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Heloiza Bernardes Sistema Endócrino EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA DA PINEAL: - A glândula pineal tem origem embriológica a partir de um divertículo mediano que se forma na parte caudal do teto do diencéfalo (região posterior de placa alar) a partir do neuroepitélio do tubo neural, de onde ocorre a proliferação de células, dando origem a uma glândula sólida e cônica. - Os neuroblastos e glioblastos presentes no neuroepitélio vão se diferenciar e produzir o parênquima da glândula pineal. - A função da glândula pineal é produzir melatonina. - Revestimento: A região da glândula pineal é revestida pelas meninges pia-máter e aracnóide. Ressaltando-se que a pia-máter emite septos para dentro da glândula pineal. - Características celulares: A pineal possui pinealócitos e astrócitos na matriz extracelular. - Os pinealócitos são os neurônios da pineal desprovidos de axônios e com formato poligonal, que têm origem a partir das diferenciações de neuroblastos. Embora não contenham axônios, os pinealócitos possuem prolongamentos, chamados de terminações perivasculares, que se comunicam com os capilares fenestrados para promover a secreção hormonal. No em torno dos capilares fenestrados, as terminações podem formar dilatações bulbosas. - Além disso, existem prolongamentos dentro das células, chamados de fitas sinápticas, que facilitam a secreção dos produtos hormonais da pineal. - Os hormônios são liberados em grânulos pelas terminações perivasculares, contendo serotonina que é matéria prima de síntese da melatonina. - Matriz extracelular rica em concreções calcárias (areia cerebral): À medida que a pineal produz suas substâncias, ela produz sais que se acumulam e formam concreções calcárias (areia cerebral) na matriz extracelular da glândula. - No adulto, a pineal tem seu tamanho reduzido devido à glândula ser muito ativa até a fase de amadurecimento sexual. - OBS.: Problemas na pineal podem ocasionar desenvolvimento sexual precoce. Além disso, em lugares onde o período do dia é maior, como no Amazonas, as meninas amadurecem sexualmente mais cedo, pois a luz interfere no funcionamento da pineal. MECANISMO DE LIBERAÇÃO DE MELATONINA PELA PINEAL: Durante o dia: Pineal não libera melatonina, mas libera serotonina. - Mecanismo de ação: Durante o dia a luz atinge o olho, chega até as células ganglionares específicas da retina que formam o trato retino-hipotalâmico, onde os axônios desse trato chegam até o núcleo supraquiasmático (NSQ), estimulando-o para promover a liberação de glutamato que é um neurotransmissor excitatório. Os neurônios do NSQ vão liberar GABA que é um neurotransmissor inibitório, inibindo então o núcleo paraventricular que tem neurônios glutamatérgicos. Esses neurônios não estimulam a coluna intermédio-lateral, a qual não promove liberação de acetilcolina pelos neurônios pré-ganglionares. Isso evita a estimulação dos neurônios pós-ganglionares do gânglio cervical superior a liberarem noradrenalina, ou seja, não ocorre estimulação dos pinealócitos para produzir melatonina durante o dia. Glândula Pineal Heloiza Bernardes Sistema Endócrino - Durante o dia, o aminoácido triptofano se converte em serotonina. - OBS.: Os axônios do núcleo paraventricular fazem projeção para a coluna intermédio-lateral da medula torácica (parte simpática). Durante a noite: O NSQ é inibido e o núcleo paraventricular junto ao VLPO é estimulado. - Mecanismo de ação: Como não tem estímulo luminoso, o trato retino-hipotalâmico não libera glutamato no NSQ, deixando-o inibido. Essa inibição do NSQ deixa de liberar GABA para o núcleo paraventricular (NVH) e isso permite a liberação de glutamato pelo mesmo. O glutamato liberado estimula a coluna intermédio-lateral a liberar acetilcolina pelos neurônios pré-ganglionares no gânglio cervical superior. Assim, o gânglio cervical superior é estimulado e vai liberar então noradrenalina pelos neurônios pós- ganglionares que determinarão a produção de melatonina pela glândula pineal. - A produção de melatonina: É induzida pela noradrenalina que se liga a proteína G para estimular cascatas enzimáticas (serotonina N-acetiltransferase) de conversão da serotonina em melatonina. AÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA MELATONINA: - Quando produzida e liberada, a melatonina atua em receptores das células do organismo. Os receptores são MT1, MT2, MT3 e MT4. Além disso, ela tem capacidade de atravessar barreiras, como a barreira hematoencefálica, pois tem característica anfifílica (dupla polaridade). - Receptores MT1 e MT2: Estão acoplados a proteína G, inibindo a produção de segundos mensageiros, como AMPc, para que não haja produção de moléculas. Células ganglionares da retina e NSQ possuem esses receptores que, durante a noite, inibem a produção de GABA pelo NSQ. - Receptor MT3: É um receptor que está no citoplasma da célula, atuando como enzima. Durante o dia são inibidos: Coluna intermédio-lateral, gânglio cervical superior, núcleo pré-óptico ventrolateral do hipotálamo (VLPO) e núcleo paraventricular. Heloiza Bernardes Sistema Endócrino - Ação da melatonina sobre o GnRH (hormônio estimulador da adeno-hipófise na produção de FSH e LH): Age inibindo o núcleo arqueado para que não haja produção desse hormônio. - A melatonina além de ser produzida na pineal, também é produzida na retina, no trato gastrointestinal e no sistema imune inato, onde atua como substância antioxidante no combate a radicais livres. Ação anti-inflamatória da melatonina: - Inibição da formação de óxido nítrico (vasodilatador); - Inibição da via da cicloxigenase; - Inibição da apoptose por meio do aumento dos níveis de BCL-2 (inibe a apoptose) e da redução dos níveis de BAX (estimula a apoptose) e caspase-3. - Estimula a atividade dos linfócitos TCD4+ e TCD8+. Esses linfócitos quando ativados produzem interleucinas que podem inibir a produção de melatonina na pineal – isso configura um mecanismo de feedback de regulação da produção de melatonina. Ação antioxidante da melatonina: - Atua prevenindo o envelhecimento, por exemplo; - Atua combatendo radicais livres, por meio da doação de elétrons pelo anel indol aromático, que reduz o estresse oxidativo; - Aumenta a expressão de moléculas antioxidantes, por meio dos receptores MT1 e MT2, que estimulam as enzimas superóxido dismutase e glutationa peroxidase; - O receptor MT3 atua destruindo radicais livres por meio da estimulação da enzima quinona redutase (QR2) – que é uma enzima desintoxicante; - A melatonina que está presente no interior das mitocôndrias atua neutralizando o estresse oxidativo. Ação analgésica da melatonina: - Atua reduzindo a dor nocioceptiva pela modulação da produção de GABA e da liberação de endorfinas pela hipófise. - Receptor de glutamato do tipo NMDA – é um receptor que tem íon magnésio no meio do canal – esse canal é inativado pela melatonina porque ele colabora para intensificar a dor.
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