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Laura Bandeira Cerviño
 História do Direito Brasileiro – 2017.1 
 Professor Marcus Seixas 
Em 1822 surgiu o direito brasileiro, ainda muito influenciado pelo direito português
sendo este uma união entre o Direito Romano Vulgarizado e o Direito Romano
Clássico.
Império Romano do Ocidente
Após a ocupação romana pelos germânicos, houve uma fusão entre as culturas.
Os germanos saquearam e destruíram as cidades romanas ocasionando um êxodo
urbano. Com o crescimento do meio rural surge um novo modo de produção, 
ligado à
terra.
Devido à convivência ocorre entre os romanos e germânicos uma fusão linguística
(germânicos aprenderam o latim por causa da escrita), religiosa (conversão dos
germâncios ao catolicismo, antes disso eram politeístas) e jurídica (mistura entre o
direito romano com leis e doutrina, baseado nas leis, e o direito germânico,
consuetudinário- Civil Law)
Obs: doutrina é o conjunto de opiniões dos jurisconsultos (especialistas) que se
transformaram em livros.
Com o enfraquecimento do Direito Romano Clássico e a fusão entre o mesmo e 
os
costumes dos germânicos, o DRC se perdeu e deu lugar ao Direito Romano
Vulgarizado.
Império Romano do Oriente
O imperador Justiniano desejava implantar uma reforma jurídica e para isso pediu 
aos
seus melhores juristas que compilassem todo o corpo do direito em uma só obra, 
o
chamado Corpus Juris Civilis. Após a morte de Justiniano, os exemplares do CJC 
s e
perderam e foram achados apenas séculos depois,na baixa Idade Média quando
substituiu o DRV.
Laura Bandeira Cerviño
Surgimento do Estado Português
Um nobre s enhor militar chamado Henrique foi agraciado com um pedaço de terra que
havia sido retomado dos mouros, o chamado Condado P ortucalense. Por defender 
seu
condado, ficou conhecido como protetor da região pelas outras cidades que 
aclamaram
para que o Conde virasse seu Rei. Ele então pediu ao Papa que reconhecesse o condado
como o Reino, surgindo assim o Reino Português.
Nesta época, o direito português era baseado nos costumes, e não nas leis. Para 
as leis
serem criadas, existiam as cortes, onde o Rei se reunia com a nobreza para 
aprovar as
mesmas. Durante o período medieval, Portugal passou por uma fase de pluralismo
jurídico (mais de uma ordem jurídica existente em um mesmo território, em que o
direito era composto pelas leis romanas (CJC), pelo direito canônico (da igreja) e pelos
costumes que já existiam. Durante este período, o direito comum (o romano e canônico-
ius commune) só entrava em vigor quando o direito consuetudinário (ius proprium- leis
e costumes de cada país) não apresentava norma equivalente. Embora o ius 
commune
fosse subs erviente ao ius proprium, o primeiro era mais utilizado, uma vez que o 
ius
proprium era menos completo.
O Rei de Portugal aumenta a quantidade de leis (ius proprium), diminuindo a utilização
do ius commune, embora aumentasse a influência do direito romano, uma vez que 
a
nova legislação portuguesa era baseada neste, inclusive na linguagem jurídica. Com 
o
grande aumento da quantidade de leis, lembrar de todas elas pass ou a ser uma 
tarefa
difícil e por iss o foi solicitado que o rei compilasse as leis Portuguesas em 
documentos
chamados Ordenações. Foram elas as ordenações Afonsinas (1448), Manuelinas (1514)
e Filipinas (1603).
!Ordenações Filipinas: 
!Livro I: Administração Pública e da Justiça
!Livro II: Igreja x Reino: regras feudais 
!Livro III: direito processual civil
!Livro IV: Direito civil
!Livro V: Direito e processo criminal – finalidade de coibir condutas que
violem os preceitos da Igreja Católica. Caráter moralizador, condenava
crimes de feitiçaria, traição (Lesa Majestade), etc
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Hierarquia da Justiça
O Rei atuava também como Juiz, interferindo nos assuntos da justiça. Nesta época 
era
natural que os juízes desempenhassem outras funções além da de julgar. Nesta época 
a
jurisdição (poder de aplicação das leis) estava nas mãos do Rei, mas devido ao 
fato de
este não ter tempo para julgar todos os casos , este poder foi delegado, criando assim 
as
Jurisdições Municipais, Senhoriais e da Coroa, s endo que esta última julgava apenas os
casos de maior relevância.
�Municípios - são maiores vilas e cidades que pleiteavam à Coroa para se
transformarem em municípios, a quem era concedida uma Carta de Foral-
documento que regulamenta direitos e deveres, privilégios e obrigações do
município para com a Coroa (a presença de um Pelourinho na praça dos
municípios estava diretamente ligada à Carta, pois simbolizava o poder e a
autoridade municipais). Tinham autonomia para tomar suas decisões e tinham na
Câmara Municipal um mecanismo de comunicação com a Coroa. Os
representantes da Câmara deveriam ser os chamados “homens bons’’ (homens,
chefes de família, que possuíssem título de nobreza ou uma riqueza que os
destacasse e que tivessem “sangue limpo”, sem pelo menos 3 gerações de
antepassados judeus). A Câmara tinha autonomia para produzir as “posturas”,
leis que tratavam apenas de interessos do município. Quem exercia as leis nos
municípios eram os Juízes Ordinários, que tinham mandato fixo de 1 ano, não
preciavam ter formação, eram es colhidos pelos vereadores (homens bons) e
resolviam apenas as questões pequenas.
�Senhorios – eram terras doadas pelo Rei (esquema de vassalo x susserano) com
a obrigação de tornar a terra produtiva. Para poderem ser agraciados com elas,
os senhores deveriam ter dois documentos jurídicos: Carta de Doação – servia
para indicar os limites geográficos da terra doada, o eventual herdeiro e
eventuais direitos à terra doada que seriam conferidos ao senhor Ex: poder
jurisdicional e a Carta de Foral- que regulamentava direitos e deveres,
privilégios e obrigações do senhorio para com a Coroa. Quem julgava as
questões do senhorio eram o próprio Senhor e um ouvidor (designado pelo
Senhor para cuidar dos casos em seu lugar, devido à grande quantidade de
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questões a serem resolvidas. Tinha que ser letradoe tinha mandato de no máximo
3 anos, na teoria). J ulgavam os casos que já haviam sido levados para a
jurisdição municipal mas sofreram recurso, quando se tratava de um caso que
tenha acontecido dentro do município mas que o juíz ordinário não tenha
jurisdição para julgar, questões de maior complexidade e questões de baixa
complexidade mas que tenham acontecido fora de um município.
�Acima da jurisdição municipal e da senhorial estava a da Coroa, representada
pelo Ouvidor Geral, que julgava todos os assuntos, no tribunal chamado Relação
da Baía.
�Acima deste estava o mais altotribunal portugûes, chamado Casa de Suplicação,
no entanto, poucos casos chegavam até ele, devido)
�Acima de todos estava apenas o Rei, que raramente julgava algum caso.
Iluminismo
Seu principal impacto no direito portugûes foi uma nova tendência de centralização
e racionalização da administração portuguesa, pois após a disseminação das ideias
iluministas, cresce em Portugal a ideia de que o Estado é extremamente mal
administrado e precisa ser centralizado. P ara isso acontecer era necessário um
homem forte para vencer as adversidades, por isso quem administrava o país na
época era Marquês de Pombal (atuava como primeiro-ministro) que adotou várias
reformas que mudaram o s istema de fontes do direito português (estabelecidas pelas
Ordenações Filipinas):
Ius Proprium-
Leis - Rei
Costumes - povo
Estilos (jurisprudência) – tribunais
 Ius Commune-
Direito Canônico - Igreja
Direito Romano - Corpus Juris Civilis