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GRA0055 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA GR1589-212-9 - 202120 ead-13173 03 UNI 3

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04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 1/31
HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESAHISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
A UNIÃO IBÉRICA E ASA UNIÃO IBÉRICA E AS
INFLUÊNCIAS PARA AINFLUÊNCIAS PARA A
FORMAÇÃO DO PORTUGUÊSFORMAÇÃO DO PORTUGUÊS
BRASILEIROBRASILEIRO
Autor: Esp. L i l ian Maia Borges Testa
Revisor : D ic la S i l va
I N I C I A R
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 2/31
introdução
Introdução
Nesta unidade, abordaremos alguns assuntos relacionados à União Ibérica e
as in�uências para a formação do português que falamos no Brasil, ou seja,
quais foram as contribuições das outras línguas para o desenvolvimento do
português que é usado somente em nosso país e quais as principais
diferenças entre o português brasileiro e o português europeu.
Nesse contexto, abordaremos algumas considerações sobre o Ratio Studiorum
e a sua contribuição para a concretização da língua portuguesa no meio
educacional, principalmente quando os jesuítas vieram ao Brasil para
catequizar os índios que aqui viviam.
Outro tema a ser discutido refere-se à União Ibérica e aos riscos de recair ao
domínio espanhol, ou seja, a língua espanhola passar a dominar toda a
Península Ibérica. Além disso, abordaremos a Reforma Pombalina e a
instituição de um ensino de português laico, ou seja, a formação de um
português interno. Por �m, falaremos sobre a in�uência da economia na
língua: a escravidão e as in�uências africanas na língua portuguesa.
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 3/31
Ao falarmos sobre a história da educação em língua portuguesa, temos que
fazer um breve estudo sobre a educação jesuítica, que tinha o Ratio Studiorum
como um método norteador das ações pedagógicas dos colégios da
Companhia de Jesus.
Ao analisarmos um pouco da história da educação, podemos observar que o
Ratio Studiorum, por priorizar a área de humanas, teve uma grande
repercussão na Europa, sendo utilizado não somente pela Companhia de
Jesus, mas por outras instituições de ensino situadas em todo o continente
europeu.
Para Miranda (2009), essa combinação da língua, da literatura com a ciência, a
matemática, a �loso�a e a geogra�a auxiliava no desenvolvimento não
somente intelectual do ser humano como também no desenvolvimento
moral, fazendo com que o ser humano auxiliasse no bem comum.
A pedagogia da Ratio pretende que o educando, a partir da sua
liberdade, desenvolva ao máximo, de modo harmônico e segundo
uma hierarquia de valores, as suas disposições espirituais e as suas
O O Ratio StudiorumRatio Studiorum e a Língua e a Língua
PortuguesaPortuguesa
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 4/31
faculdades mentais, volitivas e afectivas, de acordo com a sua
verdadeira natureza e destino. (MIRANDA, 2009, p. 41)
É válido salientar, ainda, que o Ratio atque Institutio Studiorum Societatis Iesu
consiste em uma coletânea baseada em experiências vivenciadas no Colégio
Romano e que foram acrescentadas outras vivências pedagógicas para
auxiliar o jesuíta em sua formação pedagógica, dando base para que pudesse
ensinar.
Na formação dos colégios da Companhia de Jesus, há uma preocupação em
instruir e educar ao mesmo tempo, por isso a didática utilizada pelo código
que direcionava toda a pedagogia da educação jesuítica baseava-se no Ratio
Studiorum, que tinha uma estrutura formada desde a didática de premiação
para os melhores alunos, os castigos para os alunos indisciplinados até uma
organização curricular.
saiba mais
Saiba mais
Ao estudarmos sobre o Ratio Studiorum, veri�camos que a sua organização se
pauta em uma educação cristã, mas que não se esquecia também dos princípios
cientí�cos. Dessa forma, segundo Miranda (2009, p. 27), a originalidade do
programa de estudos consistia:
[...] por um lado, no fato de ele se destinar simultaneamente à formação de religiosos e de
leigos; por outro lado, no fato de ele incluir, além da �loso�a e da teologia, o estudo
sistemático das humanidades: as línguas e a literatura, a retórica, a história, o teatro...
Esse foi certamente o maior distintivo da proposta pedagógica da Companhia de Jesus.
Dessa forma, para que você possa compreender melhor o Ratio Studiorum, sua
metodologia, as formas de castigo e de premiação dos melhores alunos, sugiro a
leitura do artigo disponível a seguir.
Fonte: Miranda (2009, p. 27).
ACESSAR
http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais14/arquivos/textos/Comunicacao_Oral/Trabalhos_Completos/Ana_Toyshima_e_Gilmar_Montagnoli_e_Celio_Costa.pdf
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https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 5/31
O Ratio Studiorum deve ser estudado até os dias atuais pelos educadores, pois
as primeiras escolas implantadas no Brasil foram escolas jesuítas e que se
baseavam nessa didática para educar os alunos. As escolas jesuítas utilizavam
o português para desenvolver toda a organização descrita no documento em
questão, por isso a sua ligação com o desenvolvimento da língua portuguesa.
Nesse contexto, é válido voltarmos um pouco na história da educação
brasileira, ou seja, quando os portugueses chegaram ao Brasil, iniciaram o
processo de colonização em relação à educação, portanto, os jesuítas vieram
para catequizar nossos índios de maneira formal, considerando que a
Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loiola, cujo objetivo era
promover o catolicismo para o restante do mundo. Assim, para catequizar
nossos índios, os jesuítas deveriam ensiná-los a ler e a escrever em língua
portuguesa, dando início à educação brasileira.
Os jesuítas concentraram seus ensinos nas crianças indígenas, pois era muito
difícil mudar os costumes dos índios adultos, e nas crianças portuguesas,
�lhos dos portugueses que vieram ao Brasil. A didática jesuítica pautava-se no
Ratio Studiorum, conforme já citamos anteriormente, no entanto, os
ensinamentos eram realizados em língua portuguesa. Assim, o primeiro
colégio jesuíta, Colégio dos Meninos de Jesus, foi fundado em Salvador, em
1550, e serviu de modelo para a fundação dos demais colégios.
praticar
Vamos Praticar
Leia o excerto a seguir sobre a metodologia do Ratio Studiorum:
A preleção, na sua �nalidade, é menos informativa do que formativa; não visa
comunicar fatos, mas desenvolver e ativar o espírito. Com uma compreensão viva, o
http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais14/arquivos/textos/Comunicacao_Oral/Trabalhos_Completos/Ana_Toyshima_e_Gilmar_Montagnoli_e_Celio_Costa.pdf
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 6/31
aluno vai exercitando, não tanto a memória, mas também e principalmente a
imaginação, o juízo e a razão. Observa, analisa palavras, períodos, parágrafos;
resume passagens, compara; critica; adquire hábitos de estudo; desenvolve o
desejo de ulteriores investigações para formação do critério de uma apreciação
pessoal. (FRANCA, 1952, p. 35)
FRANCA, L. O método pedagógico dos jesuítas. Rio de Janeiro: Agir,
1952. p. 35.
Em relação ao Ratio Studiorum, marque a alternativa correta:
a) Refere-se a um único livro destinado à catequização dos índios.
b) Refere-se a uma Bíblia que era utilizada somente pelos jesuítas.
c) Refere-se à descrição das atividades para a formação de padres.
d) Refere-se a um método norteador das ações pedagógicas dos colégios da
Companhia de Jesus.
e) Refere-se ao tratado feito pelos portugueses e pelos índios para a
aprendizagem da língua portuguesa.
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1…7/31
A União Ibérica aconteceu no período de colonização do Brasil, mais
precisamente entre os anos de 1580 e 1640, e refere-se à união entre
Portugal e Espanha, ou seja, os territórios pertencentes à Coroa Portuguesa
passaram a ser controlados pela Coroa Espanhola. Como consequência dessa
união para o Brasil, tivemos o ataque dos holandeses ao Nordeste brasileiro,
devido à inimizade entre Espanha e Holanda.
Essa união teve início com o sumiço do Rei D. Sebastião, de Portugal, durante
a batalha de Alcácer-Quibir, que acarretou uma crise na Dinastia de Avis, pois
D. Sebastião não tinha herdeiros diretos. Assim, seu tio-avô, D. Henrique,
assumiu o trono. No entanto, dois anos depois, D. Henrique também faleceu
e não tinha herdeiros diretos. Vários nomes foram apresentados para
assumir o reino português: Antônio, prior de Crato; Catarina de Portugal;
Filipe II, rei da Espanha. Então, Filipe II, rei da Espanha, assumiu o trono de
Portugal, sendo chamado como Filipe I de Portugal e II da Espanha. De acordo
com Schaub (2001, p. 11-12):
União Ibérica: Riscos de Recair aoUnião Ibérica: Riscos de Recair ao
Domínio Espanhol?Domínio Espanhol?
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 8/31
Filipe II fez uso de todos os registros para conseguir realizar sua
empresa [de se tornar rei de uma Monarquia Universal através da
União Ibérica]. Reter-se-ão essencialmente quatro: o domínio
diplomático, na qual os seus enviados convencem o velho cardeal D.
Henrique e depois a junta dos governadores do caráter desejável da
união; o domínio jurídico, no qual a corte de Madrid toma toda a
Europa como testemunha para demonstrar que seus direitos à
sucessão, na qualidade de neto de D. Manuel, eram superiores aos
direitos de todos os outros pretendentes, particularmente aos de
Catarina, duquesa de Bragança; o domínio militar, no qual o duque
de Alba foi mobilizado para submeter pela força as câmaras
municipais que haviam cometido o erro de apoiar os direitos de D.
Antônio, prior do Crato, e de o reconhecerem como seu rei; e
�nalmente o domínio contratual, no qual, no recinto improvisado do
convento de Tomar e perante a reunião dos três estados em Cortes,
Filipe II se comprometeu a respeitar escrupulosamente a imunidade
jurisdicional do reino e a separação simbólica da coroa portuguesa,
em troca de uma proclamação que geralmente não se fazia.
Assim, com a União Ibérica, a divisão entre os territórios espanhóis e
portugueses na América deixou de existir, enfatizando o Tratado de
Tordesilhas, ou seja, livre acesso entre portugueses e espanhóis nos
territórios dessas duas nações, o que não era permitido anteriormente, já que
os territórios dos portugueses não podiam ser penetrados pelos espanhóis, e
os territórios que pertenciam aos espanhóis não podiam ser penetrados
pelos portugueses.
Nesse contexto, observamos que Portugal e Espanha estão unidos, mas,
como na Idade Média, os portugueses respeitam e obedecem ao rei da
Espanha, no entanto, a sua língua e cultura permanecem, ou seja, não há uma
uniformização das características sociais e culturais.
O �m da União Ibérica ocorreu em 1640, originando o movimento de
Restauração Portuguesa. Os portugueses iniciaram uma luta contra os
espanhóis para conseguir o controle de seus territórios e suas colônias,
resultando na expulsão dos espanhóis e na coroação de D. João IV como rei
de Portugal, dando início à Dinastia Bragança.
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 9/31
Após a expulsão dos espanhóis e a retomada dos territórios portugueses,
iniciou-se a luta contra os holandeses que tinham invadido o Nordeste
brasileiro, uma das colônias portuguesas. 
praticar
Vamos Praticar
Ao lermos sobre a União Ibérica, notamos que as questões históricas entre Portugal
e Espanha estão ligadas ao longo do tempo. Vimos que Filipe II, rei da Espanha, foi
coroado também como rei de Portugal, durante a União Ibérica. Isso aconteceu
devido ao desaparecimento de D. Sebastião, que era rei de Portugal, mas não tinha
nenhum herdeiro direto para assumir a coroa. Assim, por que Filipe II pôde assumir
o trono português se ele era rei da Espanha? Assinale a alternativa correta.
a) Porque Filipe II lutou bravamente para conseguir assumir a coroa
portuguesa, matando os demais concorrentes.
b) Porque os demais concorrentes não tinham parentescos com D. Manuel,
rei de Portugal, pai de D. Sebastião.
c) Porque, após uma guerra entre Portugal e Espanha, �cou decidido que o
rei da Espanha assumiria o trono de Portugal.
d) Porque D. Filipe II era neto de D. Manuel por parte da mãe, que se casou
com o rei da Espanha. D. Filipe conseguiu provar para toda a corte
portuguesa que ele deveria assumir o trono de Portugal também.
e) Porque o trono de Portugal estava sem um rei e poderia cair nas mãos da
Holanda, acarretando sérios problemas para a Espanha, considerando que os
dois países eram inimigos.
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_… 10/31
Segundo Cunha e Cintra (1996), no que diz respeito à convivência entre
portugueses e indígenas, observamos o desenvolvimento das línguas gerais,
que não são pidgins ou crioulos, e sim línguas indígenas que continuaram e
passaram a ser faladas pelos mestiços. Duas línguas gerais desenvolveram-se
no Brasil: a língua geral paulista e a língua geral amazônica, também chamada
nheengatu. Sobre a língua geral paulista, os autores nos dizem que:
Foi se constituindo já no século XVI, tendo como base a língua dos
índios tupi de São Vicente e do alto do rio Tietê, uma língua tupi
guarani ligeiramente diferente da língua dos tupinambás. Foi a
língua dos mamelucos paulistas e, com as bandeiras, foi a língua de
penetração no interior de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e
Paraná. Pela segunda metade do século XVIII passou a perder
terreno para o português e seus últimos falantes devem ter morrido
no início do século XX. 
(CUNHA; CINTRA, 1996, p. 97)
A expressão “língua geral” tem sido utilizada na literatura com mais de um
sentido, ora como uma língua falada por mulatos e brancos brasileiros, não
Reforma Pombalina e aReforma Pombalina e a
Instituição de um Ensino deInstituição de um Ensino de
Português Laico: FormaçãoPortuguês Laico: Formação
Interna da LínguaInterna da Língua
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_1… 11/31
sendo nem africana, nem indígena, mas sim continuadora do português, um
português simpli�cado; ora como língua indígena, uma língua geral da
Amazônia; ora como língua criada pelos Jesuítas, sendo um tupi missionário,
que se baseava no tupi, constituindo uma forma de comunicação; ora como
língua africana, de base banto, falada na zona da mineração.
Apesar da variedade linguística já no Brasil colônia, a língua instituída como
o�cial foi a língua portuguesa. O responsável por esse feito foi Marquês de
Pombal, o qual impôs o uso do português nos documentos o�ciais e nas
escolas. De acordo com Mattos e Silva (2004, p. 20-21):
Em 1757, com o Marquês de Pombal, se de�ne explicitamente para
o Brasil uma política linguística e cultural que fez mudar de rumo a
trajetória que poderia ter levado o Brasil a ser uma nação de língua
majoritária indígena, já que os dados históricos informam que uma
língua geral de base indígena ultrapassara de muito as reduções
jesuíticas e se estabelecia como língua familiar no Brasil
eminentemente rural de então. Pombal de�ne o português como
língua o�cial da colônia, consequentemente obriga seu uso na
documentação o�cial e implementa o ensino leigo no Brasil [...]
Essa língua portuguesa, instituída como o�cial, já não é similar à língua dos
europeus, pois o nosso português, o português do Brasil (PB),nasce da
diversidade. Para constatar isso, basta considerarmos a miscigenação de
nosso processo de colonização, considerarmos que, apesar de a língua
portuguesa ser a o�cial, os portugueses não tinham presença maciça no
Brasil. Devemos considerar, também, que, apesar da importante contribuição
dos índios, nossa língua não teria base puramente indígena, pois os índios
foram, em sua maioria, dizimados. É importante observar, ainda, que nossa
língua, por várias razões, não seria uma língua de base puramente africana. A
nossa língua nasce do contato entre esses povos, suas línguas, suas culturas.
É certamente no entrecruzar-se de variantes localizadas menos ou
mais interferidas por marcas indígenas e/ou africanas, de variantes
mais gerais menos ou mais africanizadas ou menos ou mais
aportuguesadas que se de�nem e emergem os traços característicos
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_… 12/31
do português brasileiro, língua nacional. (MATTOS; SILVA, 2004, p.
22)
Além dessa miscigenação inicial, o PB ainda recebeu in�uências de outros
povos. Na segunda metade do século XIX, mais especi�camente depois de
1870, teve início um amplo processo migratório para o Brasil. Outros
portugueses vieram ao Brasil, não mais como colonizadores, além de muitos
outros imigrantes que vieram de diversos lugares, principalmente italianos,
espanhóis, alemães, árabes, turcos e japoneses, e se instalaram nas mais
diversas regiões do Brasil. Isso ocorreu em função de crises na Europa, da
libertação dos escravos no Brasil e de uma grande expansão de nossa
lavoura. De acordo com Ilari e Basso (2011), a imigração de europeus e
asiáticos começou em 1820 e teve seu maior pico entre 1890 e 1930, só nesse
período chegaram ao Brasil cerca de quatro milhões de imigrantes. Esse
número é impressionante, especialmente se for considerado que a população
do Brasil, em 1920, girava em torno de trinta milhões de habitantes.
O principal efeito que resultou, para o PB, da convivência com as
línguas dos imigrantes europeus e asiáticos explicasse talvez pela
grande capacidade que o Brasil tem mostrado no sentido de
conviver com outras culturas, enriquecendo-se com elas. Por cultura,
não entendemos aqui a cultura formal, a ciência ou a literatura, mas
a cultura material ligada ao dia a dia, ao trabalho, às festas
familiares, às formas de lazer. (ILARI; BASSO, 2011, p. 81)
Por essa ampla in�uência de povos, o PB possui características únicas, as
quais apresentam certas distinções do português europeu (doravante PE).
Castilho (2010) apresenta um quadro em que são enumeradas algumas das
principais diferenças entre o PB e o PE.   No quadro que segue, são
apresentadas algumas dessas diferenças nos níveis: fonético e fonológico,
morfológico e sintático. 
04/09/2021 05:04 Ead.br
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PORTUGUÊS BRASILEIRO PORTUGUÊS EUROPEU
FONÉTICA e FONOLOGIA
Há 7 vogais tônicas /a/, /e/, /Ɛ/,
/i/, /o/, /Ɔ/, /u/. Não əəse
distingue a vogal temática {-a-}
no presente e no pretérito:
falamos. A vogal [e] se mantém
como anterior média fechada
antes de palatal: espelho, fecho.
Há 8 vogais: /a/, /ɐ/, /e/, /Ɛ/, /i/, /o/,
/Ɔ/, /u/, distinguindo-se um /a/
central baixo no presente falamos,
de um /ɐ/ mais alteado no
pretérito. A vogal [e] antes de
palatal é dita [ə]: espelho [iʃpəʎu],
fecho [fəʃu].
Sílabas terminadas por oclusiva
recebem uma vogal,
transformando-se em sílabas
abertas; adevogado, abisoluto,
pissicologia.
Essas sílabas soam fechadas:
advogado, absoluto, psicologia.
O [r] pode ser vibrante simples
(caro), vibrante múltipla anterior
(carro), vibrante múltipla
posterior [káRu] ou velar surda
[káxu].
Predomina a vibrante múltipla
anterior, como no espanhol.
MORFOLOGIA
Simpli�ca-se a morfologia
nominal, com a perda de {-s}
indicador de plural na variedade
popular, menos no
especi�cador, tanto quanto na
morfologia verbal, em que a
pessoa tu foi substituída por
você.
A morfologia nominal e a verbal
não apresentam essas
simpli�cações, exceto em alguns
falares regionais.
04/09/2021 05:04 Ead.br
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O quadro dos pronomes
pessoais tônicos apresenta
quatro formas: eu/você/ele/nós,
que alterna com a gente/eles. A
morfologia verbal acompanha
essa simpli�cação reduzindo-se
a 4 formas: falo, fala, falamos,
falam. Em consequência,
mudarão as regras de
concordância do verbo com o
sujeito.
O quadro dos pronomes pessoais
tônicos apresenta seis formas:
eu/tu/ele/nós/vós/eles. A morfologia
verbal dispõe de seis formas
diferentes: falo, falas, fala, falamos,
falais, falam.
O quadro dos pronomes
pessoais átonos (ou clíticos)
apresenta as formas: me, te, nos,
tendendo a desaparecer (i) o
acusativo o: Ainda não vi Ø hoje,
(ii) o acusativo te, substituído por
para você: Preciso falar uma coisa
pra você, e (iii) o re�exivo se, que
se generaliza como re�exivo
universal, no PB popular: Nos
nossos dias não Ø usa mais saia,
Eu não me alembro.
O quadro dos pronomes pessoais
átonos apresenta seis formas: me,
te, se/si, nos, vos. O re�exivo si
pode se referir ao interlocutor: isto
é para si.
SINTAXE
No tratamento, usa-se você
quando há intimidade, e senhor
nas situações formais. Essa
forma continua a alterar-se,
surgindo ocê e cê. Nas regiões
em que se mantém tu no
tratamento informal, o pronome
Até o século XVI, usa-se tu para o
tratamento informal e vós para o
tratamento formal. Vós era
substituído por Vossa Mercê para
dirigir-se ao rei, depois aos nobres
(e aí o rei passou a ser tratado por
Vossa Majestade, Vossa Alteza).
04/09/2021 05:04 Ead.br
https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_728154_… 15/31
Quadro 3.1 - Diferenças entre o Português Europeu e o Português Brasileiro 
Fonte: Castilho (2010, p. 192-193).
Além dessas diferenças, outras podem ser identi�cadas no léxico, como pode
ser observado na lista de palavras que segue proposta de Ilari e Basso (2011,
p. 158):
você marca certo
distanciamento.
Vossa Mercê foi em seguida
aplicado ao tratamento
cerimonioso da burguesia, vindo
�nalmente a concorrer com tu,
mudando para você.
Os pronomes átonos, por serem
na verdade semiátonos, podem
iniciar sentença, preferindo-se a
próclise: Me passa o bife. Mim
pode aparecer como sujeito de
in�nitiva preposicionada, em:
Isto é para mim fazer.
Os pronomes átonos não podem
iniciar sentença, preferindo-se a
ênclise: Passa-me o bife. O sujeito
da in�nitiva preposicionada vem
no caso reto: Isto é para eu fazer.
Amplia-se o uso das perífrases
estar + gerúndio e ir + in�nitivo,
substituindo, nesse caso, a
forma do futuro do presente:
estou falando, vou falar.
Prefere-se a perífrase estar + a +
in�nitivo, mais recente que a
anterior: estou a falar. A forma
simples do futuro é vivaz.
O sujeito vem anteposto ao
verbo, e o objeto direto,
posposto: Maria comeu o
chocolate. O objeto direto pode
ser deslocado para a esquerda,
sem retomada por um clítico: O
chocolate, Maria comeu.
O sujeito pode vir posposto ao
verbo e o objeto direto pode ser
deslocado para a esquerda, com
retomada por um clítico: O
chocolate, comeu-o Maria.
04/09/2021 05:04 Ead.br
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Quadro 3.2 - Lista de palavras que segue proposta de Ilari e Basso 
Fonte: Ilari e Basso (2011, p. 158).
A importância, na atualidade, do português brasileiro se deve ao crescimento
signi�cativo do nosso país, decorrente da importância que Brasil, Portugal e
África portuguesa representam para o planeta.
praticar
Vamos PraticarLeia o excerto retirado da página o�cial do Ministério da Cultura:
O inventário é um meio de identi�cação, documentação, reconhecimento e
valorização das línguas portadoras de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Seu objetivo é mapear,
caracterizar, diagnosticar e dar visibilidade às diferentes situações relacionadas à
pluralidade linguística brasileira, de modo a permitir que as línguas sejam objeto de
políticas patrimoniais que colaborem para sua continuidade e valorização.
Disponível em http://bit.ly/2w4XyCb. Acesso em: 20 dez. 2019.
Com base no excerto acima e em estudos realizados, analise as proposições a
seguir e assinale a alternativa correta em relação ao português falado em diferentes
lugares.
a) O português utilizado no Brasil (PB) não se distingue em nada do
português falado em outros países, pois devemos considerar que as
in�uências para a formação do PB foram as mesmas dos demais países em
que há o predomínio do português.
http://bit.ly/2w4XyCb
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b) O português é a língua o�cial de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, São
Tomé e Príncipe, Ilhas de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor Leste, Estados
Unidos, França e Espanha.
c) É importante ressaltar que, apesar de ser a língua o�cial de oito países, o
português corresponde a 100% da língua falada pelos habitantes de todo o
mundo, ou seja, ela abarca uma grande extensão.
d) Hoje, a língua portuguesa é uma das mais faladas no mundo devido à sua
presença em quase todos os continentes, considerando que cada país tem
sua cultura, portanto, a língua portuguesa varia em função da cultura e da
sociedade em que é utilizada.
e) A língua portuguesa foi considerada como a língua o�cial de mais de
quinze países durante as grandes navegações, mas, atualmente, somente
cinco países a utilizam como língua o�cial.
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Os portugueses tentaram escravizar os índios. Entretanto, segundo Fausto
(1996, p. 28), a escravização do índio deparou-se com uma série de
inconvenientes, um deles refere-se ao fato de que os índios tinham uma
cultura que não condizia com o trabalho intensivo e regular como era o
trabalho dos europeus. No entanto, os índios não eram vadios ou
preguiçosos, possuíam uma cultura de trabalho voltada para a produção do
necessário para garantir sua subsistência, portanto, o conceito de trabalho
que temos hoje é totalmente diferente do conceito de trabalho dos indígenas.
Eles guardavam sua energia e imaginação para serem utilizadas nos rituais,
nas celebrações e nas guerras.
Podemos distinguir duas tentativas básicas de sujeição dos índios
por parte dos portugueses. Uma delas, realizada pelos colonos
segundo um frio cálculo econômico, consistiu na escravização pura e
simples. A outra foi tentada pelas ordens religiosas, principalmente
pelos jesuítas, por motivos que tinham muito a ver com suas
concepções missionárias. Ela consistiu no esforço em transformar os
índios, através do ensino, em “bons cristãos”, reunindo-os em
pequenos povoados ou aldeias. Ser “bom cristão” signi�cava
In�uência da Economia naIn�uência da Economia na
Língua: A Escravidão e asLíngua: A Escravidão e as
In�uências Africanas na LínguaIn�uências Africanas na Língua
PortuguesaPortuguesa
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também adquirir os hábitos de trabalho dos europeus, com o que se
criaria um grupo de cultivadores indígenas �exível às necessidades
da Colônia. (FAUSTO, 1996, p. 28)
Essa situação com os índios foi um dos fatores que contribuiu para o início do
trá�co negreiro africano para o Brasil, o qual tem início em 1538. De acordo
com Lucchesi (2001), a partir do século XVII, veri�ca-se um predomínio da
mão de obra escrava de origem africana sobre o contingente indígena
escravizado. Esse aumento da mão de obra forçada acabou por assegurar a
formação econômica da sociedade brasileira, ao longo dos séculos, na lavoura
agroexportadora do açúcar, do algodão e do tabaco, no ciclo de mineração do
ouro e na cultura agroexportadora do café.
O número de escravos trazidos ao Brasil é assustador. Em função do intenso
trá�co de negros africanos, o número de escravos tornou-se superior ao
número de índios e de portugueses que habitavam o Brasil.
De acordo com Castilho (2010), cerca de 18 milhões de negros foram trazidos
ao Brasil, em contraposição aos 6 milhões de indígenas. Todavia, esse número
de negros não é consenso, por isso, o autor cita Darcy Ribeiro, o qual justi�ca
uma “demogra�a hipotética” para o cálculo de negros trazidos ao Brasil,
devido à grande disparidade dos números bibliográ�cos, segundo o qual esse
número seria cerca de 7 milhões de indivíduos.
Alguns autores salientam que os dados sobre o número de negros que foram
trazidos ao Brasil não são consenso, mas, de qualquer modo, o fato é que
muitos negros foram trazidos ao Brasil, ou seja, foram muitas pessoas que
trouxeram consigo sua língua e sua cultura. A linguística africana não é
simples, uma vez que estamos lidando com o continente que abriga sozinho
quase um terço das línguas do mundo. Conforme Bonvini (2008), segundo a
repartição proposta e sistematizada por J. H. Greenberg, nos anos de 1950-
1963, o conjunto de línguas africanas está dividido em quatro grandes
troncos: o nigero-congolês (niger-congo – 1495 línguas), o afro-asiático (afro-
asiatic – 353 línguas), o nilo-saariano (nilo-saharian – 197 línguas) e o coissan
(khoisan – 22 línguas). Esses números apontam a existência de mais de 2.000
línguas africanas. O trá�co de negros africanos teve limites geográ�cos,
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todavia, mesmo com essa limitação, o número real de línguas atingidas pelo
trá�co é signi�cativo.
Na perspectiva de Castilho (2010), os africanos que foram trazidos e
escravizados no Brasil compõem duas culturas distintas: a cultura banta e a
cultura sudanesa. A banto pertence ao grupo ocidental vindo do Congo e de
Angola e ao grupo ocidental vindo de Moçambique, Tanganica e região dos
lagos. Os representantes dessa cultura �xaram-se no Rio de Janeiro, em São
Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas e no Maranhão.
A cultura sudanesa compreende os fulas, os mandingas, os haussás, os fanti-
ashantis, os jejes e os iorubás ou nagôs, originários da costa oeste africana:
Sudão, Senegal, Guiné, Costa do Ouro, Daomé e Nigéria. Esses povos �xaram-
se na Bahia e chegaram aqui depois dos bantos. Das línguas sudanesas, as
mais importantes foram as línguas da família kwa, faladas no Golfo do Benim.
Os principais representantes, no Brasil, foram os iorubás e os povos de
línguas do grupo ewe-fon, que foram apelidados, pelo trá�co, de minas ou
jejes. Vale ressaltar que, apesar de toda essa variedade de línguas (banto ou
sudanesas), todas elas fazem parte do grande tronco nigero-congolês (níger-
congo), ou seja, são da mesma família.
Mattos e Silva (2004) cita Alberto Mussa (1991), para mostrar a importância
dos falares bantu no Brasil. Segundo esse autor:
[...] o percentual de falantes bantu foi sempre superior; e quase
sempre maciçamente, em todo o período do trá�co. Isso nos
possibilita entender de forma bastante clara por que são
precisamente os itens lexicais de origem bantu os que registram com
mais anterioridade, com maior grau de integração morfológica e em
maior número de campos semânticos no português do Brasil... a
posição relativamente proeminente do grupo benwe-kwa (não bantu)
nos últimos séculos também implica o grande número de itens
lexicais emprestados por essas línguas, embora não integradose
particularmente restritos aos campos semânticos ligados à atividade
ritual (MUSSA, 1991, p. 146 apud MATTOS; SILVA, 2004, p. 51).
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Os africanos foram integrados à nossa população, bem como sua cultura e
suas línguas. Em relação à língua, os escravos africanos utilizavam a língua
portuguesa como segunda língua, imprimindo nela seus hábitos linguísticos,
seu sotaque. Segundo Castilho (2010), a extraordinária complexidade
linguística dos povos africanos, associada à prática portuguesa de misturar
suas etnias às dos indígenas, a �m de di�cultar as revoltas, deve ter originado
um “dialeto das senzalas”, no qual as línguas banto tiveram grande
importância. O resultado da in�uência das línguas africanas pode ser
observado na fonologia, na morfologia, na sintaxe e no léxico do PB.
Na fonologia, conforme explicitam alguns autores, há in�uência de línguas
africanas:
Mendonça (2012, p. 80) apresenta algumas das in�uências das línguas
africanas na morfologia do PB.
O vestígio mais notável acha-se no plural conservado pela linguagem
dos caipiras e matutos, que, deixando o substantivo invariável, dizem
sempre: as casa, os caminho, aquelas hora. O adjunto predicativo
entra na mesma regra: as criança tavum quetu, as criação �carum
pestiadu. Um s prostético, nascido da ligação na frase, perde esse
caráter e agrega-se à palavra: os óio pron. u-zó-io e aparece a
palavra zóio; embora, zimbora: ele foi zimbora.
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Outro fato característico é a invariabilidade, tanto de gênero como de
número, que apresenta o pronome pessoal ele. Para indicar plural, o
pronome ele pospõe-se ao artigo de�nido os, porém conservando a
invariabilidade completa no gênero: osêle, eles, elas. No dialeto caipira, em
São Paulo, aparece o mesmo pronome: zele fôro zimbora.
Em relação aos aspectos morfológicos e sintáticos, alguns estudiosos
destacam que além do plural marcado apenas pelo artigo que determina o
substantivo, existe o desconhecimento da marca de gênero por parte das
línguas africanas, diferente do que ocorre no português padrão, a/o (menina x
menino). Isso explica melhor a instabilidade de gênero dos nomes (*minha
senhor), que, por vezes, é observada no cancioneiro português antigo e
também ocorre na linguagem popular e na fala do “preto-velho”, entidade
muito popular na umbanda, considerada como negros muito idosos que
viveram o tempo da escravidão no Brasil.
No que diz respeito ao léxico, Castilho (2010, p. 181) a�rma que se estima em
trezentos o número de palavras africanas que foram incorporadas ao léxico
do PB. O autor apresenta a seguinte lista de palavras banto incorporadas ao
PB:
Bagunça: desordem, confusão, baderna, pândega ruidosa.
Banguela: desdentado ou que tem arcada dentária falha na frente.
Beleléu: cemitério: “ir para o beleléu”, morrer, sumir.
Cachaça: aguardente obtida do caldo da cana, qualquer bebida
alcoólica.
Cachimbo: pito de fumar.
Caçula: o mais novo dos �lhos ou dos irmãos.
Carimbo: selo, sinete, sinal público com que se autenticam
documentos.
Enca�fa(r): amuar, calar-se de repente, envergonhar-se, desagradar.
Lenga-lenga: conversa �ada, enganosa, discurso longo, enfadonho.
Mambembe: medíocre, de má qualidade, inferior.
Maracutaia: engodo, trapaça.
Moleque: menino, garoto, rapaz, menino negro.
Quilombo: povoação de escravos fugidos.
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Xinga(r): insultar, ofender com palavras.
Zonzo: atordoado, tonto, distraído.
Como vimos, além de contribuições culturais, como a capoeira, o samba e o
candomblé (dentre muitas outras contribuições para nossa culinária, dança,
religião), a riqueza da in�uência de línguas africanas, em nosso PB, é evidente.
praticar
Vamos Praticar
Para que seja possível realizar um estudo sobre a in�uência das línguas africanas no
português do Brasil, devemos considerar que nem todas as palavras de origem
saiba mais
Saiba mais
Mendonça (2012), em um livro sobre as contribuições das línguas africanas para o
PB, dedica atenção a esses números e cita os dados de Calógeras, o qual, por
meio de um cálculo em que se estima uma média de cinco milhões de negros
trazidos por século, calcula um total de 15 milhões de negros trazidos ao Brasil
em três séculos de trá�co. Para Mendonça (2012), esse número é um exagero.
A partir disso, o autor propõe seus números, e, por meio da apuração de mapas e
documentos, dados e informações o�ciais e particulares, tenta determinar, em
cada século, um total anual, aproximado e bem razoável. Esse total anual,
multiplicado pelo número de anos, dá o total da importação por século.
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africana que existem no Brasil foram incorporadas por in�uência da presença dos
negros escravos trazidos ao nosso país. Alguns vocábulos foram trazidos pelos
próprios portugueses, pois em Portugal também havia escravos africanos. Nesse
contexto, marque a alternativa correta em relação à língua falada pelos africanos no
território brasileiro.
a) Em relação à língua, os escravos africanos utilizavam a língua africana
como segunda língua, imprimindo nela seus hábitos linguísticos, seu sotaque
à língua portuguesa, vista como materna.
b) A maior in�uência das línguas africanas no português do Brasil se deu no
léxico, com a criação de novos termos para se comunicarem entre eles e não
se fazerem entender pelos demais que os ouviam.
c) Nas línguas africanas há a separação por gênero, como em português, ou
seja, a menina bonita e o menino bonito, portanto, não houve nenhuma
contribuição para a nossa língua.
d) Na morfologia, raramente utilizam-se as desinências de plural, que
tendem a se restringir ao primeiro determinante da frase. Exemplo: “As
primas já chegaro”, diferente da gramática do português, em que há a
concordância.
e) A maior in�uência das línguas africanas se deu na sintaxe, em que tivemos
o início das orações invertidas e das orações sem sujeito, fazendo com que a
norma culta do português se alterasse.
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reflitaRe�ita
Em nossos estudos, vimos um pouco da didática apresentada pelo Ratio Studiorum e
que era utilizada pelos jesuítas na educação dos indígenas e, mais tarde, na criação dos
primeiros colégios brasileiros. Miranda (2009, p. 41) relata o seguinte:
A pedagogia da Ratio pretende que o educando, a partir da sua
liberdade, desenvolva ao máximo, de modo harmônico e segundo uma
hierarquia de valores, as suas disposições espirituais e as suas
faculdades mentais, volitivas e afectivas, de acordo com a sua verdadeira
natureza e destino.
É de suma importância que um professor inserido em nosso processo educativo tenha
um conhecimento, mesmo que breve, sobre o Ratio Studiorum, para que possa re�etir
sobre a educação brasileira. Assim, podemos comparar as escolas de hoje com as
escolas descritas no Ratio Studiorum? Essa metodologia proposta pelos jesuítas ainda
acontece em nossas escolas? Pense a respeito.
Fonte:  Miranda (2009).
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indicações
Material Complementar
FILME
Língua - Vidas em português
Ano: 2004
Comentário: É um documentário dirigido por Victor
Lopes e que traz pessoas de diferentes países que
falam o português. Esses falantes expõem como éa sua
cultura e o seu cotidiano, além de mostrar as diferentes
variações que a língua portuguesa sofre de uma região
para a outra, ou de um país para o outro.
T R A I L E R
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LIVRO
O povo brasileiro
Darcy Ribeiro
Editora: Global
ISBN: 978-8526022256
Comentário: O respectivo livro aborda a questão da
formação do povo brasileiro, desde a luta dos povos
indígenas para que sua cultura não acabasse até os
castigos sofridos pelo povo africano, escravizados no
Brasil, dando ênfase à formação ética e cultural do
povo brasileiro.
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conclusão
Conclusão
Ao chegarmos ao �nal de nossas leituras, vimos que a história contribuiu
signi�cativamente para a construção da língua portuguesa que utilizamos
para nos comunicarmos, principalmente no que diz respeito à língua utilizada
em território brasileiro.
Dessa forma, notamos que foi com a União Ibérica que a língua portuguesa
passou a receber contribuições signi�cativas para o seu desenvolvimento,
pois tivemos no território brasileiro, além da presença dos holandeses, a livre
presença dos espanhóis. Sob esse viés, observamos, também, a contribuição
dos africanos que vieram ao Brasil, trazidos pelos navios negreiros. Para que
pudéssemos compreender a formação do português falado no Brasil, tivemos
que identi�car as diferentes contribuições para a formação da língua falada
no território brasileiro, sendo que uma das mais importantes foi a africana.
No mais, �zemos um paralelo entre o português europeu, utilizado em
Portugal, e o português brasileiro, em que pudemos observar que, por conta
das in�uências da língua de outros países, o nosso português se difere em
vários aspectos do português europeu, não somente no que se refere ao
léxico.
referências
Referências Bibliográ�cas
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