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feridas Anatomia da pele Epiderme -Possui poros, pelos; -Avascular; -Queratinócitos (impermeabilização, proteção de atritos e ressecamento); -Célula Melanócitos (produz a melanina, protege de raios ultravioletas); -Células De Langerhans (responsável pela resposta imunológico); -Células de Merkel (Capta estímulos do ambiente e transmite para o sistema nervoso central – responsável pela sensação do tato); Derme -Vascularizada – possuem vasos sanguíneos; -Nervos, vasos linfáticos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas; -Fibras colágenas (sustentação da pele, força); -Fibras elásticas (elasticidade); Hipoderme -Adipócitos (células gordurosas); -Vasos linfáticos; -Nervos; -Vasos sanguíneos; Funções da pele -Manter a integridade do corpo - Auxilia na resposta imunológica (células de langerhans); -Absorver e excretar líquidos; -Sintetiza vitamina D; -Manter temperatura corporal (células adiposas); -Agir como órgão do sentido/detectar estímulos (célula de merkel); -Exerce papel estético; Feridas Conceito: Perda da continuidade da pele em decorrência de trauma mecânico, físico ou térmico ou que se desenvolva a partir da condição patológica ou fisiológica. Amparo legal: O procedimento de prevenção e cuidado às feridas deve ser executado no contexto do processo de enfermagem, atenderá resolução COFEN 567/2018. Fisiologia da cicatrização A cicatrização da ferida pode ser definida como o processo fisiológico através do qual o organismo restaura e restabelece os tecidos lesionados. FASES DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO Fase inflamatória (48 – 72h) -É uma parte importante dos mecanismos de defesa do corpo essencial no processo de cicatrização. -Possuem dois fenômenos: hemostase e a inflamação . Hemostase – eventos celulares para conter o sangramento /coágulo que protege contra contaminação da ferida; Inflamação – vermelhidão/rubor, calor, dor, edema ( extravasamento de líquidos para o espaço extracelular - edema ). -O sistema imune: - manócitos e neutrófilos fagocitam corpos estranhos. – macrófagos: destroem material inviável e ativam fibroblastos. -SEM INFLAMAÇÃO NÃO HÁ CICATRIZAÇÃO. Fase proliferativa ( 3 - 21 dias) -Inicia normalmente no 4 dia após a lesão; -Nessa fase acontece a formação do tecido de granulação; -Eventos importantes: Neo-angiogênese (formação de vasos sanguíneos - capilares); Fibroblasia (fibroblastos) – síntese colágeno; Epitelização; Fase de maturação A maturação acontece durante a 3 semana; Remodelação das fibras de colágenos (aumento da resistência); Essa fase dura toda a vida da ferida; Ferida passa a possui aspecto grosseiro, esbranquiçado. Obs: As fases de cicatrização são de extrema importância, é processo natural (fisiológico). Quando falta uma dessas fases indica problemas. Obs: A cicatrização acontece das bordas para o centro da ferida. TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 1 Intenção -Processo ocorre dentro do tempo fisiológico esperado; -Aproximação das bordas regulares (é possível fazer sutura); -Não há infecções; -Cicatrização com poucas marcas e fechamento entre 3 e 18 dias; -Não há tecido de granulação. 2 Intensão -Ocorre perda excessiva de tecido com a presença ou não de infecção; -Bordas distantes (não é possível aproximar); -Feridas abertas; -cicatrização acontece por meio da granulação, contração, epitelização. 3 Intensão -Quando há fatores que retardam a cicatrização de uma lesão; -Feridas que estavam fechadas (suturadas) e abriram – tinha ocorrido fechamento por primeira intenção, sendo tratadas posteriormente. -Feridas abertas para tratamento (só após vai ser suturada). Ex: lesão deixada aberta para drenagem de exsudato e depois é fechada. FATORES QUE INTERFEREM A CICATRIZAÇÃO Fatores gerais: -Idade; -Diabetes (compromete todas as fases do processo de cicatrização); -Nutrição; -Oxigenação e perfusão tecidual (fumo); -Estado imunológico; -Medicamentos (uso de corticoides, quimioterápicos); -Infecção; -Hiperatividade do paciente (paciente agitado). Fatores Locais: -Vascularização das bordas da ferida; -Tratamento da ferida (técnicas assépticas usadas, cobertura...); -Grau de contaminação da ferida (como essa ferida foi produzida); -Incontinência; -Pressão na ferida (diminuição do fluxo sanguíneo no local da ferida); Temperatura e umidade (37 graus temperatura ideal); CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS -Quanto a evolução; -Quanto a causa; -Quanto ao grau de contaminação; -Quanto ao comprometimento tecidual. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO DE REPARAÇÃO TISSULAR Aguda: -Reparação ocorre em tempo adequado, sem complicações (ATÉ 60 DIAS). Ex: pequenos traumas. -Na fase inflamatória ocorre apenas o fenômeno: inflamação. Crônica: -Não são reparadas em tempo esperado e apresentam complicações. Ex: úlceras (deve-se investigar o motivo pelo qual está acontecendo essa ferida); -Na fase inflamatória ocorre os fenômenos: hemostase e inflamação. AGENTE CAUSAL DA FERIDA -Incisas ou cirúrgicas: produzidas por objetos cortantes. As feridas limpas são geralmente fechadas por suturas. Agentes: bisturi, etc. -Contusas: são produzidas por objeto rombo e caracterizadas por traumatismo das partes moles, hemorragia e edema. -Lacerantes: são ferimentos com margens irregulares e com mais de um ângulo. Rasgo ou arranchamento tecidual. Ex: mordida de cachorro, acidente com serra). -Perfurantes: são caracterizadas por pequenas aberturas na pele. Predominância da profundidade sobre o comprimento. Ex: bala ou ponta de faca. GRAU DE CONTAMINAÇÃO DA FERIDA Limpas: não apresentam sinais de infecção e feitas em condições assépticas. Probabilidade de infecção é baixa, em torno de 1 a 5%. Limpa-contaminadas: são ferimentos que apresentam contaminação grosseira (ex: acidente doméstico, em ambiente cirúrgicas havendo contato com tratos respiratórios, digestivos, urinário e genital, mas em SITUAÇÕES CONTROLADAS). Risco de 10%. Contaminadas: feridas acidentais com mais de 6 horas de trauma (feridas abertas por horas). Técnicas assépticas não são respeitadas. Infectadas: são aquelas que apresentam sinais nítidos de infecção como edema, calor, rubor, dor, secreção purulenta. BIOFILME Deposição de microrganismos numa superfície, é formado a partir da colonização destes. Aspecto brilhoso, camada fina translúcida. CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS Estágio 1: Comprometimento da epiderme (pouco comprometida); Estágio 2: comprometimento da epiderme, derme; Estágio 3: comprometimento epiderme, derme, hipoderme; Estágio 4: destruição total do tecido, lesão óssea, muscular ou necrose tissular. RISCO DO PACIENTE DESENVOLVER LESÃO Escala de Braden (alto risco, risco moderado, pequeno risco). COMO ENFERMEIRO AVALIA UMA FERIDA? -Iniciar abordagem com anamnese e exame físico. (história do paciente, aspectos sociais e etc.) Avaliar a ferida em todos os aspectos -Características do tecido -Características das bordas -Características do exsudato (cor, volume, odor) -Características da região perilesional -Mensuração da lesão (medição da área lesionada e profundidade). TIPOS DE TECIDO Tecido viável -Tecido formado no processo de cicatrização, com objetivo de reconstituição da área lesada. -Tecido de granulação: vermelho vivo, altamente vascularizado, tecido saudável, ferida cicatrizando. -Tecido epitelização: tecido de cor rosada, indicativo de encerramento da ferida, surgea partir das margens. Tecido inviável Tecido desviabilizado, geralmente composto por necrose ou esfacelo, relacionado aos diferentes níveis de morte tecidual. -Tecido necrosado: geralmente de coloração preta (deve ser retirado), consistência dura (necrose seca/ascara) ou mole (necrose úmida). -Esfacelo: tecido necrosado de consistência delgada (amarelado) – excesso de fibrina. (deve ser retirado). -Hipergranulação: excesso de tecido de granulação, que se forma para além do nível do leito da ferida, gerando tensão nos bordo. Impede a migração das células epiteliais basais e consequentemente a cicatrização. -Maceração: resultado de umidade excessiva (exsudato) nas superfícies epiteliais, conferindo ao tecido perilesional aspecto esbranquiçado. (deve-se diminuir a umidade/molhar menos). -Hiperqueratose: espessamento excessivo da pele causado por atrito frequente. Este espessamento contribui diretamente no aumento do leito da lesão se não removido. Formação de tecido caloso ao redor da ferida. (impede a migração das células epiteliais). TIPOS DE EXSUDATO Exsudato: liquido / secreção Sanguinolento: fino, vermelho, ruptura de vasos. Seroso: fino, aguado e claro, baixo conteúdo proteico originado do soro sanguíneo ou das secreções serosas das células, observando nas reações inflamatórias agudas e nos estágios precoces da infecção bacteriana. Purulento: fino ou expresso de coloração marrom opaco para amarelo, composto por leucócitos e proteínas, produzido por um processo inflamatório. Sero-sanguinolento Seroso + sanguilento OBSERVAR NO EXSUDATO -Volume: ausente, pouco, moderado e em grande quantidade. -Tipo: seroso, sero-sanguinolento, sanguinolento e purulento. -Odor: ausente, discreto, moderado e forte. TIPOS DE BORDAS Bordas: aderida, descolada, hiperemiada, macerada, hiperqueratose e solapamento (túnel). Pele perilesional -Normal (hidratada, cor e temperatura normal); -Desidratada (seca, descamativa e pruriginosa); -Mancha ocre (comum em paciente com varizes, manchas marrons ou avermelhada); -Hiperpigmentada e escura; -Temperatura fria ou quente; -Hiperemia; -Edema. MENSURAR UMA FERIDA Técnica de mensuração da área lesada: -Realizar limpeza da ferida conforme técnica de soro em jato. -Colocar papel filme estéril ou parte interna da gaze sobre a ferida. -Desenhar o contorno da ferida com caneta para retroprojetor. -Traçar linha na maior extensão vertical e maior extensão horizontal formando um ângulo de 90 graus entre as linhas. - Fotografar para observar evolução. Resumo: Colocar o papel estéril da gaze na ferida, desenhar contorno da ferida, traçar uma linha na horizontal e vertical, multiplicar uma pela outra e descobrir a área. MENSURAR PROFUNDIDADE -Limpar ferida; -Introduzir espátula estéril ou seringa de insulina estéril, sem agulha, sonda uretral n⁰ 6 ou 8; -Marcar no instrumento o ponto mais próximo da borda; -Medir com uma régua o segmento marcado e anotar resultados em cm para comparação posterior; -Deve-se respeitar o orifício no qual se realiza a medição e ter o cuidado para não amplia-lo durante o procedimento. MENSURAÇÃO DO SOLAPAMENTO Técnica de mensuração do solapamento da ferida -Fazer a medição do solapamento (tuneis). Usando a técnica dos horários. -Fazer introdução de uma sonda número 10 na ferida. -Identificar o ponto de maior descolamento tecidual (direção em horas). -A referência de 12 horas deve estar sentido cefálico. -Realizar marcação e medição. -Fazer o registro, contendo o tamanho (cm) e direção (horas) da medida realizada. TRATAMENTO DA FERIDA Princípios RYB -Proteger a cor vermelha – RED – granulação -Limpar amarela – YELLOW – necrose de linquifação – esfacelo -Desbridar a cor preta – BLACK – necrose de coagulação Prioridades RYB 1- Tratar inicialmente a cor preta – BLACK 2- Em seguida a amarela YELLOW, 3- Finalmente a vermelha – RED CURATIVO X COBERTURA Curativo: Procedimento como um todo, limpeza, desbridamento e cobertura. O curativo tem como objetivo promover a rápida cicatrização e prevenir contaminação e infecção. Cobertura: É a utilização de produtos sobre a ferida. COMO É UM CURATIVO IDEAL? -Mantém a umidade (meio precisa esta úmido); -Remove o excesso de umidade (tem que absorver esse excesso); -permite trocas gasosas; -Fornece isolamento térmico; -Impermeável a bactérias; -Permite a retirada sem trauma. OBS: No curativo de limpar da área menos contaminada para a área mais contaminada. (para evitar contaminação geral da ferida). OBS: na Incisão Cirúrgica área menos contaminada: incisão cirúrgica. Área mais contaminada: pele perilesional. Ferida aberta: área mais contaminada: dentro da ferida. Área menos contaminada: pele perilesional. CURATICO SECO Recomendado em feridas cirúrgicas limpas, drenos e catetes, pois nesse casos a umidade é fator de risco para proliferação bacteriana e risco de maceração. CURATICO ÚMIDO Protege as terminações nervosas superficiais, diminuindo a dor, acelera a cicatrização, previne a desidratação tecidual. LIMPEZA DA FERIDA -Remover produtos químicos, corpos estranho, fontes de infecção da superfície da ferida por pressão hidráulica. -Feita geralmente com soro fisiológico -irrigação com jatos de soro fisiológico (PRESSÃO IDEAL) -Remover tecido frouxamente aderidos -Preservar tecido de granulação -Produto para melhor resultado: PHMB No ambiente hospitalar e ambulatorial a limpeza deve ser realizada com técnica estéril utilizando: -Soro fisiológico -Gaze estéril -Luvas estéreis Ambiente domiciliar (técnica limpa) Ambiente hospitalar (técnica estéril) No ambiente hospitalar existem microrganismos patogênicos, havendo risco de infecção. DESBRIDAMENTO -Remoção de tecido desvitalizado -O método de desbridamento mais apropriado dependera das características e do tipo da ferida, da quantidade de tecido necrótico. -podendo ser: autolítico, instrumental, enzimático, mecânico, cirúrgico, biológico. DESBRIDAMENTO AUTOLITICO -Degradação que ocorre de maneira natural, para que possa acontecer o leito da ferida deve ser mantido úmido e temperatura em torno de 37 graus. (Geralmente o soro de ser aquecido). -É indolor. -É mais lento. DESBRIDAMENTO ENZIMÁTICO -Remoção mais rápida do tecido desvitalizado por degradação do colágeno. -Ex: papaína, kollagenase (atua nos tecidos desvitalizados). DESBRIDAMENTO MECÂNICO -Remoção do tecido desvitalizado com uso de força física empregada por meio de fricção. Pode ser usada fricção com gaze, irrigação com soro e instrumental cortante. DESBRIDAMENTO INSTRUMENTAL Remoção do tecido inviável com uso de lamina de bisturi, pinças e tesoura. DESBRIDAMENTO CIRÚRGICO -Remoção completa do tecido necrótico, realizado em contexto de bloco operatório sob anestesia. DESBRIDAMENTO BIOLÓGICO -É realizado pela utilização de larvas cujos ovos passaram por esterilização. -As larvas secretam agentes proteolíticos e antibacterianos que liquefazem a necrose e a absorvem. COBERTURAS Pasivas: protegem e cobrem a ferida. Interativas: absorve e gera um gel, mantém o ambiente úmido e facilita a cicatrização.. Bioativas: absorve exudato, gera gel e fornecem elementos necessários a cicatrização, estimulando a cura. Primárias: são aquelas colocadas diretamente sobre a ferida. Protegem e cobrem. Obs: gaze não deve ser uma cobertura primária. Secundária: são aquelascolocadas sobre as coberturas primárias, quando necessário. FINALIDADE DAS COBERTURAS -Ser impermeável à água e outros fluidos, permitindo as trocas gasosas; -Ser de fácil aplicação e remoção, sem causar danos. -Auxiliar na hemostasia; -Proteger a úlcera contra traumas mecânicos e contra infecções; -Limitar o movimento dos tecidos ao redor da úlcera; -Promover um ambiente úmido; -Absorver secreções; -Promover o desbridamento; -Aliviar a dor; -Proporcionar condições favoráveis às atividades da vida diária do doente.