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Exceção de Pré-Executividade - DEFESA DO EXECUTADO (Processo Civil)

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A doutrina e jurisprudência passaram a admitiam a possibilidade de o executado, nos próprios autos da 
execução, apresentar simples petição, com questionamentos à execução, desde que comprovados 
documentalmente. Trata-se de defesa atípica, não regulada expressamente pela legislação processual, mas 
que foi admitida pela jurisprudência, em homenagem ao devido processo legal: não seria correto permitir 
o prosseguimento de execução cuja prova de sua injustiça se pudesse fazer de plano, documentalmente 
Há, entretanto, dois dispositivos no Novo Código de Processo Civil que podem justificar legalmente a 
exceção de pré- executividade. Segundo o art. 518 do Novo CPC, todas as questões relativas à validade do 
procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo 
executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz. Já o art. 803, parágrafo único, do Novo 
CPC dispõe que a nulidade da execução será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, 
independentemente de embargos à execução. 
 
1. Noção - Defesa interna 
 
2. Razão de ser 
 
Surgiu para veicular alegações relacionadas à admissibilidade do procedimento executivo, questões 
que o órgão jurisdicional deveria conhecer ex oficio, como a falta de pressupostos processuais e de 
condições da ação. 
 
3. Características 
 
a) Atipicidade. 
b) Limitação probatória à documental. 
c) Informalidade: simples petição. A essa petição avulsa deu-se o nome de exceção de pré- 
executividade, sob forte inspiração de Pontes de Miranda 
 
4. Objeto: qualquer matéria de defesa que venha acompanhada de prova pré-constituída. 
 
5. Efeitos 
 
a) Do acolhimento da exceção: extinção da execução. Contra esta decisão caberá apelação 
 
É possível, porém, que o acolhimento da defesa do executado não extinga o procedimento executivo 
(no caso, por exemplo, de acolhimento de alegação de incompetência do juízo). Contra essa decisão 
caberá agravo de instrumento. Contra a decisão que não acolher a exceção caberá agravo de 
instrumento também. 
 
b) Suspensivo. 
 
A defesa do executado, em qualquer de suas modalidades, pode ser oferecida sem prévia garantia 
do juízo, mas não suspende o procedimento executivo, salvo se forem preenchidos quatro 
pressupostos: requerimento do executado, garantia do juízo, verossimilhança das alegações e perigo 
de dano irreparável ou de difícil reparação. Não há razão para que o regramento da exceção de não-
executividade fuja deste esquema. 
 
 
Obs: O executado que ingressar com exceção de pré-executividade com pedido de efeito suspensivo 
para evitar a penhora corre certo risco de o juiz receber a chamada exceção de pré-executividade 
como embargos ou impugnação, afirmando que o nome que o executado dá à sua defesa é 
irrelevante. Como a apresentação da defesa típica não está mais condicionada à garantia do juízo, o 
juiz pode entender que a defesa apresentada é na realidade uma impugnação ou embargos, embora 
o executado a chame de exceção de pré-executividade. Nesse caso, a situação do executado se 
complica de forma considerável, porque, sendo recebida a defesa como embargos à execução ou 
impugnação ao cumprimento de sentença, estará preclusa a alegação de qualquer outra matéria de 
defesa em razão da preclusão consumativa. 
 
6. Utilidade diante da regra geral de exercício de defesa independente de garantia do juízo. 
 
Para o executado que se valia da exceção de pré-executividade somente por não ter condições de garantir 
o juízo para ingressar com a defesa executiva típica, a razão de ser da defesa atípica ora analisada 
desapareceu. Para esse executado bastará apresentar a impugnação ao cumprimento de sentença ou 
embargos à execução. 
Não se pode, entretanto, descartar a utilização dessa defesa atípica na tentativa de o executado evitar a 
realização da penhora, tentando convencer o juiz de que a execução não reúne as condições formais 
mínimas para prosseguir seu andamento. Nesse caso, inclusive, o executado fatalmente pedirá a concessão 
do efeito suspensivo à sua objeção, procurando demonstrar a relevância de sua fundamentação e o fundado 
perigo de dano que representaria a realização da constrição judicial. 
 
a) Perda do prazo de defesa pelo executado e as questões cognoscíveis a qualquer tempo. 
 
Na execução, quando o executado perder o prazo para a defesa, a exceção de não- executividade ainda 
pode ser útil como instrumento para alegações de que questões que podem ser alegadas a qualquer 
tempo ou de questões supervenientes, aplicando-se o disposto no art. 342, CPC, desde que a prova seja 
pré-constituída. 
 
b) Execuções especiais que exigem, para defesa, a garantia do juízo - execução fiscal. 
 
Além disso, para quem defende que nas execuções especiais ainda se deve exigir a prévia garantia do 
juízo como requisito para a oposição da defesa, se houver regra nesse sentido, como na execução fiscal, 
a exceção de não- executividade mantém a sua utilidade. O mesmo raciocínio se aplica a quem não 
aceite a apresentação de impugnação sem prévia penhora. 
 
Obs: No Superior Tribunal de Justiça há divergência quanto ao termo final para o cabimento da exceção de 
pré- executividade. Há decisão que não a admite após a realização da penhora, afirmando que ela se justifica 
somente para evitar a constrição e que, depois dela, a defesa executiva deve ser realizada por meio de 
embargos à execução. Por outro lado, já se decidiu que mesmo após a penhora é cabível a exceção de pré-
executividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material elaborado por Beatriz Araujo com bases nas aulas e doutrina e que envolve a matéria.

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