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CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 Câncer colorretal 1 EPIDEMIOLOGIA • Terceira causa de morte por neoplasia nos EUA, tanto em homens quanto em mulheres • Previsão de ocorrência é em torno de 6% - Homens: 1 para cada 18 - Mulheres: 1 para cada 20 NO BRASIL FATORES DE RISCO • Formas hereditárias e familiares de câncer colorretal, maior chance • Doença inflamatória intestinal (retocolite ulcerativa e doença de crohn) devido a cicatrização que a doença leva • Idade > 50 anos (atualmente mudando para 45) • Dieta altamente calórica, obesidade • Alto consumo de carne vermelha, ainda não se sabe especificamente o motivo • Excesso de consumo de bebida alcoólica e tabagismo • Estilo de vida sedentário, ligado a obesidade FATORES PROTETORES • Dieta rica em fibras • Vitaminas antioxidantes: A,C e E • Alimentos frescos como vegetais e frutas • Uso de anti inflamatórios não esteroidais pois provocam diminuição da evolução de pólipos edematosos CLASSIFICAÇÕES DO CA COLORRETAL • Câncer colorretal hereditário (5%) - Síndromes hereditárias associada ao CCR: PAF polipose adenomatosa familiar (1%) risco muito elevado de desenvolvimento do CCR, CCRNPH não poliposa hereditária (3-5%) • Câncer colorretal familiar (20-25%): história familiar presente, porém não relacionadas a síndromes (gene MYH) • Câncer colorretal esporádico (70%): não apresenta história familiar, tem início a partir os 50 anos SÍNDROMES CCR HEREDITÁRIO • Câncer de cólon não polipose hereditário • Síndromes de pólipos hamartosos - Peutz-Jeghers - Polipose juvenil • Síndromes de polipose adenomatosa - Polipose adenomatosa familiar - Síndrome de turcot ® CCRNPH: desenvolvem tumores mais cedo (1 a 2 anos), ao contrário dos outros tipos que levam de 5 a 15 anos CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 2 Síndrome de Peutz-Jeghers SÍNDROME DE LYNCH • 3% de todos os CCR • 15% dos casos de CCR em pacientes com história familiar • Idade média de desenvolvimento do CCR é 44 anos • 70% dos CCRNPH – é no cólon direito • Maioria são adenocarcinomas mucinosos ou pouco diferenciados • Ocorre pelo mau funcionamento de genes ligados ao reparo do DNA (MSH – 2p21, MsH6h – 2p16) CRITÉRIOS CONTROLE • Tratamento controverso • Colonoscopia a cada 2 anos até os 35 anos • Após os 35 anos deve ser feita colonoscopia anual • Ao detectar o câncer deve-se realizar colectomia total, com anastomose íleo-retal • Em mulheres: histerectomia total e salpingo- oforectomia bilateral além da colectomia à 40% de chance de desenvolver câncer de endométrio POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR (PAF) • Mutação germinativa no gene APC – 5q21 à gene supressor tumoral • Desenvolvimento de múltiplos pólipos > 100 - Idade média de 16 anos • Risco de CCR 100% - Idade média de 39 anos CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 3 TRATAMENTO • Remoção de toda a mucosa coloôica e retal afetada • Protocolectomia total com anastomose íleo-anal (bolsa ileal) • Acompanhado de mucosectomia retal distal TRATAMENTO DO PACIENTE COM POUCOS PÓLIPOS • O cólon é ressecado e confecciona-se anastomse entre íleo e reto ® O câncer retal é quase 3 x maior em pacientes com PAF com mutação após o códon 1250 do que em pacientes com mutações antes deste códon CÂNCER COLORRETAL FAMILIAR • Risco de CCR aumenta para membros da família • Especialmente se caso base jovem < 50 anos • 2 x mais chance de desenvolver CCR SEQUÊNCIA ADENOMA – CARCINOMA • Processo pelo qual a maioria dos canceres colorretais evoluem • Pólipos benignos à carcinoma invasivo • Adenomas maiores abrigam câncer com maior frequência • Adenoma 1 cm tem 5% de chance de ser câncer • Adenoma 2cm ou maior tem 35% de chance de ser câncer • Pólipos benignos foram observados desenvolvendo câncer à pacientes que fizeram colonoscopia e acharam-se pólipos, após 5 anos a maioria tinha câncer naquele lugar • Remoção de pólipos diminui a incidência de câncer • Populações de alto risco também apresenta alta prevalência de pólipos CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 4 PÓLIPOS COLORRETAIS • Massa que se projeta para o lumen do intestino • Classificados pela sua aparência: pediculados / sésseis • Classificação histológica - Adenoma tubular: 65 a 80% de todos os pólipos - Adenomaviloso: 5 a 10% - Adenoma tuboviloso: 10 a 25% ® Os com maior chance de malignização são os vilosos e tubulovilosos CLASSIFICAÇÃO DE HAGGT • Pólipos sésseis são piores de tratar e possuem pior invasão CÂNCER COLORRETAL ESPORÁDICO • 70% dos tumores colorretais • Existem diferenças significativas no diagnóstico e tratamento dos tumores do cólon e reto • Apresentação clínica: 1. Sinais ou sintomas suspeitos 2. Indivíduos assintomáticos – triagem de rotina 45 anos 3. Admissão de emergência – obstrução intestinal TRIAGEM (SANGUE OCULTO NAS FEZES) • Ou o paciente faz rastreio por colonoscopia a partir dos 45 anos de idade, de 10 em 10 anos, ou sangue oculto nas fezes anualmente (porem dá muito falso positivo e o paciente não adere ao diagnóstico), se positivo realizar colonoscopia RASTREIO SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA • Alterações no hábito intestinal • Presença de sangue nas fezes • Hemorragia digestiva baixa CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 5 • Sensação de que o intestino não esvaziou após a evacuação • Dor no abdome inferior ou região perianal • Distensão e dor abdominal • Mudança na consistência e/ou forma das fezes • Perda de peso • Anemia ferropriva: perda de sangue visível ou oculto • Tenesmo, constante necessidade de defecar CÂNCER NO CÓLON DIREITO • Devido ao grande diâmetro do cólon direito e paredes mais finas (mais distensível), demora para realizar obstrução à fezes liquidas • Anemia e predomínio de diarreia CÂNCER NO CÓLON ESQUERDO • Diâmetro menor e paredes mais espessas (pouco distensível) • Tumor ocupa a luz de forma mais rápida causando obstrução parcial com sinais e sintomas mais precoces • Predominância da constipação intestinal, suboclusão ou até obstrução total CÂNCER DE RETO • Principais sinais e sintomas são o sangramento e o tenesmo PREVALÊNCIA DO CCR NOS SEGMENTOS • Câncer de cólon ascendente e ceco (30%) • Câncer no cólon sigmoide (25%) • Câncer de reto (20%) • Câncer no cólon descendente (15%) • Câncer no cólon transverso (10%) Diagnóstico • Anamnese (história familiar) + exame físico (toque retal) EXAMES CONFIRMATÓRIOS • Enema opaco • Retossigmoidoscopia flexível • Colonoscopia: exame padrão ouro no diagnóstico de CCR (exame diagnóstico e terapêutico) • Coleta de tecido para análise histológica (colonoscopia ou amostra cirúrgica) • Histologia predominante: adenocarcinoma 95% Enema opaco com o sinal da maçã mordida Polipectomia por colonoscopia CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 6 COLONOSCOPIA AVALIAÇÃO • Avaliação pré-operatória / condições gerais do paciente • CEA – antígeno carcinoembrionário deve ser dosado (baixa sensibilidade diagnóstica 46%) mas com efeito prognóstico muito bom • Estadiamento: avaliação locorregional e sistema (TNM) • RX de abdome total • RNM pelve • US de abdome trans-retal (US abdominal simples não é muito usado) • PET-CT US transretal MARCADOR TUMORAL – ANTÍGENO CARCINOEMBRIONÁRIO • CEA aumentado: 95% de chance de ser lesão bem diferenciada, 30% de ser pouco diferenciada. Mais utilidade prognóstica do que diagnóstica • CEA aumentado e não normaliza no pós- operatório: indica lesão persistente • CEA que aumenta no pós-operatório: indica doença recorrente MECANISMOS DE DISSEMINAÇÃO DO CCR • Parede do intestino: gordura pericolônica (mesocólon)• Invasão de órgãos adjacentes • Invasão de condutos linfáticos até linfonodos regionais • Através da veia porta para o fígado, pulmões e ossos • Disseminação peritoneal: carcinomatose peritoneal CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 7 ESTADIAMENTO CCR • Sistema TNM • Tipos: - Pré-operatório - Intra-operatório - Pós-operatório • Objetivo - Estabelecer prognóstico - Escolha da técnica cirúrgica - Selecionar grupos para tratamento adjuvante Estágio 0. Tis, N0, M0. Estágio I. T1 ou T2, N0, M0. Estágio IIA. T3, N0, M0. Estágio IIB. T4a, N0, M0. Estágio IIC. T4b, N0, M0. Estágio IIIA. T1 ou T2, N1/N1c, M0; T1, N2a, M0 Estágio IIIB. T3 ou T4a, N1/N1c, M0; T2 ou T3, N2a, M0; T1 ou T2, N2b, M0. Estágio IIIC. T4a, N2a, M0; T3 ou T4a, N2b, M0; T4b, N1 ou N2, M0. Estágio IVA. Qualquer T, qualquer N, M1a. Estágio IVB. Qualquer T, qualquer N, M1b. Estágio IVC. Qualquer T, qualquer N, M1c. Tratamento ESTADIAMENTOS 0 E I • Ressecção cirúrgica oncológica exclusiva • Probabilidade de cura: 90% • Sem indicação de tratamento adjuvante ESTADIAMENTO II • Ressecção oncológica com retirada apropriada de linfonodos • Quimioterapia adjuvante: estratificação de risco - Indicada quando: tumor perfurado, obstrutivo, células em anel de sinete, aneuploides, indiferenciados, invasão perineural ou linfovascular, subestadiados 12 linfonodos (menos de 12 linfonodos ressecados à deve haver 12 ou mais linfonodos negativos para considerar bom estadiamento) - Quimioterapia: fluorpirimidina oral (capecitabina) ou 5-FU + leucovorin ESTADIAMENTO III • Ressecção oncológica com retirada apropriada de linfonodos até a origem do vaso que nutre o tumor CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 8 • Quimioterapia adjuvante: - mFOLFOX 6: oxaliplatina, leucovorin e 5-FU - FOLFOX 4: oxaliplatina, leucovorin - XELOX: oxaliplatina e capecitabina ESTADIAMENTO IV • Tratamento pode ser baseado em tratamento sistêmico exclusivo: não podem haver sinais de obstrução intestinal ou sangramento • Considerar ressecção das metástases: obrigatória a ressecção do tumor primário (intento curativo) • Quando possível, a ressecção das metástases é fator associado a ganhos significativos na sobrevida • mFOLFOX 6 + cetuximabe ou bevacizumabe TIPOS DE TRATAMENTO CIRÚRGICO A) Colectomia D à ressecada ileocólica e cólica direita B) Colectomia D ampliada à ressecada ileocólica, colica direita e cólica média C) Transversectomia D) Colectomia esquerda E) Sigmoidectomia F) Retossigmoidectomia G) Anastomose coloanal H) Amputação do reto RECIDIVA LOCORREGIONAL • Ressecção cirúrgica do local da recorrência, seguida de radioterapia nos casos selecionados • Considerar tratamento quimioterápico neoadjuvante e adjuvante CEA EM ELEVAÇÃO • Identificar o local da recidiva: local ou metastática • TC de abdome total, TC de tórax • PET-CT indicado se disponível TUMORES DE RETO ESTADIAMENTOS 0 E 1 • Lesão bem ou moderadamente diferenciada, sem invasão vascular e perineural, sem componente mucinoso - Reto baixo: ressecção local transanal. Importante que o tumor seja móvel, <3 cm e < 30% de luz no órgão - Reto médio e alto: resseção anterior baixa com ressecção do mesoreto. Margens proximal e distal (5cm e 2cm) • Lesão indiferenciada, com invasão vascular e perineural, com componente mucinoso - Reto baixo: ressecção local transanal + QT e RDT adjuvantes CIRURGIA Luísa Lavall Dill – UCPEL, ATM 23 9 - Reto médio e alto: resseção anterior baixa com ressecção do mesoreto. SEM tratamento adjuvante ESTADIAMENTOS II E III • Obrigatório realizar tratamento neoadjuvante - Quimioterápicos: 5-FU + leucovorin à resposta patológica 20% - Radioterápico (4000 a 5040 cGy) 6 a 8 semanas + ressecção anterior baixa com ressecção total do mesoreto Margem da ressecção distal deve ter pelo menos 2 cm • Sempre que possível preservar o esfíncter anal • Lesões que não é possível margem de ressecção deve ser feito amputação abdomino-perineal do reto – cirurgia de miles • Linfonodos + no espécime cirúrgico à QT adjuvante ESTADIAMENTO IV • Metástases ressecáveis ou potencialmente ressecáveis: tratamento quimioterápico sistêmico + RDT de reto • Reavaliação após tratamento; ressecção das metástases e tumor primário • Pacientes inoperáveis / irressecáveis: tratamento quimioterápico paliativo
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