocadas em uma sequência lógica, para que assim seja possível a produção do bem. Surge, então, os postos de gerente, coordenadores, encarregados e os primeiros engenheiros de produção, embora não formalmente. 9 10 Com o passar do tempo, estes postos começam a não apenas a integrar as atividades, mas buscam padroniza-las e melhorá-las, procurando maneiras de torná- las mais eficientes. As atividades não eram mais conduzidas pelo trabalhador (outrora artesão), mas sim do coordenador da empresa, que avaliava como cada operário deveria realizar o seu trabalho. Isto resultou em um trabalho até hoje estudado, sendo a obra mais famosa a intitulada “Princípios da Administração Científica”, do engenheiro Frederick W. Taylor, donde popularizou-se a ideia de que os gerentes deveriam melhorar o trabalho de seus subordinados, a fim de aumentarem a produtividade da fábrica para alimentar o mercado insaciável dos bens produzidos. As ações eram focadas em produzir mais peças, executar ações mais rápido e não em reduzir defeitos ou inovar. Para a época, melhoria é produzir mais, não melhor. Por isso, o Taylorismo é considerado como uma faca de dois gumes: por um lado, extremamente positivista, pois escancara a necessidade de melhorar atividades, o que posteriormente evoluiu para a melhoria de processos, porém apresenta alguns graves problemas, como o foco da quantidade produzida sem se preocupar com possíveis defeitos, além da falta de humanização do trabalho, afinal os trabalhadores eram considerados máquinas pelos seus superiores, atitudes retratadas de uma forma crítica e cômica no filme “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin. 10 Taylor desenvolve a primeira abordagem para trabalhar com produtos e processos mais complexos: dividir os trabalhos em pequenas unidades de processamento e estudar a maneira de conduzir essas atividades mais rapidamente. TAYLORISMO (1875) 1.4 FORDISMO Taylor ficou muito conhecido quando foi convidado pelo renomado Henry Ford a ser consultor na Ford Motor Company. Taylor e Ford então desenvolveram o que hoje conhecemos por linha de montagem, um conjunto de trabalhadores realizando atividades num ritmo específico, determinado pela velocidade das máquinas da linha e seguindo padrões com uma sequência lógica de atividades. A padronização na linha de montagem e o treinamento sistêmico dos funcionários eram cruciais para as empresas, que começava a se preocupar em como instruir seus trabalhadores a seguir padrões específicos. Após inúmeras perdas de produtos, principalmente pelo fator qualidade, as empresas começaram a se preocupar de uma forma mais específica com a qualidade dos produtos. Uma das soluções encontradas: inspeção final. Esta era realizada com o intuito de garantir que o produto chegue nas mãos do consumidor sem defeito. Outra solução encontrada foi a de encontrar maneiras deevitar que os funcionários cometessem erros em suas atividades, técnicas hoje conhecidas como pokayokes. 12 Muitas empresas a partir desta época se utilizaram do conceito de linha de montagem, em ao menos um de seus aspectos, ajudando a popularizar a preocupação com a qualidade e a atenção para a melhoria. 1.5 NASCE A MELHORIA DE PROCESSOS Na década de 1930, outro avanço acontece na ciência da melhoria: inicia-se a utilização das ferramentas estatísticas e do método científico para a melhoria de processos. Esse avanço se iniciou nos laboratórios Bell, uma das instituições de pesquisa mais renomadas da história, pela análise dos processos do laboratório, realizada pelo estatístico Walter Shewhart. Seu objetivo era desenvolver ferramentas para identificar quando o processo realizado no laboratório estava estável ou instável. Com isso, ele desenvolveu um dos pilares da melhoria de processos tal qual conhecemos hoje e é parte integrante do Six Sigma: o entendimento da variação. Saber se um processo está estável ou não é uma condição fundamental para programar-se e identificar como devemos agir frente a um processo. Esta é uma das primeiras ferramentas de diagnóstico gerencial que se tem conhecimento. O controle estatístico de processos (CEP) é outra das suas maiores invenções, utilizada até os dias de hoje. 12 Henry Ford, juntamente com Taylor, desenvolvem os conceitos de linha de montagem e de melhoria da qualidade e produtividade, como sistemas à prova de erros e inspeção. Nesta época, começa-se a dar mais atenção para o treinamento de funcionários de maneira sistêmica. O treinamento, entretanto, é focado em capacitar as pessoas para realizar as atividades da linha de produção. FORDISMO (1900-1930) 13 Além dos citados métodos estatísticos, Shewhart introduziu ao mundo das organizações o método científico, desenvolvendo a construção de conhecimentos sobre os processos para posteriormente implementar melhorias por meio de mudanças. Este método científico estruturado ficou conhecido como Ciclo de Shewhart, do qual saíram as técnicas modernas do PDSA e mais tarde do PDCA. 1.6 ERA DO GERENCIAMENTO DA QUALIDADE Durante sua vida acadêmica, Shewhart também pode orientar outro famoso estatístico, Willian Edwards Deming. Mais tarde, Deming se transformaria em um dos mais conhecidos gurus da qualidade. 13 Walter A. Shewhart desenvolve conceitos que fundamentam o controle estatístico de processos enquanto trabalhava nos Laboratórios Bell. Estes conceitos baseavam-se em utilizar a teoria estatística para se obter alguma previsibilidade de processos. Destes estudos surgiram várias das ferramentas que serão apresentadas ao longo do curso, como o ciclo PDSA e o Gráfico de Controle. WALTER ANDREW SHEWHART (1930s) 14 Além de Deming, outros pesquisadores se envolveram na iniciativa da transformação japonesa, dentre os quais podemos citar Joseph Juran, que dizia que a qualidade não deveria ser controlada por inspeção, mas sim disseminada entre todos os processos da empresa. Juran foi um dos responsáveis por enxergarmos a qualidade como vantagem estratégica. Além de Deming e Juran, Kaoru Ishikawa e Armand Feigenbaum fizeram contribuições notáveis nesta era. Nesta etapa, iniciam-se as primeiras iniciativas da empresa Toyota em desenvolver seu próprio sistema de produção. Taiichi Ohno, precursor do TPS (Toyota Production System), inicia o processo de levar a melhoria e a qualidade ao operador, retomando os antigos e já citados conceitos de padrões, porém não engessando os trabalhadores, mas sim dando autonomia para que eles pudessem melhorar seu desempenho. Criou também a noção de funcionário multitarefa, permitindo que um trabalhador possa executar múltiplas atividades em sua empresa. A produtividade alcançada por causa das mudanças supracitadas emergiu na década de 1980, tornando a Toyota uma das maiores produtoras de carros do mundo. O Lean Manufacturing surgiu de um estudo realizado no MIT às iniciativas apresentadas. O que hoje conhecemos por Modelo de Melhoria nada mais é que a concatenação e aperfeiçoamento dos conceitos desenvolvidos nesta época. 14 Deming e Juran começam a difundir os conceitos do controle estatístico de processos aos gerentes industriais japoneses e esses métodos começam a se disseminar no Japão. Karou Ishikawa introduz o diagrama de causa e efeito e outras ferramentas para análise de processos e produtos. ERA DO GERENCIAMENTO DA QUALIDADE (1950s) 15 1.7 ISO E SIX SIGMA Hoje em dia, a maioria das organizações tem conhecimento do que é qualidade e a sua importância para os negócios. As técnicas relacionadas a melhoria que antes eram limitadas à manufatura, como a estatística e estudo de padrões, estão presentes em todos os processos nas mais diversas organizações. É nessa época que surgem diversas outras metodologias que compilam os conceitos iniciais relacionados à melhoria. Dentre as famosas podemos citar o Seis Sigma, elaborado por Bill Smith na empresa Motorola e tornado popular pelo presidente da empresa na década de 80, Robert W. Galvin. A Organização Internacional de Padronização, ou popularmente conhecida como ISO (International Standarization Organization) ajudou a popularizar o Lean Thinking, compêndio das lições aprendidas pela Toyota. Neste período se consolida o lado humano da mudança, graças às contribuições de Peter Scholtes que começou a estudar maneiras de se alcançar melhores resultados em time, além de técnicas e métodos de trabalho em equipe. Surge também nessa época o que hoje conhecemos por Modelo de Melhoria, que compilam aprendizados, roteiros e ferramentas para a aplicação disseminada da melhoria em larga escala. 15 ISO (International Standarization Organization) publica o primeiro manual da qualidade. A empresa de dispositivos de comunicação Motorola cria o programa denominado Six Sigma. No ano de 2000, consolida-se o Modelo de Melhoria, que integra as diversas metodologias e ferramentas de melhoria em uma abordagem robusta e eficaz. ISO E SIX SIGMA (1980s) 16 02 O SABER PROFUNDO 16 17 2.1 O SABER PROFUNDO Na década de 90, Deming sintetizou os fundamentos da ciência da melhoria em quatro pilares, ao qual ele denominou de Sistema do Conhecimento Profundo, ou simplesmente Saber Profundo, onde a palavra Profundo denota a capacidade de desenvolver mudanças que obtemos utilizando esse sistema. 2.1.1 Visão Sistêmica Uma organização não é um aglomerado de pessoas, mas sim um conjunto de processos que objetivam cumprir uma função. Bem como o artesão, cada organização deve transformar insumos em produtos, serviços menores em maiores, entradas em saídas. Um dos males que com o passar dos anos foi tomando conta das organizações foi a excessiva departamentalização, não proporcionando a ideia de que nosso trabalho é correlacionado com o de outras pessoas, ou que processos são dependentes uns dos outros, impedindo a ideia de coletividade e dependência para que as organizações atinjam por fim o seu Propósito. Possuir Visão Sistêmica é analisar como cada parte da organização se correlaciona com as demais, ao qual existem diversas ferramentas para desenvolver tal visão, como o SIPOC, o fluxograma (vários tipos diferentes), o Mapeamento de Fluxo de Valor, entre diversos outros. 2.1.2 Psicologia É comum que pessoas estejam envolvidas na realização de atividades nas organizações, e as mesmas geralmente reagem negativamente a ideia de mudar. 17 18 Como dificilmente poderemos juntar esforços individuais para atingir o propósito da organização, precisamos entender o que motiva cada indivíduo, ao qual existem algumas técnicas, principalmente relacionados à comunicação e ao alinhamento de cada um ao Core Business da organização e do seu processo particular. 2.1.3 Teoria do Conhecimento Para gerarmos resultados melhores do que os que estamos obtendo precisamos realizar mudanças, esperando que as mesmas se traduzam em melhorias. Sendo assim,é impossível conseguirmos garantir que a mudança imputada gere melhoria se não conhecemos verdadeiramente o processo. Este aprendizado não pode ser dado na base da tentativa e erro, afinal, isso custa tempo e dinheiro. A teoria do conhecimento nos evidencia essa necessidade, apresentando métodos científicos para podermos aprender de uma forma segura e otimizada, como o ciclo PDSA e o DOE. 2.1.4 Entendimento da Variação Conforme aponta Spancerski (2017), dados são intrínsecos aos processos, desta forma, gerados a todo instante. Uma forma de conhecer os processos é coletando os dados que os mesmos geram, aos quais são imputados uma variação natural. Precisamos saber analisa-los corretamente na presença dessa variação, assim poderemos realizar o correto gerenciamento deste processo. Entender a variação é saber quando a mudança é natural (causa comum) ou quando ela não é natural (causas especiais). E é para isso que as ferramentas estatísticas nos auxiliam, analisando o comportamento de indicadores ao longo do tempo para podermos enxergar qual o tipo da variação. 18 19 03 COMO IMPLEMENTAR O SABER PROFUNDO 19 20 O fato de estarmos em uma era de alta interação tecnológica, ao qual muitas barreiras entre países foram quebradas ou reduzidas, imprime um aumento na competitividade no mundo organizacional. Os negócios estão em constante mutação e desta forma não temos escolha... precisamos reduzir custos, reduzir problemas relacionados a qualidade e aumentando o nível de agregação de valor nos nossos produtos. Para tal, se faz necessário um bom método, um sólido conhecimento do mesmo e principalmente criar a cultura da melhoria na empresa, na qual transforma-a em objetivo estratégico da organização. Criada essa diretriz, torna-se possível treinar pessoas e criar processos para a realização da mudança. Embora robustos, O Modelo de Melhoria e o Conhecimento Profundo possuem alguns requisitos que devemos atender para que sua utilização seja plena. a) Entender a melhoria como necessidade estratégica: a organização precisa estar engajada no desenvolvimento de melhorias. É impossível conduzir projetos de melhoria (independente da metodologia) sem que sejam disponibilizados recursos à equipe. Se a diretoria da organização não busca a melhoria, ela não irá acontecer. b) Dominar uma técnica de melhoria: isso é o que passaremos neste curso, a técnica para fazer a melhoria acontecer. Esta deve ser dominada pelo agente que conduzirá os esforços da equipe. Ele deve atuar como um orientador, conduzindo a equipe pelo roteiro e pelas ferramentas. c) Criar uma estrutura favorável para a melhoria: a diretoria das organizações deve fazer com que a melhoria se torne um processo cotidiano. Todos devem possuir os meios necessários para gerar melhorias, sendo que a organização deve adaptar seu ambiente para isso. 20 21 04 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MELHORIA 21 22 4.1 MUDANÇA E MELHORIA Os conceitos de mudança e melhoria podem parecer óbvios demais para estarem aqui, porém, são os conceitos que podem ser traiçoeiros durante o andamento de um projeto de melhoria. Para tanto, temos uma definição equacionada que auxiliará na distinção de ambos os conceitos: para se obter melhoria precisamos de uma mudança, embora nem sempre uma mudança gere uma melhoria. A melhoria só pode ser assim chamada quando a mudança implementada retorna um resultado permanente. Sendo assim, precisamos de algo para provar quando nossa mudança for efetiva (ou não), onde no caso nos utilizaremos de INDICADORES. Precisamos, para obter melhorias, implementar MUDANÇAS no processo, desenvolvendo-as e testando-as antes de tudo. Outro ponto importante é o escopo do projeto de melhoria, ou em outras palavras, o propósito do projeto, ou simplesmente FOCO, pois sem ele o time ficará perdido na imensidão de possibilidades de mudança. A grande questão que permanece no ar é: como desenvolver mudanças que possuam grande probabilidade de serem melhorias? A maneira mais simples de estruturarmos essas mudanças é por meio das três questões fundamentais da melhoria. 22 23 4.2 AS TRÊS QUESTÕES FUNDAMENTAIS DA MELHORIA As três perguntas fundamentais da melhoria são a base inicial para realizarmos um projeto de sucesso. As perguntas criam um mapa com o objetivo do esforço (FOCO), as métricas do esforço de melhoria (INDICADORES) e quais mudanças podemos realizar (MUDANÇAS). Questão 1. O que estamos tentando realizar? (FOCO) A primeira questão nos faz refletir sobre o nosso propósito. Quando o mesmo é claro, podemos estruturar de maneira mais efetiva nossas ações, além de que podemos utilizar a definição dos objetivos para alinhar a nossa equipe. A resposta à essa pergunta deve estabelecer esses objetivos para ter uma iniciativa de melhoria, donde os mesmos devem ser breves e concisos, a fim de nortear a iniciativa. Questão 2. Como saberemos se uma mudança é uma melhoria? (INDICADORES) A segunda questão tem a ver com métricas e indicadores, em outras palavras, dados. Se o nosso projeto de melhoria visa “reduzir o reprocesso na linha de produção”, só vamos saber que uma mudança implementada foi uma melhoria quando medirmos a quantidade de reprocesso ao longo do tempo, verificando uma queda estatisticamente significativa nos valores. Definir o indicador de forma clara gera subsídio para uma tomada de decisão. Questão 3. Que mudanças podemos fazer que resultarão em melhoria? (MUDANÇAS) A terceira questão nos ajuda a definir o escopo do projeto, afinal, melhoria requer mudança. Esta pergunta chama à atenção para a necessidade de desenvolver, testar e implementar mudanças para obter melhoria. Por vezes, a resposta à essa pergunta aparece durante o projeto de melhoria, afinal, precisa-se conhecer bem os processos para saber que mudanças implementar para impactar nossos indicadores. 23 24 4.2.1 Utilizando as Três Questões Fundamentais da Melhoria Para melhor compreendermos a utilização das três questões fundamentais da melhoria, vamos ao exemplo da empresa AXC, que está com problemas em seu processo de compras. Esta empresa possui um departamento responsável por realizar cotação de preços e efetuar a compra de diversos itens utilizados na organização. Este departamento está sendo avaliado negativamente pelos seus usuários, principalmente relacionado com atrasos em atender os seus pedidos de compras. O alto escalão da empresa, preocupado com a melhoria contínua, realizou uma iniciativa para melhorar o desempenho do processo de compras, contratando um especialista Lean Six Sigma Green Belt para liderar o projeto. O time deste especialista chegou às respostas apresentadas abaixo para as três perguntas fundamentais da melhoria. Questão 1. O que estamos tentando realizar? Otimizar (reduzir) o tempo do processo de compras no departamento de compras em quatro meses. Questão 2. Como saberemos se uma mudança é uma melhoria? Quanto o tempo do processo de compras for significativamente reduzido. Questão 3. Que mudanças podemos fazer que resultarão em melhoria? Atualmente, o processo de compras segue a regra FIFO (primeiro que entra é o primeiro que sai). O que poderíamos fazer é classificar todos os pedidos de compra conforme a faixa de investimento e nível de especificação técnica, sendo que as compras que possuem baixo custo e complexidade reduzida façam parte de um processo diferente de compra, otimizando a fila de entrada. 24 25 Cada questão apresentada deve ser analisada e respondida com segurança, sendo assim, listamos alguns requisitos devem ser cuidadosamente atendidos. A Questão 1 (o que estamos tentando realizar) possui três requisitos que devem ser analisados. a) Descrição geral do contexto: essa descrição fornece informações sobre o problema que estamos prestes a atacar. Ela deve comunicar por que este esforço é importante e por que estamos realizando essa iniciativa. b) Resultados esperados: cada objetivo deve ter um ou mais indicadoresassociados, que posteriormente serão apresentados na resposta da Questão 2. Uma das formas de realizar a declaração do resultado esperado é utilizando um verbo no infinitivo (reduzir, aumentar, remover, entre outros) seguido de respostas obtidas através da ferramenta 5W2H parcial, respondendo o que lhe convêm (o quê, onde, quando). c) Fronteiras para as atividades: essas fronteiras são muito importantes para podermos estabelecer quais as restrições ao escopo da iniciativa. Para responder podemos nos perguntar: o que não podemos mudar? Que áreas não podem ser impactadas? Que indicadores não podem ser afetados? Ao lidarmos com a Questão 2 (como saberemos que uma mudança é uma melhoria), devemos ter em mente a construção de um critério claro e objetivo para o projeto. Para tal, podemos elencar indicadores que representam diretamente ou indiretamente uma mudança no que estamos atacando, realizando coleta de dados e analisando-os. Já no caso da Questão 3 (que mudanças podemos fazer que resultarão em melhoria), o que deve ser observado são os mesmos requisitos apresentados na Questão 1. Essa questão deve ser respondida de forma continuada, ou seja, dá-se uma resposta inicial, avalia-se o resultado e, caso o resultado seja positivo (analisando indicadores), implementa-se permanentemente a mudança. 25 SUMÁRIO Em uma certa editora de livros existe um departamento chamado “Comercial”. Esse departamento está, atualmente, com dificuldades em aumentar sua lucratividade com a venda de livros de títulos técnicos. Dentro deste departamento, há uma pessoa responsável em realizar o contato direto com os clientes (livrarias, bibliotecas públicas, escolas e universidades). Segundo os relatórios redigidos semanalmente por este responsável, os clientes estão reclamando principalmente do excesso de interações com a editora (e-mails informativos, ligações, entre outros) e com o tempo (burocracia) para realizar processos como os de compra ou revisão de catálogo. Muitos clientes estão deixando de realizar compras com a editora devido essa insatisfação, procurando renovar seus catálogos com títulos da concorrência. A gerência deste departamento decidiu realizar uma iniciativa para melhorar o desempenho deste departamento, objetivando a retenção de clientes e o lucro. Para tal, contratou você para coordenar este projeto. Sendo assim, você deve realizar uma análise detalhada para decifrar qual o escopo deste projeto. Encontre o escopo respondendo as três questões fundamentais da melhoria. Questão 1. O que estamos tentando realizar? Questão 2. Como saberemos se uma mudança é uma melhoria? Questão 3. Que mudanças podemos fazer que resultarão em melhoria? EXERCÍCIO 1 26 27 4.2.2 Análise da Mudança Vamos dar continuidade a este assunto com um exemplo. Desta vez estamos em uma fábrica de materiais metálicos, a Metallica, em que um projeto de melhoria já está ocorrendo, sendo seu escopo a redução de tempo de ciclo de uma das operações. No planejamento do teste, estabeleceu-se que a mudança seria realizada entre a quinta e a sexta semana a partir do início do projeto. Uma medição de tempo de ciclo foi realizada na terceira semana, com o resultado de 13 minutos. Na décima semana foi realizada uma nova medida, e o resultado obtido foi 5 minutos. A redução deste tempo de ciclo (de 13 para 5 minutos) foi considerada significante para esse processo. Os dados obtidos estão apresentados no gráfico abaixo. Qual o grau de convicção de que essa mudança é uma melhoria? 27 0 2 4 6 8 10 12 14 Semana 3 Semana 10 T e m p o d e c ic lo ( m in ) Mudança entre semanas 5 e 6 Gráfico 1 – Tempo de ciclo de operação na empresa Metallica 28 Existem diversas maneiras que podemos fazer esta análise de mudança, porém, infelizmente, este tipo de análise anteriormente apresentada não é segura, pois não é analisado um histórico de tempo para podermos ter certeza se essa mudança aplicada gerou uma melhoria permanente ou se os resultados apresentados nas semanas 3 e 10 são apenas outliers (pontos fora da curva). Vamos então analisar esta mudança de outra forma, através de um histórico do indicador, analisado semanalmente, para então termos certeza deste resultado. O Quadro 1 apresenta os dados históricos da análise deste indicador em vários cenários. Com os dados acima apresentados, podemos enfim realizar a análise da mudança. Em todos os cenários os tempos de ciclo da semana 3 são de 13 minutos e os da semana 10 são 5 minutos. Agora responda, qual a convicção de que a mudança é uma melhoria nos cenários? Ela é a mesma em todos eles? 28 Semana Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6 1 11 11 14 13 11 8 2 14 7 14 14 14 9 3 13 13 13 13 13 13 4 12 11 11 12 12 12 5 14 14 11 14 9 9 6 7 12 9 7 8 7 7 8 8 9 6 7 8 8 9 12 8 8 9 9 9 8 11 7 10 7 8 10 5 5 5 5 5 5 11 8 14 8 13 9 9 12 7 9 7 14 8 8 Quadro 1 – Dados históricos tempo de ciclo de operação da empresa Metallica 29 O Quadro 1 nos apresentou os dados dos tempos de ciclo em um certo período. Embora os dados estejam corretos, vamos apresentar uma forma diferente para analisa-los. Pelo fato de que os dados foram coletados em períodos de tempo constante (uma semana), podemos gerar gráficos de tendência para cada cenário. No Gráfico 2, podemos avaliar o caso do Cenário 1. A linha tracejada vermelha representa o instante em que a mudança foi implementada, desta forma, facilitando a visualização dos estágios pré e pós mudança. No caso apresentado, a mudança é uma melhoria, pois é perceptível a diferença visual do posicionamento dos pontos. 29 Gráfico 2 – Gráfico de tendência do Cenário 1 30 Avaliando o Gráfico 3 (Cenário 2), podemos dizer que a mudança não gerou melhoria, pois não é perceptível uma diferença entre os estágios pré e pós mudança. 30 Gráfico 3 – Gráfico de tendência do Cenário 2 Gráfico 4 – Gráfico de tendência do Cenário 3 31 O Gráfico 4 (Cenário 3) apresenta uma melhoria, porém esta melhoria não é causa da mudança imposta, pois podemos observar que os valores do mesmo estavam com tendência de baixa no estágio anterior a mudança. O caso apresentado no Cenário 4 (Gráfico 5) é de uma mudança que não gerou melhoria, pois embora tenha diminuído os valores imediatamente depois da mudança, o resultado não se manteve. 31 Gráfico 5 – Gráfico de tendência do Cenário 4 32 Os Gráficos 6 e 7 (Cenários 5 e 6, respectivamente), apresentam mudanças que não impactaram no indicador, ou seja, não se tornaram melhorias. 32 Gráfico 6 – Gráfico de tendência do Cenário 5 Gráfico 7 – Gráfico de tendência do Cenário 6 33 Das análises realizadas sobre o caso da empresa Metallica podemos retirar uma definição operacional de melhoria: O estudo apresentado foi de um caso que envolvia dados quantitativos. Mas e em casos qualitativos... temos como avaliar se a mudança é uma melhoria? Vejamos com algo do nosso cotidiano. Seu quarto está uma bagunça, roupas sujas no chão, as cobertas largadas de qualquer forma sobre a cama, calçados desarrumados colocados de qualquer jeito em um cantinho da casa. Então chega o grande dia da faxina, onde você organiza e limpa tudo! Além disso, você faz uma promessa a si, a de manter o quarto organizado até o final do ano, pois “esse ano eu vou fazer diferente”. Passa-se uma semana e quando você vê, o quarto está novamente bagunçado. Neste caso, e na maioria dos casos qualitativos, podemos nos utilizar dos sentidos para termos parâmetro de melhoria, como a visão, de ver que o quarto está bagunçado, então imputa-se uma mudança (arrumar o quarto) e depois de um tempo verifica se essa mudança é duradoura (se o quarto não voltou a ficar bagunçado). De uma forma geral, sendo qualitativo ou quantitativo, projetos de melhoria possuem três possíveis tipos de indicadores, sendo eles os de Resultado, de Processo e de Equilíbrio, cada qual com sua particularidade. Os indicadores de Resultado indicam se as mudanças que estamos implementandoestão se tornando melhorias, os de Processo indicam se o que estamos realizando está certo para atingir nossos objetivos (se é a nossa mudança que está gerando a melhoria), enquanto os de Equilíbrio indicam se estamos “piorando” outra parte do sistema para poder atingir nosso objetivo. 33 Melhoria é um impacto POSITIVO, RELEVANTE e DURADOURO em indicadores de interesse da organização. 34 05 O CICLO PDSA 34 35 O ciclo PDSA é parte integrante, juntamente com as três perguntas fundamentais da melhoria, do Modelo de Melhoria. Ele é um roteiro inspirado no método científico, que gera hipóteses (teses) induzidas por uma dedução advinda de dados (fatos e eventos), que nos permite adquirir conhecimento sobre o que estamos fazendo. Para melhorar algo devemos conhecer bem sobre aquilo. Esta é a ideia levantada pelo PDSA. É de suma importância não confundirmos o ciclo PDSA com o ciclo PDCA, popularizado pela Toyota e difundido por inúmeras consultorias no Brasil e no mundo. O PDSA está ligado à teoria do conhecimento, um dos quatro pilares do Saber Profundo, apresentados no capítulo 2, formaliza-se como uma das melhores maneiras de obter o conhecimento necessário para desenvolver mudanças com potencial de elevar os processos e o sistema como um todo a um novo patamar de desempenho. É por meio dele que conseguimos melhorar continuamente o que estamos fazendo. 5.1 ESTRUTURA DO PDSA Como o PDSA é baseado no método científico, ele compreende em realizarmos uma observação sobre um evento, formularmos uma hipótese para a causa do evento (realizando predições sobre a mesma), testarmos a hipótese que formulamos através de um experimento, analisarmos os resultados obtidos do experimento (confirmando ou rejeitando a hipótese, ou seja, transformando-a ou não em teoria) e por fim aplicarmos o conhecimento obtido para desenhar e implantar mudanças que resultem em melhoria. 35 O ciclo PDSA é um método para a geração de conhecimento, ligado à teoria do conhecimento e baseado no método científico. 36 5.1.1 Plan (Planejar) Essa etapa consiste em definir o escopo do seu estudo, alinhando o objetivo do seu ciclo, os conhecimentos prévios que você tem sobre o assunto específico e qual o seu plano para a coleta de dados. Assim, os itens que devem ser preenchidos nesta etapa são: a) Objetivo b) Questões e Predições c) Plano para a coleta de dados (5W2H) 5.1.2 Do (Executar) Chegamos a etapa “mão na massa”. Aqui você deve executar o que planejou na etapa anterior, coletando dados para poder analisar posteriormente. Recomenda-se registrar quaisquer eventos não planejados que ocorreram durante a execução das coletas de dados. 5.1.2 Study (Estudar) Esta é a etapa diferencial, onde serão realizadas análises, inferências e reflexões sobre os dados coletados, transformando-os em informações. Aqui deve-se comparar os resultados obtidos com as predições realizadas, respondendo a cada uma das questões elaboradas. Recomenda-se resumir o que foi aprendido ao final do estudo. 36 37 5.1.4 Act (Ação) A última etapa do ciclo PDSA é a de ação, ou seja, a implementação dos conhecimentos adquiridos das etapas anteriores. É de suma importância apresentar quais as “pontas soltas” que o ciclo gerou, quais os novos conhecimentos que devem ser adquiridos, em outras palavras, qual será o próximo ciclo. 5.2 UTILIZAÇÃO DO CICLO PDSA O PDSA deve ser utilizado durante todo o projeto de melhoria, como mencionado anteriormente, para obter conhecimento sobre os processos através de coleta de dados, afim de testar e implementar mudanças, em resumo, um ciclo “puxa” o outro. Conforme o tempo de execução do projeto de melhoria avança, aumentamos nosso aprendizado sobre o processo e também nossa chance de encontrar mudanças significativas. 37 Figura 1 – Relação tempo e aprendizado 38 A Figura 1 nos apresenta, além da relação entre o andamento do projeto com o nível de aprendizado, algumas das possíveis ferramentas utilizadas em um PDSA. Para demonstrar essa interação, voltemos à empresa AXC, apresentada no capítulo 4, para realizarmos o PDSA do processo de compras. Recapitulando, o problema em si está relacionado ao tempo (demora) do processo de compras. Aprofundando mais o caso, descobriu-se que a política de compras da empresa permite dois principais tipos de compras, a do tipo “Reservado” e do tipo “Menor preço”. a) Reservado: o solicitante (AXC) reserva o produto e basta executar a compra. b) Menor preço: a compra é realizada apenas após pedidos três orçamentos, onde o de menor preço ganha, salvo valores de produtos abaixo de R$ 2.000,00. Com base nessas informações, o responsável pelo projeto elaborou o seguinte PDSA. 38 Objetivo: Conhecer como se comporta a demanda para o setor de compras. PLAN Questões Predições Q1) Como é a distribuição dos valores das compras? Q2) Quais tipos de compras são mais frequentes? P1) A maior parte das compras está entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00. P2) O tipo de compra mais frequente é o “Menor preço”. Poucas compras são do tipo “Reservado”. Plano de coleta de dados 1. De uma amostra de 200 compras realizadas nos últimos seis meses, anotar o valor e o tipo de compra. 2. O Gabriel é responsável por coletar os dados. Instruí-lo sobre como amostrar, anotar os valores e digitar em uma planilha. 3. A Amanda deve preparar um gráfico de frequência dos valores das compras e um gráfico de colunas com as porcentagens por tipo de compra. 4. A equipe deve se reunir para analisar os gráficos. DO 1. Coletar os dados. 2. Observar e anotar anomalias durante o processo de coleta dos dados. Figura 2 – PDSA empresa AXC 39 A partir do PDSA acima, o Green Belt percebeu que a maioria dos pedidos possuíam preços menores que R$ 2.000,00 e eram do tipo “Reservado”, sendo que esse tipo sugere uma maior rapidez na execução e isso não vinha acontecendo. No ciclo PDSA seguinte, os compradores foram entrevistados, para atender o item 1 do ACT do PDSA atual. Eles disseram que mesmo para compras do tipo reservado cotavam com outros fornecedores, o que gerava um atraso nas compras e indo em desencontro à política de compras da empresa. Essa descoberta fez com que o gerente responsável suspendesse as cotações para compras que não fossem do tipo “Menor preço” com valor excedido à R$ 2.000,00, reduzindo significativamente o tempo para realização das compras. 39 STUDY Mais de 80% dos valores estão abaixo de R$ 2.000,00, sugerindo que um processo mais simples pode ser desenvolvido para essas compras. 50% das compras é do tipo Reservado, contradizendo a predição P2. ACT 1. Entrevistar os compradores para entender as causas de demora em aquisições abaixo de R$ 2.000,00 2. Iniciar um novo ciclo PDSA para avaliar se existe diferenças no tempo médio de aquisição entre “Reservado” e “Menor preço”. Menor preço (>2000)Menor preço (<2000)Reservado 50 40 30 20 10 0 Tipo de compra P e rc e n tu a l Percentual por Tipo de compra Continuação... Figura 2 – PDSA empresa AXC 40 06 ABORDAGENS E ROTEIROS 40 41 6.1 O MODELO E SEUS BENEFÍCIOS Finalmente chegamos ao final das partes que compõem o Modelo de Melhoria. Sua composição é dada pelas três questões fundamentais da melhoria e pelo ciclo PDSA, sendo que ambos devem ser utilizados corriqueiramente durante o projeto de melhoria. Os benefícios trazidos pelo Modelo de Melhoria são inúmeros, mas listaremos apenas alguns para comentá-los. Um dos mais interessantes benefícios é que o modelo é adaptável aos diferentes níveis de formalidade, ou seja, dentro de uma empresa, desde o chão de fábrica até a diretoria podem utilizar-se do Modelo de Melhoria. Essa característica fornece ao detentor de seu conhecimento poder realizar projetos em qualquer área de uma empresa. É flexível quanto à sua utilização fim, seja ela para uma melhoria de produto, serviço ou processo, o que sugere que seu conhecedor possa realizar projetos de melhoria naquilo que realmente éde carência de um ambiente organizacional. É aplicável em qualquer tipo de organização, desde micro empresas até grandes organizações, em quaisquer processos ou sistemas pertencentes à eles. 41 Figura 3 – Componentes do Modelo de Melhoria 42 6.2 ABORDAGENS DO MODELO DE MELHORIA Como o modelo apresentado é bastante versátil, podemos distinguir algumas abordagens mais comuns de acontecerem, sendo cinco as principais delas: a) Projetar um novo produto ou serviço; b) Mudar um produto ou serviço existente; c) Projetar um novo processo; d) Mudar um processo existente; e) Mudar o sistema como um todo. Estes dados serão de grande valia para definir o escopo do seu projeto de melhoria em uma empresa, sendo que para realiza-lo precisamos definir o que realmente precisamos fazer. 6.3 CATEGORIAS DA MELHORIA Os programas de melhoria, de uma forma geral, possuem um objetivo central, sendo aumentar o valor percebido dos produtos e serviços ofertados pela organização. Valor percebido pode ser traduzido pela razão entre a qualidade do produto pelo seu custo total. Afim de desenvolver uma abordagem efetiva de melhoria para aumentar o valor percebido de seus produtos ou serviços, as equipes de melhoria devem saber equilibrar os esforços em três categorias: defeitos, custos e qualidade. Basicamente, os defeitos devem ser eliminados, os custos devem ser reduzidos e a qualidade do produto deve ser no mínimo atendida pelos requisitos do cliente, sendo que o ideal é aumentar suas expectativas (clientes percebem um alto valor nos produtos e serviços da organização). 42 43 6.4 HABILIDADES PARA REALIZAR MELHORIAS Muita calma nessa hora! Antes de sairmos mudando processos devemos mudar a nós mesmos, afinal, melhoria requer mudança. Para ter êxito e obter bons resultados precisamos aumentar nosso conhecimento sobre o assunto específico que iremos tratar (os princípios de uma reação química, por exemplo). Além desses conhecimentos específicos, é necessário que tenhamos outras ferramentas no nosso magazine de habilidades, entre elas lidar com dados, entender a situação atual, desenvolver mudanças, testá-las, implementa-las e trabalhar em equipe. 6.5 ROTEIROS DE PROJETOS DE MELHORIA Projetos de melhoria, de forma geral, podem ser separados em quatro macro etapas: Entender a situação atual; Desenvolver mudanças; Testar mudanças; Implementar mudanças. Essas macro etapas geram uma sequência de etapas (um roteiro). Existem muitos roteiros hoje disponíveis no mercado, que foram desenvolvidos ao longo do tempo. O programa Lean Six Sigma utiliza-se do roteiro DMAIC, compreendido pelas fases Define, Measure, Analyze, Improve e Control. Cada fase desse roteiro compreende uma série de tarefas que devem ser cumpridas para o sucesso do projeto de melhoria. 43 SUMÁRIO A diretoria da empresa em que você trabalha deseja iniciar um projeto de melhoria para melhorar a eficiência de seus processos. Convidaram-no a juntar-se ao time de melhoria na etapa de declaração de objetivo do projeto. Leia as descrições abaixo com bastante atenção, classifique-as em boas, ruins ou péssimas, justificando. a) Pretendemos reduzir os refugos e melhorar a segurança dos nossos colaboradores. b) Iremos reduzir a incidência de refugos na injetora N110 em 55% até Julho de 2019. c) Reduziremos todos os tipos de problemas com refugos na empresa. d) Nossos dados mais recentes apontam que temos um índice de refugo de 8% na injetora N110. Podemos reduzir esta média para 5% até dia 14 de Maio de 2019 e para 2% até dia 27 de Junho de 2019. EXERCÍCIO 2 44 SUMÁRIO Você é o gerente de qualidade em uma grande empresa e está revisando inúmeros projetos de melhoria em andamento. Baseando-se no objetivo de cada projeto, defina qual o tipo de medida de cada indicador (de Resultado, de Processo ou de Equilíbrio). Projeto 1 – Objetivo: reduzir em 20% a incidência de refugos nas operações de usinagem, por meio da redução do número de dias em que não é feita a limpeza da máquina, dentro de 5 meses. a) Média do número de dias em que a limpeza da máquina é feita. b) Porcentagem de refugos. c) Custo com a limpeza de máquinas. Projeto 2 – Objetivo: reduzir em 80% a incidência de não conformidades no processo de compras decorrentes da não especificação correta do item a ser comprado, dentro de 1 ano. a) Porcentagem de não conformidades observadas no processo de compras. b) Taxa de adesão dos colaboradores às medidas para reduzir as não conformidades. EXERCÍCIO 3 45 46 SEGUNDA PARTE DEFINE 46 47 Bem vindo ao Roteiro de Melhoria DMAIC! Aqui, na segunda parte deste livro, iniciaremos nossa jornada rumo à melhoria. O objetivo desta etapa, o Define, é de definir o escopo do esforço para a melhoria e os indicadores-chave do projeto, afim de comunica-los ao grupo de melhoria. As atividades a serem executadas nesta etapa são, de modo geral, o preenchimento do Contrato de Melhoria, a elaboração do SIPOC e a determinação dos requisitos dos clientes (VOC) e identificação das características críticas para o mesmo (CTC). 47 48 07 O CONTRATO DE MELHORIA 48 49 O Contrato de Melhoria é um documento de acordo entre o patrocinador do projeto e o time de melhoria, donde se especificam alguns itens cruciais para a realização do esforço, como a resposta das perguntas 1 e 2 das questões fundamentais da melhoria, as restrições do projeto, abrangência e cronograma. Ele é um ferramenta que auxilia a esclarecer o que se espera de resultado do projeto, inclusive de cada participante do mesmo, além de manter a equipe com o foco no que deve ser realizado. Ele ampara em abordar questões críticas para o sucesso do projeto, levanta possíveis problemas ou dificuldades. É uma ótima forma de iniciar os esforços para melhoria, afinal, além de iniciar o diálogo sobre responsabilidades compartilhadas, transfere o projeto do patrocinador para a equipe. Embora o contrato deve ser elaborado no início do projeto de melhoria, ele geralmente não chega até o final da mesma forma que começou, afinal, assim como nosso conhecimento evolui conforme o andamento do projeto, o contrato pode evoluir refinando o escopo, pode ocorrer mudança nos recursos para sua execução, a relação custo benefício se torna aparente e ajuda a focar os esforços, além da interferência de alguns eventos externos ao projeto. O detalhamento de alguns itens do projeto no Contrato de Melhoria podem ser a divisa entre um projeto de sucesso e um completo fracasso. Os principais itens que devem ser atendidos pelo Contrato de Melhoria são: a) Incômodo ou oportunidade que o projeto deve atacar; b) Indicadores em que pretende-se causar impacto; c) Restrições de projeto; d) O Time de melhoria. Vamos aos detalhes de cada componente do Contrato de Melhoria. 49 50 7.1 ESCOPO Este é o primeiro elemento do contrato, a declaração do escopo do projeto, que pode ser traduzido em uma pergunta: O que queremos realizar? (a primeira questão fundamental da melhoria). Nele, três elementos devem ser descritos, sendo estes o incômodo ou oportunidade que o projeto deve atacar, a importância deste projeto tanto para a empresa quanto para o cliente e o objetivo principal do mesmo. 7.1.1 DESCRIÇÃO DO INCÔMODO OU OPORTUNIDADE O desafio aqui é descrever o incômodo ou oportunidade que existe na organização e que motivou a escolha desse projeto, sem apresentar a causa ou a solução do mesmo. Exemplo: quantidade elevada de biscoitos quebrados na etapa de embalagem que acarreta em perda de produto, de insumos (embalagem plástica) e redução de lucratividade. 7.1.2 IMPORTÂNCIA A descrição da importância do projeto é uma etapa fundamental para considerar a viabilidade de execução do mesmo, afinal, não queremos realizar um projeto que corrija um problema e cause muitos outros. Descreva, então, a importância do projeto tanto para o cliente quanto para a empresa, consequências da execução do projeto ou da falta dela e monte seu Business Case.Exemplo: ganho de produtividade efetiva (menor retrabalho e perdas, maior tempo disponível para flexibilizar a produção), menor nível de scrap (rejeito) de insumos (embalagens). 50 51 7.1.3 OBJETIVOS O objetivo é um item essencial de um projeto de melhoria, afinal, como realizar um projeto que não se sabe o que quer como resultado? Uma forma de se realizar a declaração de um objetivo é utilizando um Verbo no Infinitivo + Complemento. Exemplo: Reduzir a porcentagem de biscoitos quebrados do tipo X na linha Y de 10% para 5%. 7.2 INDICADORES O segundo elemento do Contrato de Melhoria é a declaração dos indicadores chave do projeto de melhoria, que remonta à segunda questão fundamental da melhoria: Como saberemos se uma mudança é uma melhoria? Cada objetivo escrito deve possuir ao menos um indicador associado, momento em que deve-se aproveitar para negociar as metas (e prazos) para cada indicador. As metas devem possuir alguns atributos para que sejam consideradas viáveis, aos quais denominamos SMART, que em tradução livre significa Específica, Mensurável, Atingível, Relevante e no Tempo adequado. Vamos a uma reflexão... A melhor forma de aprender sobre algo, utilizando a metodologia Six Sigma, é baseando-se em dados. Esses dados devem retratar a verdade, ou seja, para que sejam úteis para nós, precisamos que sejam confiáveis. Assumir uma meta numérica pode prejudicar o seu projeto, afinal, se uma pessoa sente que não terá êxito em atingir alguma meta, ela pode ocultar notícias desfavoráveis ou fabricar resultados positivos, acarretando em sérios danos ao seu ciclo de aprendizado e melhoria, podendo até mesmo impossibilitar a execução do seu projeto de melhoria. Uma maneira de evitar este problema é fornecendo um objetivo numérico à equipe de melhoria, não meta, para que todos apliquem esforços para alcança-lo. 51 52 7.3 RESTRIÇÕES E ATIVIDADES Quando iniciamos um projeto de melhoria, de modo geral, ainda não sabemos quais mudanças propostas ou implantadas serão melhorias, pois elas serão discutidas e testadas durante o projeto de melhoria. Desta forma, não podemos responder de forma direta a terceira questão fundamental da melhoria: Que mudanças podemos fazer que resultarão em melhoria? Mas podemos explicitar algumas características que elas devem possuir, ou seja, quais são as restrições do nosso projeto. Para podermos realizar uma descrição completa das restrições, devemos responder a cinco tópicos: a) Fronteiras: em que áreas, processos ou produtos iremos trabalhar? b) Mudança: há alguma mudança específica que não deve ser considerada? c) Recurso: existe alguma restrição de recursos para a equipe? (verba, tempo, sistemas) d) Indicadores: existe algum indicador que não possa ser impactado negativamente? Além das restrições, podemos adicionar um planejamento das primeiras ações que devem ser realizadas no projeto, pensando em quais dados precisamos coletar para construir os gráficos dos indicadores chave descritos e quais PDSAs devemos realizar para entender a situação atual do que estamos tentando melhorar. 7.4 CRONOGRAMA GERAL O último elemento do Contrato de Melhoria é o cronograma geral do projeto de melhoria. Nele devem estar dispostos os marcos do projeto, que geralmente são considerados como sendo as fases do roteiro DMAIC. O modelo completo do contrato de melhoria pode ser encontrado nos materiais complementares neste livro. 52 53 08 SIPOC 53 54 Uma forma de realizar a identificação dos elementos relevantes de um processo no início do projeto de melhoria é o SIPOC, uma ferramenta que aplica-se a todo tipo de trabalho, seja ele recorrente ou não, administrativo ou de produção. Ele auxilia na criação de uma visão macro do processo definindo seus limites e permitindo localizar pontos de coleta de dados e, posteriormente, de oportunidade de melhoria. Cada letra do SIPOC ajuda a identificar um elemento relevante do processo. a) Supplier (Fornecedor): processos, setores, pessoas ou sistemas que fornecem as informações, documentos ou materiais (entradas) necessários para execução do processo a ser estudado; b) Input (Entrada): informações, documentos ou materiais que são entregues pelo fornecedor; c) Process (Processo): série de etapas que transforma as entradas em saídas; d) Output (Saída): produto, informação, documento ou serviço produzido a ser utilizado pelo cliente; e) Customer (Cliente): processos, pessoas ou empresas que recebem as saídas do processo. 54 Figura 4 – Componentes do SIPOC Entradas Processo Saídas Fo rn ec ed o re s C lie n te s 55 8.1 ALGORITMO DO SIPOC As possibilidades de preenchimento de um SIPOC são inúmeras, porém, algumas particularidades devem ser levadas em conta quanto ao preenche-lo, como o ambiente em que está sendo aplicado. Para tal, apresentamos um algoritmo base de oito etapas para a elaboração do SIPOC: i. Em uma folha com as raias do SIPOC, inicie o preenchimento identificando as SAÍDAS do processo; ii. Apresente os CLIENTES que receberão cada saída; iii. Elabore o diagrama do PROCESSO, descrevendo-o sem detalhá-lo; iv. Reavalie as saídas do processo, pois para gerarmos uma saída podemos intangivelmente gerar outras; v. Identifique as ENTRADAS necessárias para execução do processo; vi. Nomeie os FORNECEDORES das entradas identificadas; vii. Opcional: liste as ESPECIFICAÇÕES das saídas e das entradas do processo; viii. Avalie o resultado com o patrocinador e demais interessados no projeto para validação. 55 DIAGRAMA é a representação dos principais elementos do fluxo de um processo, geralmente elaborado em forma de fluxograma. 56 8.2 UTILIZANDO O SIPOC Que tal aprimorarmos nossa habilidade de elaborar um SIPOC? Como a utilização desta ferramenta é vasta, buscamos um processo específico donde geralmente somos clientes, embora possamos ser o executor do processo ou até mesmo algum fornecedor: LECIONAR. Preencha o SIPOC deste processo na tabela à seguir e posteriormente discutiremos mais sobre o assunto. 56 S I P O C 57 09 VOICE OF CUSTOMER 57 58 9.1 A VOZ DO CLIENTE Esta fase do projeto de melhoria permite-nos descobrir as necessidades do cliente e suas percepções sobre o que está sendo entregue a ele. Os dados do VOC (Voice of Customer, em tradução livre, Voz do Cliente) ajudam a equipe a identificar as características críticas e, em sequência, os meios de medir essas características para orientar e focar os esforços de melhoria no que realmente importa para o cliente. 9.1.1 ESCUTANDO O CLIENTE Basicamente, são dois os meios de conseguir escutar o cliente, podendo ser através das fontes reativas ou das fontes ativas. No caso das fontes reativas, independente de uma ação sua, a informação chega até você, como por exemplo reclamações e ligações realizadas para a empresa, relatórios de vendas, informações sobre devoluções de produtos e garantias. Geralmente, as empresas que utilizam essa fonte para obter informações sobre a voz do cliente possuem um serviço de SAC ou Reclame Aqui. Uma desvantagem desse meio é que apenas se escuta alguns clientes e os escuta geralmente apontando falhas ou defeitos pontuais. Por outro lado, as fontes ativas são advindas de uma ação do interessado pela informação, como através de uma entrevista, um grupo focal, uma observação direta, entre outros. Ao se “escutar o cliente”, dois cuidados devem ser tomados: a) Informação vaga: os clientes podem não saberem se expressar, deixando grandes lacunas para a descoberta de suas reais necessidades; b) Solução: ao invés de informar-nos suas necessidades, algumas vezes os clientes oferecem soluções diversas. 58 59 9.1.2 IDENTIFICANDO E MEDINDO CRITICIDADES Com os dados obtidos na etapa anterior (VOC), devemos nos atentar em transformar as necessidades dos mesmos em itens críticos específicos, sendo que nossa literatura é bastante vasta nesse assunto. Aqui apresentaremos um conjunto de ferramentas que pode auxiliá-lo na etapa deidentificação de criticidades e indicadores-chave correspondentes. 9.1.2.1 DIAGRAMA DE AFINIDADES O diagrama de afinidades é uma ferramenta organizacional, onde basicamente ela resume dados qualitativos diversos. Esses dados podem ser originados de uma variedade de fontes como brainstorming, feedback, análise de reclamações, problemas de produção, entre outros (sim, essa ferramenta não é exclusiva da fase Define do projeto de melhoria). Em resumo, o diagrama de afinidades utiliza-se da afinidade entre dados verbais, palavras ou frases que denotam para um aspecto ou sentido, para ajudar no entendimento da estrutura de algo, sendo esse algo um problema ou, como no nosso caso, as necessidades dos clientes. Para criar um diagrama de afinidades, os membros da equipe devem gerar um grande número de ideias sobre uma questão específica, ou pegar as ideias de algum lugar, e organizá-las em grupos afins, nomeando cada grupo conforme o seu sentido. Um benefício dessa ferramenta é a capacidade de clarear situações confusas (um baralho de ideias aparentemente não conexas), além de incentivar a criatividade de todos da equipe, quebrando barreiras de comunicação e ideias pré-concebidas sobre um assunto. Outro ganho quando se utiliza essa ferramenta é na chegada de um consenso sobre determinados assuntos, oferecendo uma oportunidade de direcionar as iniciativas da equipe de maneira eficaz. 59 60 9.1.2.2 ÁRVORE CTC Essa ferramenta auxilia na criação dos indicadores do projeto, tomando-se por base as necessidades dos clientes. CTC vem do inglês Critical to Customer, ou seja, Crítico para o Cliente. Com os dados relacionados através do diagrama de afinidades, iniciamos nossa árvore CTC buscando direcionadores para que possamos atender a necessidade indicada, posteriormente indicamos quais as variáveis que realmente influenciam na criticidade para o cliente, informando sua forma de medir e especificações e finalmente, elencamos indicadores que realizarão o acompanhamento das variáveis informadas. A ideia é que com essa ferramenta nós consigamos realizar a tradução da necessidade do cliente, ou seja, sair de um item geral (necessidade) para um específico (indicadores) para que possamos focar nossos esforços de melhoria. 60 Figura 5 – Modelo de Árvore CTC * Quando existir 61 9.1.2.2.1 UTILIZANDO A ÁRVORE CTC Tomemos por exemplo a árvore CTC abaixo, que exemplifica a identificação de um dos requisitos do cliente para faturas enviadas pela empresa. 9.2 ANÁLISE DOS STAKEHOLDERS Todos os projetos de melhoria exigem que exista um intercâmbio de membros da organização que não fazem parte do Core Team (equipe de melhoria principal). Para gerenciar essas pessoas, o primeiro passo é identificar os indivíduos chaves da organização com quem a equipe deve se comunicar, sendo que esses indivíduos são os clientes, fornecedores, proprietários, empregados e responsáveis pelas áreas decisivas da empresa (segurança do trabalho, ambiental, qualidade, manutenção etc.). 61 Figura 6 – Árvore CTC Faturamento 62 Na sequência, devemos classificar o respectivo nível de comprometimento atual e desejado de cada participante-chave para o projeto de melhoria, em uma planilha semelhante à Figura 7. 62 Nível de Compromisso Participantes-Chave P1 P2 P3 P4 Apoio entusiástico - Trabalha muito para que o projeto seja um sucesso Ajudará no trabalho - dará suporte apropriado para que se implemente as mudanças Compliant - fará o mínimo aceitável Vacilante - não se oferecerá voluntariamente Indiferente - não ajudará, não atrapalhará Contrário - atuará abertamente contra o projeto Hostil - bloqueará a implementação das mudanças a todo custo Figura 7 – Matriz de Análise dos Stakeholders Atual Desejado SUMÁRIO Estudo de Caso: Melhoria no Processo de Coleta de Plasma Sanguíneo O principal negócio dessa organização era a coleta de plasma sanguíneo. O plasma coletado era fornecido para outra empresa que o usava para a fabricação de drogas utilizadas para tratar de pacientes sofrendo de doenças tais como choque hemorrágico, queimaduras e hemofilia. Essa organização possuía oito centros de coleta de plasma. Nestes centros, um biomédico extrai sangue dos doadores, retirando de setecentos a oitocentos gramas de plasma líquido. O principal objetivo do coletor de plasma era minimizar o trauma no tecido da pele e maximizar o montante de sangue coletado. O principal problema acontecia em pacientes com veias inadequadas, o que ocasionava a retirada de uma quantidade menor do que 700 gramas de plasma, resultando na chamada parcial. Uma vez que uma tentativa tinha sido feita para puncionar um doador, a pessoa era paga mesmo se o resultado fosse uma parcial. Dados sobre reclamações foram coletados nos oito centros. Esses dados indicavam que a maioria das reclamações vinha de novos doadores. As principais reclamações eram relacionadas ao tempo de espera e problemas com a extração de sangue. Um time foi formado em um dos centros para explorar como eliminar os problemas de qualidade no processo de coleta de plasma sanguíneo. O foco foi na redução de parciais. EXERCÍCIO 4 63 SUMÁRIO O que estamos tentando realizar? Reduzir o número de parciais e o número de reclamações dos potenciais doadores. Como saberemos que uma mudança é uma melhoria? Quando o número de parciais e o número de reclamações forem significativamente reduzidos. Que mudanças podemos fazer que resultarão em melhoria? Orientações do patrocinador: a) Considerar a segurança do doador e o montante de plasma sanguíneo coletado de cada doador; b) Reduzir o número de parciais em pelo menos 50%; c) Considerar a interação entre os biomédicos, os médicos e outros membros da administração; d) Testar mudanças em um centro e expandir depois para outros centros. Ciclo 1: Coletar dados sobre parciais e reclamações Dados de reclamações e parciais foram coletados durante 14 dias e colocados em gráficos de tendência. 64 SUMÁRIO Ciclo 2: Conhecer o processo Alguns doadores ficavam no centro por mais de uma hora antes de serem atendidos pelo biomédico. Com isso o biomédico sentia-se pressionado para fazer pelo menos uma tentativa para retirar o plasma, a qual poderia resultar em uma parcial e num crescente número de repicadas, o qual era uma grande fonte de reclamação. Para concluir com êxito a meta de redução em 50% nas parciais, era necessário focar-se no processo de seleção de novos doadores de sangue. O fluxo atual deste processo até o ponto do puncionamento da veia foi desenvolvido. A partir do contato com os outros centros percebeu-se que os mesmos tinham um processo similar. 65 1413121110987654321 22,5 20,0 17,5 15,0 12,5 10,0 7,5 5,0 Dia N ú m e ro d e R e c la m a ç õ e s Gráfico de Tendência do Número de Reclamações 1413121110987654321 25 20 15 10 5 Dia N ú m e ro d e P a rc ia is Gráfico de Tendência do Número de Parciais SUMÁRIO Ciclo 3: Análise do fluxograma Algumas informações adicionais vieram à luz quando o fluxograma foi revisado: a) No processo atual aproximadamente dezesseis pessoas avaliavam se os novos doadores possuíam veias adequadas. Havia uma grande variabilidade entre as decisões deles. b) Uma avaliação médica, pelo próprio médico, era realizada sobre todos os novos doadores. Frequentemente havia uma demora em ver o médico. c) O procedimento para puncionamento da veia era muito preciso. Acreditava-se que o número de anos de experiência do biomédico era muito importante para realizar o procedimento satisfatoriamente. Ciclo 4: Desenvolver mudanças Baseado na documentação do processo e no uso dos conceitos de mudança da categoria “melhore o fluxo de trabalho”, o time desenvolveu algumas mudanças. 66 SUMÁRIO O novo fluxograma é mostrado abaixo. A maior mudança foi conseguir que o médico, o biomédico e outros funcionários do centro trabalhassem juntos. Um grupo de biomédicos experientes também foi selecionado para fazeras inspeções nas veias usando procedimentos documentados. Estes biomédicos usavam pagers para que eles pudessem responder rapidamente. O time usou vários ciclos para testar e implementar as mudanças. Ciclo 5: Testar as mudanças no processo de seleção de novos doadores Baseado na documentação do processo e no uso dos conceitos de mudança da categoria “melhore o fluxo de trabalho”, o time desenvolveu algumas mudanças. 67 Objetivo: Testar mudanças no processo de seleção de novos doadores. PLAN Questões Predições Q1) As mudanças nos procedimentos para verificação de novos doadores com veias adequadas reduzirão o número de parciais? Q2) As mudanças nos procedimentos para verificação de novos doadores com veias adequadas diminuirão o número de reclamações de clientes? P1) Sim, as mudanças devem quase eliminar parciais porque a maioria das parciais origina-se quando o puncionamento das veias é tentado sobre pessoas com veias inadequadas. A ocorrência de tais tentativas deve diminuir porque as mudanças permitirão que o médico, o biomédico e outros funcionários no centro trabalhem juntos para avaliar os pacientes adequadamente. P2) Sim, o montante do desconforto dos pacientes e o tempo de espera serão reduzidos. SUMÁRIO 68 Plano de coleta de dados 1. Os biomédicos, médicos e assistentes usarão o novo fluxograma. 2. As pessoas que trabalham no centro serão convocados para participarem de uma reunião em 27 de Junho para debaterem e comentarem as mudanças. 3. O novo processo será usado no começo da primeira semana de Julho. 4. O time coletará dados sobre o número de parciais e o número de reclamações de clientes. Esses dados serão anotados diariamente no gráfico de controle anterior com os dados coletados antes das mudanças. 5. O teste terá duração de quatorze dias DO Os dados coletados estão apresentados nos gráficos abaixo. Nenhum problema foi encontrado enquanto os dados estavam sendo coletados. SUMÁRIO Ciclo 6: Testar o novo processo no Centro 2 O objetivo deste ciclo era testar o novo processo de seleção de doadores no Centro 2. O centro foi selecionado porque ele tinha um dos maiores números de reclamações de clientes. Informações sobre o novo processo, o treinamento e os resultados dos testes foram fornecidos pelo Centro 1. Os biomédicos no Centro 2 fizeram algumas pequenas modificações para melhores práticas de puncionamento da veia. Os biomédicos do Centro 1 concordaram com essas mudanças. O teste no Centro 2 teve a duração de três meses. Levou mais de um mês para que as reclamações de clientes e o número de parciais começassem a declinar. Nas últimas seis semanas do teste, os resultados foram similares àqueles conseguidos no Centro 1. Por essa razão, foi decidido implementar o novo processo em todos os centros no próximo ciclo. 69 STUDY Analise os dados. O que foi aprendido? Qual a resposta para as questões do Plan? ACT 1. O novo fluxograma será parte do livro de procedimentos e políticas 2. Os biomédicos experientes documentarão as melhores práticas para puncionamento das veias. Eles desenvolverão uma lista de verificação. Esses procedimentos tornar-se-ão a base para treinamento atual e treinamento de novos empregados 3. Para monitorar o processo, dados sobre o número de parciais e reclamações de clientes continuarão a serem coletados e serão marcados num gráfico de tendência para análise. Os biomédicos coletarão e marcarão os dados sobre as parciais e o gerente administrativo coletará e marcará os dados sobre reclamações 4. No próximo ciclo, o processo será testado em outro centro. Os centros restantes serão informados dos progressos dos testes SUMÁRIO Ciclo 7: Implementar o novo processo nos centros restantes O objetivo deste ciclo era implementar a mudança nos seis centros restantes, para conseguir uma cobertura de 100%. Informações sobre o novo processo, o treinamento e os resultados dos dois testes foram fornecidos para todos os centros. Os dois centros que testaram o novo processo estavam disponíveis para responder qualquer questão que surgisse. Alguns dos centros fizeram mudanças no novo processo para melhor se adequarem às suas situações. Resultados foram favoráveis em todos os centros. Cada centro continuará a coletar dados sobre o número de parciais e reclamações de clientes e marcarão os dados num gráfico de tendência para análise. Questões a) Escreva um contrato de melhoria para esse projeto (páginas 71 e 72) b) Elabore um SIPOC do processo descrito nesse projeto (página 73) c) Faça a árvore CTC para este projeto de melhoria (página 73) d) Você concorda que houve uma melhoria no serviço? Qual ferramenta permitiu concluir que a mudança foi uma melhoria? 70 71 CONTRATO DE MELHORIA Nome do Projeto: ___________________________________________________ Patrocinador: ____________________ Líder da equipe: ___________________ Integrantes: ________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 1. Descrição do incômodo ou oportunidade ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2. Importância desse projeto para o cliente ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3. Importância desse projeto para o negócio ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4. Objetivos do projeto ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5. Indicadores Identificação Indicador 72 CONTRATO DE MELHORIA 6. Restrições para as atividades 7. Cronograma preliminar i. Definição do projeto ii. Entendimento da situação atual iii. Análise de causas e declaração do foco de mudança iv. Desenvolvimento e teste de mudanças v. Implementação das mudanças 8. Aprovação/Data ______________________________ ______________________________ Patrocinador Líder do Projeto Fronteiras Mudanças Recursos Indicadores Outras ATIVIDADE Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12 i ii iii iv v SUMÁRIO 73 S I P O C Árvore CTC Necessidade Direcionadores CTC Indicadores 74 TERCEIRA PARTE MEASURE 74 75 Nesta etapa do roteiro DMAIC nosso objetivo é conhecer o processo em detalhes, avaliando o seu desempenho através de dados. As atividades a serem executadas nesta etapa são, em resumo, fazer o mapeamento do processo, identificar as variáveis a serem mensuradas, verificar a estabilidade do processo e calcular sua capabilidade. 75 76 10 MAPEAMENTO DE PROCESSOS 76 77 Na fase anterior, o DEFINE, a equipe de melhoria listou os processos relacionados ao Contrato de Melhoria e construiu o SIPOC desses processos, sendo que nestes os processos foram descritos em poucas etapas, que denominamos de diagrama de processo. Na fase atual, o MEASURE, os processos devem ser apresentados de uma forma mais detalhada, ou seja, devemos mapear o processo. São diversos os benefícios trazidos pelo mapeamento de um processo, como a facilitação do aprendizado e visibilidade da equipe sobre os processos que estão sendo analisados, demonstração dos papéis e relações entre etapas e áreas envolvidas no processo, identificação das etapas que não agregam valor, de gargalos, complexidades, atrasos, ineficiências e desperdícios, simplificação do roteiro para medição do tempo de ciclo de atividades, além de permitir identificar oportunidades de “quick wins”. As etapas para a iniciação do mapeamento do processo estão apresentadas na Figura 8. 77 MAPEAMENTO DO PROCESSO é a representação gráfica de uma série de atividades que definem um processo, ou seja, é uma visão abrangente dos principais componentes, sendo mais detalhado que oDiagrama e menos detalhado que o Modelo. Figura 8 – Etapas para o mapeamento do processo 78 10.1 FLUXOGRAMAS Os fluxogramas são representações gráficas de um procedimento, problema ou sistema, para representação de um algoritmo, ou seja, uma sequência lógica de etapas, sendo estas ilustradas de forma encadeada por meio de símbolos padronizados interconectados. Podem ser construídos com alto ou baixo nível de detalhes, dependendo da sua aplicação. Em projetos onde o objetivo principal é a redução do tempo de processamento, pode ser indicado a construção de um fluxo com um nível alto de detalhes, por exemplo. 10.1.1 FLUXOGRAMA DE BLOCOS O fluxograma de blocos (ou diagrama) é uma representação de alto nível do processo, ou seja, sem detalhamentos. Apenas caixas são utilizadas para descrever o processo, sendo ideal para ser utilizado na realização da descrição do P do SIPOC. A Figura 8 da página anterior é uma representação da sua utilização. 10.1.2 FLUXOGRAMA VERTICAL O fluxograma vertical é um dos tipos utilizados para projetos de melhoria, pois possibilita representar relações entre as atividades, pontos de decisão, inspeção, loops de retrabalho, complexidades, entre outros. Este modelo de fluxograma será utilizado em algumas ferramentas que vamos utilizar durante o curso. 78 79 10.1.3 FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL O fluxograma multifuncional é ideal para representar o fluxo do processo entre os departamentos, sendo utilizado em processos que não se completam em uma única área, facilitando a identificação de oportunidades de melhoria. O próprio SIPOC é uma das muitas ferramentas que se utilizam deste modelo de fluxograma. 10.1.4 FLUXOGRAMA DE ESPAGUETE O fluxograma de espaguete é uma representação em planta baixa do fluxograma multifuncional, buscando realizar uma análise do fluxo do processo no ambiente estudado. 10.1.5 MAPOFLUXOGRAMA O mapofluxograma é uma junção entre o fluxograma vertical e o fluxograma multifuncional. Ele permite visualizar na planta baixa do seu ambiente estudado os processos que ocorrem e qual o seu fluxo, sendo mais complexo que o fluxograma de espaguete. 10.1.6 VSM O VSM (Value Stream Mapping), conhecido como Mapeamento do Fluxo de Valor, é um mapa que mostra o fluxo de trabalho, materiais e informações através do processo e métricas importantes como tempo de setup, tempo de processamento, tempo de espera, unidades em estoque, tempo takt, porcentagem de defeituosos, número de pessoas na atividade ou estação de trabalho, entre diversos outros, facilitando a identificação de desperdícios, atividades que não agregam valor, gargalos, custos e afins. 79 80 10.2 VERSÕES DE UM PROCESSO Para realmente conseguirmos melhorar processos precisamos saber exatamente o que está ocorrendo na produção. Não faça perguntas aos gerentes, não leia instruções operacionais nem examine documentações. O ideal é ir onde o processo ocorre e realizar suas próprias anotações. Para que possamos elaborar fluxogramas de uma maneira segura e eficiente, devemos obedecer 5 passos: a) Não utilizar um mapeamento feito no passado; b) Não mapear o processo ideal (ainda), mas descrever o processo como ele é hoje; c) Iniciar com uma visão macro e depois aumentar o nível de detalhes; d) “Caminhar” pelo processo identificando as etapas do processo e a sequência em que elas ocorrem; e) Construir o fluxograma usando a simbologia apropriada (padrão). 80 Figura 9 – Versões de um processo SUMÁRIO Cinco unidades organizacionais eram responsáveis pelo processo de faturamento: vendas, pedidos, faturamento, contabilidade e engenharia. O processo era o seguinte: i. Vendas: vendas pega o pedido do cliente; ii. Pedidos: pedido entra no sistema; iii. Pedidos: departamentos notificados com a cópia da fatura; iv. Faturamento: pedido é processado; v. Engenharia: engenharia aprova mudanças? a) Se não: vendas corrige o pedido com o cliente (passo 1); b) Se sim: passo 6; vi. Faturamento: mudanças aprovadas por engenharia e vendas; vii. Faturamento: fatura é preparada; viii. Faturamento: fatura enviada para o cliente; ix. Contabilidade: registro de vencimento retornado; x. Contabilidade: vendas notificada de faturas com 90 dias de atraso. Elabore um fluxograma multifuncional utilizando os símbolos adequados para cada etapa do processo. EXERCÍCIO 5 81 82 11 CARACTERÍSTICAS DE PROCESSOS E VARIÁVEIS 82 83 A ferramenta SIPOC nos permite identificar as entradas, os resultados e as macro etapas do processo, sendo que cada um desses elementos possui características mensuráveis qualitativamente, quantitativamente ou ambas. Identificadas as entradas, as etapas do processo e as saídas, devemos listar as características críticas particulares de cada parte e apontar quais variáveis devem ser mensuradas. 11.1 VARIÁVEIS DE ENTRADA São as características medidas no fornecedor ou na entrada, que permitem avaliar se o que está entrando no processo satisfaz as especificações necessárias para serem transformadas. Exemplos: características dimensionais de peças para um processo de montagem, endereços em uma listagem de potenciais clientes, especificações de projeto. 11.2 VARIÁVEIS DE PROCESSO São as características medidas nas atividades de transformação, que possibilitam a avaliação da execução (se está de acordo com o projeto) e da eficiência do processo, fatores que potencialmente tem efeito no resultado produzido; Exemplos: tempo que realmente agrega valor, tempo de ciclo, lead time, tempo de setup, taxa de retrabalho, taxa de refugo, taxa de defeitos. 11.3 VARIÁVEIS DE SAÍDA São as características medidas no resultado do processo, que permitem avaliar dimensões críticas para o cliente, podendo ser consideradas indicadores de performance do negócio. Exemplos: características dimensionais de produtos, tempo de entrega ou processamento, porcentagem de produtos retornados, resultados de pesquisa de satisfação. 83 84 11.4 O “Y” E O “X” DA QUESTÃO Vamos modelar matematicamente este processo. Pensemos nas partes supracitadas para avaliar quais são os fatores que geram diferentes resultados na saída do processo. Através dessa lógica podemos obter a seguinte equação: ou seja, por definição, as variáveis medidas no saída (resultado) são denotas por “y” (CTQ’s), e as variáveis medidas no processo e nas suas entradas são denotas por “x” (CTC’s). Exemplos: características dimensionais de peças para um processo de montagem, endereços em uma listagem de potenciais clientes, especificações de projeto. 11.5 VARIÁVEIS DE ESTRATIFICAÇÃO As variáveis de estratificação buscam realizar um ajuste no foco dos dados, ou seja, realizar uma separação dos mesmos para a obtenção de informações. Suponhamos que uma empresa que possui abrangência nacional de atuação queira reduzir o número de reclamações de clientes. Perguntas como “o número de reclamações é o mesmo em todos os estados?” ou “o nível de reclamações depende da escolaridade do cliente?” podem ajudar no entendimento real do problema. 84 Saída = Entrada + Processo (1) Figura 10 – Variáveis do processo 85 11.6 SISTEMAS DE MEDIÇÃO As variáveis que iremos utilizar para estudar o processo são o resultado de medições realizadas em uma determinada entrada, saída ou processo. Essas medições contêm, em maior ou menor grau, erros de medição, e quanto maior esse erro, menos precisas serão as decisões tomadas. Abaixo, listamos alguns exemplos de características e variáveis do sistema de medição. 11.6.1 MUNDO FÍSICO Execução de uma tarefa Característica: tempo gasto para realizar a tarefa Instrumento de medição: cronômetro Variável (medida): minutos gastos na realização da tarefa 11.6.2 MUNDO COMPORTAMENTAL Realização de uma reunião Característica: atitude das pessoas na reunião Instrumento de medição: observação Variável (medida): atitude positiva, atitude negativa, atitude neutra 11.6.3 MUNDO SENSORIAL Provar um alimento Característica: sabor Instrumento de medição:
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