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gestão empresarial OrganizaçãO, SiStemaS e métOdOS Teoria de SiSTemaS OrganizaçãO, SiStemaS e métOdOS Teoria de SiSTemaS ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da UA o aluno deverá ser capaz de aplicar a Teo- ria de Sistemas em uma empresa. COmpetênCias Utilizar a Teoria de Sistemas como uma ferramenta de monitoramento contínuo dos processos de uma orga- nização. Habilidades Aplicar técnicas para monitoramento contínuo dos proces- sos de uma organização com base na teoria de sistemas. 1 ApresentAção Até o século XVII as pessoas interpretavam a si mesmas e a sociedade com uma visão mística e teológica. Com o avanço da física, da matemática e da mecânica, as pessoas passaram a encarar a sociedade e a si mes- mas conforme um modelo mecanicista, muito similar aos modelos utilizados pelas ciências exatas. Assim como os modelos mecânicos aconteceram numa era de progresso da Física, o modelo orgânico da sociedade foi inspirado pelos progressos da Biologia. A Teoria de Sistemas é um método de lidar com orga- nizações de elevado grau de complexidade e diferencia- ção, propiciando subsídios ao tratamento planejado da transição, ou seja, da trajetória dos sistemas administra- tivos ou da mudança propriamente dita. Assim, ela pode ser utilizada para a tomada de deci- sões e ações inerentes em uma determinada porção da estrutura organizacional, com fins de melhoria contínua. pArA ComeçAr Caro aluno, Existe um jargão popular que pergunta: você sabe como se faz para comer um boi inteiro? A resposta, to- dos já sabemos: dividindo em partes! As organizações modernas procuram se manter, per- seguindo incessantemente a melhoria contínua do de- sempenho de todos os seus processos em toda a sua cadeia produtiva, desde o fornecedor, até o cliente final. Uma organização por menor que seja, é composta de departamentos, cada qual com suas funções, criando um emaranhado de processos que são dependentes e interagentes com o propósito final de atender aos obje- tivos estratégicos. Como fazer para comer um boi desse tamanho, ou seja, como administrar a organização de forma a atin- gir um melhor desempenho dos diversos processos, e Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 4 assim, atingir o objetivo estratégico da empresa? A resposta é: dividindo a organização em partes (processos). Esta Unidade de Aprendizagem irá apresentar a Teoria de Sistemas, que é base tecnológica para a elaboração e aplicação de itens de desem- penho de cada processo. Esse conceito de abordagem sistêmica passou a ter uma importância para as organizações a partir dos anos 1950. FundAmentos 1. COnCeitO de sistema Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente formam um todo unitário com determinado objeto e efe- tuam função específica (OLIVEIRA, 2007). O moderno enfoque dos sistemas empresariais procura desenvolver: → Um enfoque sintético do todo, que não permite a análise separada das partes do todo, em virtude das complexas inter-relações das partes entre si e com o todo, as quais não podem ser tratadas fora do contexto do todo; → Um estudo das relações entre os elementos componentes, em pre- ferência ao estudo dos elementos, destacando-se o processo e as probabilidades de transição, especificados em função de seus arran- jos estruturais e de sua dinâmica. Conforme Martins e Laugeni (2009), “a Teoria de Sistemas é utilizada como base tecnológica para o cálculo de produtividade de diferentes sistemas, seja na economia, contabilidade, política, gerenciamento de processos”. Segundo o mesmo autor: Em 1950 a Comunidade Econômica Europeia apresentou a definição formal de produ- tividade como sendo o quociente obtido pela divisão do produzido por um dos fatores de produção, Dessa forma, pode-se falar da produtividade do capital, das matérias-pri- mas, da mão de obra e outros. Dependendo de quem a esteja definindo, se um econo- mista, contador, gerente, político, líder sindical, engenheiro de produção etc., podemos ter diferentes definições para a palavra produtividade. (MARTINS E LAUGENI, 2009) Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 5 Dica Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdepen- dentes, que conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objeto e efetuam função específica. 2. elementOs de Um sistema Segundo Oliveira, (2000), um sistema é definido e caracterizado pe- los elementos: 2.1. ObjetivO Referem-se tanto aos objetivos dos usuários do sistema, quanto aos do próprio sistema. O objetivo é a própria razão da existência do sistema, ou seja, é a finalidade para o qual o sistema foi criado. A Figura 1 toma como exemplo “o sistema circulatório, também chama- do de sistema cardiovascular o mesmo é constituído por: coração, vasos sanguíneos (artérias, veias e capilares). É o responsável, através do trans- porte do sangue, pela condução, distribuição e remoção das mais diversas substâncias do sangue e para os tecidos do corpo. Também, é essencial à comunicação entre vários tecidos”. 2.2. DaDOs De entraDa (inputs) Definem as necessidades em forma de materiais, mão de obra, insumos, informações, e energia necessária para o processo de transformação, o qual gera determinadas saídas do sistema que devem estar em sintonia com os objetivos do sistema. No exemplo citado anteriormente, no sistema cardiovascular o princi- pal dado de entrada (input) é o sangue que entra no processo de trans- formação (o coração) em dois estados, oxigenado e desoxigenado, veja abaixo a Figura 2. Figura 1. Representação do sistema circulatório do corpo humano. Figura 2. Representação de um input importante do sistema cardiovascular (o sangue). http://pt.wikipedia.org/wiki/Vasos_sangu%C3%ADneos http://pt.wikipedia.org/wiki/Vasos_sangu%C3%ADneos http://pt.wikipedia.org/wiki/Art%C3%A9ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Veia http://pt.wikipedia.org/wiki/Capilar_sangu%C3%ADneo http://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 6 2.3. prOcessO De transfOrmaçãO (thrOughput) Transforma os dados de entrada (inputs) em dados de saída (outputs). Deve considerar tanto as perdas que um próprio sistema acarreta (entro- pia positiva), quanto as melhorias que o sistema proporciona (entropia negativa). O coração no exemplo citado do sistema cardiovascular, con- forme a Figura 3 abaixo, representa o processo de transformação bom- beando o sangue oxigenado para o corpo e o sangue desoxigenado para os pulmões. 2.4. DaDOs De saíDa (Outputs) Resultam do processo de transformação. As saídas devem ser quanti- ficáveis e devem atender ao objetivo traçado. O output do processo de transformação (o coração) é o sangue oxigenado que vai para as artérias e o sangue desoxigenado que vai para os pulmões para oxigenação. A Figura 4 abaixo confirma o conceito de que os sistemas são interagentes e interdependentes conforme o próprio conceito de sistemas. 2.5. cOntrOle e avaliações Monitoram os dados de saída (outputs) para assegurar que os objetivos do sistema estão sendo atingidos. A esses indicadores, chamamos de indica- dores de desempenho ou padrão. Um indicador de desempenho típico é a medição da pressão arterial conforme representado pela Figura 5, abaixo. Figura 3. Representação do processo de transformação (o coração). Figura 4. Representação do sangue como output do processo de transformação (coração). Figura 5. Representação de instrumento de medição e controle do desempenho do sistema. Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 7 2.6. entrOpia É o processo de troca de energia que ocorre em todos os sistemas. É denominada positiva quando se observa uma degeneração (perdas) no sistema e negativa quando ocorrem, por intervenção da administração, melhorias no processo, representados da esquerda para a direita respec- tivamente pela Figura 6. Positiva (perdas) Negativa (controle das perdas) 2.7. retrOalimentaçãO(feeDback) Informação que retorna dos dados de saída para os dados de entrada que procura manter os valores de variáveis dentro de uma faixa estabelecida (padrão). A sensação de bem estar e disposição pode ser interpretada como um feedback positivo do sistema cardiovascular (Figura 7). Em con- trapartida a sensação de que algo não vai bem (feedback negativo) obriga o indivíduo a procurar assistência médica. A Figura 8 abaixo representa esquematicamente a interação entre os ele- mentos de um sistema conforme Oliveira (2000): processo de transformação dados de entrada (inputs) dados de saída (outputs) entropia negativa (melhorias) entropia positiva (perdas) controle e avaliaçãoretroalimentação (feedback) objetivos Figura 6. Representação da entropia positiva e negativa do processo de transformação. Figura 7. A sensação de que algo não vai bem obriga o indivíduo a procurar assistência médica. Figura 8. Elementos de um sistema. Fonte: Adaptado de Oliveira (2007). Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 8 Lembre-se Entropia positiva está relacionada com as perdas do siste- ma e entropia negativa está relacionada com as melhorias no sistema. 3. tipOs de sistemas Segundo Chiavenatto (2006), quanto à constituição, os sistemas podem ser físicos ou abstratos. 3.1. sistemas físicOs Ou cOncretOs São compostos de equipamentos, máquinas, objetos e coisas reais. O desempenho pode ser descrito em termos quantitativos. São denomi- nados hardware. 3.2. sistemas abstratOs Ou cOnceituais São compostos de conceitos, filosofias, planos, hipóteses e ideias. Os sím- bolos representam atributos e objetos, que muitas vezes só existem no pensamento das pessoas. São denominados software. Dica Há uma complementaridade entre os sistemas físicos e sistemas abstratos: os sistemas físicos como as máquinas precisam de um sistema abstrato (programação) para poder funcionar e desempenhar suas funções. A reciproca também é verdadeira: os sistemas abstratos somente se realizam quando aplicados a algum sistema físico. Hardware e sof- tware se complementam. É o exemplo de uma escola com suas salas de aulas, carteiras, lousas, iluminação, etc. (siste- ma físico...). (CHIAVENATO, 2006) Ainda segundo o mesmo autor quanto à sua natureza os sistemas podem ser fechados ou abertos: 3.3. sistemas fechaDOs Não apresentam intercambio com o ambiente que os circunda, pois são herméticos a toda a influência ambiental. Não recebem influência do am- biente e nem influenciam o ambiente. Não recebem nenhum recurso ex- terno nada produzem que seja enviado para fora. A rigor não existem Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 9 sistemas fechados na acepção da palavra. Essa denominação é dada aos sistemas cujo comportamento é determinístico e programado para operar com pequeno e conhecido intercâmbio de matéria e energia com o meio ambiente. São sistemas mecânicos, como máquinas ou equipamentos. 3.4. sistemas abertOs Apresentam relações de intercâmbio com o ambiente através de inúme- ras entradas e saídas. Trocam matéria e energia regularmente com o meio ambiente. São adaptativos, isto é, para sobreviver devem reajustar-se constantemente às condições do meio. Mantém um jogo recíproco com o ambiente, e sua estrutura é otimizada quando o conjunto de elementos do sistema se organiza através de uma operação adaptativa. A adaptabi- lidade é um processo de aprendizagem contínuo e de auto-organização. Dica Os seres vivos constituem a categoria mais importante de sistemas abertos. Existem certas analogias entre as empre- sas e organismos vivos. A empresa cresce em tamanho pelo acréscimo de partes, ingere recursos e os transforma em produtos ou serviços. Nesse processo, há entradas e saídas, e um processo de transformação necessário à vida. A empre- sa reage ao seu ambiente e muda seus mercados, produtos, processos, estratégias e estrutura organizacional. (CHIAVE- NATO, 2006) 4. a COrrelaçãO entre a teOria de sistemas e prOdUtividade Barbará (2006) enfatiza a importância da Teoria de Sistemas quando afir- ma que processo é um conjunto de atividades que transformam insumos (entradas, ou inputs) em produtos (saídas ou outputs) conforme a norma ABNT NBR ISO 9000 (2000). Martins e Laugeni (2009) afirmam que o ciclo de melhoria da produtivi- dade de um processo começa pelo estabelecimento da medida da produ- tividade do processo, ou seja, o output (saída) dividido pelo input (entra- da). Estes autores definem dois tipos de produtividade: 4.1. prODutiviDaDe tOtal É a relação entre o output total e a soma de todos os fatores de input. As- sim reflete o impacto conjunto de todos os fatores de input na produção do output. Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 10 Martins e Laugeni (2009) citam como exemplo: Calcular a produtividade total de uma empresa que incorreu em custos de $ 66 milhões e uma produção de 1.400.000 toneladas (t) em um deter- minado ano fiscal? Input (Entrada) = $ 66.000.000,00/ano Output (Saída) = 1.400.000 t/ano A Figura 9 representa os inputs e outputs do sistema considerado: empresa entrada (input) saída (output) 66 000 000,00 $/ano 1 .400.000 ton/ano → Cálculo da Produtividade Total Produtividade = Input Output Produtividade = 66 000 000,00 $/ano 1 .400.000 t/ano = 0,021 t/$ Ou seja, produziu 21 kg com o gasto de $ 1,00. 4.2. prODutiviDaDe parcial É a relação entre o produzido, medido de alguma forma, e o consumido de um dos insumos (recursos) utilizados. Assim, a produtividade da mão de obra é uma medida de produtividade parcial. O mesmo é válido para a produtividade do capital. Os mesmos autores citados imediatamente acima apresentam o seguinte exemplo: → A produtividade parcial de mão de obra de uma empresa que fatu- rou $ 70 milhões em um certo ano fiscal no qual 350 colaboradores trabalharam em média 170 horas/ mês é: A Figura 10 representa os inputs e outputs do sistema considerado: empresa entrada (input) saída (output) 350 colaboradores $70 000 000,00/ano 170 horas/mês 12 meses/ano Figura 9. Representação esquemática do sistema. Fonte: Idealizado pelos professores autores. Figura 10. Representação esquemática do sistema. Fonte: Idealizado pelos professores autores. Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 11 Como a unidade de tempo escolhida foi em base anual transformamos os dados de input, multiplicando os dados preliminares por 12 meses/ano: Mão de obra (input) = 350 homens × 170 horas/mês × 12 meses/ano = 714.000 homens/hora/ano Output = $ 70.000.000,00/ano → Cálculo da Produtividade Parcial Produtividade = Input Output Produtividade = 714.000 homens/hora 70.000.000 $/ano Produtividade = $ 98,04 homem/hora, ou como é comum no linguajar da administração da produção, $ 98,04 H/h. 5. ambiente de Um sistema Oliveira (2000) observa que vários fatores podem influenciar o desempe- nho da empresa, como fornecedores, mão de obra, concorrência, sindica- tos, tecnologia, sistema financeiro etc. A esse conjunto de fatores, que embora não pertençam ao sistema, podem afetar o seu desempenho, denominamos: ambiente do sistema. Nesse caso os sistemas que sofrem influências por meio de variáveis do meio externo são denominados de sistemas abertos. O ambiente de um sistema é também denominado de meio ambiente, meio externo, ou entorno. O ambiente de um sistema empresarial pode ser visualizado na Figura 11. empresa comunidade sistema financeiro mercado de mão de obrafornecedores concorrênciasindicatogovernoFigura 11. Ambiente de um sistema empresarial. Fonte: Adaptado de Oliveira (2007). Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 12 atenção Ambiente de um sistema é o conjunto de todos os fatores que, dentro de um limite específico, se possa conceber como tendo alguma influência sobre a operação do sistema consi- derado (OLIVEIRA, 2007). 6. níveis HierárqUiCOs de sistemas Para facilitar os estudoscostuma-se desmembrar os sistemas em três níveis: 1. Sistema: é o que se está estudando ou considerando; 2. Subsistema: são as partes identificadas de forma estruturada, que integram o sistema; e 3. Supersistema ou eco sistema: É o todo, e o sistema passa a subsis- tema do todo. Se um sistema sofre influências do meio externo a ele, diz-se que é um sistema aberto. Caso contrário, é chamado de sistema fechado. Os subsistemas empresariais variam de acordo com a estrutura e a complexidade da empresa. A Figura 12 representa um exemplo típico de desmembramento de sistemas: sistema ecosistema subsistema subsistema Figura 12. Níveis de um sistema. Fonte: Adaptado de Oliveira (2007). antena pArAbóliCA Fundamentos da ISO 9000 versão 20001 No dia 15 de dezembro de 2000, após mais de quatro anos de discussões, foi finalmente publicada a nova sé- rie de normas ISO 9000. Os usuários de todas as partes do mundo, ouvidos por pesquisa conduzida pela própria ISO 9000, foram muito críticos em relação à ISO 9001 edição de 1994, classificando-a como pesadona, confusa, e com forte viés de manufatura. Esses aspectos foram detalhadamente analisados, em conjunto com as suges- tões dos usuários que queriam uma norma voltada para os processos da organização, para seus clientes e para a melhoria contínua do desempenho do sistema de gestão da qualidade (SGQ). A partir disso, o Subcomitê (SC2) do TC 176 da ISO de- senvolveu um modelo de processo para retratar os re- quisitos genéricos de SGC como na Figura 13. 1. Oliveira, Otávio J. et al. – Gestão da Qualidade –Tópicos avançados. Ed. Thomson, 2004. Figura 13. Modelo de sistema de gestão da qualidade baseada em processos Fonte: NBR ISO 9001 (2000). Melhoria continuada do sistema de gestão da qualidade Clientes (e outras partes interessadas) responsabilidade da direção gestão de recursos medição, análise e melhoria requisitos satisfação realização do produto produto entrada saída Clientes (e outras partes interessadas) O resultado final dessas considerações foi a criação de um novo formato para a ISO 9001, direcionando a um enfoque de processo unificado, que classifica as ativida- des de uma organização em cinco seções básicas: sis- tema de qualidade, responsabilidade da administração; gestão de recursos, realização do produto e medição, análise e melhoria. As seções anteriores às já citadas, que procuram fazer uma apresentação prévia da estru- tura, vocabulário e objetivos da norma, são: introdução, objetivo, referência normativa e termos e definições. A estrutura da nova norma 9001:2000, portanto, ficou da seguinte forma: 0. Introdução 1. Objetivo 2. Referência Normativa 3. Termos e definições 4. Sistemas de Gestão de Qualidade 5. Responsabilidade da Administração 6. Gestão de Recursos 7. Realização do Produto 8. Medição, Análise e Melhoria e AgorA, José? Nesta Unidade aprendemos o conceito da Teoria de Sis- temas, a base tecnológica da gestão dos processos (lem- bre-se que este é o título do nosso curso). Na próxima Unidade você conhecerá o conceito de Sistemas de Infor- mações Gerenciais que se utiliza da Teoria de Sistemas. A UA de Gestão de Processos também dá continuida- de ao que foi exposto aqui e potencializa este conceito com metodologias e ferramentas específicas para o pro- cesso de melhoria contínua em uma organização. Vale a pena confrontar os conteúdos. Até mais e boa sorte nos estudos. Organização, Sistemas e Métodos / UA 01 Teoria de Sistemas 15 glossário Entropia negativa: melhorias que se pode agregar ao processo por ações dirigidas e adequadas. Entropia positiva: perdas que o processo sofre e acumula ao longo do tempo. Feedback (retroalimentação): informação so- bre os resultados de desempenho obtidos que retornam ao início do sistema para ações de melhoria. Inputs: dados de entrada em um sistema sob a forma de informações, mão de obra, mate- rial, energia etc. Output: dados de saída do sistema, ou seja, o serviço ou produto ofertado pelo sistema. Throughput: processo de transformação sob a forma de máquinas, dispositivos e equi- pamentos. bibliográFiCAs ABNT – �Norma ABNT NBR ISO 9000. Aces- so em: dez. 2000, <www.ecnsoft.net/?file_ id=178->. BARBARÁ, S. �Gestão de Processos: fundamen- tos, técnicas e modelos de implementa- ção. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. CHIAVENATO, I. �Princípios de Administração: o essencial em teoria geral da administra- ção. Rio de Janeiro: Elsevier,2006. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P.� Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2006. OLIVEIRA, D. P. R. �Sistemas, Organização e Métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2006. OLIVEIRA, O. J. ET AL.� Gestão da Qualidade Tópicos Avançados. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. gestão empresarial OrganizaçãO, SiStemaS e métOdOS SiStemaS de informaçõeS GerenciaiS OrganizaçãO, SiStemaS e métOdOS SiStemaS de informaçõeS GerenciaiS ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da Unidade o aluno deverá ser capaz de com- preender o processo decisório em uma organização, uti- lizando o sistema de informações gerenciais. COmpetênCias Visualizar a abordagem sistêmica dentro de uma orga- nização. Habilidades Identificar sistemas e subsistemas em empresas; tomar decisões em função das informações disponíveis no sis- tema de informações gerenciais. 2 ApresentAção A teoria de sistemas vista na UA anterior é aplicada aqui. Você vai ver o que é um sistema de informações geren- ciais, que é um sistema utilizado para a tomada de deci- são. Ele é de grande importância, pois as decisões podem mudar o rumo de uma organização. Você verá também quais são as fases de um processo decisório, isto é, a de- cisão passa por várias fazes para que ela seja a melhor possível. Nunca sabemos se a nossa decisão é a melhor, pois as consequências dela é que vão dizer. No entanto, precisamos nos precaver de que a chance de que ela es- teja errada seja a menor possível. Sendo assim, a fidelida- de das informações são importantíssimas, pois, com in- formações erradas, certamente, as decisões serão ruins. Bons estudos nesta Unidade! pArA ComeçAr Na UA anterior você viu o que são sistemas e como iden- tificá-los. O que é mesmo um sistema? Responda e anote. Viu também o conceito de entrada, transformação e saída. Estes conceitos você vai utilizar em sistemas de informações gerenciais, tema desta UA. Agora que você já é capaz de identificar sistemas, você acha que uma empresa é um sistema? Figura 1. Representação de uma empresa. Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 4 Observe no contexto da Figura 1, os compartimentos, as máquinas, as pessoas e um monte de outras coisas. Será que isso é um sistema? Vejamos. A resposta que você anotou logo acima deve ser parecida com essa, que é o conceito de sistema visto na UA 1. ConCeito Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdepen- dentes, que conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objeto e efetuam função específica. A Figura 1, que representa uma empresa, tem um conjunto de partes que interagem e tem um objetivo comum, que é o lucro. Portanto, uma em- presa é um sistema. As várias partes da empresa são subsistemas, pois estas partes, vistas isoladamente, obedecem à mesma definição de sistema. DiCa Uma empresa é um sistema. As várias partes da empresa são subsistemas. FundAmentos As empresas estão em todo momento tomando decisões, pois sua sobre- vivência requer que os executivos estejam sempre analisando a situação em que ela se encontra e decidir que rumo tomar. Estas decisões podem levá-las a ampliar ou diminuir sua atividade, ou, talvez, fechar ou ser ven- dida para outro grupo. Mas como tomar essas decisões? Na vida particular de cada um de nós, frequentemente, temos que to- mar decisões. Muitas vezes tomamos decisões por impulso, sem uma análise correta e erramos e, depois, nos arrependemos.Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 5 Nas empresas isso não pode acontecer porque, muitas vezes, um erro pode ser desastroso e irremediável. As decisões em uma empresa devem ser tomadas com muito critério, pois seu futuro está em jogo. É de bom senso imaginar que uma decisão só pode ser tomada, base- ada em informações. Por exemplo, por que alguém tomaria a decisão de tirar seu filho de uma escola? Ao ver que seu filho não apresenta um bom aprendizado, ele vai come- çar a tirar informações sobre a escola. Essas informações podem revelar, por exemplo, que seus professores não estão em um nível de formação adequado, que o material didático não é bom, que seu filho não anda em boas companhias etc. Essas são informações que fazem com que ele con- clua que essa escola não é boa para seu filho e decide tirá-lo. Essa decisão foi baseada em informações. Digamos que essas informações tenham sido colhidas pelo irmão mais velho. Em uma empresa, ele seria equivalente ao nível intermediário e o pai a alta administração. Então são as informações que chegam de baixo para cima que levam a alta administração a tomar decisões. Portanto: atenção São as informações disponibilizadas à alta administração que definem o destino de uma empresa. Imagine que uma empresa recebe informações de que suas vendas caí- ram. Em função dessa informação ela precisa tomar alguma decisão. Tal- vez diminuir o preço do produto ou investir para melhorar a qualidade. Veja que ela toma uma decisão baseada em informações vindas de algum lugar. É o que veremos a seguir. Antes, porém, precisamos de algumas definições importantes. 1. definições impOrtantes Inicialmente, você precisa saber algumas definições importantes: dados, informação e conhecimento. Stair (2002) define estes três elementos da seguinte forma: → Dados consistem em fatos não trabalhados; Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 6 → Informação é uma coleção de fatos organizados de modo que adqui- rem um valor adicional além do valor dos próprios fatos; → Conhecimento, por sua vez, representa a percepção e a compreen- são de um conjunto de informações e de como estas informações podem ser úteis para uma tarefa específica. O conceito de dados e informação pode ser ilustrado na seguinte situa- ção, por exemplo, você se pesa em uma farmácia e observa o valor regis- trado na balança. Isso é um dado. Se você se pesa cinco vezes e percebe que seu peso está aumentando isso é uma informação, pois ela tem um significado e serve de alerta para que você pense em fazer uma dieta. Outro exemplo, se você tem o hábito de ir ao supermercado e anotar os preços dos produtos em um caderno, então você tem um sistema de informações: o caderno. Os preços são os dados. Quando você analisa o caderno e vê que determinado supermercado está subindo muito os preços, você tem uma informação: o supermercado X está muito caro. Você transformou dado em informação. Essa transformação, chamaremos de: sistema de informação. Portanto: ConCeito Sistema de informação é um sistema que transforma dado em informação. Entram dados no sistema e sai informação. Em uma organização todos os dados que entram devem ser armazenados e processados de forma que sua recuperação para análise possa ser feita de forma eficiente. O responsável por todo este processo é chamado de sistema de informações. Ele serve de apoio às funções operacionais e ge- renciais para a tomada de decisão em uma organização. (CRUZ Jr, 2003) O sistema de informações atua em três níveis hierárquicos em uma organização: → Nível operacional: o nível operacional de uma organização é o responsável pelas operações de rotina. O sistema de informações Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 7 fornece as informações necessárias para que estas operações se- jam feitas; → Nível tático: o nível tático supervisiona e coordena as operações. O sistema de informações fornece as informações para que elas sejam executadas de forma satisfatória; → Nível estratégico: no nível estratégico o sistema de informações fornece as informações para que a alocação de recursos seja feita de forma adequada para atingir os objetivos organizacionais. Um sistema de informações tem como componentes: informações, pes- soas, equipamentos e métodos de trabalho. A literatura estabelece a seguinte tipologia dos sistemas de informação: → Sistemas processadores de transações (SPT); → Sistemas de informações gerenciais (SIG); → Sistemas de apoio à decisão (SAD); → Sistemas especialistas (SE). SiStemaS proceSSadoreS de tranSaçõeS (Spt) Estes sistemas foram desenvolvidos para agilizar o processamento das atividades e reduzir custos desenvolvendo a automação de rotinas. O sis- tema atende diversas áreas funcionais. Ele coleta e armazena os dados, organiza-os, disponibiliza-os para consulta e gera relatórios. SiStemaS de informaçõeS gerenciaiS (Sig) Uma organização pode ter diversos sistemas processadores de transação. O sistema de informações gerenciais tem por objetivo integrar os diversos sistemas processadores de transação provenientes de vários setores, sin- tetizando as informações de forma a ajudar os administradores em suas decisões de forma rápida e segura. Dessa forma, integrando os sistemas, ele transforma os dados em in- formações. Essas informações são utilizadas no planejamento operacio- nal, tático e estratégico. Os gerentes utilizam estas informações e os rela- tórios gerados para comparar o desempenho da organização com o que foi planejado. O SIG será visto com detalhes mais adiante. SiStemaS de apoio à deciSão (Sad) Muitas vezes as informações produzidas pelos sistemas de informações gerenciais não são suficientes para tomar decisões. Nesse caso é neces- sário trabalhar com as informações laçando mão da matemática e da Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 8 estatística. O sistema de apoio à decisão é esse conjunto de técnicas asso- ciadas às informações provenientes do sistema de informações gerenciais. SiStemaS eSpecialiStaS (Se) Os sistemas especialistas são sistemas que têm a capacidade de tirar con- clusões e dar sugestões. Ele trabalha como um profissional especialista. Eles armazenam e disseminam conhecimento e experiências que uma pessoa especialista tem em alguma área do conhecimento. O conhecimento que o sistema especialista tem pode ser repetido para pessoas com menos experiência de forma que elas possam resolver pro- blemas que ainda não estão ao seu alcance. Utilizam mecanismos de in- ferência integrados às bases de conhecimento para resolver problemas, podendo incluir ou excluir novos conhecimentos. Por outro lado, estes sistemas são limitados. Todas as soluções dos pro- blemas devem ser estruturadas e armazenadas no sistema (STAIR, 2002). A Figura 2, mostras esses conceitos de forma esquemática. matemática estatística dados SIG informação SAD decisão + Esta Unidade vai se preocupar essencialmente com o sistema de informa- ções gerenciais (SIG). Você entendeu como o SIG se encaixa dentro do processo decisório? 2. sistema de infOrmações gerenCiais Segundo Stair (2002), um sistema de informações gerenciais é um agrupa- mento organizado de pessoas, procedimentos, bancos de dados e dispo- sitivos usados para oferecer informações de rotina aos administradores e tomadores de decisões. Cruz (2000) afirma que os sistemas de informações gerenciais são con- cebidos para que as organizações possam ter segurança no seu processo administrativo. A utilização dos seus dados é necessária para que as orga- nizações continuem produzindo e, quando esses dados são transforma- dos em informações, servirão de apoio às decisões dos executores. Oliveira (2010) define sistema de informações gerenciais como o pro- cesso de transformação de dados em informações que serão utilizadas Figura 2. Sistema de informações gerenciaise sistema de apoio à decisão. Fonte: adaptado de Menezes (2005). Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 9 na estrutura decisória da empresa, proporcionando, ainda, a sustentação administrativa para otimizar os resultados esperados. Portanto, a ideia do SIG é transformar dados em informações que se- rão utilizadas para a tomada de decisões. dados sistema de informação informação decisão SIG A Figura 3 mostra o esquema do sistema de informações gerenciais e sua relação com a decisão. Observa-se que os dados entram no sistema de informação, são pro- cessados em um computador ou, em casos mais simples, pelo próprio cérebro de quem está trabalhando. Este processamento gera uma infor- mação que será utilizada para se tomar uma decisão. As decisões podem ser em várias esferas. Podem ser coisas simples, corriqueiras, como comprar ou não um equipamento; ou decisões impor- tantes como ampliar ou fechar uma empresa. Por exemplo, se você é o chefe de sua família e um filho seu chega com a informação de que o supermercado X está muito caro e o supermercado Y está abaixando os preços, você pode decidir não comprar mais no X e, sim, no Y. Este é um exemplo doméstico, mas uma empresa segue a mes- ma lógica em se tratando de seus fornecedores. Ela pode trocar de forne- cedores da mesma forma que o chefe de família troca de supermercado. Esse sistema que é composto por você, sua família, caderno, calculado- ra etc.; é um sistema de informações gerenciais, pois entrou uma informa- ção e saiu uma decisão. Nas empresas é assim. Como foi dito anteriormente, uma empresa pode decidir ampliar suas atividades baseadas em informações obtidas que favorecem esta ampliação. É o SIG que decide sobre essa questão. Se o SIG não estiver bem estruturado, as empresas podem tomar deci- sões equivocadas, comprometendo seu futuro. A Figura 4 mostra um esquema de fluxo de informações para a tomada de decisão. Figura 3. Esquema de um sistema de informações gerenciais. Fonte: autor. Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 10 resultados decisões tratamento controle e avaliação dados informação ações 2.1. importância de um Sig Como já foi visto, o SIG ocupa grande importância no processo decisório de uma empresa. Segundo Oliveira (2010) pode-se afirmar que os sistemas de informa- ções gerenciais podem, sob determinadas condições, trazer os seguintes benefícios para as empresas: → Reduzir custos operacionais, pois se tem informações mais rápidas e precisas; → Melhoria no acesso às informações: o sistema facilita este acesso; → Aumentar a produtividade por ter informações mais confiáveis e rapidamente; → Melhoria dos serviços realizados e oferecidos; → Melhoria no processo de tomada de decisões, por meio do forneci- mento de informações mais rápidas e precisas; → Estímulo para maior integração entre os tomadores de decisão pois a decisão está ligada à informação; → Fornecimento de melhores projeções e análise dos efeitos das de- cisões pois as decisões sempre estão aliadas a novas informações; Figura 4. Esquema de fluxo de informações para a tomada de decisão. Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 11 → Melhoria na estrutura organizacional e nos métodos administrativos. Para facilitar o fluxo de informações para construir um bom SIG a es- trutura organizacional tem que ser melhorada; → Melhoria na estrutura de poder, proporcionando maior poder para aqueles que entendem e controlam o sistema – isso porque informa- ção representa poder; → Redução do grau de centralização de decisões na empresa isso por- que o acesso à informação é mais fácil; → Melhoria na adaptação da empresa para enfrentar os acontecimen- tos não previstos, porque com informações mais rápidas e precisas é mais fácil reagir. É evidente que o SIG traz muitos benefícios pontuais como os citados aci- ma. Resumindo todos eles, podemos concluir que o SIG melhora o desem- penho da organização. Para que o SIG sirva de suporte para esta melhoria no desempenho, ele tem que ser composto por várias áreas funcionais. Oliveira (2010) cita as seguintes áreas funcionais: → Administração de marketing: informa o grau de satisfação do cliente; → Administração da produção: fornece o índice de produtividade no processo de produção; → Administração financeira: o capital disponível para negociar pa- gamentos; → Administração de materiais: a quantidade de matéria prima em estoque; → Administração recursos humanos: quantidade de faltas e atrasos; → Administração de serviços: frequência de utilização do serviço de pós-venda; → Gestão empresarial: lucratividade da empresa. Os sistemas de informação geram relatórios sobre várias áreas da empre- sa. Entre elas, podemos destacar: → Marketing: dá informações de mercado como: aceitação do produto ou serviço pelo cliente, nível de vendas, possibilidades de aumentar a fatia de mercado; → Produção/operações: fornece o índice de produtividade no proces- so de produção e das operações; → Finanças: reflete a saúde financeira da empresa; → Contabilidade: dá uma visão do fluxo de caixa; Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 12 → Administração de recursos humanos: mostra o funcionamento dos recursos humanos de uma forma geral e indica se há necessida- des de mudanças. As decisões devem ser tomadas com base nos relatórios. Entretanto, elas devem seguir um critério, uma espécie de roteiro. 3. O prOCessO deCisóriO A tomada de decisão precisa ser criteriosa para que não haja atropelos. Decisões erradas podem custar caro às empresas. 3.1. faSeS de um proceSSo deciSório As decisões passam por várias fases descritas a seguir:1 → Identificar o problema; → Analisar o problema; → Estabelecer soluções alternativas; → Analisar e comparação das soluções alternativas; → Avaliar a alternativa selecionada; → Selecionar as alternativas mais adequadas; → Implantar alternativa selecionada. Como já vimos, o SIG pode atuar nos três níveis da organização: estraté- gico, tático e operacional. As decisões também ocorrem nestes níveis. As decisões operacionais são as decisões tomadas no dia a dia. Por exemplo, quando falta, inesperadamente um funcionário. O que fazer? No nível tático são decisões um pouco mais importantes e que po- dem afetar a produtividade da empresa como, por exemplo, a falta de matéria-prima. As decisões mais importantes ficam ao nível estratégico que muda o destino da empresa como, por exemplo, emitir ações no mercado. As decisões estratégicas, que são tomadas pela alta administração, po- dem ter importantes consequências como: → Modificar ou retirar um produto ou serviço do mercado; → Alterar o preço do seu produto ou serviço; → Trocar de fornecedor de matéria prima; → Contratar novos funcionários; → Melhorar a qualidade de seu produto ou serviço; → Outros tipos de decisão. 1. Disponível em: <http://www. juliobattisti.com. br/tutoriais/ lucineiagomes / som003.asp#>. Acesso em 20 set. 2011. Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 13 Como você pode observar: DiCa Os rumos de uma empresa podem ser profundamente alte- rado em função de decisões com base no sistema de infor- mações gerenciais. Portanto, a empresa deve dar muita importância ao seu sistema de in- formações gerenciais para que ela possa caminhar em um rumo certo conforme seu planejamento. PaPo téCniCo Uma empresa sobrevive das decisões tomadas por ela. Por- tanto, as informações que a gerência recebe deve ser o mais precisa e confiável possível. antena pArAbóliCA Governo amplia sistema de informações nos portos, aeroportos e fronteiras1 O Sistema de Informações Gerenciais de Importação e Exportação (SIGVIG) do Ministério da Agricultura, Pecu- ária e Abastecimento registrou crescimento no número de operações desde o início da suaimplantação, no ano passado. Em janeiro de 2011, o uso obrigatório do siste- ma tornou-se obrigatório. O banco de dados informati- zado gerencia as informações relativas ao recebimento e envio de produtos e insumos agropecuários. Até o dia 25 de julho, aproximadamente 118 mil proces- sos haviam sido formalizados dentro do programa, que já está em funcionamento em 15 pontos do Brasil, entre por- tos, aeroportos, postos de fronteiras e aduanas especiais. No porto de Santos – onde o SIGVIG foi instalado de forma opcional em agosto de 2010 – mais de 50 mil formulários já foram encaminhados pela internet neste ano. “Em novembro do ano passado, já estávamos com 50% das operações dentro do modelo eletrônico, que trouxe ganhos como o acompanhamento online dos requerimentos e a unificação de procedimentos para a coordenação de todos os locais de fiscalização”, avalia o chefe do Serviço de Vigilância Agropecuária (SVA) do porto de Santos, Daniel Rocha. O programa está sendo implantado por módulos e as próximas etapas preveem a utilização da certificação di- gital na fiscalização. O mecanismo será adotado para ba- gagens de passageiros em aeroportos e portos, na emis- são de termos e certificados fitossanitários e no controle de produtos de madeira e de animais de companhia. “Os números comprovam que o sistema funciona e atende às nossas necessidades. O SIGVIG oferece se- gurança, transparência e ganho gerencial. O próximo desafio será integrá-lo com outros sistemas da Secre- tária de Defesa Agropecuária”, salienta a fiscal federal 1. Ministério da Agricultura - http:// www.agricultura.gov. br/comunicacao/ noticias/2011/07/ novo-sistema-facilita- fluxo-de-produtos- agropecuarios. Acesso em 17 dez. 2016. http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/07/novo-sistema-facilita-fluxo-de-produtos-a http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/07/novo-sistema-facilita-fluxo-de-produtos-a http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/07/novo-sistema-facilita-fluxo-de-produtos-a http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/07/novo-sistema-facilita-fluxo-de-produtos-a http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/07/novo-sistema-facilita-fluxo-de-produtos-a http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/07/novo-sistema-facilita-fluxo-de-produtos-a http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/07/novo-sistema-facilita-fluxo-de-produtos-a agropecuária da Coordenação-geral do Vigiagro, Rogéria Oliveira Conceição. A estimativa do Vigiagro é alcançar 250 mil procedi- mentos pela internet até o final de 2011 e estender o novo sistema às 71 unidades do serviço. Nos locais onde a fer- ramenta ainda não está disponível, o procedimento ainda é feito em formulários de papel, na forma convencional. Saiba mais O SIGVIG é utilizado no gerenciamento e controle do re- cebimento, envio das informações relativas à fiscalização das mercadorias importadas e exportadas por meio dos portos, aeroportos e fronteiras, com um cadastro único dos estabelecimentos, representantes autorizados e de requerimentos de importação e exportação com seus respectivos termos. Atualmente, o sistema está em funcionamento em Santos (SP), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Chuí (RS), Itajaí (SC), Navegantes (SC), Foz do Iguaçu (PR), Rio de Ja- neiro (RJ), Nova Iguaçu (RJ), Resende (RJ), Corumbá (MS), Mundo Novo (MS), Itaguaí (RJ), Vitória (ES) e Dionísio Cerqueira (SC). Dependendo da sua origem e/ou destino, cada produ- to tem requisitos específicos para importação e exporta- ção. O sistema fornece essa informação em tempo real aos interessados, que podem fazer o requerimento de fiscalização via internet. Os dados estatísticos armazenados são utilizados para o gerenciamento dos procedimentos de controle do trân- sito internacional de produtos e insumos agropecuários. e AgorA, José? Nesta Unidade você viu a aplicação da Teoria de Siste- mas em uma empresa. Viu também o que é sistema de informação (SI), sistema de informações gerenciais (SIG), sua importância e o processo decisório de uma empresa. Será que você achou o SIG importante mesmo? Você acha que uma empresa pode passar sem ele? Pense sobre isto. Observe em seu trabalho. Na próxima Unidade estudaremos Gestão de Pro- cessos. Veja como o sistema de informações gerenciais será utilizado. Organização, Sistemas e Métodos / UA 02 Sistemas de Informações Gerenciais 17 glossário Sistema: é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função. bibliográFiCAs CRUZ, JR. D. C.; STRAUCH, J. C. M.; OLIVEIRA, L.. C. �Uma abordagem da Engenharia de Sistemas sobre sistema de informações geográficas. XXI Congresso Brasileiro de Cartografia Belo Horizonte 2003 Sociedade Brasileira de Cartografia, Geodésia, Fotogra- metria e Sensoriamento Remoto. MENEZES, M. �Sistemas de Informação no Pla- nejamento Urbano. Engenharia, São Paulo, v. 568, p. 74-77, 2005. OLIVEIRA, D. P. R. �Sistemas, organização e mé- todos: uma abordagem gerencial. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 482 p. SILVA, L. G.� Sistemas, Organização e Méto- dos (S.O.M) - Módulo 03. Disponível em: <http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/ lucineiagomes/som003.asp>. Acesso em: 20 set. 2011. STAIR, R. M., REYNOLDS, G. W.� Princípios de Sis- temas de Informação. 4a ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. 2002. 496 p. gestão empresarial OrganizaçãO, SiStemaS e métOdOS Gestão de Processos OrganizaçãO, SiStemaS e métOdOS Gestão de Processos ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da Unidade o aluno deverá ser capaz de concei- tuar o modelo de Gestão de Processos contrapondo-se à rigidez imposta pela estrutura hierárquica convencional. COmpetênCias Planejar e organizar a estrutura organizacional de uma empresa conforme a Gestão por Processos. Habilidades Aplicar métodos, técnicas e ferramentas na implementa- ção e monitoramento de uma estrutura organizacional baseada no conceito da Gestão por Processos. 3 ApresentAção A questão nos tempos modernos, em que as organi- zações buscam a excelência, é se a estrutura já conso- lidada há um século é o melhor que se pode oferecer, ou se existem modelos criados mais recentemente para serem contemplados. Iremos abordar nesta Unidade os elementos que ca- racterizam a Gestão de Processos e a sua importância na administração moderna. pArA ComeçAr Caro aluno, Nas UAs 1 e 2 abordamos respectivamente a Teoria de Sistemas e Sistemas de Informações Gerenciais, que pro- piciam uma comunicação eficaz e efetiva dentro e fora da organização, transformando dados em informações rele- vantes para ações coordenadas de melhoria contínua. Os conceitos de departamentalização que serão abor- dados nas UAs futuras sugerem a divisão da estrutura organizacional em departamentos funcionais, idealizada por Fayol no início do século XX. A questão nos tempos modernos, em que as organizações perseguem um me- lhor desempenho para se manterem no mercado alta- mente competitivo, é que as estruturas organizacionais comumente apresentam lacunas na comunicação, obje- tivos conflitantes, tornando os esforços de melhoria no desempenho, lentos e desgastantes. A propósito, as antigas normas da Série ISO 9000 (1994) foram alvo de críticas das mais diversas origens. As versões seguintes da referida norma foram criadas para sanar tais problemas, e conseguiram convencer os usuários da sua maior adequação às necessidades de um sistema de gestão de qualidade. Entretanto não se deu destaque à inovação mais importante das novas normas que é a abordagem por processo: fundamento da Gestão por Processo. Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 4 A Gestão por Processos despontou há décadas atrás, e de certa forma não é inédita, pois ela adota as técnicas e métodos, já longamente utiliza- das pelos antigos departamentosdenominados Organização e Métodos (O&M), resgate este manifestado principalmente com as mudanças a par- tir da ISO 9000 versão 2000. A Gestão por Processos se manifesta como uma excelente opção para minimizarmos os problemas da falta de integração e de comunicação en- tre os departamentos de uma organização. A sua aplicação pode trazer uma maior fluidez dos processos que envolvem vários departamentos, e isso implicará em um melhor desempenho do todo. Nesta UA apresentaremos os conceitos da Gestão por Processos, as- sim como as ferramentas mais importantes ,que tem se tornado cada vez mais um modelo de referência dos sistemas de gestão organizacional. FundAmentos 1. definiçãO de prOCessOs Conforme Humphrey (apud Barbará et al., 2006), processos podem ser definidos como: → Um conjunto definidos de passos para a realização de uma tarefa; → Um processo definido é aquele que é descrito suficientemente em detalhes de forma que possa ser consistentemente usado; → Processos definidos auxiliam no planejamento e na execução de um serviço. Dica Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo. Não existe um produto ou serviço ofe- recido por uma empresa sem um processo organizacional (GONÇALVES, 2000). De outra forma: → É um grupo de atividades realizadas numa sequencia lógica com o objetivo de produzir um bem ou serviço que tem valor para um gru- po específico de clientes (HAMMER; CHAMPY, 1994); Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 5 → É qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico (GONÇALVES, 2000). atenção Os processos são resultados dos sistemas em ação, repre- sentados por fluxos de atividades ou eventos. 2. as Organizações sãO sistemas Conforme vimos na UA 1 sobre Teoria de Sistemas as organizações po- dem ser percebidas, avaliadas e geridas como sistemas. Segundo Mywiseowl (2005) apud Barbará (2006), “As organizações são constituídas por uma complexa combinação de pessoas, procedimentos, tecnologia e outros recursos, interdependentes, que buscam alcançar ob- jetivos comuns, de forma a minimizar o uso desses recursos e maximizar a produtividade”. Dica a. Uma empresa só funciona de maneira eficaz quando é capaz de identificar a gerir suas numerosas ativida- des interligadas; b. Uma atividade que usa recursos e que é gerida de for- ma a possibilitar a transformação de entradas em saí- das pode ser considerada um processo; c. Frequentemente a saída de um processo é a entrada para o próximo (MYWISEOWL, 2005). 3. gestãO pOr prOCessOs A Gestão por Processos pode ser definida como o “enfoque administra- tivo aplicado por uma Organização que busca a otimização e melhoria da cadeia de processos, desenvolvida para atender necessidades e ex- pectativas das partes interessadas, assegurando o melhor desempenho possível do sistema integrado a partir da mínima utilização de recursos e do máximo índice de acerto” (UNICAMP, 2003). Barbará et al. (2006) define Gestão por Processos como um modelo de gestão organizacional “orientado para gerir a Organização com foco nos processos”. Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 6 Para os autores, uma forma de entender a Gestão baseada em Proces- sos é procurar ver a organização de uma perspectiva ao mesmo tempo interna e externa. Na Figura 1, podemos observar dois processos distintos A e B. fornecedores c f c f clientes necessidades conformidaderequisitos c f f f c f c f c f conformidaderequisitos processo Bprocesso A Cada um desses processos tem as suas próprias atividades que podem ser executadas paralelamente, mas ao final dos mesmos os produtos se encontram para formar um conjunto, por exemplo, um pires e uma xícara. Cada processo possui as suas estações de trabalho (quatro para o pro- cesso A e três para o processo B), que tem a responsabilidade de execu- ção e controle como se fora uma célula independente. No entanto, cada estação é ao mesmo tempo cliente e fornecedor na cadeia produtiva con- forme as letras F(fornecedor) e C(Cliente), criando os conceitos de forne- cedor e cliente interno. Assim, o funcionário responsável pelo seu proces- so pode em dado instante ser cliente e em outro momento, fornecedor. Figura 1. Cadeia de Processos Produtivos Fonte: Adaptado de Barbará et al. (2006). Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 7 4. a impOrtânCia da gestãO pOr prOCessOs Segundo Barbará et al. (2006) a Gestão por Processos tem se destacado como um requisito essencial de grande parte dos sistemas de gestão or- ganizacional. É exigido hoje em dia por normas como ISO-9000, ISO/TS 16949, Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), entre outras. É considerada vital por: a. Ser um instrumento eficaz na busca da satisfação dos clientes e do aperfeiçoamento contínuo da operação; b. Ajudar e facilitar o planejamento, a organização, a liderança, e o con- trole das atividades; c. Facilitar a comunicação, e o trabalho em todos os setores da or- ganização. 4.1. O PNQ e a GestãO POr PrOcessOs O Premio Nacional da Qualidade (PNQ), estabelecido pela Fundação Nacio- nal da Qualidade especifica como critérios de excelência oito tópicos, dos quais sete deles demandam ações mencionando processos gerenciais. O sétimo tópico, denominado Processos, aborda os processos gerenciais relativos aos processos principais do negócio e aos de apoio, tratando separadamente os relativos a fornecedores e os econômico-financeiros. Para o PNQ (2005), apud Barbara et al. (2006), a abordagem por proces- sos é justificada por: a. Agregar valor ao produto, na medida em que se conhece o cliente de cada processo e suas necessidades; b. Alcançar a satisfação do cliente pela tradução de suas necessidades em requisitos para os produtos e seus desdobramentos para cada processo na cadeia de valor; c. Identificar e analisar os processos levando a um melhor entendi- mento de como funciona a organização; d. Permitir a definição adequada de responsabilidades, e o uso eficien- te dos recursos, a prevenção e solução de problemas, a eliminação de atividades redundantes. 4.2. a NOrma IsO 9000 versãO 2008 e a GestãO POr PrOcessOs A ISO 9000:2008 tem uma estrutura própria orientada para processos deno- minada Sistema de Gestão da Qualidade (SGC) exigindo que a organização: a. Identifique os processos necessários para o SGQ e a sua aplicação por toda a organização; Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 8 b. Determine a sequência e a interação desses processos; c. Determine critérios e métodos para assegurar a efetiva operação e monitoramento dos processos; d. Assegure a disponibilidade de recursos e informações para auxiliar a operação e o monitoramento desses processos; e. Monitore, meça e analise esses processos; f. Implemente ações para os resultados planejados e a melhoria con- tínua desses processos. Dica A norma ISO 9000 (2008) dita como requisitos gerais para o manual do Sistema de Gestão da Qualidade que a organiza- ção deve estabelecer, documentar e manter um sistema de gestão da qualidade e melhorar continuamente a sua eficá- cia de acordo com os requisitos da norma. Ainda segundo Takashina (2001), apud Barbara et al. (2006), a organização deve apresentar evidências objetivas de que é capaz de: a. Definir o processo para atingir o resultado desejado; b. Identificar e medir as entradas e saídas dos processos; c. Identificar as interfaces dos processos com as funções da organização; d. Avaliar os possíveis riscos, consequências e impactos dos processos so- bre os clientes, fornecedores e outras partes interessadas no processo; e. Estabelecer, claramente, a responsabilidade e a autoridade para ge- renciar o processo; f. Identificar os clientes externos e internos, fornecedores e outras par- tes interessadas no processo; g. Descrever atividades, fluxos, medições de controle, necessidades de treinamento,equipamentos, métodos, informação, materiais e ou- tros recursos para atingir o resultado esperado. 4.3. aNálIse e mOdelaGem de PrOcessOs Barbará et al. (2006) recomenda que antes de iniciar o trabalho de análise e modelagem é importante: a. Identificar os processos chave do negócio; b. Definir os objetivos e as metas que devem ser alcançados com base na gestão por processos; Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 9 c. Desenvolver um plano de trabalho, contendo os objetivos, as ativi- dades e os resultados de cada fase, os prazos de entrega, e a equipe de trabalho; d. Buscar junto à direção a aprovação, todo apoio e os recursos ne- cessários; e. Fazer análises críticas periódicas e procurar dar feedback a todos os responsáveis; f. Observar que o mapeamento de processos é um meio e não um fim. O que deve ser atingido de fato são os objetivos e as me- tas compromissados; g. Não é preciso mapear todos os processos, nem todos os níveis de processos. Para fazer o levantamento dos processos, comumente utilizamos as fer- ramentas da qualidade tais como: → Brainstorming; → Lista de Verificação (Checksheet); → Diagrama de Causa e Efeito (Ishikawa). Existe no mercado uma infinidade de ferramentas que fazem a análise, modelagem e o desenho de processos, desde softwares livres até outros mais sofisticados e caros, tais como MS Vision, Smart Draw, Process Maker, alguns como capacidade de análise e simulação de processos. Esta UA não entrará em detalhes das aplicações e capacidades dos referidos softwares. 5. mOdelOs Modelos são representações dos processos e apresentam uma grande variedade de formas. Comumente utilizamos mais de uma ferramenta de análise e modelagem de processos, para criar os modelos desejados. Apresentaremos abaixo, não se limitando a elas somente, as mais co- muns utilizadas: → Modelo SIPOC; → Diagrama de bloco; → Fluxograma vertical; → Fluxograma horizontal; → Simbologia aplicada aos fluxogramas; → Roteiro proposto para a elaboração de um fluxograma de processo; → Organograma Hierárquico; → Instruções de Trabalho ou Operacional. Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 10 5.1. mOdelO sIPOc O modelo SIPOC, baseado nos elementos da Teoria de Sistemas (UA 1) descreve os elementos do processo representados por: S Suppliers (Fornecedores) I Inputs (Dados de entrada) P Process (Processamento) O Outputs (Dados de Saída) C Customers (Clientes) A Figura 2 representa um mapa de processos SIPOC típico, cedido por uma empresa fornecedora da indústria automotiva, que mostra o fluxo de atividades do processo de vendas de uma empresa. dono do processo gerente de vendas e serviços (S) Supplier fornecedor • Cliente • Anfavea, Sindipeças, etc. • Diretoria • Suprimentos (I) Inputs dados de entrada • Necessidade do cliente • Análise de mercado • Estratégia de negócios • Desenvolvimento de novos produtos • Contrato/pedido • Visitas periódicas • Cálculo de reajuste do custo da matéria prima (P) Process processo • Vendas (O) Outputs dados de saída • Proposta comercial (orçamento) • Informações de mercado • Metas de participação no mercado • Novos negócios • Performance- benchmarks • Previsão de faturamento • Análise e busca de rentabilidade do produto (C) Customer cliente • Logística • Qualidade • Diretoria • Engenharias • Gestão econômica eficáciaeficiência indicadores códigos eficiência eficácia despesas primárias 001 Planejamento: volume x efetivo 007 Margem de contribuição 006 métodos PA 7.1-1 PA 7.2-1 PA 7.2-2 recursos gerais Sistemas informatizados Sistemas de comunicação Financeiros recursos humanos Gerente de vendas e serviços Engenheiro de vendas processo chave Na Figura 2 pode-se observar o conceito de cliente interno, sendo o de- partamento de Vendas o cliente dos fornecedores: o Cliente, a Anfavea Figura 2. Representação de um mapa de processos SIPOC. Fonte: Adaptado de uma empresa automotiva (ISO/ TS 16949). Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 11 (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o Sin- dipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), a Diretoria e Suprimentos, recebendo os inputs (dados de entrada) necessários para bem desempenhar a sua função. Os dados de saída (outputs) são o resultado do processo Vendas, que tem como clientes internos os departamentos de Logística, Qualidade, Di- retoria, Engenharias e Gestão Econômica. Observam-se na Figura 2 os indicadores de desempenho de eficiência e eficácia, exigidos pelos princípios de Gestão da Qualidade, que servem de fundamento para a família de normas ISO/TS 16949, que tem equiva- lência com a NBR ISO 9000. O requisito Abordagem Sistêmica da Gestão refere-se a Identificar, entender e gerenciar os processos inter-relaciona- dos como um sistema contribui para a eficiência e eficácia da organização no sentido de esta atingir os seus objetivos. Pode se observar também como parte do output do processo Vendas um relatório denominado Análise e busca de Rentabilidade do Produto, que é um elemento de feedback do processo para as ações a serem toma- das para melhoria do processo. 5.2. dIaGrama de BlOcOs Representa a sequência lógica das atividades de um processo de forma não detalhada. A Figura 3 representa um diagrama de blocos típico. início funilaria pintura polimento fim atividade 1 atividade 2 atividade 3 conserto de um veículo 5.3. FluxOGrama vertIcal Segundo Oliveira (2007) um fluxograma é uma representação gráfica que apresenta a sequência de um trabalho de forma analítica, caracterizando as operações, os responsáveis e/ou unidades organizacionais envolvidos no processo. O fluxograma tem como objetivo: a. Padronizar a representação dos métodos e procedimentos adminis- trativos; b. Maior rapidez na descrição dos métodos administrativos; Figura 3. Diagrama de blocos da funilaria e pintura de um veículo. Fonte: adaptado de Barbará et al. (2006). Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 12 c. Facilitar a leitura e o entendimento; d. Facilitar a localização e a identificação dos aspectos mais importantes; e. Maior flexibilidade; f. Melhor grau de análise. Foi desenvolvido pela ANSI (American National Standard Institute) e por essa razão é chamado de Fluxograma Padrão ANSI. A Figura 4 caracteriza este tipo de fluxograma. início fim controle de produtos não-conformes procedimentos conforme? preparado? preparar para pintar fazer a funilaria enviar para pintura sim sim não não Podemos tomar um mapeamento de processos o exemplo iniciando-se no tópico a, uma relação descritiva das atividades, e no tópico b (Figura 5) a representação gráfica: a. Relação das atividades de uma rotina (também chamada de script) 1. Acorda e levanta; 2. Toma banho, enxuga e se veste; 3. Vai tomar café (escolhe entre): 3.1 Café e pães; 3.2 Sucos e frutas; 3.3 Cereais; 3.4 Ovos e bacon; 4. Escova os dentes; 5. Escolhe condução: Figura 4. Exemplo de Mapa de Processos com fluxograma Vertical. Fonte: adaptado de Melo et al. (2000). Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 13 5.1 Carro; 5.2 Táxi; 6. Vai para o trabalho; 7. Trabalha até 17 horas; 8. Volta para casa; 9. Encerra. b. Representação gráfica da rotina 5.4. FluxOGrama HOrIzONtal O fluxograma horizontal, também conhecido como fluxograma Funcional, relaciona as funções dos diferentes atores interagindo com os processos. A Figura 6 caracteriza este tipo de fluxograma. Figura 5. Fluxograma de uma rotina. Fonte: adaptado de Barbará et al. (2006). fim Condução não Escova os dentes Táxi Carro Trabalha 17 horas? Volta para casa 1 Início Acorda e levanta Toma banho Exuga-se Veste-se Vai tomar café EscolheCafé e pães Ovos e bacon Suco de frutas Cereais Despertador toca 1 sim Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos14 início pedido de compra nega justifica recebe produto compra autorizada c/ rec. Arq Fim checa motivo autoriza suprimento seleciona fornecedor faz cotação verificar recursos fundamenta registra faz reserva faz a compra compra autorizada com rec. 2a via nota fiscal 1a via nota fiscal Paga Compras auto/rec. procede? compra negada compra autorizada lista de preços compra autorizada lista de preços lista de preços tem rec.? compras sem rec. compras auto/rec. Arq pa ga m en to fi n an ça s to m ad a de p re ço s co m pr as es to qu es 5.5. sImBOlOGIa aPlIcada aOs FluxOGramas A representação das atividades de um processo por um fluxograma se- gundo Cury (2000): a. Facilita a organização do raciocínio e das atividades; b. Identifica relacionamentos, restrições, atividades que não agregam valor e pendências; c. Localiza elos e elementos desconexos ou perdidos; d. Controla o processo; e. Visualiza pontos de verificação, decisão, revisão, registro, arquiva- mento etc. Figura 6. Mapa de Processos Horizontal. Fonte: adaptado de Barbará et al. (2006). Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 15 A Tabela 1 representa os principais símbolos utilizados no mapeamento de processo. Os aplicativos do Microsoft Office como o Word, PowerPoint ou Excel apresentam o arsenal completo desses símbolos, normalmente na aba Inserir Formas. símbolo usado Para rePresentar usados Para Processos industriais Início ou fim de diagramas (Atividades e eventos) Atividade, ação ou procedimento Operação ou atividade (somente o círculo) Decisão, escolha, filtragem Conector Conectar blocos em páginas diferentes (usam-se letras) Conectar blocos na mesma página- indica direção de fluxo Registro ou documento gerado ou usado na ação ou no processo Idem para um lote Processo pré-definido Armazenamento on-line Armazenamento de dados Arquivamento ou armazenamento de material, registro ou documento Estoque ou armazenamento de peças Demora ou espera Inspeção Transporte ou movimentação 5.6. maPeameNtO de PrOcessOs INdustrIaIs O mapeamento de processos define as atividades classificando-as confor- me simbologia apresentada na Tabela 1. A Figura 7 representa o referido modelo. Com as informações obtidas podemos planejar a eliminação ou redução das atividades que não agregam valor ao processo, normalmente representadas por transporte, espera, estoque e inspeção. Tabela 1. Simbologia básica aplicada a fluxogramas. Fonte: Adaptado de Oliveira (2007) e Barbará et al. (2006). Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 16 folha de reGistro Processo: Fabricação de parafuso Peça n° PL 101 Data: xx/yy/zz Elaborado por : Chapa: x20 descrição símbolo observações 1 Barras no almoxarifado 2 Transportar para os tornos Empilhadeira = 50 m 3 Cortar no torno Tempo = 30 s/peça 4 As peças aguardam em caixas Tempo = 1 hora/caixa (media) 5 Transportar para as prensas Transportemanual 6 Formar as cabeças(prensar) Tempo = 5 s/peça 7 Inspecionar os rebites A cada hora 8 Aguardar a empilhadeira 9 Para o setor de rosqueamento Empilhadeira = 100 m 10 Rosquear Tempo = 10 s/peça 11 Aguardar empilhadeira 12 Para o almoxarifado Empilhadeira = 50 m 13 Parafusos no almoxarifado Os dados fornecidos pelo fluxograma fornecem subsídios para ações de melhoria no processo, por exemplo, procurando reduzir os tempos de espera (aguardando empilhadeira). O mesmo se aplica às distâncias per- corridas que poderiam ser minimizadas. 5.7. OrGaNOGrama HIerárQuIcO Os organogramas hierárquicos são uma forma de representação da es- trutura organizacional que mostra a hierarquia existente entre os dife- rentes órgãos ou setores da organização. Os detalhes desta ferramenta Figura 7. Mapeamento de processos típico. Fonte: adaptado de Martins; Laugeni (2009). Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 17 especificamente e suas variações serão abordados com mais detalhes em UAS futuras. 5.8. INstruções de traBalHO Ou OPeracIONal As instruções de trabalho ou operacional fornecem informações detalha- das do que fazer, quem irá fazer, como irá fazer, por que fazer, explicando detalhadamente as tarefas a serem executadas. A Figura 8 exemplifica um procedimento operacional típico. restaurante padrão ltda. – procedimento operacional Nome da tarefa: Preparo de café Responsável: Ajudante de cozinha Padrão no RP–C–03 Estabelecido em: 10/12/1989 Revisado em: 06/05/1990 No da revisao: 3a material necessário Chaleira 1 Garrafa térmica 1 Conector 1 Café em pó – Filtro de papel - Xícara padrão 1 Colher de sobremesa 1 Porta filtro 1 Luva térmica 1 atividades críticas 1 Verificar quantas pessoas tomarão café. 2 Colocar água para ferver na chaleira (1 xícara padrão por pessoa). 3 Colocar pó de café no filtro (1 colher de sobremesa por pessoa). 4 Lavar a garrafa térmica. 5 Assentar o filtro sobre a garrafa através do conector. 6 Quando a água começar a ferver, colocar um pouco desta sobre o pó de tal maneira a molhar todo o pó. 7 Após trinta segundos colocar o resto da água no filtro. 8 Assim que todo o café estiver coado retirar o filtro e fechar a garrafa térmica. manuseio de material 1 Após cada coação lavar todo o material, secar e guardar. 2 O pó de café deve ser mantido sempre na lata fechada. resultados esperados 1 Café sempre novo (no máximo até 1 hora após coado). 2 Café na medida (nem tão fraco nem tão forte). ações corretivas Caso haja reclamações de que o café está fraco ou forte verificar se foi utilizada a quantidade certa de água, a quantidade certa de pó ou se houve mudança na quantidade de pó. Em dúvida, consulte a chefia. Aprovação: executor executor executor executor chefia Figura 8. Exemplo de procedimento operacional. Fonte: adaptado de Falconi (1991) – Qualidade Total- Padronização de empresas. Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 18 A Figura 9 demonstra que além do procedimento operacional é importan- te que os operadores sejam treinados antes de executar as operações. restaurante padrão ltda. – manual de treinamento Nome da tarefa: Preparo de café Responsável: Ajudante de cozinha Padrão no RP–C–03 No da revisao: 3a Material auxiliar: Video 5201 Folha no: 01 atividade crítica o que fazer como fazer porque fazer risco neutralização 01 Verificar quantas pessoas tomarão café. Solicitar ao maitre a estimativa. Para fazer a quantidade certa de café evitando prejuízo. – – 02 Colocar água para ferver na chaleira. Colocar a primeira medida de água na chaleira, riscar o fósforo e abrir o gás. Colocar as outras medidas já com a água em aquecimento. Para evitar explosão. Para ganhar tempo pois enquanto se preenche a chaleira a água já está esquentando. Explosão Riscar o fósforo e depois abrir o gás. 03 Colocar o pó de café no filtro. Assentar o filtro de papel no porta filtro dobrando-se as pontas. Preencher a colher de medida dando uma pequena batida para retirar o excesso e colocar o pó no filtro. Para garantir uma perfeita conexão. Para garantir uma boa medida. – – 04 Lavar a garrafa térmica. Retirar primeiro todo o café velho, lavar a garrafa e secar. Para eliminar todo sabor e odor de café velho. – – 5.9. a GestãO POr PrOcessOs, O maNual da QualIdade e Os NíveIs da OrGaNIzaçãO A modelagem dos processos permeia por todos os níveis hierárquicos da organização sob a forma dos modelos, ferramentas, métodos, técnicas e metodologias apresentados no tópico 4, mas não se limitando a estes, e o todo se configura na Gestão por Processos. A Figura 10 identifica os quatro níveis hierárquicos afetados e influenciados pela Gestão por Processos. Figura 9. Manual de Treinamento típico. Fonte: �adaptado de Falconi (1991) – Qualidade Total- Padronização de empresas. Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 19 Onde sãodefinidos a missão, visão, valores, política da qualidade, objetivos da qualidade e manual da qualidade. Onde são instituídos e implementados os procedimentos documentados solicitados pela norma. nível tático/gerencial Onde são implementados os documentos de planejamento, controle e operação do processo como as instruções de trabalho, planilhas, especificações, planos de qualidade, etc. nível operacional registros de qualidade Onde são apresentadas ou descritas as evidências comprobatórias. nível estratégico 6. metOdOlOgia de mOdelagem dOs prOCessOs Conforme Barbará et al. (2006) a metodologia de implementação da Ges- tão por Processos consiste de oito etapas inter-relacionadas, encadeadas de forma sistêmica, visando a permitir, primeiramente, uma visão global da organização (macroprocesso) e, depois, uma visão particularizada de cada setor da organização (processo). A Figura 11 representa as etapas a serem seguidas, e pode-se perceber mais uma vez a necessidade de que esse plano de implementação deve ser top-down, ou seja, deve partir da alta administração em total conso- nância e alinhamento com o plano estratégico da empresa, incluindo o Sistema de Garantia da Qualidade (SGQ). 8. gestão dos processos (monitoramento) 1. Análise dos requisitos 2. Construção do modelo 3. Análise de processos 4. Simulação 5. Reengenharia (redesenho) 6. Documentação 7. Divulgação Figura 10. A hierarquia da documentação de um Sistema de Garantia da Qualidade (SGQ). Fonte: adaptado de Barbará et al. (2006). Figura 11. Metodologia de implantação da Gestão por Processos. Fonte: adaptado de Barbará et al. (2006). antena pArAbóliCA Porque os processos são importantes1 O futuro vai pertencer às empresas que conseguirem explo- rar o potencial da centralização das prioridades, as ações e os recursos nos seus processos. As empresas do futuro deixarão de enxergar processos apenas na área industrial, serão organizadas em torno de seus processos não fabris essenciais e centrarão seus esforços em seus clientes (GON- ÇALVES, 1997). Os processos industriais, especialmente os de manufatura, sempre tiveram seu desempenho acompa- nhado de perto pelas legiões de engenheiros e produção e técnicos da área industrial. Os processos típicos da área não fabril e das empresas que não tem área fabril, no entanto, passaram despercebidos por décadas. Parte do sucesso que as empresas japonesas tiveram com relação às suas concorrentes americanas nas décadas de 1980 e 1990 decorreu do fato de terem as empresas japo- nesas descoberto (ou pelo menos implementado) o gerencia- mento de processos (DAVENPORT, 1994) muito antes de as empresas ocidentais entenderem a que o assunto se referia. O papel de destaque dado ao gerenciamento de processos na cultura corporativa japonesa garantiu que, em diversas oca- siões, muitas empresas daquele país tenham desenvolvido processos rápidos e eficientes em áreas-chave como desen- volvimento de produtos, logística, vendas e comercialização. A utilização do conceito de processos nos fornece um con- veniente nível de análise, menos detalhado que o estudo do trabalho, mas muito mais descritivo que o modelo da “caixa preta” (GARVIN, 1998). Além disso, permite-nos ter uma vi- são melhor do comportamento gerencial, mais integrada e abrangente. É indispensável também para possibilitar a aná- lise adequada dos processos administrativos e gerenciais, tão importantes da organização. A definição dos processos básicos é essencial para algu- mas estratégias de aperfeiçoamento das empresas, já que grupos serão alocados a eles, tanto para execução como para gestão. Os times horizontais, por exemplo, são criados a partir de unidades que naturalmente se aproximam para 1. Trecho extraído de As empresas são grande coleções de processos de José Ernesto Lima Gonçalves - Revista ERA - Revista de Administração de Empresas - jan/ mar 2000, São Paulo, v. 40 n. 1, p. 6-19. completar uma parte do trabalho a ser feito ou um processo dentro da empresa (GRAHAM, 1994). Identificar o processo como uma maneira típica de re- alizar o trabalho é importante para definir a forma básica de organização das pessoas e demais recursos da empresa (DREYFUSS, 1996). O processo é um conceito fundamental no projeto dos meios pelos quais uma empresa pretende produzir e entregar seus produtos e serviços aos seus clien- tes. Além disso, muitos dos processos nas empresas são repetitivos e envolvem, no seu conjunto, a maioria das pes- soas da organização. Os processos são a fonte das competências “específicas da empresa” que fazem a diferença em termos de concorrên- cia, além da influência que podem ter a estratégia, os produ- tos, a estrutura e a indústria (KEEN, 1997). Os processos não criam apenas as eficiências de hoje, mas também garantem o futuro por meio das habilidades que se aplicam aos no- vos produtos. A rápida inovação dos processos pode resul- tar em capacitações organizacionais melhoradas (KANTER, 1997) que permitem, por exemplo, que os novos produtos sejam desenvolvidos mais rapidamente. É conhecido o caso das empresas industriais japonesas, que investiram 70% dos seus fundos de P&D em inovação de processos, ao contrário das americanas, que investiram essa mesma proporção, mas no desenvolvimento de produtos. Os resultados muito supe- riores da indústria japonesa durante o período considerado provavelmente refletem as consequências dessa decisão. Nas empresas de serviços, por exemplo, o conceito de pro- cesso é de fundamental importância, uma vez que a sequ- ência de atividades nem sempre é visível, nem pelo cliente, nem por quem realiza essas atividades. Para o pessoal de serviços, os processos são sequências de atividades que são necessárias para realizar as transações e prestar o serviço (RAMASWAMY, 1996). A importância dos processos de traba- lho aumenta à medida que as empresas ficam com conteúdo mais intelectual ou nas empresas de conteúdo puramente intelectual (QUINN, 1992), afastando-se do modelo fabril. Uma das mais importantes aplicações da ideia de pro- cessos é a simulação do funcionamento de novas formas operacionais de obtenção dos resultados da empresa, se- jam eles produtos, sejam conquistas de qualquer outro tipo. Em projetos de redesenho de processos, por exem- plo, uma das etapas de trabalho é o teste do protótipo do processo que está sendo redesenhado (BENNIS e MISCHE, 1995). Outra aplicação importante ocorre na implementa- ção das mudanças previstas para a operacionalização de um novo processo. O sucesso do novo desenho para o pro- cesso depende fundamentalmente da sua operacionaliza- ção, e o desenho do processo é o blueprint, o mapa essen- cial do caminho a ser perseguido. e AgorA, José? Definimos nesta Unidade o conceito de Gestão de Proces- sos que tem como base tecnológica principal a Teoria Geral de Sistemas e pode contribuir de maneira eficiente, eficaz e efetiva com os resultados de uma organização. É também suporte importante na implantação da norma ISO 9000, desde a versão 2000. Na próxima Unidade iremos abordar o conceito de Quali- dade e Produtividade que tem uma ligação muito forte com este tema já que os indicadores de desempenho de quali- dade e produtividade são originados pela base tecnológica da Teoria de Sistemas e são monitorados conforme as fer- ramentas apresentadas por Gestão de Processos. Até mais. Organização, Sistemas e Métodos / UA 03 Gestão de Processos 23 reFerênCiAs BARBARÁ, S. �Gestão de Processos: fundamen- tos, técnicas e modelos de implementa- ção. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. CURY, A. �Organização e métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2000. FALCONI, V. C. �TQC Controle da Qualidade To- tal (no estilo japonês). Minas Gerais: Ed. DG, 1999. . �Qualidade Total – Padroniza- ção das Empresas. Minas Gerais: Ed. DG, GONÇALVES, J. E. L.� As empresas são grande coleções de Processos. ERA-Revista de Administração de Empresas/EAESP/FGV.
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