Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS DA TIREÓIDE Os estados de disfunção da tireóide incluem hipotireoidismo e tireotoxicose, cada um com consequências metabólicas e em determinados órgãos que resultam em uma ampla variedade de apresentações clínicas e complicações. Nas disfunções tireoidianas as concentrações de TSH e outros hormônios da tireoide estão alterados. Fisiologia da Tireoide: · É a primeira glândula endócrina a surgir no embrião (cerca de 24 dias de gestação) · Síntese e secreção de hormônios tireoidianos: O iodeto é absorvido pelo trato gastrointestinal e distribuído pelo líquido extracelular e rapidamente oxidado pela H2O2 em uma reação chamada de peroxidase. A peroxidase também catalisa T3 e T4, sendo secretada para o lúmen folicular. A quantidade de fármacos de iodo podem inibir o aprisionamento de iodeto, com isso não permite a liberação desses hormônios tireoidianos. · Transporte e Metabolismo do Hormônio Tireoidiano: - A tireoglobulina atua como principal proteína de transporte. - A ligação ao receptor e a atividade biológica de T3 é superior às do T4. · Controle da função tireoidiana: O crescimento do tecido tireoidiano e a produção dos hormônios tireoidianos são controlados pelo hipotálamo e pela glândula hipófise. O hormônio de liberação da tireotropina (TRH) é um tripeptídeo sintetizado pelo hipotálamo e transportado para a hipófise pelo sistema porta hipotalâmico-hipofisário, onde se liga aos receptores das células tireotróficas estimulando a síntese e a secreção de TSH (tireotropina). A ligação do TSH ao seu receptor (hormônio folículo estimulante, hormônio luteinizante e gonadotrofina) estimula o crescimento do tireócito e todas as etapas da síntese e secreção do hormônio tireoidiano. O T4 e T3 circulantes exercem feedback negativo tanto no nível do hipotálamo quanto da glândula hipófise, inibindo a síntese e a secreção do TRH e do TSH, respectivamente. · Ação do hormônio tireoidiano: Quando o hormônio tireoidiano se liga aos seus receptores ocorre diversas alterações, como por exemplo, no fígado, o T3 aumenta a expressão do receptor de lipoproteína de baixa densidade (LDL), resultando em clearance acelerado do colesterol LDL. No miocárdio, o T3 aumenta a contratilidade e o relaxamento dos miócitos através da promoção da expressão da cadeia pesada da miosina alfa e da adenosina trifosfatase (ATPase) do retículo endoplasmático, respectivamente. No sistema cardíaco de condução, o T3 aumenta a frequência cardíaca por meio da aceleração da despolarização e repolarização do nó sinoatrial. Outros efeitos fisiológicos do hormônio tireoidiano incluem aumento da taxa metabólica basal, agilidade mental, impulso ventilatório, motilidade gastrointestinal e renovação óssea. Durante o desenvolvimento fetal, o hormônio tireoidiano desempenha papel fundamental no desenvolvimento cerebral e na maturação esquelética. HIPERTIREOIDISMO O se refere a formas de tireotoxicose, ou seja, são causadas pela produção excessiva de hormônio tireoidiano pela glândula tireóide, tudo isso devido a um estímulo tireotrófico ou a uma função autônoma do tecido tireoidiano. Doença de Graves: É a causa mais comum do hipertireoidismo, ocorre principalmente em mulheres e tem um pico de incidência entre 30 e 60 anos de idade, sendo mais comum na raça branca. A glândula tireóide é estimulada por anticorpos que se ligam ao receptor TSH, ativando-o. Essa secreção excessiva do TSH causa o hipertireoidismo em pacientes com adenomas hipofisários secretores de TSH. - Essa doença pode estar associada a outros distúrbios autoimunes, como, DM1, D de Addison, ooforite autoimune, miastenia gravis, anemia perniciosa, hepatite autoimune e vitiligo. Manifestação clínica: Os pacientes geralmente se apresentam com tireotoxicose e com glândula tireóide aumentada, com consistência semelhante a borracha, contorno liso, lobo piramidal definível e um ruído audível, ou um frêmito palpável devido ao aumento do fluxo sanguíneo. Quando a doença é clinicamente evidente o paciente se apresenta com doença oftalmológica tireoidiana, sendo diagnosticado em meses. - Oftalmopatia: é a doença oftalmológica tireoidiano que constitui um distúrbio distinto, caracterizado pela inflamação e edemaciação da musculatura extraocular e da gordura orbital, retração palpebral, edema periorbital, injeção vascular episcleral, edema conjuntival (quemose) e proptose (também denominada como exoftalmia). A edemaciação das partes moles dentro dos limites da órbita, precipitada pelo crescimento dos fibroblastos e pelo infiltrado celular inflamatório, pode provocar proptose, encarceramento dos músculos extraoculares e compressão do nervo óptico. - Dermopatia: é precipitada pela disposição de glicosaminoglicanos na derme da pele, os pacientes afetados geralmente apresentam espessamento levemente pruriginoso da pele, com aspecto de casca de laranja, ao longo dos aspectos anteriores das tíbias, conhecido como mixedema pré-tibial. Adenoma tóxico: Um adenoma tóxico é uma neoplasia tireoidiana solitária e autonomamente funcionante que sintetiza e secreta quantidades excessivas de hormônio tireoidiano independentemente do estímulo do TSH. Bócio multinodular tóxico: Um bócio multinodular tóxico é composto por múltiplos nódulos tireoidianos autonomamente funcionantes que sintetizam e secretam quantidades excessivas de hormônio tireoidiano. Em alguns pacientes com bócios multinodulares atóxicos, o hipertireoidismo pode ser precipitado pela exposição a quantidades excessivas de iodo. Adenomas hipofisários secretores de TSH: Os pacientes podem apresentar-se com manifestações clínicas típicas de tireotoxicose, com bócio difuso, sinais e sintomas precipitados por uma massa selar expansiva, síndromes associadas à cossecreção de outros hormônios hipofisários anteriores (hormônio do crescimento, prolactina, ou hormônio adrenocorticotrófico), ou sinais e sintomas de hipopituitarismo. A chave para a suspeita da condição é, geralmente, a identificação de um nível inapropriadamente não suprimido de TSH em um paciente com tireotoxicose. Na maioria dos casos, o diagnóstico é confirmado quando os exames laboratoriais revelam um nível circulante elevado da subunidade α da glicoproteína hipofisária em conjunção com uma massa selar radiograficamente definível. Avaliação Laboratorial: Tratamento: Beta-bloqueadores, medicamentos antitireoidianos (Metimazol é a primeira escolha), iodo radioativo, cirurgias, outros medicamentos como solução saturada em iodeto de potássio. HIPOTIREOIDISMO O hipotireoidismo primário (denominado mixedema quando é grave) refere-se à deficiência hormonal provocada pela disfunção intrínseca da glândula tireoide que interrompe a síntese e a secreção de T4 e T3. O hipotireoidismo primário manifesto caracteriza-se por um nível elevado de TSH (geralmente >10 mUI/L), em conjunto com um nível de T4 livre abaixo do limite inferior da faixa de referência. No hipotireoidismo subclínico, o nível de TSH se encontra apenas modestamente elevado; o T4 livre permanece no nível normal baixo dos limites da normalidade. Já o Hipotireoidismo secundário ou central se refere à função deficiente da glândula tireóide resultante do estímulo inadequado pelo TSH. Este se deve, por sua vez, à produção insuficiente ou inativa de TSH provocada por uma série de distúrbios hipofisários ou hipotalâmicos, congênitos ou adquiridos. - A causa mais comum de hipotireoidismo primário é a tireoidite autoimune (ou de hashimoto). Manifestações clínicas: Os sintomas de hipotireoidismo incluem fadiga, letargia, ganho de peso a despeito do baixo apetite, intolerância ao frio, rouquidão, constipação, fraqueza, mialgias, artralgias, parestesias, pele seca e perda de cabelos. As mulheres podem desenvolver puberdade precoce, menorragia, amenorreia e galactorreia. Os indivíduos afetados podem experimentar uma depressão do humor com limitação da iniciativa e da sociabilidade. Os déficits cognitivos podem variar de lapsos discretos de memória ao delírio, demência, convulsões e coma. Comparados a outras causas, a naturezainespecífica da maior parte desses sintomas torna difícil determinar quais dos pacientes acometidos são portadores de hipotireoidismo. Além disso, na maioria dos casos, o hipotireoidismo é insidioso no seu início, tornando a sua identificação difícil. Os sintomas que são novos, progressivos, ou que estão presentes em associação mais provavelmente serão decorrentes do hipotireoidismo. TIREOIDITES TIREOIDITE SUBAGUDA Resulta na liberação descontrolada de hormônio a partir da glândula inflamada, isso não vem a se resolver de forma espontânea porque a biossíntese da glândula permanece comprometida, gerando um aumento exacerbado. - maior incidência no verão! Manifestação clínica: Aumento doloroso da tireoide, apresenta sintomas inflamatórios sistêmicos e tireotoxicose. A dor geralmente é localizada na tireoide, porém pode irradiar para a garganta, ouvido, mandíbula e os sintomas comuns são febre, calafrios, sudorese, mal-estar… Diagnóstico: O diagnóstico diferencial é a dor e sensibilidade considerada na avaliação dos pacientes. Os exames laboratoriais revelam níveis elevados de T4, sendo eles mais elevados do que os níveis de T3, apresentando também um aumento de VHS durante a fase aguda e uma captação fracionada de radioiodo na maioria dos casos. Tratamento: - Dor: Para o tratamento da dor é administrado altas doses de ácido acetilsalicílico ou de naproxeno sódico, quando o paciente sao responde a esses medicamentos entra com glicocorticóides, porém deve ser reduzido ao longo das semanas. - Tireotoxicose: entra com a administração de beta-bloqueadores por um período limitado de três semanas. TIREOIDITE LINFOCÍTICA É uma inflamação indolor da glândula tireóide e pode provocar tireotoxicose transitória seguida por um hipotireoidismo transitório ou persistente. Geralmente acomete mulheres no puerpério e tem como fator predisponentes a diabetes melito do tipo 1 e autoanticorpos antitireoidianos circulantes. Diagnóstico: O diagnóstico da tireoidite linfocítica muitas das vezes é negligenciado pela falta de sintomas específicos como nos outros quadros de tireoidite, então ela pode ser confirmada com exames laboratoriais , onde revelam um TSH baixo, um aumento de T4 e a captação fracionada de radioiodo se encontra ausente ou extremamente baixa. Tratamento: É tratada com observação do paciente e com beta-bloqueadores. TIREOIDITE AGUDA É uma infecção da glândula tireoide e apresenta dor, febre e outras manifestações sistêmicas de infecção. Essa infecção bacteriana pode então resultar numa disseminação direta do patógeno. Geralmente esses pacientes encontram-se febris, tireoide flutuante, assimétrico e uma pele eritematosa. - MAIS COMUM EM IMUNOSSUPRIMIDOS!
Compartilhar