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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PROF.ª ALUANA MENCK CURTI PROF.ª LANA BRUNA CUNHA ALVES LAURENTINO 2 MINHA BIBLIOTECA Palma, Rodrigo F. História do Direito. Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Editora Saraiva, 2018. Carlos, WOLKMER, A. História do Direito no Brasil - Tradição no Ocidente e no Brasil. Disponível em: Minha Biblioteca, (11ª edição). Grupo GEN, 2019. Direito Grego 3 4 Em Atenas: Classifica em: 1) Instituições políticas de Governo da cidade; 2) Instituições relativas à Administração da justiça (os tribunais) 5 1º grupo - Governo da cidade: ✓ Assembleia do Povo (Ekklêsia); ✓ Conselho (Boulê); ✓ Comissão Permanente do Conselho (prítanes) 2º grupo - Administração da justiça (organizado): ✓ justiça criminal; ✓ justiça civil. 6Os órgãos do governo: A Assembléia (ekklêsia) -> órgão de maior autoridade, com atribuições legislativas, executivas e judiciárias. -> Competiam-lhe: as relações exteriores, o poder legislativo, a parte política do poder judiciário e o controle do poder executivo, compreendendo a nomeação e a fiscalização dos magistrados. 7Os órgãos do governo: O Conselho (Boulê): ✓ dedicação total à atividade pública: ❑ Auxiliar a Assembleia; ❑ Parlamento moderno. ✓ Principais atividades: ❑ Preparar os projetos (submetidos à Assembleia), ❑ Controlar os tesoureiros (prestação de contas dos magistrados) ❑ Receber embaixadores, ❑ Investigar as acusações de alta traição, ❑ Examinar os futuros: Conselheiros e Magistrados. 8Os órgãos do governo: Os prítanes é o que se pode chamar de comitê diretor do Conselho. ✓ Os prítanes eram o elo entre o Conselho e a Assembleia, os magistrados, os cidadãos e os embaixadores estrangeiros. O epistatês era o presidente de cada grupo e era escolhido diariamente por sorteio (escolhido uma vez). ✓ Atuava como presidente do Conselho e da Assembleia; ✓ Guardião das chaves dos templos (ficavam: os tesouros e os arquivos). 9Os órgãos do governo: Magistrados: ✓ Sorteados dentre os candidatos eleitos; ✓ Renovados anualmente e não podiam ser reeleitos. *Impedia qualquer possibilidade de continuidade política (o que não acontecia com os estrategos). 10 Resumidamente: O Conselho: - examina; - prepara as leis; - controla. A Assembleia: - delibera; - decide; - elege e julga. Os Estrategos: - administram a guerra; - distribuem os impostos; - dirigem a polícia. Os Magistrados: - instruem os processos; - ocupam-se dos cultos; - exercem as funções municipais. 11Administração da justiça: Justiça criminal: ✓ Areópago – cuida do homicídio voluntário, premeditado e incêndios ✓ Efetos – homicídio involuntário, desculpável, legítima defesa Justiça civil: ✓ Juízes do demo – cuidavam das pequenas causas ✓ Árbitros – privados e públicos ✓ Heliaia – tribunal popular – Júri popular ✓ Juízes dos tribunais marítimos – comércio marítimo 12Recordar: Direito Grego Os pensadores gregos consideram como principal fonte do Direito o nomos (lei), que tem a função de limitar o poder das autoridades; Entendiam que conhecer o Direito deveria fazer parte da educação de todo cidadão; Na civilização grega todos os cidadãos deveriam conhecer seus direitos e deveres, estando todos aptos para participar e se defender nos tribunais, não propiciando a profissionalização do operador do Direito; Boa retórica era algo fundamental para os cidadãos atenienses; Logógrafos, pessoas que redigiam discursos para as partes que atuavam no processo; No campo do Direito Público, é relevante a distinção entre lei substantiva e lei processual, algo próximo da distinção atual entre Direito material e Direito processual; 13DIREITO GREGO A lei substantiva era o próprio fim que a administração da justiça buscava, determinando a conduta e as relações com respeito aos assuntos litigados; A lei processual tratava dos meios e dos instrumentos pelos quais os fins deviam ser atingidos, regulando a conduta e as relações dos tribunais e dos litigantes com respeito à contenda em si; O Direito processual grego, que possuía e distinguia árbitros públicos e privados; (árbitros procuravam obter o acordo e a conciliação entre as partes) Já a arbitragem pública era utilizada nos estágios preliminares do processo de alguns tipos de ações legais; Distinção entre ação pública, que poderia ser iniciada por qualquer cidadão que se considerasse lesado pelo Estado, e a ação privada, debate judiciário entre dois ou mais litigantes, que reivindicavam direitos ou contestavam ações; Havia o direito popular de acusação e julgamento; Publicidade de todos os atos do processo; 14DIREITO GREGO Já o sistema penal era fundado na acusação popular, quando se tratava de crimes públicos, permitindo que qualquer cidadão pudesse sustentar acusações apresentando suas provas e suas alegações ao Tribunal competente; As penas previstas, em regra, eram castigos, multas, mutilações, morte e exílio; No campo das provas, as testemunhas podiam depor por escrito ou pessoalmente; Havia quatro instâncias nas jurisdições criminais em Atenas: A Assembleia do Povo era composta pelos Senadores e Magistrados populares, que discutiam apenas os crimes políticos mais graves; O Areópago, mais antigo e célebre Tribunal, julgava apenas os crimes com morte, apesar de inicialmente julgar todos os crimes; O Tribunal de Efetas, composto por 51 juízes escolhidos pelo Senado, julgava pessoas que cometiam homicídios não premeditados; O Tribunal de Heliaia, assembleia que se reunia na praça pública da cidade e tinha jurisdição comum, julgava causas e recursos que ali eram apresentados. IDADE MÉDIA 15 16 Idade Média: Período: Queda do Império Romano do Ocidente; Século V ao século XV: época em que ocorreu a ascensão da burguesia, as grandes navegações e o surgimento da cultura renascentista. Dividido em dois espaços de tempo: ✓ Alta Idade Média (século V até a consolidação do Feudalismo - entre os séculos IX e XII) ✓ Baixa Idade Média (que vai desse período até o século XV). 17 Direito Feudal: Caracterização do Direito Nominal Medieval (séculos IX e XIV), tendo a maior concentração na França, entre os séculos X e XI. Caracterizado por um contrato entre um senhor e um vassalo: ✓ Vassalo: contato o obrigava a ser fiel ao seu senhor, fornecendo-lhe ajuda, especialmente militar, e a participar dos conselhos e cortes do senhor. ✓ Senhor: estava obrigado a proteger e reconhecer o domínio do vassalo sobre uma determinada parcela territorial que se tornaria hereditária; * 18Direito Feudal: A justiça era aplicada de forma ordinária pelos senhores. ✓ Baseava-se especialmente em costumes regionais; ✓ Também utilizavam como fontes algumas legislações romano-germânicas; As regras editadas pelos reis na tentativa de organizar a sociedade e proteger os súditos mais pobres; ✓ Perdeu força a partir do final do século IX. * 19A formação e unificação do Direito Comum na Europa Continental: O pluralismo jurídico na baixa e alta Idade Média: ✓ complexos sistemas normativos coexistissem em um mesmo período histórico, em um espaço territorial carente de um Estado ou reino com poder e força suficiente para unificar ou impor suas normas, regras e padrões de justiça. * 20O Renascimento cultural Século XII: - a criação de universidades; - a rearticulação do comércio; - a redescoberta do Direito romano (principalmente pelo redescobrimento do Corpus Iuris Civilis); - a reestruturação urbana; Nasce o jus commune (direito comum); ✓ características comuns dos usos do direito no período baixo medieval e nos três séculos seguintes. * 21 “Era caracterizado por um contrato entre um senhor e um vassalo, que o obrigava a ser fiel ao seu senhor, fornecendo-lhe ajuda, especialmente militar, e a participar dos conselhos e cortes do senhor. Em contrapartida, o senhor obrigava-se a proteger e reconhecer o domínio do vassalo sobre uma determinada parcelaterritorial que se tornaria hereditária. A justiça era aplicada de forma ordinária pelos senhores, baseando-se especialmente em costumes regionais, podendo ter como fontes, ainda, algumas legislações romano- germânicas.” Esta afirmação refere-se a qual sistema jurídico? a) Direito Hebreu. b) Direito Germânico. c) Direito Feudal. d) Direito Romano. e) Direito Canônico. 22 Letra C. Comentário: O texto refere-se ao direito feudal, sistema jurídico marcado por uma relação de vassalagem entre um senhor feudal e seus vassalos Direito Romano 23 24 ROMA - ASPECTOS GEOGRÁFICOS Imagem: https://centrodemidias.am.gov.br/storage/dmdocuments/18F6HIS019P1.pdf Península Itálica (Porção Central do Mar Mediterrâneo); Roma nasceu da união de povos latinos e sabinos. Criação por volta de 754 a.C. 25POVOAMENTO Norte➔ Etruscos; ✓ Recursos arquitetônicos. Ex.: arco ➔ Quando os romanos conquistarem essa área, vão se apropriar dessa arquitetura. Centro ➔ Latinos (por isso o nome “Planície do Lácio”), Sabinos, Saminica e Umbrios➔ Fundaram a cidade de Roma no Lácio; Sul ➔ Gregos (Colônia da Magna Grécia) ➔ devido à 2ª Diáspora Grega (Crise dos Genos). ✓ Por isso algumas características da cultura, religião e mitologia romana é tão parecida com a da Grécia Antiga. Ex.: deus dos deuses: Zeus (gregos) = Júpiter (romanos) * 26SOCIEDADE Patrícios ➔ Nobreza aristocrática ➔ Descendentes de famílias fundadoras de Roma➔ proprietários de terras e rebanho; Plebeus ➔ Homens livres ➔ Pequenos proprietários, artesãos, comerciantes e estrangeiros; Clientes ➔ Homens livres oriundos de famílias pobres a serviço e sob proteção dos Patrícios; Escravos➔ Por dívidas (na Monarquia e no início da fase republicana / depois é extinta) ou prisioneiros de guerra (número de escravos de guerra aumenta significativamente no período de expansão/conquistas territoriais); * 27MONARQUIA/REALEZA A organização política: o poder político era exercido pelo rei, pelo senado e pelos comícios. ✓ Os reis eram soberanos, com poder absoluto (imperium). ✓ O poder era limitado pelo Senado e pelo povo. Durante a Realeza➔ fontes do Direito: os Costumes e as Leis. O último rei de Roma (Tarquínio, o soberbo), se alia a Plebe contra o Conselho dos Anciãos (Senado) ➔ Os Patrícios não aceitam ➔ Por meio de um golpe, os Patrícios do Conselho derrubam Tarquínio➔ Implantação da República. * 28 REPÚBLICA – ORGANIZAÇÃO POLÍTICA Instituições: Senado; Magistraturas; Assembleia Centuriata. * A figura do rei foi substituída pelos Cônsules. * 29REPÚBLICA Lei das XII Tábuas➔ 1º Código de leis escritas de Roma; Na República: as fontes do direito foram os costumes, a lei, o plebiscito, a interpretatio prudentium e o edito dos magistrados. Plebiscito ➔ decisões tomadas pela plebe sobre determinados assuntos, que tinham força de lei entre eles e depois passavam à categoria das leis propriamente ditas. Interpretatio prudentium (jurisprudência) ➔ surge com a consolidação dos costumes -> a lei das XII Tábuas precisava de uma fonte que preenchesse suas lacunas. * 30ALTO IMPÉRIO - APOGEU DE ROMA Os imperadores (sucederam no poder) -> acumularam todas as atribuições das magistraturas superiores e tinham um problema de ordem político-jurídico a resolver: o aumento do território romano em virtude das conquistas territoriais Fontes do Direito: ✓ Os senátus-consultos medidas legislativas criadas pelo Senado - assume o comando do poder legislativo. ✓ As constituições imperiais medidas legislativas do Imperador (editos, os mandatos, os decretos e outros institutos). ✓ As responsa prudentium: eram pareceres vinculantes emanados pelos prudentes àqueles que julgavam (jurista = jurisconsulto) * 31 DIREITO: O Império Romano, em sua expansão, tornou insuficiente o número de pretores em face das demandas a serem atendidas e, por isso, consolidou novos postos para esses importantes magistrados, criando dois tipos de Pretores, de acordo com a jurisdição: ✓Os legítimos➔ Jurisdição entre cidadãos Romanos; ✓Os peregrinos ➔ Jurisdição nos litígios entre cidadãos Romanos e estrangeiros. *Jurisdição➔ Poder para aplicar o direito ao caso concreto. 32 Os pretores criaram o hábito = fornecer instruções por escrito ao juízes e litigantes (já que as partes desconheciam o direito). As instruções tonaram-se tão importantes que deram nome à primeira fase do processo civil romano. O processo formular instruções que o pretor fornecia ao juiz para o qual alguma causa era submetida à decisão. 33 A segunda fase do processo civil romano começa com os editos (mandato do juiz). Amenizando o jus civile (a rigidez do sistema até então utilizado). Editos (pretores) ➔ completar e suprir as lacunas da lei e amenizar os seus rigores. Pretor ➔ estava vinculado aos critérios gerais. Não podiam modificar aquilo a que se haviam obrigado; lançar seus editos repentinos e tornar clara a importância de sua autoridade e o objetivo último do ius adicendi, qual seja, o de auxiliar, suprir e corrigir o Direito Civil. 34 Cria o Edito Perpétuo, restringindo a liberdade dos magistrados de redigir e baixar editos (considerado ininterrupto e estável). Após o período do Edito. Adentramos a fase dos jurisprudentes (refletindo um bom convívio social; entendimento do certo e do errado, e do bem e do mal para a política social) 35 Os jurisprudentes, com alto conhecimento do direito e das questões sociais; Chamados para dar pareceres a respeito de algumas situações relativas a casos concretos. Fonte doutrinária do direito (fonte oficial), obrigando os demais a adotar sua interpretação. 36 Direito Penal Tudo o que conhecemos hoje sobre a culpa, o dolo, o erro, a imputabilidade, a coação, as circunstâncias agravantes e atenuantes de um crime, a legítima defesa, dentre tantos outros temas, devemos aos princípios do Direito Penal romano. 37 Os romanos já faziam a distinção entre o Direito público e o Direito privado. No processo penal foi a divisão das causas penais em públicas e privadas, igualmente. No processo penal privado, o Estado romano assumia o papel de árbitro a fim de tentar resolver o litígio entre as partes, examinando as provas apresentadas e decidindo o direito de cada um 38 Já no processo penal público, o Estado romano atuava como sujeito de um poder repressivo. Com o passar do tempo, o processo penal privado foi abandonado em sua quase totalidade e o público foi se fortalecendo cada vez mais. Roma desenvolveu um sistema que guardava características inquisitórias => marcado pelo modelo acusatório. 39 O sistema denominado de cognitio (conhecimento), dava ao acusado o direito de apelação para que o povo romano fosse chamado à intermediação na decisão, durante o julgamento. O sistema da provocatio ad populum, ou apelo ao povo, gerava a reunião dos comícios contra uma sentença proferida por um magistrado e tinha efeito suspensivo. O sistema anquisìtio, ou novo procedimento (de acusação), ocorria como se fosse uma segunda instância ou segundo grau para o debate do mesmo tema. 40 Alguns modelos surgiram para composição desses sistemas. O modelo da accusatio (acusação) => todos os cidadãos o direito de acusar e era utilizado na apuração das infrações penais. Já o modelo denominado postulatio (procura) => ato dirigido pelo acusador => o fato alegado (constituía ou não um crime) e se poderia ser admitido como demanda em juízo. Uma vez aceita a postulatio, iniciava-se a fase da inscriptio (endereçamento) => inscrição do registro da causa em tribunal. O acusador já não mais poderia desistir e se obrigava a proceder às investigações, a fim de demonstrar sua acusação em juízo. 41 Baixo Império Foi tomado do povo o direito de acusar => que para eles era considerado uma garantia de liberdade ante a justiça. O império entra em clima de total tirania. O magistrado atuava “ex officio” pois não mais dependia de acusação ou denúncia. Roma volta a um estágio primitivo. Novo sistema de cognitio. Amplos poderes aos magistrados: que poderiam acusar, investigar, recolher as provas e julgar, usando da tortura como meio para confissão, inclusive das testemunhas que porventura omitissem a verdade. 42As penas eram severas: pena de morte e de deportação A pena Supplicium (execução) => tomava a vida do infrator em modalidades muito cruéis: ✓ a fogueira, a laceração das carnes, a forca, a entrega às feras e a crucificação. A pena Damnun (perda) => pagamento em dinheiro => imposta aos crimes de lesão. 43 Curiosidades: O Direito Romano foi o responsável pela compreensão e aplicabilidade do instituto da inimputabilidade, pois já entendia que os menores ou os mentalmente incapazes, não estavam em condições de serem julgados por seus atos. 44Vamos agora elencar algumas espécies de delitos? Partindo do pressuposto que eram divididos em públicos e privados, observe uma lista exemplificativa: 45 É importante salientar que a lei romana não continha pena de prisão. Salvo casos de investigação ou guarda do sentenciado à execução, como uma espécie de prisão preventiva em tempos atuais. Ainda naquele tempo havia o asilo territorial a infratores, como ocorre hoje quando as embaixadas dão asilo político, por exemplo. 46 Os fundamentos do Direito Processual Penal romano que viabilizavam as demandas judiciais: • Proibição de mover duas ações ao mesmo tempo. • Impedimento do testemunho de parentes. • Exigência de indicação de data e hora do crime. • Prisão preventiva do acusador em alguns casos. • Publicidade, princípio do contraditório e oralidade. 47 Formalidades: interrogado sobre a acusação. Com a confissão, o processo terminava; Se esta não fosse prestada, ocorreriam as próximas designações, com a volta do acusado e do acusador em data e hora marcadas como garantia de tempo à colheita de provas 48 No dia agendado. Compunha-se o órgão julgador: jurados e juízes; Produção de provas que podiam ser documentais, testemunhais e outras que poderiam ser admitidas pelo juízo composto àquela causa; Os votos indicavam a absolvição, a condenação ou o non liquet (a indicação da continuidade do processo para colheita de mais provas e garantia de um julgamento justo) Das sentenças cabiam apelações. 49 Muito obrigada! Até próxima aula. 50 51 52 53
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